WASHINGTON – A agência reguladora de medicamentos dos EUA, o FDA, pediu aos fabricantes de medicamentos com sede nos Estados Unidos para reforçar a bula de todos os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como o ibuprofeno, o naproxeno e o diclofenaco, por causa do risco de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. O FDA revisou vários estudos científicos para chegar a estas conclusões. Os AINEs são vendidos sem necessidade de receita médica e já contêm a referência para o risco de ataque cardíaco e AVC na bula, mas ainda não está presente em todas as bulas. A novidade desta pesquisa diz que um indivíduo ao tomar um AINE, mesmo que não tenha histórico de problemas cardiovasculares, tem risco aumentado de sofrer de ataque cardíaco ou derrame. Em outras palavras, todo mundo está em risco ao tomar um medicamento desta classe.
AINEs, medicamentos muito prescritos
Os AINEs são remédios contra dor e inflamação e estão dentre os mais prescritos. Estes anti-inflamatórios são indicados em muitas doenças e distúrbios tais como a artrite, desordens menstruais, dores de cabeça, dores nas costas, infecções virais, etc. Ao contrário das drogas anti-inflamatórias esteroidais, como a cortisona, acredita-se que os AINEs têm menos efeitos colaterais e contraindicações, e por isso são amplamente utilizados sem prescrição médica. Exemplos de AINEs são o ibuprofeno, o diclofenaco, o celecoxibe e o naproxeno (pouco utilizado na Europa, mas muito mais comum no continente americano). É importante citar que o paracetamol não pertence à classe dos AINEs.
Nova decisão do FDA
O FDA, provavelmente a agência de medicamentos mais influente do mundo (pelo seu orçamento e peso dos EUA na medicina global), tem forçado os fabricantes de AINEs desde 2005, com o escândalo do Vioxx, a expressar na embalagem dos medicamentos um aviso em preto sobre o risco de infarto do miocárdio e AVC. Desde 2005, o FDA revisou uma série de estudos sobre os AINEs, incluindo dados clínicos.
Risco mesmo após algumas semanas de tratamento
Especialistas de Washington concluíram que os AINEs vendidos nos Estados Unidos (exceto a aspirina e genéricos), tanto com ou sem prescrição, devem incluir a seguinte informação na bula:
– O risco de infarto do miocárdio ou AVC pode se manifestar já nos primeiros meses de tratamento com um AINE. O risco pode aumentar com a duração do tratamento (observação: segundo os cientistas, mais estudos são necessários para confirmar ou refutar essa hipótese).
– O risco é maior com o aumento da dose.
– Os cientistas inicialmente pensaram que o risco de ataque cardíaco e AVC era o mesmo para todos os AINEs. No entanto, e de acordo com novos estudos do FDA, os pesquisadores têm dúvidas. Pode ser que alguns AINEs tenham um risco maior, mas são necessários mais estudos para ver este efeito mais claramente. É por isso que, por enquanto, o FDA recomenda colocar a mesma informação para todos os AINEs (exceto a aspirina).
– Os AINEs podem aumentar o risco de ataque cardíaco e AVC em pessoas com ou sem fator de risco. Em outras palavras, cada indivíduo, a tomar esta classe de fármacos, poderá estar em maior risco.
Note que a lista não é exaustiva, para simplificar tomamos os pontos mais essenciais. Você pode encontrar o artigo completo nas referências do FDA ao final desse texto.
Questão prática, quando procurar um médico?
Se uma pessoa está tomando um AINE e tem sintomas como dor no peito, dificuldade em respirar e falta de ar, fraqueza em um lado do corpo ou fala arrastada, consulte imediatamente um médico de emergência.
Para lembrar
Este estudo mostra que é importante consumir menor quantidade de AINE, com dose e duração também menores. Não hesite em pedir aconselhamento ao seu médico ou farmacêutico e, possivelmente, encontrar alternativas.
24 de Julho de 2015. Texto traduzido por Matheus Malta de Sá (farmacêutico USP). Fontes: Farmavagas.com.br, www.fda.gov