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Hepatites

A hepatite é uma doença que atinge o fígado. Distinguimos diversos tipos de hepatite (A, B, C,…). Aqui está o nosso arquivo completo sobre esta afecção.

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* Fase crônica: no sentido de que o vírus persista indefinidamente ou até que a doença seja tratada e o vírus, eliminado.

A maioria dos indivíduos com infecção crônica pelo vírus da hepatite B ou C não sabem que são portadores do vírus. Assim, eles  estão expostos a um risco elevado de desenvolver uma doença crônica severa no fígado e podem, sem saber, transmitir o vírus a outras pessoas.

Ler também: hepatite Ahepatite Bhepatite Chepatite Dhepatite E

Definição

A hepatite é uma inflamação aguda e crônica do fígado (veja a foto ao lado). De fato, é muito importante falar desta doença, pois ela é bastante comum e ocorre devido a diversos fatores. Ela pode ser de origem viral (hepatite A, B, C, D e E), tóxica e medicamentosa, alcoólica, bacteriana ou parasitária. Maiores informações sobre as diferentes causas das hepatites se encontram detalhadas na seção causas da hepatite.

A doença geralmente é aguda, mas pode evoluir e tornar se crônica se durar mais de seis meses.

Os sintomas de uma hepatite variam segundo a sua origem, porém determinados sinais, tais como a icterícia (amarelão), urinas escurecidas, fezes esbranquiçadas, náuseas, ou fígado sensível ao toque, são comuns a todos os tipos de hepatite.

O modo de transmissão de uma hepatite depende também da origem desta, por isso, esse fenômeno será explicado no detalhe na seção causas da hepatite.

A doença pode ser aguda e evoluir espontaneamente de forma favorável na maioria dos casos, sem deixar nenhuma seqüela. No entanto, uma hepatite mal cuidada pode evoluir e se tornar crônica, uma cirrose, ou até mesmo um câncer (câncer de fígado).

Epidemiologia

– No Brasil, estima-se que somente no ano de 2005, cerca de 120 mil pessoas contraíram a doença.

– 2 a 3 milhões de brasileiros foram infectados pelo vírus da hepatite C.

– A hepatite B e C matam cerca de 1,3 milhão de pessoas anualmente em todo o mundo1. Na maioria das vezes, essas mortes ocorrem em países pobres, por cirrose ou câncer de fígado (900.000 mortes por hepatite B e 400.000 por hepatite C).

– A China possui o maior número de casos de hepatite B e o Egito, o maior número de casos de hepatite C, segundo a OMS. [Julho de 2011]

Causas

Como vimos na seção definição da hepatite, existem diversas origens, e diversos tipos de hepatite: virais, tóxicas, medicamentosas, agudas bacterianas ou parasitárias.

> As hepatites virais, A, B, C, D ou E, são as mais freqüentes. Outros vírus também podem provocar esta doença, é o caso do vírus de Epstein-Barr (mononucleose infecciosa) e o Citomegalovírus (que infecta as células sangüíneas).

– A hepatite A é causada pelo vírus A. Sua contaminação ocorre principalmente pela via digestiva, por alimentos e água contaminados por matérias fecais, assim como pelo consumo de frutos do mar. A hepatite A raramente é transmitida sexualmente ou parenteralmente (da mãe para o feto). O tempo de incubação varia de 15 a 45 dias. A hepatite A é a forma mais anódina, pois é a única que dificilmente evolui para a cronicidade. Contudo, em alguns casos, em pacientes idosos, ela pode se revelar mortal. Esta hepatite também é conhecida como a “hepatite do viajante”, pois são geralmente os turistas que a contraem principalmente em países do Sul ou do Leste.

O vírus da hepatite A é transmitido através da água, suco ou alimentos mal cozidos (saladas, frutas com casca, frutos do mar, gelo), em condições de higiene insuficientes.

– A hepatite B é causada pelo vírus B, transmitido através do sangue (transfusão de sangue contaminado ou uso de seringas contaminadas, em toxicodependentes) ou fluidos corpóreos (exsudados de feridas, sêmen, secreção cervical (colo uterino), vaginal e saliva de pessoas portadoras do vírus), sendo que a maior concentração do vírus é encontrada no sangue e a menor na saliva. O tempo de incubação varia de 30 a 180 dias. Esta hepatite pode se tornar crônica e se transformar em cirrose ou câncer.

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– A hepatite C é causada pelo vírus C, transmitido pela via sangüínea (transfusões, hemofílicos, toxicômanos, pacientes que realizam hemodiálise, relação sexual ou pela via placentária, este último mais raro). A incubação varia de 30 a 100 dias.

– A hepatite D é causada pelo vírus D, transmitido pela via sangüínea ou sexual. A presença do vírus da hepatite B é necessária para que a hepatite D possa se desenvolver. Pode se tratar de uma co-infecção (a pessoa é infectada simultaneamente pelo vírus B e pelo vírus D) ou de uma superinfecção (a pessoa já é portadora do vírus B e acaba sendo infectada pelo vírus D). A incubação varia de 45 a 180 dias. Este tipo de hepatite atinge de maneira quase que exclusiva os toxicômanos. Em 80% dos casos, a hepatite D se torna crônica e evolui rapidamente para a cirrose.

– A hepatite E é causada pelo vírus E, transmitido pela via oral-fecal. Ela é frequentemente aguda e benigna, sem forma crônica. No entanto a mortalidade é a maior nas mulheres grávidas, onde ela atinge 20%.

> As hepatites tóxicas ou medicamentosas são as induzidas pela ingestão de certas substâncias medicamentosas ou não. Estas podem provocar uma séria destruição do fígado. É o caso da amanita falloide (fungo venenoso). Isso pode ocorrer no caso de determinados medicamentos hepatotóxicos, como o paracetamol, que deve ser consumido com moderação e conforme a posologia prescrita.

> A hepatite aguda alcoólica é um tipo de hepatite tóxica induzida pelo alcoolismo. Ela encadeia uma cirrose e a destruição massiva do fígado.

> A hepatite aguda bacteriana ou parasitaria pode surgir a partir de determinadas doenças, como a tuberculose, a brucelose, a leptospirose, ou a bilharziose. Certos germes oportunistas podem provocar uma hepatite aguda bacteriana em aidéticos, pois estes já são imunodeprimidos.

> As hepatites crônicas. De forma geral, sua causa é similar à da hepatite aguda. Como vimos na seção definição de uma hepatite, uma hepatite crônica é aquela que dura mais de seis meses. Ela pode ocorrer por causa de vírus (sobretudo a hepatite B e C), mas também por causa de medicamentos. Notamos a existência de uma hepatite crônica dita auto-imune, principalmente em mulheres jovens. Nestes casos, ocorre uma produção de anticorpos, dirigidas contra o fígado.

Grupos de risco

Aqui estão os diferentes grupos de pessoas de risco:

– Os viajantes (hepatites A, B e C), em caso de comportamentos de risco, tais como o consumo de alimentos e água contaminados, assim como relações sexuais sem proteção;

– Os toxicômanos (hepatites B, C e D) em caso de utilização de agulhas sujas ou compartilhadas;

– As pessoas imunodeprimidas (pacientes soro positivos, pacientes com câncer, etc);

– Os alcoólatras

– Os profissionais da saúde

– Pessoas que necessitam de politransfusões

– Pessoas que necessitam de hemodiálise

– Pessoas que exercem um comportamento sexual de risco (sem proteção).

Sintomas

Como vimos na seção definição, os sintomas se dão geralmente em função do tipo de hepatite. Alguns sintomas são comuns a todos os tipos, é o caso da icterícia (mais conhecida como o amarelão).

A icterícia é a coloração amarelada da pele, das mucosas e do branco do olho. Os sintomas dos diferentes tipos de hepatite estão detalhados abaixo.

– A hepatite A: em geral, a infecção aguda passa despercebida em crianças, o que não ocorre em adultos (em dois terços dos casos).

A evolução ocorre em três fases:

– Sintomas pseudo-gripais: febre, dores nas articulações e nos músculos.

– Fase ictérica com uma grande fadiga (=astenia). Essa fase dura cerca de duas semanas. A fase ictérica é caracterizada pela urina escurecida, as fezes esbranquiçadas, náuseas e perde de apetite.

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– Fase de convalescência: dura de duas a seis semanas (ou mais), com o desaparecimento progressivo dos sinais, com exceção da fadiga, que pode persistir.

– A hepatite B: em geral, 25% das hepatites B são sintomáticas. Os sintomas são equivalentes aos da hepatite A. Ver: hepatite B

– A hepatite C: em geral, apenas 5 a 10% das hepatites C agudas são sintomáticas. Os sintomas são equivalentes ao da hepatite A.

– A hepatite alcoólica aguda: pode também ser assintomática. No entanto, os sinais mais freqüentes sã a febre, o inchaço do fígado e a icterícia.

– As hepatites crônicas. Em geral, observamos os mesmos sintomas da hepatite aguda: dores abdominais, fadiga, icterícia.

Diagnóstico

O diagnóstico da hepatite pode ser confirmado por:

– Exames de sangue, identificando um aumento significativo das enzimas do fígado (transaminases), devido à destruição do tecido hepático.

– Sorologias, identificando o tipo de vírus.

– Uma biópsia do fígado, para pacientes que sofrem de hepatite há mais de seis meses, a fim de observar a situação da destruição do fígado.

Complicações

A evolução da hepatite depende do estado inicial do fígado, antes da infecção hepática, assim como a causa. (veja a foto ao lado = “le foie”)

– As hepatites virais são geralmente agudas e curam espontaneamente. Os tipos B e C podem evoluir para o estado crônico, com possibilidade de cirrose e câncer.

– As complicações da hepatite alcoólica são essencialmente perturbações da consciência, hemorragia digestiva, pancreatite. O prognóstico depende, sobretudo, de cessar o consumo do álcool.

– As hepatites medicamentosas regressam após a interrupção da intoxicação medicamentosa.

– As hepatites bacterianas geralmente regressam a partir da administração do antibiótico adequado.

Tratamentos

Existem medidas preventivas e tratamentos eficazes contra a hepatite.

  1. Prevenção hepatite

As medidas preventivas variam conforme o tipo de hepatite:

Hepatite A (“hepatite do viajante”)

– Medidas de higiene tais como a lavagem das mãos, precaução com a alimentação, frutos do mar, sobretudo em viagens.

– Vacina para os viajantes e os profissionais de risco (profissões ligadas à saúde, por exemplo).

Hepatite B

– Utilização de preservativo

– Utilização de seringas novas e esterilizadas

– Vacina para os viajantes, profissionais da saúde, toxicômanos,….

Hepatite C

– Segurança para transfusões (identificação de anticorpos em doadores de sangue)

Hepatite D

– Utilização de preservativo

– Utilização de seringas novas e esterilizadas

Hepatite E

– Medidas de higiene, tais como a lavagem das mãos, precaução com a alimentação, frutos do mar, sobretudo em viagens.

Hepatite alcoólica

– Luta contra o alcoolismo

  1. Tratamentos hepatite

Os tratamentos são igualmente próprios aos diferentes tipos de hepatite. As hepatites virais geralmente curam de maneira espontânea, em um ou dois meses. O tratamento consiste essencialmente em repouso e proibição de qualquer consumo de álcool, ação que pode levar à fadiga do fígado. Uma fadiga geral pode persistir.

Hepatite A: não possui forma crônica, o tratamento consiste em repouso.

Hepatite B crônica: interferon alfa.

Hepatite C crônica: associação de interferon alfa e de ribavirina.

Novos tratamentos surgiram recentemente contra a hepatite C. Veja a nossa página sobre os tratamentos para a hepatite C.

Fitoterapia

A fitoterapia não é o tratamento principal para tratar a hepatite, mas pode ser uma medida complementar interessante, sobretudo para melhorar o estado do fígado. Antes de iniciar qualquer tratamento, aconselhamos pedir conselhos a um médico.

Abaixo você encontrará plantas medicinais que possuem um efeito positivo no fígado (hepatoprotetor) e que pode auxiliar em casos de hepatite.

– O cardo-mariano, a ser utilizado sob forma de comprimido ou cápsula.

– A alcachofra , a ser utilizado sob forma de comprimido ou cápsula

Dicas

– Repousar

– Parar totalmente o consumo de álcool

– Interromper o uso de medicamentos hepatotóxicos (paracetamol…)

Prevenção

– Adoção de medidas de higiene, tais como a lavagem das mãos, cuidados com a alimentação, principalmente com o consumo de alimentos crus e frutos do mar, sobretudo em viagens (hepatite A e E);

– Vacina para os viajantes e os profissionais que pertençam a um grupo de risco (profissionais da saúde), pessoas com comportamentos de risco (toxicômanos) (hepatite A, B);

– Utilização de seringas novas e esterilizadas (toxicômanos) (hepatite B e D)

– Utilização de preservativos (hepatite B e D)

– Luta contra o alcoolismo (hepatite alcoólica)

Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)

Atualização:
Este artigo foi modificado em 22.11.2020

Fotos: 
Adobe Stock

Bibliografia e referências científicas:

  1. Notícias da ATS e AFP (agencia de notícias suíça), datadas de 28 de setembro de 2020
Observação da redação: este artigo foi modificado em 22.11.2020

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