Coqueluche
Resumo sobre a coqueluche
A coqueluche, também chamada de pertussis (nome da bactéria que causa esta infecção), é uma doença potencialmente muito grave se ocorrer em lactentes e crianças pequenas que não estão imunizados contra a doença, principalmente recém-nascidos com menos de 2 meses de idade que ainda não receberam a primeira dose da vacina (esquema de vacinação abaixo). Além disso, os recém-nascidos têm as vias respiratórias muito finas, que podem ser facilmente obstruídas pelo muco produzido na infecção. Em alguns casos, podem até não conseguir respirar.
A coqueluche é uma doença altamente contagiosa e pode durar várias semanas. Leia sintomas
Na maioria dos países considerados desenvolvidos (Europa, América do Norte, Japão, etc) a cobertura de vacinas é muito alta e são poucos os casos de coqueluche e especialmente morte pela doença. Em contrapartida, nos países em desenvolvimento, esta doença continua a causar danos e até mesmo em países emergentes como o Brasil, várias mortes foram registradas nos últimos anos por conseqüência de uma cobertura vacinal de adultos muito baixa (os adultos podem então transmitir a doença para bebês ou crianças pequenas).
No Texas (EUA), uma região altamente industrializada e rica, se comparada a outras regiões do mundo, foi atingida por uma epidemia de coqueluche em setembro de 2013, foram registradas pelo menos duas mortes. A baixa imunização de adultos (apenas 12% dos adultos foram imunizados contra a coqueluche) é uma das causa para esta epidemia texana, porque a maioria dos recém-nascidos e crianças pequenas foi contaminada por adultos.
Como discutido nesta sessão, a vacinação é essencial e central para a estratégia de reduzir a mortalidade infantil, especialmente nos países em desenvolvimento. Não nos esqueçamos que a coqueluche causa mais de 500.000 mortes por ano em crianças.
Definição
A coqueluche é uma doença infecciosa causada principalmente pela bactéria Bordetella pertussis, esta última produz uma toxina fazendo ocasionando os sintomas de tosse convulsa, constipação, etc.
Esteja ciente de que a coqueluche é uma doença que pode durar várias semanas e ser muito cansativa. Na verdade, o paciente pode apresentar crises de tosse violentas e ininterruptas, e em recém-nascidos problemas respiratórios como a apnéia podem aparecer e piorar.
O recém-nascido tem as vias respiratórias muito finas e podem ser facilmente obstruídas pelo muco.
Epidemiologia
História da doença e taxa de mortalidade
– A vacinação de crianças a partir dos 2 meses desde a década de 1940, reduziu consideravelmente a incidência da doença e a mortalidade infantil. Até o início da década de 1950, havia milhões de casos de coqueluche a cada ano, com muitas mortes infantis em todo o mundo.
A OMS estima que a cada ano 600.000 crianças morrem de coqueluche e cerca de 60 milhões de crianças são atingidas. Cerca de 90% dos pacienes afetados pela coqueluche são crianças.
No Brasil, os casos de coqueluche já foram bem altos, chegando ao coeficiente incidência de 30 casos a cada 100 mil habitantes no início dos anos 80. Entretanto, devido às campanhas de vacinação e prevenção da doença, os casos de coqueluche mantiveram-se inferirores a 0,05/1000 habitantes nos últimos anos.
O grupo de menores de 1 ano de idade concentra cerca de 50% dos casos de coqueluche. A letalidade da doença é também elevada em crianças pequenas, sendo que praticamente todo os óbitos dessa doença se concentram em bebês ou crianças menores [Fonte: Ministério da Saúde].
– De acordo com um estudo realizado pela universidade Boston University School of Public Health, o aumento do número de casos de coqueluche nos anos de 2010, principalmente nos Estados Unidos, vem da utilização das chamadas vacinas acelulares (em inglês: acellular vaccines) usadas desde a década 90. Estas não seriam tão eficazes quanto às vacinas de células inteiras (em inglês: whole-cell vaccines), que foram utilizadas desde o início da vacinação contra a coqueluche. O uso de vacinas acelulares surgiu à medida que as vacinas de células inteiras levantaram preocupações sobre potenciais efeitos adversos neurológicos. Para chegar a estas conclusões, cientistas americanos utilizaram principalmente modelos matemáticos da resposta imunológica a estes 2 tipos de vacinas em experiências realizadas com animais. Este estudo foi publicado on-line em 25 de agosto de 2017 na revista científica F1000 Research (DOI: 10.12688/f1000research.11654.1).
Causas & transmissão
Como já vimos na definição, a coqueluche é causada principalmente pela toxina produzida pela bactéria Bordetella pertussis (também chamada de bacilo de Bordet-Gengou).
Em alguns casos (5-20%) a coqueluche pode ser causada pela Bordetella parapertussis. Este tipo de coqueluche é menos grave que a causada por Bodetella pertussis.
Transmissão
A transmissão é de pessoa para outra (por exemplo, adulto para adulto, ou adulto para bebê ou criança pequena) é feita através de gotículas do trato respiratório durante a tosse.
Grupos de risco
As pessoas em risco são especialmente bebês e crianças pequenas. Estima-se que os pais de crianças menores de 6 meses estão particularmente preocupados com relatos de coqueluche grave (sobretudo com as complicações, como pneumonia e risco de morte).
Os recém-nascidos com menos de 2 meses não foram imunizados contra a coqueluche ainda (a primeira dose da vacina é administrada aos 2 meses) e podem, portanto, desenvolver esta doença infecciosa mais facilmente. Nessa idade, o risco de complicações da coqueluche é alto, porque as suas vias respiratórias são muito finas e podem ser obstruídas pelo muco.
Sintomas
Período de incubação da coqueluche :
Uma vez que o corpo (geralmente a parte respiratória) está em contacto com as bactérias da coqueluche, leva-se cerca de 7 dias para ver os primeiros sintomas.
Notas importantes sobre os sintomas:
– Deve primeiro ser notado que os sintomas podem variar muito de um indivíduo para outro, geralmente em adultos os sintomas são mais leves porque o corpo é mais forte, as consequências são quase sempre benignas e pouco perigosas. Em contrapartida, em crianças pequenas e, especialmente, em crianças menores de 6 meses as conseqüências da coqueluche podem ser muito graves, podendo levar à morte. Para resumir, os casos mais graves de coqueluche podem ocorrer em pessoas mais jovens e por isso a doença pode ser grave.
– Esteja ciente de que a vacinação contra a coqueluche é obrigatória, mas muitas vezes as crianças ainda não receberam todas as doses da vacina e não estão imunizadas contra coqueluche (especialmente a partir do nascimento até a idade de alguns meses). O risco é maior se a criança está em contato com um adulto com coqueluche. Como conseqüência, apenas uma imunização total da sociedade irá reduzir o número de coqueluche em lactentes.
Ou em outras palavras, um adulto devidamente imunizado (todas as doses de vacinas feitas com lembro) não irá desenvolver a doença e assim evitar a transmissão a uma criança pequena que ainda não recebeu todas as doses das vacinas. Vidas podem ser salvas estando com a vacinação sempre em dia.
Sintomas
Fase moderada:
– Após o período de incubação, geralmente há tosse não muito forte, febre leve e congestão nasal. Esses sintomas são próximos a um resfriado. Os olhos também podem estar vermelhos ou lacrimejantes.
Fase mais grave:
– Poucos dias após esses sintomas leves, uma tosse muito mais agressiva e contínua pode ser observada (noite e dia) com verdadeiros ataques de tosse. Às vezes, falamos em “canto do galo” para qualificar essa tosse específica. Esses ataques podem ser seguidos por uma pausa respiratória, levando à cianose. Essa tosse pode até causar hemorragias nos olhos e no cérebro em alguns casos.
– Em bebês, a coqueluche pode causar apneias (parada respiratória) sem a presença de tosse. Um rosto vermelho ou azul pode se manifestar. Outra complicação da tosse em bebês é a progressão para pneumonia (uma infecção grave dos pulmões). Essa tosse ininterrupta pode durar de 2 a 4 semanas. Posteriormente e, portanto, após esse período de tosse violenta em acessos, uma tosse mais branda ou isolada pode ainda aparecer por algumas semanas. Uma fadiga extrema também pode aparecer.
Origem dos sintomas:
É interessante notar que a multiplicação da bactéria causa a tosse convulsa pois diminui o funcionamento da traqueia e brônquios. A tosse é uma consequência ou um sintoma do problema.
Diagnóstico
O diagnóstico da coqueluche pode ser feito por meio da observação dos sinais clínicos: tosse durante vários dias e semanas, em particular com acessos de tosse, etc.
Para ter certeza de que é a coqueluche, o médico pode fazer um teste de laboratório para identificar as bactérias que causam a doença
Tratamentos
Tratamento curativo da coqueluche
O principal tratamento envolve tomar antibióticos. Os antibióticos são eficazes contra as infecções bacterianas, como é o caso da coqueluche. Os antibióticos são escolhidos de acordo com nossas necessidades, especialmente os macrolídeos, e o médico é, obviamente, a única pessoa que pode prescrever este tipo de medicamentos.
Um importante objetivo de tomar antibióticos é reduzir o contágio da doença. Em crianças pequenas e bebês, a coqueluche pode ser potencialmente muito grave, e, dessa forma, é aconselhável tratar a doença em hospitais para monitorar melhor o estado do jovem paciente. Isto irá isolar o paciente o quanto possível para evitar a contaminação.
A equipe de saúde irá relatar quaisquer casos de coqueluche do país para as autoridades sanitárias.
Tratamento da tosse
De acordo com a Clínica Mayo, instituição de referência norte-americana, os tratamentos para curar a tosse são ineficazes e devem ser evitados. Em vez disso, deve ser dada prioridade a algumas medidas como beber bastante líquido, repousar e comer porções menores (para mais informações ver abaixo em Dicas).
Tratamento preventivo (vacinação da coqueluche)
A melhor maneira de lutar contra esta doença é a vacinação de todas as pessoas e especialmente as crianças pequenas. Em geral, recomendamos a vacinação contra a coqueluche (também chamada pertussis) a partir da idade de 2 meses por cada três injeções com um mês de intervalo. Em seu primeiro ano de vida a criança terá recebido 3 doses de vacina.
Um ano após a última vacinação, a criança receberá um reforço (para cerca de 2 anos), e depois um segundo reforço durante a adolescência nas idades de 11-13 anos (na Suíça aconselh-se de 4-7 anos). É importante notar que este padrão pode variar um pouco dependendo de cada país e tipo de vacina, por isso é converse com seu médico ou farmacêutico sobre o padrão exato da vacinação na sua região ou país.
Estima-se que um reforço na idade adulta é recomendado especialmente para as pessoas em contato com crianças pequenas (equipe médica ou os pais, neste caso a mãe deve ser vacinada antes da gravidez ou logo após) e, especialmente bebês, para prevenir em todos os casos a transmissão da coqueluche. Algumas fontes estimam que a eficácia da vacinação é, em geral, excelente, no entanto o seu efeito tende a desaparecer na idade adulta, e por isso reforços são sempre bem-vindos. Converse com seu médico.
Note também que a vacina contra a coqueluche é freqüentemente associada com uma vacina contra outras duas doenças infecciosas: a difteria e o tétano. Isto é conhecido como a vacina DTP ou tríplice (difteria, tétano e coqueluche ou pertussis).
Vacinação da coqueluche em adultos :
Autoridades sanitárias suíças recomendam, desde fevereiro 2012, uma vacina de reforço adicional contra a coqueluche em jovens adultos entre 25 e 29 anos e a todos os que serão futuros pais (a coqueluche não é perigosa para um adulto, mas é extremamente grave para uma criança que ainda não foi vacinada, e que possivelmente será seu futuro filho), e também a todos os adultos em contato regular com crianças.
Na França, Alemanha e Estados Unidos os futuros pais já estão informados que um reforço contra a coqueluche pode ser proposto pelo médico, e especialmente nos casos sobre a imunização para criança (como nos casos em que as crianças não receberam as cinco doses).
Nos Estados Unidos, a instituição de referência Mayo Clinic incentiva todos os adultos a serem vacinados contra coqueluche pelo menos uma vez, de acordo com um artigo publicado em janeiro de 2020 (link funcionando em 15.01.2020).
Dicas & Prevenção
– Todos, crianças e adultos, devem estar em dia com as vacinas contra coqueluche. Por um lado, a vacinação é fundamental para evitar contrair a doença, mas também é importante para proteger a sociedade e especialmente crianças pequenas que estão em risco de adquirir a doença.
Se um adulto nunca foi vacinado contra a tosse convulsa ou não está atualizado, deve ser vacinado para evitar a propagação da doença para um bebê ou criança pequena. Porque, se o adulto está doente, pode facilmente passar para uma criança pequena ou bebê.
– É interessante notar que a bactéria causadora da coqueluche é mais ativa em temperaturas elevadas.
– Beba bastante líquido, tais como: sucos, sopas, chás ou simplesmente água. Este é um conselho especialmente recomendado para crianças para evitar a desidratação (que pode se manifestar por boca seca, fazer pouco xixi ou chorar sem lágrimas).
– Repouse. Uma pessoa com coqueluche deve repousar o máximo possível, como no caso da maioria das doenças infecciosas, o descanso ajuda a fortalecer o sistema imunológico.
– Coma pequenas porções, de preferência várias pequenas refeições ao invés de grandes quantidades. Esta dica é útil para evitar o vômito depois de tossir.
– Mantenha o ar limpo. Evite toxinas como fumaça de cigarro em casa. Esses irritantes podem incentivar a tosse.
Fontes:
F1000 Research (DOI: 10.12688/f1000research.11654.1), Mayo Clinic
Update:
15.12.2020
Redação:
Xavier Gruffat (farmacêutico)