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O perigo da gordura trans para a saúde

O perigo da gordura trans para a saúdeSÃO PAULONo dia 16 de junho de 2015, os Estados Unidos baniram o uso da gordura trans nos alimentos. De acordo com Agência de Administração de Medicamentos e Alimentos, FDA, o uso de gorduras trans não é seguro para a saúde e produtos que contenham esse componente em sua composição devem ser retirados do mercado em até 3 anos. Desde de 2006, os produtos foram obrigados a incluir informações sobre o conteúdo de gordura nos rótulos, mas só agora uma lei proibiu alimentos com essa substância.

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Entenda a gordura trans

Na natureza, as gorduras formadas por ácidos graxos insaturados estão normalmente na configuração cis. As gorduras trans são raramente encontradas naturalmente, mas elas são produzidas a partir de gorduras vegetais que são hidrogenadas em processos industriais. Seu uso na indústria alimentícia é muito difundido, pois as gorduras trans dão melhor aspecto aos alimentos e aumentam o prazo de validade.

Óleos vegetais líquidos quando submetidos à hidrogenação catalítica em processos industriais, adquirem a configuração trans e tornam-se gorduras sólidas. Esse aspecto firme é muito apreciado na indústria de alimentos para dar consistência, textura e sabor aos alimentos.

Problemas de saúde associados à gordura trans

Embora a gordura trans apresente benefícios na fabricação de alimentos, o seu consumo está associado a diversos problemas de saúde. Estudos apontam que o consumo de alimentos com gordura trans aumenta o chamado colesterol ruim (LDL) e reduz o colesterol bom (HDL), além de aumentar a gordura abdominal (visceral), obesidade e aumentar o risco de desenvolvimento de diabetes.

Essas doenças aumentam o risco de doenças cardiovasculares como acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio, problemas de circulação, dentre outros. Estudos também apontam que a obesidade e diabetes favorecem o aparecimento de alguns tipos de câncer e propiciam o surgimento do mal de Alzheimer. Um estudo americano publicado na revista científica PLOS One ainda apontou que o consumo de gorduras trans pode estar associado a problemas de memorias em homens de até 45 anos de idade.

Onde as gorduras trans são encontradas?

Esse tipo de gordura é amplamente encontrado com comidas industrializadas e fast-food. A lista de alimentos com gorduras trans é enorme, mas aqui está uma lista com alguns exemplos:

– Comida de fast-food.

– Biscoitos (doces e salgados), pães e bolos industrializados.

– Misturas para preparar bolos, pães e biscoitos.

– Pipoca de micro-ondas.

– Alimentos congelados.

– Margarina, maionese e manteiga vegetal, além de outros produtos com gordura vegetal hidrogenada.

– Molhos prontos para salada.

– Recheios e coberturas para bolos (glacê, chantilly, etc).

– Doces industrializados e sorvete de massa.

– Chocolates em barra e bombons.

– Massas folheadas e salgadinhos de pacotes.

– Sopas e cremes instantâneos industrializados.

Esses alimentos, além de conterem gorduras trans, também contêm alto teor de açúcar refinado, colesterol, conservantes e sódio.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o consumo de gorduras trans não deve ser maior que 2 g por dia. Hoje em dia, muitos produtos escrevem no rótulo se possuem ou não gorduras trans. Entretanto, é difícil controlar o seu consumo diário. Nutricionistas e médicos recomendam o consumo moderado de alimentos processados e aumentar o consumo diário de alimentos naturais e orgânicos, como vegetais, grãos integrais e frutas oleaginosas.

A situação no Brasil

No Brasil, desde 1° de agosto de 2006, fabricantes de alimentos são obrigados a declarar no rótulo dos produtos a quantidade de gordura trans. Essa medida foi sancionada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Entretanto, a legislação contem uma brecha que permite que produtos com menos de 0,2 g de gordura trans por porção não declarem essa informação no rótulo.

Além disso, a gordura trans pode estar “disfarçada” de outros nomes. Alguns normalmente encontrados são:

– Gordura

– Gordura vegetal (parcialmente hidrogenada)

– Gordura hidrogenada

– Creme vegetal

– Óleo vegetal (parcialmente) hidrogenado

– Margarina e margarina vegetal

Não há dados sobre o consumo de gordura trans no Brasil. Entretanto, os dados sobre a obesidade e sobrepeso no país não são animadores. Segundo uma pesquisa divulgada em abril pelo Ministério da Saúde, 52,5% dos brasileiros está na faixa do sobrepeso. Destes, 17,9% são obesos. A taxa de sobrepeso é maior nos homens que nas mulheres, 56,5% versus 49,1%, respectivamente. O aumento do sobrepeso é resultado de um padrão de vida mais sedentário e consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar.

Dicas para evitar a gordura trans

A gordura trans é amplamente utilizada em alimentos. No Brasil ainda não existe uma lei como nos Estados Unidos que proíba o uso da gordura na indústria alimentícia. É preciso, portanto, ficar atento aos alimentos que contenham a substância.

É sempre importante lembrar que os fabricantes não precisam declarar a informação de presença de gordura trans se essa quantidade for inferior a 0,2 g por porção. Isso não quer dizer, entretanto, que um alimento está isento da gordura trans. Um pacote de biscoito de 150 g, por exemplo, as informações nutricionais são referentes a uma porção do produto, ou seja, cerca de 30 g de biscoito. Se nessas 30 g, ou cerca de 3 biscoitos, a quantidade de gordura trans não exceder 0,2 g, o fabricante não é obrigado a colocar essa informação. Entretanto, ao se comer o pacote inteiro, a pessoa poderá estar ingerindo quase 1 g de gordura trans sem saber.

O exemplo acima mostra que, embora os alimentos declarem possuir 0 g de gordura trans, isso pode não ser verdade.

A melhor sugestão é ingerir alimentos pouco processados e naturais. Substitua doces industrializados por frutas, evite usar margarina e gorduras vegetais e prefira azeite de oliva.

Leia também: Tratamento multidisciplinar para a obesidade no Brasil

21 de junho de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico USP). Fonte: FDA, PLOS One. Fotos: Fotolia.com.

 

Observação da redação: este artigo foi modificado em 15.10.2015

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