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Antibióticos

AntibióticosOs antibióticos pertencem a uma classe de medicamentos muito importante para toda a sociedade. Sem esses medicamentos haveria muito mais mortes e muitas cirurgias seriam impossíveis de serem realizadas, por causa do risco de infecção pós-operatória, como no transplante cardíaco.

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Infelizmente, nos últimos anos, observam-se cada vez mais casos de resistência aos antibióticos. Em outras palavras, no passado certos antibióticos permitiram o tratamento de muitas doenças infecciosas, agora, vemos algumas pessoas morrerem por infecções simples (muitas vezes adquiridas em hospitais), porque o antibiótico não é mais eficaz.

Somente nos Estados Unidos (cerca de 5% da população mundial), o CDC (agência estatal de saúde) estima-se que 23.000 é o número de mortes de pessoas infectadas com microorganismos resistentes aos antibióticos.

Estima-se que 50% das prescrições de antibióticos em seres humanos (lembre-se também que muitos antibióticos são utilizados em animais) são desnecessárias. O Criasaude.com.br já mencionou que, em caso de dor de garganta e sinusite, por exemplo, se a causa é viral, os antibióticos são inúteis.

Você deve saber que muitas mortes, ainda hoje, são causadas por bactérias. Por exemplo, a maioria das mortes por gripe não são causadas pelo vírus em si, mas por uma infecção bacteriana provocando pneumonia, por exemplo. Nestes casos, os antibióticos podem salvar a vida do paciente.

É a classe de medicamentos mais prescrita no mundo.

No Brasil,  40% de todos os medicamentos vendidos em farmácias são antibióticos [fonte:  Folha de São Paulo, 18 de junho de 2010].

Definição

A palavra antibiótico, no sentido etimológico significa: contra (anti) os organismos vivos (bióticos). A palavra biótico quer dizer mais precisamente: contra as bactérias. Os antibióticos podem ser de origem natual ou sintética.

Histórico

Descoberta da penicilina
Em 1928, o Dr Alexander Fleming foi o primeiro a descobrir um antibiótico: o fungo Penicillium.Esta substância impede o desenvolvimento de determinadas bactérias nas culturas. Esta grande descoberta, uma das mais importantes do século XX, possibilitou alguns anos mais tarde (1940), o desenvolvimento do antibiótico penicilina (penicilina G) que ajudou e ajuda a salvar milhões de vidas. Isto também abriu caminhos para a pesquisa e o desenvolvimento de novas classes de antibióticos contra a tuberculose, a pneumonia, as infecções de pele. etc.

Classes de antibióticos

No quadro abaixo você poderá encontrar algumas informações sobre a classificação dos antibióticos (classe dos antibiótico).

Podem existir diferentes classificações, mas nós estimamos que a que se baseia em parte na estrutura química do antibióticos e no efeito na região da bactéria pode ser interessante para os pacientes e os profissionais (médicos, farmacêuticos, enfermeiras,..).

Classe de antibióticos Principais moléculas – princípios ativos da família Indicações (ex. em geral) Efeitos secundários principais* Ação sobre a bactéria (forma de ação) Formas galênicas do medicamento (em geral)
Penicilinas (béta-lactamase)
Amoxicilina + ev. um inibidor da lactamase=ácido clavulânico Diversas (bronquite, pneumonia, ORL, meningites,…) Diarréia, alergia (até 5% das doenças tratadas), toxicidade sigestiva, renal,… Inibidores da síntese da parede bacteriana (ação bactericida) – per os, injetável, local
Ampicilina
Penicilina G. Substância original da penicilina!
Penicilina V
Piperacilina
Cefalosporinas (béta-lactamase)
1a geração
Cefaclor
Cefazolina
Diversas (bronquite, pneumonia, ORL, meningites,…) Alergia, toxicidade renal (alta dose) Inibidores da síntese da parede bacteriana (ação bactericida) – per os, injetável
2a geração
Cefamandol
Cefuroxima
Reações alérgicas, hemorragias
3a geração
Cefixima
Cefpodoxima
Cefotaxima
Ceftazidima
Ceftriaxona
Família de antibiótico Principais moléculas – princípios ativos da família Indicações (ex. em geral) Efeitos secundários principais* Ação sobre a bactéria (forma de ação) Formas galênicas do medicamento (em geral)
Aminosídeos (Aminoglicosídeos)
Estreptomicina Tuberculose Toxicidade na região da audição (otoxicidade) e renal (nefrotoxicidade, em geral reversível) Inibidores da síntese protéica (função bactericida) – per os, injetável, local
Neomicina Germes sensíveis, por ex. doenças infecciosas dos olhos, doenças intestinais, feridas infeccionadas, doenças graves
Tobramicina
Amikacina
Gentamicina
Macrolídeos
Azitromicina

Eritromicina

Roxitromicina

Claritromicina

O.R.L., infecções genitais,… Alergia, toxicidade digestiva, toxicidade hepática Inibidores da síntese protéica (função bactericida) – per os, injetável, local
Família de antibiótico Principais moléculas – princípios ativos da família Indicações (ex. em geral) Efeitos secundários principais* Ação sobre a bactéria (forma de ação) Formas galênicas do medicamento (em geral)
Tetraciclinas
doxiclina
minociclina
tetraciclina
Acne, infecções genitais, pulmonares,… Alergia, toxicidade digestiva, renal, na região neuronal,…. Inibidores da síntese protéica (função bactericida) – per os, injetável, local
(Fluoro)quinolonas (=inibidor da girase)
ciprofloxacina
levofloxacina
moxifloxacina
norfloxacina
ofloxacina
Infecções urinárias (cistite), infecções genitais,… Reação alérgica, toxicidade auditiva, tendinite,… Inibidor da girase bacteriana – per os, injetável
Família de antibiótico Principais moléculas – princípios ativos da família Indicações (ex. em geral) Efeitos secundários principais* Ação sobre a bactérias (forma de ação) Formas galênicas do medicamento (em geral)
Sulfamidas
sulfametoxazol e trimetoprima=co-trimoxazol
sulfazalazina
Em caso de fracasso com outros antibióticos quando houver infecções urinárias genitais, doença de Crohn (sulfazalazina) Alergia, toxicidade sangüínea, renal,… Inibidores de síntese do ácido tetrahidrofólico – per os, injetável, local
Outros (diversos)
– fosfomicina
clindamicina
Tiamfenicol
imipenem
metronidazol
– vancomicina
Variável (cistite, acne, infecções genitais,…) Diversos, em função do antibiótico diversos – per os, injetável, local
Antituberculosos
Etambutol
Isoniazida
Pirazinamida
Rifampicina
Estreptomicina
Tuberculose Diversos Diversos – per os (via oral)

Resistência a antibióticos

A resistência a antibióticos (ou resistência antibiótica) é quando uma bactéria torna-se insensível a um ou vários antibióticos. Podemos dizer que a bactéria encontrou uma forma de combater o seu agressor (o antibiótico) por diferentes mecanismos, como por exemplo, a síntese da enzima (béta-lactamase)  que irá tentar render o antibiótico inativo.

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O que é preocupante na resistência a um antibiótico é que o medicamento era ativo e eficaz na destruição das bactérias, porém com o tempo este tem tido menos ou nenhum efeito. É um sério risco para toda a humanidade.

Para qualificar essas bactérias resistentes, também a chamamos de bactérias super-resistentes (super-bugs em Inglês). Trata-se de bactérias que já não respondem aos antibióticos convencionais em geral de amplo espectro, com poucos efeitos colaterais e frequentemente utilizados. O médico irá, em seguida, escolher antibióticos mais específicos ou que causem mais efeitos colaterais, às vezes graves para o paciente. Em alguns casos, o antibiótico é simplesmente ineficaz e pode causar a morte do paciente.

Alguns cientistas acreditam que entramos ou corremos o risco de entrar em uma era “pré-antibiótica” e “pós-antibiótica” (dependendo do tempo de referência). Em outras palavras, vemos algumas pessoas morrerem diante dos nossos olhos, porque nenhum antibiótico é eficaz, como era antes do advento dos antibióticos. Por exemplo, a epidemia de gripe de 1918 causou dezenas de milhares de mortes, principalmente devido à inexistência de antibióticos. Na verdade, a maioria dos pacientes não morre devido ao vírus da gripe, mas em resultado de infecções bacterianas que afetam os pulmões (pneumonia bacteriana).

Mortes nos Estados Unidos (resistência a antibióticos)
Nos Estados Unidos, cerca de 35.000 pessoas morrem de bactérias resistentes a antibióticos a cada ano. Há um total de 2,8 milhões de infecções causadas por patógenos que não podem ser mortos mesmo com antibióticos modernos, de acordo com um comunicado da autoridade de saúde norte-americana CDC, publicado em 13 de novembro de 2019. A bactéria intestinal mais perigosa Clostridioides difficile é responsável por 12.800 dessas mortes.

Você deve saber que em alguns países é possível comprar antibióticos sem receita médica e também há o uso de antibióticos em animais, estes dois fatos combinados podem explicar o aumento da resistência bacteriana aos antibióticos.

Podemos explicar o aumento da resistência aos antibióticos pelo uso abusivo (por exemplo, em caso de doenças virais, o que é inútil), em excesso ou de forma inadequada (posologia e tratamento não seguidos até o final).  Devemos também levar em consideração a inteligência da natureza (no caso da bactéria).

Todavia, assim como para a ecologia e sua problemática, o homem pode fortemente contribuir com a diminuição da resistência aos antibióticos através da redução do uso inadequado destes. Na França, uma campanha publicitária com o seguinte slogan: “Les antibiotiques c’est pas automatique!” (os antibióticos não são automáticos), parrece ter tido um efeito positivo na redução do consumo dos antibióticos nos últimos anos.

As principais bactérias resistentes aos antibióticos (de acordo com um relatório da OMS publicado no final de abril de 2014):

– Escherichia coli: causadoras de infecções urinárias, tais como cistite

– Klebsiella pneumoniae: provoca pneumonia

– Staphylococcus aureus: causa infecções da corrente sanguínea

– Streptococcus pneumoniae: provoca pneumonia e otite

– Salmonella não tifoide: provoca diarreia

– Shigella: causa diarreia

– Neisseria gonorrhoea: causa gonorreia (veja acima)

Efeitos secundários, contra-indicações e interações

Os efeitos secundários, contra-indicações e interações dependem da classe do antibiótico e até mesmo da própria molécula. Abaixo  você encontrará em resumo os principais efeitos indesejáveis que podem ocorrer:

Efeitos secundários dos antibióticos (em geral)
Os principais efeitos secundários dos antibióticos são: complicações na região gastrointestinal, como diarréias, micoses vaginais provocadas pela Candida albicans e alergias.
Alguns antibióticos também podem provocar erupções cutâneas ao sol. Para saber todos os efeitos secundários de um antibiótico, leia a bula e peça conselhos a um especialista.

Contra-indicações dos antibióticos (em geral)
Alergia ao antibiótico. Estima-se que cerca de 5% da população seja alérgica à penicilina. Para saber todos os efeitos secundários de um antibiótico, leia a bula e peça conselhos a um especialista.

Interações dos antibióticos (em geral)
Todo antibiótico pode ter interações, mas tome um cuidado especial com a pílula (determinados antibióticos podem diminuir a eficácia desta e a contracepção acaba portanto, não sendo de 100%).

Um exemplo interessante de interação ocorre por exemplo, com a doxiciclina e uso de Rennie® (à base de carbonato de cálcio e carbonato de magnésio, contra a hiperacidez gástrica). O uso de Rennie® inativa a doxiciclina, portanto não tome Rennie® se estiver utilizando um tratamento à base de doxiciclina.

Um outro exemplo é a interação entre os antibióticos e a N-acetilcisteína (utilizada para tratar a tosse) .

O que fazer? Para utilizar a N-acetilcisteína e diferentes antibióticos como amoxicilinas, penicilinas, tetraciclinas, cefalosporinas, aminoglicosídeos, macrolídeos e anfotericinas: respeite um intervalo de 2 horas a N-acetulcisteína e o antibiótico.

Dicas

Aqui estão algumas dicas práticas que o médico poderá lhe dar quando prescrever antibióticos.

– Respeite a posologia prescrita pelo médico (tome o número exato de comprimidos, respeite os horários e se deve ser tomado em jejum ou não…). Por exemplo,  se o médico prescrever antibióticos para duas vezes ao dia (manhã e noite) por 10 dias (caixa de 20 comprimidos), respeite a indicação, caso contrário você estará contribuindo com a resistência aos antibióticos.

– Se você for alérgico a uma classe de antibióticos (por ex. a penicilina ou seus derivados, informe o seu médico,  pois uma alergia é sempre mais forte após a segunda utilização. Será necessário encontrar uma alternativa à esta classe de antibióticos.

– Evite beber leite com o antibiótico, pois este pode diminuir a boa absorção do medicamento.

– Evite também o consumo de álcool,  pois este pode, com freqüência, diminuir a eficácia do antibiótico. De qualquer forma, o álcool nunca é aconselhado para os doentes, pois ele não ajuda na cura.

– Se você estiver grávida, pergunte ao seu médico se você pode tomar um antibiótico (não se auto-medique). É importante saber que alguns antibióticos não devem ser tomados durante a gravidez.
Um estudo publicado em 2017 no British Journal of Clinical Pharmacology e realizado em Quebec (Canadá) mostrou que certos antibióticos tomados durante a gravidez podem levar a má formação congênita. De acordo com o estudo a clindamicina, a doxiciclina, as quinolonas, os macrolídeos e a fenoximetilpenicilina foram relacionados com más formações em certos órgãos específicos. A amoxicilina, a cefalosporina e a nitrofurantoína não foram associadas a más formações congênitas. Este estudo centrou-se na análise de 139.938 nascimentos em Quebec (Canadá) entre 1998 e 2008. Os cientistas canadenses acreditam que é importante dar preferência a antibióticos seguros durante a gravidez em caso de infecções, como a cistite, principalmente no primeiro trimestre.

– Os antibiótcos provocam com freqüência diarréias como efeito secundário. Para limitar problemas digestivos. Você pode comer iogurtes (ricos em bactérias lácteas para reconstruir a flora intestinal, em parte destruída pelos antibióticos) ou comprar em farmácia preparações à base de bactérias lácteas (por ex: Bioflorin®).

– Peça conselhos a um farmacêutico se você estiver tomando outros medicamentos, para limitar as interações. Pode ocorrer interações com a pílula contraceptiva (diminuição da eficácia) e determinados antiácidos (inativação do antibiótico, da doxiclina).

Notícias

O leite materno reduz a resistência microbiana aos antibióticos

Fontes & referências:
CDC

Pessoa responsável e envolvida na escrita deste arquivo:
Xavier Gruffat (farmacêutico e editor-chefe da Criasaude.com.br).

Créditos das fotos: 
Criasaude.com.br, Fotolia.com.

Atualização:
Este artigo foi modificado em 20.02.2020

Observação da redação: este artigo foi modificado em 20.02.2020

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