Confira a entrevista realizada pelo Criasaude.com.br com o psiquiatra Dr. José Carlos Ramos(CRM: 24961 ), sobre o medicamento clonazepam (Rivotril).
O que o doutor pensa a respeito do número de pessoas que atualmente utilizam o clonazepam no Brasil?
O clonazepam é um dos medicamentos mais vendidos no Brasil, em função disso o número de pessoas que o utilizam diariamente é muito grande, não sendo maior em função das restrições impostas pela lei. Este medicamento só pode ser vendido com receita de notificação especial B, de uso médico exclusivo, emitido pela Vigilância Sanitária. Os transtornos de ansiedade atingem um grande número de pessoas e as características do clonazepam (tranquilizante do grupo dos benzodiazepínicos, tem alta potência e permanece por longo tempo no organismo) ajudam a compreender sua grande difusão.
Quais os problemas que o uso crônico do clonazepam pode causar a uma pessoa?
Usado em doses baixas geralmente não traz problemas. Se as doses forem mais altas podem diminuir o desejo sexual, esquecimentos e sensações de fadiga podem ocorrer.
Os usuários deste medicamento estão sujeitos a se tornarem dependentes? Esta dependência está mais relacionada a mecanismos físicos ou emocionais?
Sim, os usuários estão sujeitos a desenvolver dependência, mas os casos descritos na literatura ou na minha prática clínica, só é constatado a quem faz um uso muito prolongado ou de doses acima das habituais. Atualmente considera-se o fenômeno da dependência aos benzodiazepínicos como mais vinculado a traços de personalidade do que as características das substâncias.
Quais são as características da dependência?
O uso compulsivo continuado, desenvolvimento de tolerância a droga (quando há necessidade de aumento da dose diária frequentemente para que se obtenha o mesmo efeito) e presença de fenômenos físicos em caso de interrupção da droga (abstinência).
Como uma pessoa dependente pode parar de tomar o medicamento? O que ela deve fazer?
Não pode parar bruscamente devido ao fenômeno da abstinência acima citado. Deve-se fazer um programa de descontinuação do uso.
Quais os riscos do uso inadequado de tranquilizantes?
Quando usado como paliativo de situações emocionais e vivenciais que fatalmente agravarão, no futuro, a condição da pessoa.
Existem níveis aceitáveis para a não indicação do medicamento?
A maioria dos estados de ansiedade não necessita uso de tranquilizantes, mas não dispensam uma abordagem psicoterápica. Em casos de ansiedade incapacitante ou síndromes de pânico grave é importante associar as duas abordagens.