SÃO PAULO – No passado, a obesidade era tratada sem nenhuma colaboração entre os diferentes profissionais da saúde. Nos últimos anos, entretanto, a medicina e a ciência têm se adaptado para realizar um trabalho cada vez mais multidisciplinar, ou seja, visando associar o trabalho do médico, do nutricionista, do psicólogo e do educador físico na luta contra a obesidade. Essas informações são de um simpósio realizado no dia 4 de junho, em São Paulo, no Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. O Criasaude resume os principais pontos discutidos.
Nenhuma receita milagrosa
Para a Professora Ana Dâmasco, especialista em exercício físico, não há milagre na luta contra a obesidade. Ela ainda ressalta a importância do trabalho multidisciplinar no tratamento. É importante individualizar a prática de exercício físico para cada paciente.
De acordo com a Professora Glauce Lamoglie de C. Sanches, é importante não se esquecer do aspecto psicológico na perda de peso. Apenas foco em nutrição (dieta) não conduz à perda de peso em todos os casos. É importante realizar exercícios físicos regulares e acompanhar o estado psicológico do paciente, reforçando a motivação.
Esta conferência também destacou a importância da educação alimentar para crianças e exercício físico regular, uma vez que a obesidade infantil tem se tornado um problema de saúde pública.
Exercício físico e alimentação
Para a Professora Fabiana Evangelista, outra especialista no assunto, a perda de peso só com base na prática de exercício físico muitas vezes não é muito eficaz, como mostrado na literatura médica. Para perder peso, é importante combinar a prática de exercícios físicos com uma dieta adequada. Mais uma vez, o trabalho multidisciplinar é essencial na luta contra a obesidade. Um ponto crucial é lutar contra a adiposidade e o excesso de gordura, personalizando o atendimento para cada paciente.
Excesso de peso e obesidade em crianças
Outro ponto observado nesse simpósio é o elevado número de crianças obesas ou com excesso de peso no Estado de São Paulo. A luta contra este problema também é baseada em uma abordagem multidisciplinar, incluindo o trabalho com nutricionistas e professores de educação física. Um ponto importante é fazer o diagnóstico da situação, como por exemplo, levantar o número de crianças obesas ou com excesso de peso em escolas. Em seguida, é importante tomar medidas como reforçar o aconselhamento nutricional para crianças, propondo, por exemplo, 1 hora por semana de uma aula de educação alimentar.
Genética e obesidade
Finalmente, um palestrante fez uma pergunta interessante sobre a influência dos genes na obesidade. De acordo com a Professora Ana Dâmasco, os fatores que influenciam a obesidade são complexos, com vários genes envolvidos, além de fatores ambientais. Por enquanto, é necessário cautela antes de iniciar um tratamento nutricional ou uma atividade física baseados apenas no perfil genético do paciente. Essa é, entretanto, uma área muito promissora para estudos futuros.
07 de junho de 2015. Texto escrito por Xavier Gruffat (farmacêutico) e traduzido por Matheus Malta de Sá (farmacêutico USP). Fonte: Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Nota: Xavier Gruffat participou desta conferência nos dias 4 e 6 de junho, sendo um dos maiores e mais respeitados congressos médicos na América Latina. Este artigo refere-se ao simpósio realizado em 4 de junho de 2015, 14:00-14:45 com o nome de Colóquio: Estratégias interdisciplinares para o tratamento da obesidade.