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Estados Unidos: codeína continua a ser prescrita para crianças apesar dos efeitos adversos

Estados Unidos: codeína continua a ser prescrita para crianças apesar dos efeitos adversosNOVA YORK – Um estudo recente nos EUA mostrou a codeína ainda continua a ser prescrita em crianças, apesar das grandes contraindicações. Pesquisadores da Academia Americana de Pediatria observaram que médicos de emergência prescreveram a codeína mais de 500 mil vezes por ano em crianças. Sabe-se que mais de 25 milhões de atendimentos de emergência são feitos em crianças, entretanto, esse número ainda é muito alto de acordo com os pesquisadores.

O estudo examinou as prescrições de codeína em hospitais de emergência em pacientes com idades entre 3-17 anos ao longo de 10 anos (2001-2010). Os pesquisadores observaram uma ligeira queda no número de prescrições ao longo dos anos, mas não como o esperado, enquanto as recomendações nacionais recomendam fortemente que uso de codeína em crianças não seja feito. Este medicamento pode causar depressão respiratória, levando em alguns casos à morte.

Contra tosse, pesquisadores norte-americanos aconselham usar mel em crianças com mais de um ano. Outra forma eficaz é a utilização de um humidificador nos quartos, especialmente no inverno. Contra a dor, deve ser utilizado o ibuprofeno ao invés de hidrocodona.

Ligação entre a codeína e a morfina

Ligação entre a codeína e a morfina

A codeína é uma substância derivado do ópio, tal como morfina, que pertence à classe dos opiáceos. Como lembra o Dr. Buclin , farmacologista em Lausanne na Suiça, em entrevista dada ao site suíço Creapharma.ch “A codeína é quimicamente muito similar à morfina, é também é convertida em pequena quantidade de morfina no corpo humano, atuando como analgésico. No entanto, nem todos são iguais em suas enzimas de metabolização . Por razões genéticas, 1 em 15 pessoas não apresentam efeito com a codeína (metabolizadores fracos). Inversamente, 1 em 30 pessoas podem desenvolver efeitos colaterais significativos”.

De acordo com um estudo publicado em 2009 e na revista “New England Journal of Medicine” este defeito genético estaria presente, de acordo com estimativas, em cerca de 1 % dos caucasianos e de até 30% negros. Se a criança é um metabolizador rápido de codeína, a concentração excessiva de morfina sintetizada pelo fígado pode levar à depressão respiratória e morte do paciente.

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A codeína no adulto não é contraindicada devido ao risco de depressão respiratória não existente ou muito pequena em dose terapêutica. Entretanto, há o risco de dependência em altas doses com esta molécula. O Dr. Buclin lembra também que a eficácia dos antitussígenos como a codeína ou o dextrometorfano nunca foi tão grande e melhoram pouco a condição.

Segundo Dr. Dresse, médico em Nova York, entrevistado por CBSNews: “Este excesso de codeína é, talvez, devido aos pais. Depois de esperar horas na emergência com seu filho e o médico aconselhar chá de ervas, água salgada,  mel ou um humidificador , os pais ficam frustrados e coloca, pressão para sair do consultório com uma prescrição.” Este estudo foi publicado 21 de abril de 2014 na revista Pediatrics.

A lição deste estudo pode ser aplicada na farmácia: pode ser arriscado administrar codeína em crianças, sobretudo em crianças negras, pois elas apresentam risco genético maior.

28 de abril de 2014. Artigo escrito por Xavier Gruffat, farmacêutico. Traduzido por Matheus Malta de Sá, farmacêutico.

Observação da redação: este artigo foi modificado em 26.09.2017

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