Você já ouviu falar da arginina? Este aminoácido é utilizado diariamente pelo corpo em muitas funções, ela é conhecida por melhorar a circulação sanguínea, ajudar no ganho de massa magra e na recuperação de doenças graves. Mas é necessário ter cuidado ao suplementar, pois ela pode interagir com diversos medicamentos e não é recomendada em algumas condições.
O Criasaude fez uma pesquisa profunda em artigos científicos para explicar os benefícios da suplementação de L-arginina, que pode ser utilizada por diversas populações, porém pode não ser tão efetiva quanto as empresas de suplementos divulgam.
O que é a arginina?
A arginina é um aminoácido semi essencial, ou seja, o corpo pode produzi-lo, mas em situações como gravidez, infância (crescimento), doenças críticas ou traumas, precisamos de quantidades extras e o nosso corpo não dá conta de produzir tudo que precisamos. Ela é fundamental para a produção de óxido nítrico, uma molécula que relaxa os vasos sanguíneos, melhora a circulação e participa da produção de células do sistema imunológico (linfócitos T)1. Por desempenhar funções essenciais no organismo, a falta de arginina pode comprometer o funcionamento das células e órgãos, resultando em graves consequências para a saúde.
Ela pode ser produzida através da quebra de proteínas do nosso corpo ou adquirida através da alimentação.
Alimentos ricos em arginina
A arginina pode ser obtida através de alimentos ricos em proteínas, como2:
– carnes,
– peixes,
– laticínios (leite, iogurte, queijo),
– nozes e sementes (amêndoas, castanhas de caju, sementes de abóbora),
– leguminosas (soja, grão de bico)
– grãos integrais (arroz integral, aveia).
Suplementos de L-arginina
A arginina na forma de suplemento é geralmente encontrada como L-Arginina, uma das formas sintéticas da arginina que mais absorvemos, e podem ser administradas por via3:
– oral como cápsula, comprimidos ou pó;
– tópica como creme para pele e cabelos (para fins estéticos);
– intra-intravenosa (IV).
Para que serve a suplementação L-arginina?
Os suplementos de L-arginina são utilizados por atletas e pessoas com condições médicas como hipertensão, além de serem empregados clinicamente no tratamento de doenças e feridas graves. Embora estudos apontem benefícios potenciais do seu uso, os resultados são variados, e sua eficácia pode não ser tão significativa quanto alegam algumas empresas de suplementos. Confira os 6 benefícios que a suplementação de L-arginina pode gerar:
1. Saúde do coração e pressão arterial
A L-arginina contribui para a produção de óxido nítrico, que relaxa os vasos sanguíneos e melhora a circulação sanguínea, ajudando a reduzir a pressão arterial. Uma revisão de 2016 analisou sete estudos e concluiu que a suplementação oral ou intravenosa de L-arginina reduziu a pressão sistólica em até 5,4 mmHg e a diastólica em até 3,1 mmHg em adultos hipertensos4.
2. Desempenho físico
A L-arginina pode melhorar o fluxo de sangue para os músculos, aumentando o transporte de oxigênio e nutrientes. Isso pode ajudar atletas a reduzir a fadiga e melhorar o desempenho físico5. Contudo, os resultados ainda são variados, alguns estudos não demonstrando uma melhora no desempenho físico quando a L-arginina é utilizada somente logo antes do exercício6.
3. Cicatrização e tratamento de doenças críticas
Em casos de doenças graves (como infecções, inclusive na recuperações de COVID-197), queimaduras ou cirurgias, a demanda por L-arginina aumenta. Ela é essencial para a cicatrização e fortalecimento do sistema imunológico8.
4. Disfunção erétil
Uma revisão de 2019 de 10 estudos encontrou que o uso de suplementos de arginina em doses variando de 1,5 a 5 gramas diárias melhorou significativamente a disfunção erétil, em comparação com um placebo ou nenhum tratamento9.
5. Controle do açúcar no sangue
Para pessoas com risco de diabetes, a L-arginina pode melhorar a sensibilidade à insulina. Estudos indicam que a suplementação prolongada pode ajudar a prevenir a doença10.
6. Prevenção e controle de pré-eclâmpsia
Estudos demonstraram que o tratamento com L-arginina durante a gravidez pode ajudar a prevenir e tratar a pré-eclâmpsia, uma condição perigosa caracterizada por hipertensão e proteína na urina11.
Como tomar L-arginina?
A dose recomendada varia conforme o objetivo. Em geral, doses entre 1,5 a 6 gramas diárias são seguras por um tempo específico de tratamento (3 a 24 meses). É essencial que procure um profissional de saúde qualificado para as devidas recomendações e acompanhamentos, especialmente se você tem alguma doença cardíaca, está tomando outros medicamentos ou está grávida.
Para melhor absorção, os suplementos devem ser tomados entre as refeições.
Efeitos colaterais
A L-arginina é segura em doses adequadas, mas pode causar alguns efeitos colaterais, embora seja raro, como12: inchaço, diarreia, tontura, náusea ou vômito, reação alérgica (urticária, coceira ou erupção cutânea), dificuldade para respirar ou sensação de aperto no peito e insuficiência cardíaca.
Se você sentir qualquer efeito colateral, procure imediatamente seu médico ou vá à emergência mais próxima.
Quem não deve tomar L-arginina?
Evite suplementar L-arginina nos seguintes casos: asma grave ou doenças pulmonares, uso de medicamentos para pressão arterial baixa, uso de anticoagulantes.
Gestantes devem suplementar apenas com orientação médica, em casos como pré-eclâmpsia.
A L-arginina pode interagir com diversos medicamentos, portanto, caso você faça uso recorrente de alguma medicação não tome a L-arginina sem que seu médico saiba.
Nota do Criasaude
A L-arginina é um aminoácido importante que pode beneficiar a saúde cardiovascular, a performance física, a função imunológica e muito mais. Para pessoas com demandas específicas, a suplementação pode ser uma opção interessante, desde que haja orientação profissional. Como sempre, o mais importante é buscar um estilo de vida equilibrado e consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer suplementação.
Fontes e referências:
PubMed, Artigo em inglês da Cleveland Clinic:L-Arginine, revisado em março de 2022, acessado pelo Criasaude em dezembro de 2024, link funcionando nesta data.
Data:
27.12.2024
Redação:
Adriana Sumi (farmacêutica pelo USP)
Bibliografia e referências científicas:
- Morris CR, Hamilton-Reeves J, Martindale RG, Sarav M, Ochoa Gautier JB. Acquired Amino Acid Deficiencies: A Focus on Arginine and Glutamine. Nutr Clin Pract. 2017 Apr;32(1_suppl):30S-47S.doi: 10.1177/0884533617691250.Epub 2017 Feb 1)
- Artigo em inglês da Cleveland Clinic: L-Arginine, revisado em março de 2022, acessado pelo Criasaude em dezembro de 2024, link funcionando nesta data
- Artigo publicado pelo Mayo Clinic: L-Arginine, em agosto de 2023, acessado pelo Criasaude em dezembro de 2024, link funcionando nesta data
- McRae MP. Therapeutic Benefits of l-Arginine: An Umbrella Review of Meta-analyses. J Chiropr Med. 2016 Sep;15(3):184-9. doi: 10.1016/j.jcm.2016.06.002. Epub 2016 Sep 10
- Pahlavani N, Entezari MH, Nasiri M, Miri A, Rezaie M, Bagheri-Bidakhavidi M, Sadeghi O. The effect of l-arginine supplementation on body composition and performance in male athletes: a double-blinded randomized clinical trial. Eur J Clin Nutr. 2017 Apr;71(4):544-548. doi: 10.1038/ejcn.2016.266
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- Adebayo A, Varzideh F, Wilson S, Gambardella J, Eacobacci M, Jankauskas SS, Donkor K, Kansakar U, Trimarco V, Mone P, Lombardi A, Santulli G. l-Arginine and COVID-19: An Update. Nutrients. 2021 Nov 5;13(11):3951. doi: 10.3390/nu13113951
- Patel JJ, Miller KR, Rosenthal C, Rosenthal MD. When is it appropriate to use arginine in critical illness? Nutr Clin Pract. 2016 Jun;31(3):331-339. doi: 10.1177/0884533616652576
- Rhim HC, Kim MS, Park YJ, Choi WS, Park HK, Kim HG, Kim A, Paick SH. The Potential Role of Arginine Supplements on Erectile Dysfunction: A Systemic Review and Meta-Analysis. J Sex Med. 2020 Mar;17(3):560. doi: 10.1016/j.jsxm.2020.01.021
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- Artigo em inglês da Cleveland Clinic: L-Arginine, revisado em março de 2022, acessado pelo Criasaude em dezembro de 2024, link funcionando nesta data