Artrite
Resumo
A artrite é uma doença inflamatória que atinge uma ou mais articulações e pode ter caráter agudo ou crônico. Existem vários tipos de artrite, como a artrite psoriática, artrite reumatóide, artrose, artrite infecciosa, etc. As artrites atingem cerca de 10% da população masculina mundial e 15% das mulheres. Esses números aumentam com o passar da idade, sobretudo após os 70 anos de idade.
As causas básicas da artrite são inflamações que acometem as articulações. Elas podem ter causas auto-imunes (como na artrite reumatóide), infecciosas (como na artrite séptica ou infecciosa) ou mecânicas (como na osteoartrite). Pessoas em risco incluem pacientes obesos, mulheres e indivíduos com caso de artrite na família, sobretudo casos auto-imune. Os sintomas básicos são os mesmos de uma inflamação: dor, calor, rubor e inchaço. Com a progressão da doença, há deterioração dos componentes moles da articulação, com perda do movimento e rigidez.
O diagnóstico normalmente é feito por testes de imagem ou laboratoriais.
O tratamento é feito com base no uso de antiinflamatórios, analgésicos, imunomoduladores e corticosteróides. Em alguns casos, a cirurgia também é indicada.
Plantas medicinais e medicamentos homeopáticos com ação antiinflamatória também são úteis no controle da artrite.
Como medidas preventivas indicam-se a prática de exercícios físicos, controle da pressão sanguínea, alimentação saudável e controle do peso. Consulte sempre o seu médico para saber qual o melhor tratamento e abordagens necessárias para controlar a artrite e seus sintomas.
Definição
A artrite é um distúrbio inflamatório articular. Falamos em monoartrite quando uma articulação só é afetada, e em poliartrite quando várias articulações são atingidas.
Destacamos também a artrite aguda, que possui duração de menos de 3 meses e artrite crônica que tem duração de mais de 3 meses. Podemos também classificar as artrites segundo a causa: artrite inflamatória (causa auto-imune) ou infecciosa (bactérias estafilococo, estreptococo, após a picada de um carrapato, por exemplo).
Existem diversos tipos de artrite, sendo que a mais conhecida é a artrite reumatóide, caracterizada por sintomas simétricos (em geral os dois joelhos, os dois cotovelos são atingidos) e isso afeta várias articulações (poliartrite). Os outros tipos de artrite – poliartrite são, por exemplo, o lupus eritematoso sistêmico ou a artrite psoriática. Nas monoartrites podemos encontrar a gota ou a espondilartrite anquilosante. A osteoartrite (ou artrose) também é uma manifestação comum desse tipo de inflamação e é caracterizada pela degeneração da cartilagem e do osso adjacente nas articulações.
Se houver dúvidas com relação ao diagnóstico, consulte um médico clínico geral ou um reumatologista. O reumatolgista é o especialista que cuida das doenças do tecido conjuntivo: a artrite é uma das inúmeras formas de reumatismo e atinge os tecidos conjuntivos das articulações (estima-se que existam 200 doenças reumatismais).
Epidemiologia
A artrite é uma doença que atinge mais mulheres que homens: cerca de 10% dos homens da população mundial e 15% das mulheres sofrem de algum tipo de artrite. Esse número aumenta conforme a pessoa envelhece e cerca de 30% dos homens acima de 65 anos e 50% das mulheres na mesma faixa de idade sofrem de alguma artrite. Dados revelam que nos Estados Unidos, mais de 20 milhões de americanos têm osteoartrite. No Brasil, esse número chega a 15 milhões. Com relação à artrite reumatóide, o Brasil soma cerca de 1 milhão e 500 mil doentes, sendo que a maioria é mulher.
A artrite é uma doença mais prevalente em indivíduos caucasianos (24%) que em negros (19%), latinos (11%) e orientais (8%). A artrite séptica (ou infecciosa) tem maior incidência em crianças, adolescentes e jovens adultos, sendo normalmente causada por bactérias. Entretanto, cerca de 25-40% das ocorrências da artrite infecciosa são em pacientes acima dos 70 anos de idade. Com relação a artrite psoriática, há poucos estudos que falam qual sua incidência na população, entretanto, sabe-se que mulheres são mais afetadas que os homens.
Causas
A artrite é uma doença que degenera as articulações. No caso da artrite reumatóide (que afeta 1 a 2 % da população ocidental), o principal fator desencadeante da inflamação é uma reação auto-imune: o corpo produz anticorpos que atacam as articulações e inflamam a região sinovial, causando inchaço, vermelhidão e dor. Essa reação inflamatória causa destruição da articulação e do osso ao redor.
A osteoartrite (artrose) é causada principalmente por desgaste das juntas e atinge, sobretudo, a população idosa. Esse desgaste acaba por lesionar as articulações e causar dor e restrição do movimento.
As artrites infecciosas são principalmente ocasionadas por infecções bacterianas e, em menor escala, infecções por vírus e fungos. O agente mais comum desse tipo de doença é o Staphylococcus aureus, mas também pode ser causada por agentes que causam a gonorréia e tuberculose.
Na artrite gotosa ou gota, a principal causa é o acumulo de cristais de ácido úrico nas articulações que desencadeiam uma reação inflamatória.
Influência do clima na artrite:
O frio também pode ter um impacto negativo na artrite, conforme observado na revista Prevention, em janeiro de 2020. Um estudo mencionado pela revista estimou que 68% dos pacientes com artrite viram seu desconforto aumentar durante as mudanças no clima (por exemplo, chuva, frio). A queda de pressão causada pelo frio pode promover a expansão desses tecidos e, se inflamados, promover os sintomas de artrite.
Grupos de risco
Alguns grupos de risco se destacam com maior probabilidade de desenvolverem artrite. Dentre eles, podemos citar:
– Pessoas com histórico familiar de artrite: esse fator de risco é particularmente importante em famílias com caso de artrite reumatóide. Ainda não se conhece ao certo o que faz o corpo humano criar anticorpos para atacar as próprias articulações. Entretanto, acredita-se que fatores genéticos estejam envolvidos.
– Pacientes obesos: a obesidade tem sido destacada como um fator de risco para o surgimento de artrite, sobretudo a osteoartrite, uma vez que o excesso de peso pressiona as articulações, sobretudo dos joelhos, quadris e tornozelos.
– Mulheres: as mulheres são mais propensas a desenvolverem artrite reumatóide que os homens, sendo que a proporção pode chegar a 2-3 mulheres por homens. Entretanto, homens apresentam maior incidência de artrite gotosa.
– Pacientes idosos: com a idade, há degeneração natural do tecido conjuntivo das articulações e, com isso, aumenta o risco de desenvolvimento de artrite.
– Pacientes com lesões articulares: pessoas que já tiveram lesões nas articulações, como atletas, apresentam risco aumentado de desenvolverem artrite na junta lesionada. Outro grupo de risco são os dos pacientes que carregam muito peso ou fazem muito esforço físico no trabalho ou movimentos repetitivos.
Sintomas
Em função do tipo de artrite, os sintomas e principalmente a localização podem ser diferentes, mas em geral, a articulação apresenta os sintomas típicos de uma inflamação: dores, calor, vermelhidão e tumefação (articulação inchada), às vezes acompanhada de febre. As dores são quase sempre noturnas e aumentam quando se está em repouso (sem atividade).
Com o passar do tempo, a inflamação progressiva leva a rigidez da articulação com conseqüente redução do movimento.
As articulações mais atingidas são:
– Mãos
– Joelhos
– Pés
– Cotovelos
– Ombros
– Mandíbula
– Coluna
– Quadril
Diagnóstico
Dependendo do tipo de artrite apresentada pelo paciente, o médico poderá solicitar exames específicos para descobrir qual a forma da doença apresentada.
Testes laboratoriais se baseiam na coleta de amostras de sangue, urina e líquido das articulações para ajudar o médico a esclarecer o tipo de artrite apresentada pelo paciente.
Em caso de artrite infecciosa (ou séptica), o médico irá realizar uma hemocultura para identificar o microrganismo causador.
Outra abordagem pode ser os testes de imagem. Nesse quesito, entram os seguintes exames:
– Raios-X
– Tomografia computadorizada
– Ressonância Magnética
– Ultrassom
Os testes de imagem permitem que a articulação seja visualizada e problemas sejam detectados. Detalhes da cartilagem, tendões, ligamentos e ossos envolvidos são obtidos e o grau de lesão é avaliado pelo médico.
A artroscopia é um exame no qual o médico insere um tubo fino e flexível (chamado de artroscópio) na articulação e que transmite uma imagem de como a junta está.
Complicações
A inflamação da artrite pode evoluir e lesionar muito a articulação, comprometendo o estado dos ligamentos, tendões e cartilagens. Além disso, o osso que compõe a junta também pode estar comprometido.
Quando não controlada adequadamente, a artrite progride e leva a lesões que dificultam e atrofiam o movimento dos membros, sobretudo braços e pernas. Pode haver rigidez, torção e deformidade das partes envolvidas, o que compromete a realização das atividades diárias, por mais simples que sejam.
O desgaste constante das junções pode também levar a instabilidade da coluna cervical com deformidade postural com perda da função locomotora de algumas regiões.
Tratamentos
Tratamentos medicamentosos artrite
Os tratamentos serão diferentes conforme o tipo de artrite, portanto, aconselhe-se com o seu médico. Aqui estão algumas informações puramente indicativas:
– Em caso de atrite inflamatória, os tratamentos principais serão os antiinflamatórios não-esteróidas ou AINES (diclofenaco, ibuprofeno, naproxeno, etc…).
– Em caso de artrite infecciosa, os tratamentos principais serão os anti-infecciosos (antibióticos), em função do agente infeccioso.
Para apaziguar as dores relacionadas à artrite, também são utilizados os analgésicos, como por exemplo, o paracetamol, ou os AINES (antiinflamatório não esteróidal, como diclofenaco, naproxeno).
Medicamentos irritantes também ajudam a aliviar a dor da artrite. Muitos cremes e pomadas hoje em dia contém elementos como mentol, capsaicina.
Todos esses medicamentos são em geral utilizados em forma de comprimidos (para engolir), em cremes ou em pomadas.
Tratamentos habituais da artrite reumatóide, somente a título indicativo:
– Antipalúdico (hidroxicloroquina e cloroquina), sais de ouro, metotrexato [ver foto, medicamento a ser tomado em geral uma vez por semana! em injeção (melhor) ou comprimido] salazopirina, antagonistas do TNF-alfa=biológicos ou bioterapêuticos.
Outros medicamentos biológicos regulam e modulam a resposta imune do corpo, e reduzem a inflamação. Entre eles, alguns utilizados são o etanercept e o infliximab.
Os corticosteróides possuem reconhecida atividade antiinflamatória e imunossupressora. Exemplo desses medicamentos são a prednisona e cortisona. Eles diminuem a inflamação e suprimem a ação do sistema imune sobre a articulação.
Atenção, todos esses tratamentos necessitam de uma prescrição médica, assim como um sério acompanhamento médico (risco de efeitos secundários, diagnóstico exato)
Outros tratamentos
Existem também outros tratamentos como:
– A fisioterapia: essa abordagem garante que haja fortalecimento das juntas e dos músculos adjacentes.
– A cirurgia: de acordo com o grau de lesão da articulação do paciente, o médico poderá sugerir uma cirurgia. Nesse caso, a articulação do paciente pode ser substituída por outra artificial, normalmente nos joelhos e quadril. Outra possibilidade é a fusão de duas articulações, normalmente aplicada para ossos pequenos, como dedos e tornozelos.
Os tratamentos são quase sempre combinados, converse com o seu médico.
Fitoterapia
As plantas medicinais seguintes demonstraram eficácia contra a artrite. As plantas (fitoterapia) devem ser consideradas como medidas complementares para tratar a artrite:
– A garra-do-diabo, que geralmente é utilizada em forma de comprimido.
– A arnica, que geralmente é utilizada em forma tópica (gel, creme, pomada)
– O salgueiro-branco, que geralmente é utilizado em forma de comprimido, cápsula…
– A pimenta Cayenne, que geralmente é utilizada em forma de creme ou compressa.
– O freixo, que geralmente é utilizado em forma de cápsula.
Dicas
– Pratique exercícios (caminhada, esportes) sem esforço excessivo (não levante cargas pesadas) e evite esportes perigosos paras as articulações como o futebol ou o squash (ruins principalmente para a região dos joelhos). Se você ainda tiver energia e se a dor for suportável, saiba que o exercício físico permanece um dos melhores “remédios” para tratar inúmeros males reumatismais, como a artrite. Tratamento complementar indispensável, junto com os remédios.
– Adote uma alimentação rica em vitaminas, minerais, frutas, legumes, lacticínios e peixes, principalmente os que contêm ômega-3. Reduza o seu consumo de carne.
– Faça uso de aparelhos especializados caso você tenha artrite com alguma restrição ou debilidade do movimento. Existem diversos aparelhos como andadores que facilitam a locomoção e reduzem o esforço.
– Utilize com o consentimento e conselho de seu médico, medicamentos à base de plantas medicinais para complementar o seu tratamento de base.
– Tome banhos quentes (menos se você for uma pessoa cardíaca)
– Utilize calçados confortáveis e adaptados aos seus pés.
– Em caso de inflamação (dor, vermelhidão) em uma ou mais articulações, tente repousar durante 12 a 24 horas.
– Alguns métodos alternativos tais como o yoga ou o tai chi parecem ter um efeito positivo sobre os sintomas da artrite.
– Massagem nos músculos pode ajudar a aliviar a dor.
Prevenção
– Exercícios e atividades físicas são aconselhados, uma vez que fortalece os ligamentos, articulações e músculos.
– O controle do peso também é fundamental, sobretudo para a prevenção da osteoartrite (artrose).
– Controle a sua pressão sangüínea, assim como a sua taxa de colesterol, pois existe um risco maior de complicações cardio-vasculares em pacientes que sofrem de artrite reumatóide (tipo de artrite).
Fontes & referências:
Prevention
Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)
Fotos:
Adobe Stock
Atualização:
Este artigo foi modificado em 20.02.2020