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Hanseníase

Definição

A hanseníase, também chamada de lepra, é uma doença crônica que afeta principalmente a pele, as mucosas e os nervos. Na ausência de tratamento, esta é uma doença altamente mutilante. No Brasil, o termo hanseníase é preferível ao termo de lepra, pois se diz que esta última traz preconceitos da época bíblica. Cerca de 2.000 anos atrás, a hanseníase provavelmente foi usada também para descrever outras doenças de pele como psoríase, vitiligo e outras dermatoses, segundo o professor brasileiro Abrahão Rotberg (falecido em 2006) da Unifesp, que portanto fez campanha para uma mudança de nome no Brasil1.

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A hanseníase apareceu em 2020 em uma lista da OMS de 20 doenças tropicais negligenciadas.

Histórico da doença – tempos bíblicos 
Na época de Jesus (início da era cristã), a hanseníase era uma doença vergonhosa – frequentemente vista como prova de uma vida pecaminosa – que levava à exclusão dos doentes da sociedade. Segundo o Novo Testamento (Lucas 5:12-13), Jesus teria curado alguns doentes com hanseníase (em grego, no texto original: λέπρας – lepras). Naquela época, é claro, não existiam antibióticos para tratar as pessoas afetadas. A hanseníase já tinha sido identificada em múmias do Egito antigo. Nos dias de hoje, a hanseníase é tratada com sucesso com medicamentos (leia abaixo). No entanto, a estigmatização das pessoas afetadas ainda é frequentemente o problema principal.

Descoberta da causa
Em 1873, o médico norueguês Gerhard Armauer Hansen descobriu a bactéria responsável pela doença, Mycobacterium leprae. Essa bactéria provoca a morte dos nervos e as pessoas afetadas não sentem mais nada nas áreas afetadas. Se feridos, eles podem contrair infecções sem serem notadas – o que pode levar à morte em casos extremos, com assistência médica insuficiente.

Índia
Na Índia, em 2020, ainda havia 700 colônias de leprosos.

Dia mundial
O Dia Mundial da Hanseníase ocorre todos os anos em 26 de janeiro. Desde 1956, esse dia sempre foi comemorado no final de janeiro, perto do aniversário da morte de Mahatma Gandhi, que também se engajou com os leprosos.

Epidemiologia

– Em 2019, a hanseníase era especialmente comum na Índia e em outras regiões asiáticas, África e América Latina.
– Cerca de 210.000 pessoas em todo o mundo foram diagnosticadas com hanseníase em 2018- 120.000 na Índia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Índia é o país com mais casos, seguida pelo Brasil, conforme observado pela revista brasileira Saúde em fevereiro de 2019.
A Colômbia e o Afeganistão são outros dois países bastante afetados pela hanseníase 3.
É importante notar que a maioria da população é naturalmente resistente a esta bactéria, portanto, apenas uma pessoa em contato com um doente pode ser afetada pela hanseníase. A hanseníase é considerada uma doença pouco contagiosa.

Incubação – doença dormente
O período de incubação da bactéria Mycobacterium leprae é de cerca de 5 anos, algumas fontes falam em uma duração de 1 a 5 anos4. No entanto, é importante saber que os primeiros sintomas podem aparecer até 20 anos após a primeira infecção, neste caso chamamos de doença dormente.

Sintomas

Primeiramente, é importante observar que a evolução da hanseníase é muito lenta e se estende por vários anos.

Os principais sintomas da hanseníase, após um período de incubação de cerca de 5 anos, incluem:
– Manchas brancas ou vermelhas que podem formar placas (que podem se assemelhar à psoríase, micose ou lúpus, o que pode complicar o diagnóstico).
– Massas de pele.
– Feridas, por exemplo, nos pés.
– Diminuição da sensação de calor, frio e dor, pois os nervos são afetados.

Se a hanseníase não for tratada, a doença pode levar a sérias lesões na pele, nervos, mucosas, bem como no sistema respiratório e nos olhos. Em casos graves e na ausência de tratamento, a pessoa pode perder os dedos da mão, dedos dos pés ou outras partes do corpo.

A hanseníase pode apresentar 3 formas diferentes:

– Hanseníase tuberculóide: Esta é a forma mais frequente e afeta pessoas com boas defesas imunológicas. Nesta forma, os nervos são particularmente afetados.
– Hanseníase lepromatosa: Esta é a forma mais grave da doença e afeta pessoas com defesas imunológicas fracas. A hanseníase lepromatosa apresenta sintomas graves na pele, com múltiplas lesões. Os nódulos dolorosos, chamados de lepromas, aparecem sob a pele, frequentemente no rosto. A pessoa também sofre de rinite inflamatória, que é altamente contagiosa.
– Hanseníase intermediária.

Complicações

Os danos nos nervos podem ser permanentes na ausência de tratamento.

Diagnóstico

Existem várias formas de diagnóstico, como o teste cutâneo específico, a biópsia de tecidos afetados ou o esfregaço nasal (para a hanseníase lepromatosa).

Tratamentos

O tratamento é baseado na administração de medicamentos, como as sulfonas. Em caso de resistência, outros antibióticos podem ser utilizados.
A clofazimina é frequentemente utilizada no tratamento da hanseníase, em combinação com outros medicamentos. Na França, por exemplo, a bula do medicamento Lamprène (que contém clofazimina) especifica que nunca deve ser administrado como monoterapia para tratar a hanseníase. A clofazimina deve ser administrada em combinação com rifampicina e a dapsona, conforme a dosagem adequada. A poliquimioterapia, ou seja, o uso de vários antibióticos, é necessária para prevenir o surgimento de cepas resistentes do Mycobacterium leprae.

Duração do tratamento – Financiamento assegurado
O tratamento pode durar até 12 meses, às vezes até mais (24 meses ou mais nos casos avançados5). No Brasil, a terapia é totalmente financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que significa que os pacientes no Brasil não precisam financiar a terapia. O tratamento é gratuito mundialmente, pois é pago pela OMS.
É importante saber que após algumas semanas de tratamento com antibióticos, os pacientes não são mais contagiosos6.

Cirurgia
Em casos graves, a cirurgia pode ser realizada para reduzir deformidades mutilantes.

Fontes e referencias:
Revista Saúde, Folha de S.Paulo, The New York Times, Keystone-ATS

Pessoas responsáveis ​​e envolvidas na elaboração deste dossiê:
Xavier Gruffat (Farmacêutico e Editor Chefe do Criasaude)

Artigo atualizado:  
20.10.2023

Bibliografia e referências científicas:

  1. Folha de S.Paulo, o principal jornal diário brasileiro, edição de 21 de janeiro de 2022
  2. Artigo da agência de imprensa ATS-Keystone publicado em janeiro de 2020, artigo original em alemão. [/ Efn_note].
    – Em agosto de 2023, um artigo da revista inglesa The Economist explicou que em 2020 (últimos dados disponíveis) houve 159 casos de hanseníase relatados nos Estados Unidos. A Flórida foi particularmente afetada, com quase 17% dos casos estadunidenses em 2020.

    Causas

    A doença é causada pela bactéria Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen) que tem a forma de um bastonete. A bactéria afeta principalmente a pele e o sistema nervoso.

    Contágio
    A contaminação ocorre por secreções nasais ou bucais, de forma semelhante à contaminação da gripe. As feridas e mucosas também podem transmitir a bactéria. Alguns cientistas acreditam que as pessoas contraem a hanseníase através do contato prolongado com uma pessoa contagiosa, talvez quando ela tosse ou espirra2The Economist, edição de 26 de agosto de 2023

  3. Vários autores, Le Larousse Médical, Paris, Larousse, 2012
  4. VÁRIOS AUTORES, Le Larousse Médical, Paris, Larousse, 2012
  5. The Economist, edição de 26 de agosto de 2023
Observação da redação: este artigo foi modificado em 20.10.2023

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