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O papel da nutrição na recuperação da Síndrome pós-COVID-19

Estamos prestes a completar 3 anos desde o primeiro caso de infecção pelo SARS-CoV-2, ou novo coronavírus, em humanos que deflagrou a pandemia da Covid-19. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já atingimos 556.897.312 casos confirmados de Covid-19, destes 6.356.812 resultaram em mortes, portanto são aproximadamente 550.540.500 sobreviventes do Covid-19 em todo o mundo. No Brasil são 33.076.779 casos confirmados e 674.482 mortes1.

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A essa altura já sabemos que para além de tomar medidas preventivas para evitar ou diminuir o contágio, precisamos também nos preocupar com as condições de saúde de sobreviventes desta doença, cujos sintomas e sequelas podem durar muitos meses ou anos.

Estudos já apontam para a presença da Síndrome Pós-Covid-19 ou covid prolongado, que é caracterizada por sintomas, que podem durar até 6 meses, como: inflamação sistêmica, fadiga, cansaço, dores musculares, dores articulares, queda de cabelo, alteração em padrão de sono, da saúde cerebral e emocional.

Segundo a revisão científica publicada na revista Nutrients2 em março de 2022, esta síndrome é mais frequente em pacientes hospitalizados (85%), mas também afeta 10 a 35% dos pacientes não hospitalizados.

Um fator relevante para recuperação, que deve ser considerado durante e após a infecção, é a condição nutricional. Muitas vezes as pessoas já apresentavam uma deficiência nutricional antes da infecção por Covid-19 ou a desenvolvem durante a fase aguda, seja por diminuição de ingestão de alimento, aumento da demanda energética ou alterações da microbiota. A má nutrição afeta a recuperação de todos os outros sistemas impactados na síndrome pós-Covid-19, sendo um componente muito importante a ser considerado.

Nutrição e COVID-19

Apesar de, até o momento, não haver fortes evidências de que suplementação ou a alteração da dieta modifica sintomas de pessoas com síndrome de fadiga crônica (SFC) pós-Covid-19, já se sabe que a deficiência de alguns nutrientes – vitamina C, vitaminas do complexo B, sódio, magnésio, zinco, l-carnitina, l-triptofano, ácidos graxos essenciais e coenzima Q10 – são importantes no grau de severidade e progressão dos sintomas da SFC devido ao aumento do estresse oxidativo. Diversos estudos demonstraram o benefício do uso de suplementação de vitamina-antioxidante-glicofosfolipidica e outros antioxidantes que auxiliam na melhora do grau de fadiga apresentado por pacientes com SFC.

Para a restauração da massa corpórea e sarcopenia a suplementação de proteína através de uma dieta balanceada ou suplementos alimentares podem ser benéficos para a recuperação. Em casos mais graves, esteroides parenterais também são uma opção.

Outra alteração muito comum de correr durante a COVID-19 é a modificação da microbiota, que é muito importante para manter um metabolismo saudável, uma boa absorção de nutrientes e um bem-estar psicológico. O consumo de probióticos e polifenóis ajudam a restaurar a microbiota.

A Síndrome Pós-Covid-19 não atinge só a saúde física, ela também afeta a saúde mental, podendo levar à ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e comprometimento cognitivo. Segundo a revisão científica publicada na revista Nutrients em março de 2022, uma alimentação com baixo índice glicêmico e com altas quantidades de vegetais e frutas pode estar associada a um menor risco de depressão no geral. 

Este estudo também relata que há fortes evidências que uma alimentação rica em vegetais, compostos bioativos como o ômega-3, com um baixo consumo de gorduras-trans e carboidratos refinados, podem aumentar o bem-estar psicológico, e portanto, ter um papel na recuperação da Síndrome pós-COVID-19. Sendo a dieta mediterrânea um dos possíveis caminhos para uma alimentação equilibrada.

Existem muitas outras questões nutricionais que podem afetar a recuperação da Síndrome pós-COVID-19, uma avaliação com especialistas e recomendação dietética personalizada, feita por nutricionistas, pode ser uma das estratégias mais eficazes na recuperação.

Dicas
– Faça refeições com quantidades menores e mais vezes
– Beba longe das refeições para evitar a sensação de saciedade antecipada
– Prefira alimentos leves com baixas calorias e gorduras
– Consuma carboidratos com baixo índice glicêmico (ex. aveia, arroz integral, milho, etc)
– Consuma alimentos com alta qualidade proteica de fontes animais e vegetais (15 a 30g de proteína por refeição)
– Mantenha uma dieta rica em ômega-3 (1,5 a 3 g/dia)
– Consuma azeite de oliva extravirgem, devido a suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.
– Consuma bastante fibras através de vegetais, legumes e frutas.

Fontes e referências
Organização Mundial da Saúde (https://covid19.who.int/ link, acessado em 15 de julho de 2022 pela equipe da Criasuade.com.br), Nutrients  (https://doi.org/10.3390/nu14061305)

Escrito por:
Adriana Sumi (farmacêutica), 20.07.2022

Coautor:

Bibliografia e referências científicas:

  1. Informações disponíveis no site da Organização Mundial da Saúde, acessado em 15 de julho de 2022
  2. https://doi.org/10.3390/nu14061305
Observação da redação: este artigo foi modificado em 20.07.2022

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