Confira a entrevista sobre rouquidão com a Fga. Ana Elisa de B. e N. Baptista (CRFa. 15483), formada pelo Centro Universitário São Camilo/2005, especialista em Linguagem pelo Núcleo de Formação em Clínica de Linguagem, mestranda em Lingüística Aplicada pela PUC-SP ([email protected], twitter: @fonoanaelisa).
Criasaude: O que vem a ser a rouquidão?
Fga. Ana Elisa: A rouquidão (disfonia) é um quadro vocal que tem como causa diversos fatores, que variam desde abuso vocal (uso prolongado da voz, gritos etc) até patologias envolvendo questões hormonais e até mesmo câncer. Quando rouca (disfônica) a pessoa percebe sua voz mais grave (grossa), às vezes áspera, ou em alguns casos mais fraca, chegando até a “ficar sem voz”, quando não consegue produzir nenhum som (afonia).
Criasaude: Quais são as principais causas da rouquidão que podem ser evitadas?
Fga. Ana Elisa: As principais causas que podem ser evitadas são: fumo, gritar, usar a voz profissionalmente (cantar, lecionar, pregar, entre outros) sem preparo, uso de pastilhas e sprays para “aquecer” a voz, alergias respiratórias, entre outros.
Criasaude: Algumas pessoas apresentam rouquidão após irem eventos como: festas, shows, jogos de futebol, vôlei, entre outros. Isto é motivo de preocupação? A partir de quando uma pessoa deve procurar um especialista por causa da rouquidão?
Fga. Ana Elisa: A pessoa deve ser preocupar se isso ocorre com frequência, pois pode ser um sinal de que está maltratando sua voz e que está ficando mais suscetível a problemas no futuro. Qualquer rouquidão (disfonia) que persistir por 1 semana é sinal de preocupação. Aconselha-se procurar um médico otorrinolaringologista sempre que qualquer incômodo vocal persistir por esse período e, quando necessário o médico irá encaminhar para avaliação fonoaudiológica.
Criasaude: Dizem que profissionais que utilizam muito a voz (professores, cantores, atores, apresentadores, radialistas, entre outros) possuem uma tendência maior de ficarem roucos e por isso os cuidados com a voz devem ser redobrados, isto é verdade? Quais são suas dicas para estes profissionais?
Fga. Ana Elisa: Sim, esses profissionais estão mais suscetíveis a desenvolverem problemas vocais, porém somente se não utilizarem de modo adequado à voz. Algumas dicas são: Não pigarrear ou tossir (engolir saliva ou tomar água nesses momentos); evitar bebidas alcoólicas; evitar pastilhas e sprays; beber bastante água; fazer gargarejos com água morna e sal antes de deitar; manter postura do corpo ereta, porém relaxada; não usar roupas apertadas, principalmente na região do pescoço e cintura; realizar aquecimento e desaquecimento vocal antes do uso profissional e/ou prolongado da voz; evitar falar em ambientes ruidosos; evitar o fumo; mastigar bem os alimentos; evitar alimentos achocolatados e derivados de leite (principalmente nos momentos que antecedem o uso da voz); evitar gritar ou falar por muito tempo; tomar cuidado com mudanças de temperatura e bebidas geladas.
Criasaude: Qual é o papel do fonoaudiólogo na rouquidão?
Fga. Ana Elisa: O diagnóstico de rouquidão (disfonia) é feito pelo fonoaudiólogo em conjunto com o médico otorrinolaringologista. Quanto ao tratamento, o fonoaudiólogo também atua em conjunto com o otorrinolaringologista, sendo que nos casos onde há a demanda de intervenção cirúrgica, realiza terapia pré e pós-cirurgia, a fim de proporcionar uma reeducação vocal ao paciente e melhorar o resultado da intervenção feita pelo médico. Nos casos onde não há a indicação cirúrgica, o fonoaudiólogo realiza o tratamento não só reeducando o comportamento vocal do paciente, mas também realizando exercícios específicos para o tipo de rouquidão (disfonia), a fim de eliminar e/ou adequar o quadro.
Criasaude: O que vem a ser reeducação vocal?
Fga. Ana Elisa: Reeducação vocal nada mais é do que criar no paciente uma consciência sobre o uso correto da voz e os cuidados que devem ser tomados com ela. Na verdade, é algo que deveria ser feito com a população de um modo geral, a fim de prevenir casos de rouquidão (disfonia), principalmente a população que usa a voz como instrumento de trabalho (professores, cantores, pastores, entre outros).