A primavera é a estação do ano conhecida pela explosão de flores e vida na natureza, no hemisfério sul ela começa em setembro e vai até dezembro, já no hemisfério norte ela começa em março e vai até junho. Mas não é todo mundo que consegue aproveitar a beleza da primavera, para algumas pessoas essa época do ano é sinônimo de nariz escorrendo, olhos coçando e problemas respiratórios. São as pessoas afetadas pelas alergias na primavera. Você sabia que é possível amenizar essas alergias?
Conversamos com as médicas especialistas em alergia e imunologia clínica Dra. Brianna Nicoletti (CRM 113368), médica do Hospital Israelita Albert Einstein e gestora da clínica Maison Santé em São Paulo (Brasil), e a Dra.Letícia Bellinaso Ferreira (CRM: 134995), médica pela Universidade Estadual de São Paulo (USP) e especialista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), que explicam o que causa a alergia da primavera e como amenizá-las.
Por que algumas alergias se agravam na primavera
As alergias são uma reação do corpo, mediadas pelas imunoglobulinas E (IgE), em resposta a presença de algum alérgeno (substâncias que o corpo identifica como invasora e reage “exageradamente”) levando a um quadro de inflamação. Algumas pessoas são alérgicas ao pólen, que é o gameta masculino dispersado pelas plantas para entrar em contato com os gametas femininos fazendo a reprodução das plantas). Nem todo pólen têm um potencial alergênico e cada pessoa pode ter alergia há um ou mais tipos de pólens diferentes, a alergia mais prevalente é a do pólen de gramíneas que inclui o capim1.
Na primavera as alergias que tipicamente aparecem e/ou se agravam são as alergias desencadeadas pelo pólen. Nessa época as plantas florescem e dispersão seu pólen em maior quantidade, além disso o vento fica mais intenso nesta época, fazendo com que haja mais partículas de pólen no ar.
As alergias mais comuns nesta época são: rinite alérgica, conjuntivite e asma alérgica.
Sintomas de alergia na primavera
Os sintomas mais comuns das alergias de primavera são decorrentes de uma reação inflamatória desencadeada pelo contato das mucosas com o pólen, podendo levar a um ou mais sintomas, como2:
– coceira intensa de olhos, nariz ou garganta
– nariz escorrendo e/ou entupido
– olhos vermelhos, com coceira, inchados e/ou lacrimejando
– garganta seca, arranhando e/ou com dor ao engolir
– comichão na pele. Para algumas pessoas o contato direto do pólen na pele pode levar a uma dermatite de contato.
– asma, chiado no peito e dificuldade respiratória
– fadiga e confusão mental
Diferença entre alergia da primavera e gripe
Segunda a médica alergista Dra. Letícia Ferreira, “nem sempre é possível diferenciar o quadro alérgico de uma gripe ou mesmo COVID-19. Mas alguns sinais podem ajudar: na alergia, ocorre muito mais sintomas de coceira (nariz, olhos, garganta, ouvido) e o acometimento ocular pode ser mais intenso”.
Existem também sintomas que geralmente estão mais associados às infecções por vírus respiratórios e não às alergias, que são: dor muscular, mal estar, perda de apetite, calafrios e febre. “Outro ponto importante é o tempo de duração dos sintomas, pois doenças virais geralmente duram 7-14 dias (no máximo), enquanto os sintomas alérgicos podem ser prolongados”, salienta a Dra. Brianna Nicoletti.
Como amenizar sua alergia na primavera
Infelizmente não há como evitar que uma pessoa desenvolva alergia aos pólens, mas uma vez que você já sabe que possui essa alergia há algumas medidas para prevenir uma crise ou o agravamento da alergia. A principal forma de amenizar seus sintomas é diminuindo o contato com o pólen, mas também é possível fazer alguns tratamentos preventivos naturais, com medicamentos antialérgicos ou imunoterapia3.
Diminuindo o pólen
– Mantenha as janelas de casa e do carro fechadas.
– Evite atividades ao ar livre no período da manhã (5h00 às 10h00, quando há maior concentração de pólen no ar).
– Utilize óculos ao sair, isso irá evitar o impacto do pólen diretamente nos olhos. Ao andar de bicicleta utilize óculos de proteção ocular.
– Evite estender roupas para secar em ambientes externos, os pólens se depositam nas roupas molhadas).
– Aumente a limpeza de casa
– Considere ter um purificador de ar, principalmente no quarto
– Mantenha os animais de estimação limpos, eles podem trazer o pólen para dentro de casa.
– Tome banho assim que chegar em casa e não reutilize as roupas que usou na rua.
Tratamentos naturais
– Lavagem nasal com solução salina, pelo menos 2 vezes ao dia. Atenção, lembre-se de sempre usar uma água que não tenha risco de contaminação como soro fisiológico e água filtrada. Nunca utilize água gelada.
Imunoterapia
Também conhecida como “vacina para alergias”, a imunoterapia é um tratamento de dessensibilização que pode ser feito para diversas alergias, incluindo a alergia a pólen.
“A imunoterapia age modificando a resposta do sistema imunológico e a criança (ou adulto) em tratamento passa a tolerar melhor o alérgeno que antes provocava uma série de reações inflamatórias alérgicas”, explica a Dra. Brianna Nicoletti. Ela pode ser feita de forma injetável subcutânea e sublingual, com a mesma eficácia, mas cada uma tem vantagens e desvantagens e cabe a médica especialista, como alergistas, avaliar qual a melhor opção para cada caso.
Este é um tratamento que tem um potencial de reduzir as alergias em geral por anos, mas o efeito do tratamento demora entre 6 a 12 meses para começar a ser sentido.
Medicamentos
Mesmo com toda prevenção e cuidado, é impossível evitar o contato com o pólen o tempo todo e listamos alguns medicamentos que podem ser utilizados para aliviar os sintomas.
– Anti-histamínicos. Os mais recomendados são os anti-histamínicos de segunda geração, que não dão sono, como: loratadina, fexofenadina, cetirizina
– Sprays nasais à base de corticoide, como: fluticasona, budesonida, mometasona e triamcinolona. Utilizados principalmente em casos de congestão nasal. Alguns especialistas recomendam o uso preventivo desses sprays alguns dias antes de começar a primavera.
– Descongestionantes como a pseudoefedrina, que podem estar associados ou não aos anti-histamínicos. Mas os descongestionantes não são recomendados se você tiver hipertensão ou problemas cardíacos. Outros possíveis efeitos colaterais dos descongestionantes são: pressão alta, palpitações cardíacas e aumento da próstata. “No geral, não o recomendo para pessoas com problemas cardíacos e não recomendaria que pessoas com mais de 40 anos o tomassem regularmente”, afirma o Dr. Eidelman em entrevista para a Cleveland Clinic.
Lembrando que esta lista de medicamento ou outras recomendações que demos acima, não substituem o acompanhamento médico, que poderá dizer qual o melhor tratamento e posologias para o seu caso específico.
Leia também: Como aliviar a congestão nasal e sinusite em casa?
20.09.2023
Fontes & Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra. Brianna Nicoletti (CRM 113368), médica alergista e imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein e gestora da clínica Maison Santé em São Paulo (Brasil).
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra. Letícia Bellinaso Ferreira (CRM: 134995), médica alergista e imunologista pela Universidade Estadual de São Paulo (USP) e especialista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
Artigo em inglês da Cleveland Clinic: How To Tame Your Spring Allergies, de março de 2023, link acessado pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023, link funcionando nesta data.
Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)
Bibliografia e referências científicas:
- Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra. Brianna Nicoletti (CRM 113368), médica alergista e imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein e gestora da clínica Maison Santé, em São Paulo – Brasil
- Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra. Brianna Nicoletti (CRM 113368), médica alergista e imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein e gestora da clínica Maison Santé, em São Paulo (Brasil) – Artigo em inglês da Cleveland Clinic: How To Tame Your Spring Allergies, de março de 2023, link acessado pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023, link funcionando nesta data
- Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra. Brianna Nicoletti (CRM 113368), médica alergista e imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein e gestora da clínica Maison Santé, em São Paulo (Brasil) – Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra.Letícia Bellinaso Ferreira (CRM: 134995), médica alergista e imunologista pela Universidade Estadual de São Paulo (USP) e especialista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). – Artigo em inglês da Cleveland Clinic: How To Tame Your Spring Allergies, de março de 2023, link acessado pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023, link funcionando nesta data