SÃO FRANCISCO, EUA – Muitos pacientes com a Síndrome da Fadiga Crônica têm dificuldade em identificar a causa de seu sofrimento. Vários estudos nos últimos dois anos estão agora a evoluir e apontar para uma causa infecciosa, pelo menos para alguns pacientes.
Sintomas
Os principais sintomas da Síndrome da Fadiga Crônica são o cansaço muito marcado durante a manhã, problemas de concentração, dores de cabeça, distúrbios do sono ou ainda dores musculares. Fala-se de Síndrome da Fadiga Crônica quando os sintomas ocorrem por mais de 6 meses.
Números pouco precisos
Somente nos Estados Unidos, de 1 a 4 milhões de pessoas sofrem da síndrome, ou pouco mais de 1% da população se levarmos em conta 4 milhões de pessoas. As mulheres americanas são 2-4 vezes mais afetadas que os homens, mas não se sabe por que há essa diferença entre os sexos. Constata-se, portanto, que mesmo nos Estados Unidos, país conhecido por seus estudos científicos rigorosos, os dados permanecem vagos e imprecisos, prova de que essa condição continua sendo pouco levada a serio pela comunidade médica.
No Brasil, não há dados suficientes sobre o número de pacientes afetados, mas médicos já constataram que isso afeta o rendimento escolar e a produtividade no trabalho dos afetados.
Novas pistas
Entretanto, a situação parece estar mudando de acordo com os trabalhos realizados nos últimos meses, em particular os da famosa Universidade de Stanford, ao sul de São Francisco, na Califórnia. O Prof. Jose Montoya e sua equipe, do Centro Médico da Universidade, têm demonstrado uma possível origem infecciosa da Síndrome da Fadiga Crônica. Eles observaram em vários pacientes com a condição concentrações anormais de vírus ou de bactérias no sangue, bem como os sinais inflamatórios atípicos. Esta pesquisa de vanguarda abre novas perspectivas de tratamento.
Caso de sucesso
Segundo uma matéria da revista norte-americana Oprah Winfrey que relata este caso clínico, a paciente foi capaz de melhorar significativamente o seu estilo de vida, mesmo que ao final de 2015, ela não estivesse totalmente curada. De acordo com a história, esta mulher não conseguiu retomar a sua posição de gestão em uma grande multinacional, mas foi capaz de criar uma família que, segundo ela, é uma situação inimaginável para os que sofrem da síndrome, provando que a doença destrói completamente a energia vital de quem a tem.
Várias causas infecciosas
De acordo com o Dr. Mady Hornig, da Escola de Saúde Pública de Mailman da Columbia University, também nos EUA, e que trabalha com o Prof. Montoya sobre esta síndrome, muitos patógenos poderiam ser a causa da doença. No entanto, pesquisadores observaram que nem todos os casos da síndrome estão relacionados a agentes infecciosos. Em outras palavras, em apenas uma parte dos pacientes, a causa é infecciosa. Os resultados poderiam levar à introdução de novos tratamentos, especialmente à base de probióticos.
Síndrome finalmente levada a serio
Em 2015, o Instituto de Medicina americano chamou a Síndrome da Fadiga Crônica de uma doença “grave, crônica, complexa e sistêmica”. No passado e ainda hoje, esta síndrome foi e ainda é considerada pela maioria dos médicos como uma doença psicossomática, ou seja, exigindo uma abordagem psicológica e não farmacológica ou mista. De acordo com um estudo publicado em fevereiro de 2015, na revista Sciences Advances, a Síndrome da Fadiga Crônica é uma doença biológica, e não psicológica. Para os pesquisadores, é possível identificar esta doença com marcadores (incluindo citocinas) no sangue.
25 de janeiro de 2016. Artigo escrito por Xavier Gruffat (farmacêutico) e traduzido por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fontes: ATS, Oprah Magazine. Fotos: Fotolia.com