RIO DE JANEIRO – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão vinculado o Ministério da Saúde, divulgou nesta sexta-feira a constatação da presença do vírus zika ativo (com potencial de provocar a infecção) em amostras de saliva e de urina de pacientes.
A evidência, no entanto, não é suficiente para afirmar que a presença do vírus na saliva pode infectar outras pessoas. Serão necessários outros estudos para analisar, por exemplo, qual o tempo de sobrevivência do vírus zika e, após passar pelos sucos gástricos, se tem capacidade de infectar as pessoas.
A recomendação, neste momento, é da cautela e de prevenção, com orientações conhecidas para outras doenças, como evitar compartilhar objetos de uso pessoal (escovas de dente e copos, por exemplo) e lavar as mãos. Os maiores cuidados devem ser tomados pelas grávidas, que já devem se proteger contra o mosquito Aedes aegypti.
Transmissão sexual do vírus
No dia 6 de fevereiro de 2016, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA afirmou que o vírus zika pode ser transmitido por contato sexual. O boletim emitido pelo órgão constata que transmissão sexual do zika é possível, e é uma preocupação principalmente durante a gravidez. Além disso, o CDC sugere que casais que estejam esperando um bebê usem camisinha ou não façam sexo durante toda a gravidez. Dessa forma, homens infectados com o vírus da doença são transmissores para as mulheres.
O caso mais recente reportado pelo CDC ocorreu no Texas, onde um laboratório confirmou o primeiro caso de zika vírus em um não viajante, ou seja, uma pessoa que não pode ter sido picada por um mosquito. Dessa forma, suspeita-se que a transmissão tenha sido sexual.
Em um caso reportado na literatura, o zika vírus foi encontrado no sêmen do paciente. Em outro, um cientista que havia estado em uma área de contaminação por zika teria infectado sua mulher ao voltar aos EUA.
Tratamento e vacina
Ainda não há tratamento para o zika vírus, que tem potencial de causar microcefalia em crianças caso seja contraído durante a gravidez. A ligação entre a microcefalia e a infecção ganhou destaque mundial e vários laboratórios iniciaram a corrida para descobrir uma vacina contra o zika.
Cientistas franceses da Sanofi-Pasteur divulgaram na última semana um projeto para desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus, usando amostras coletadas na Polinésia Francesa e na ilha de Martinica. A vacina vai usar a mesma tecnologia empregada em vacinas contra outras doenças, como a dengue. Outros países também estão na corrida para o desenvolvimento de uma vacina, como a Espanha e a Inglaterra.
O primeiro caso do zika vírus em uma grávida da Europa foi encontrado em uma paciente da Catalunha, na Espanha, que viajou para a Colômbia.
07.02.2016. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fontes: Ministério da Saúde, BBC. Fotos: Fotolia.com