CAMBRIDGE, MA, EUA – Uma nova droga que superestimula a produção de proteínas cruciais para o crescimento do tumor é a nova estratégia para tratar uma ampla gama de cânceres. As células tumorais estão em rápida divisão celular, de maneira que essa abordagem estressa as células. Essas conclusões foram apontadas por pesquisadores norte-americanos e publicadas no jornal científico Cancel Cell no último dia 10 de agosto de 2015. Os cientistas testaram a droga em um rato e mostraram que o tratamento é eficaz em modelo de câncer de câncer de mama e eficiente em uma ampla gama de células tumorais humanas.
A eficácia da nova droga
Segundo o co-autor do estudo David Lonard do Bayor College of Medicine, antes nenhuma droga que estimulasse uma proteína tumoral tinha sido desenvolvida ou proposta para terapia do câncer. Essa nova droga funciona em vários tipos de tumor e mostra resultados encorajadores na batalha contra a doença.
As células cancerosas adquirem mutações em oncogenes – genes que podem transformar células normais em células tumorais – dessa forma, muitas pesquisas focam na identificação de genes que sejam alvos para novas terapias. Os membros da família do receptor de esteróides (SRC) são especialmente promissores como alvos terapêuticos, porque estas proteínas participam de processos importantes no desenvolvimento do tumor e na sua capacidade de se espalhar para outros órgãos.
Para testar essa ideia, eles rastrearam centenas de milhares de compostos para identificar um ativador potente do SRC chamado MCB-613. Este composto matou tumores de mama, próstata, pulmão e fígado, poupando células normais, e com pouca toxicidade em camundongos.
Esse desbalanço fez com que as células tumorais produzissem uma grande quantidade de proteínas, gerando um estresse celular e acúmulo de proteínas com função anômalas. Essa estimulação excessiva de reciclagem leva ao acúmulo moléculas tóxicas que matam a célula.
Em entrevista à revista Cell, O’Malley se declarou otimista com essa nova droga e acredita que ela entrará em estudo clínico para melhorar a vida de muitos pacientes.
O tratamento do câncer
Em maio de 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu 16 novos medicamentos na lista de medicamentos essenciais para tratamento do câncer. Com isso, a OMS considera 46 fármacos como medicamentos prioritários para tratamento da doença e devem ser oferecidos pelo sistema público de saúde de todos os países.
Essa nova lista inclui alguns medicamentos genéricos, mas também de alguns de alto custo, como o trastuzumab, o imatinib e o rituximab, que são usados para tratamento de câncer de mama, mieloide crônica e linfoma, respectivamente. A lista também conta com fármacos para o câncer em fase avançada e disseminada (metástase).
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vários dos medicamentos recém-incluídos na lista, mas alguns são restritos a tratamentos específicos. O trastuzumab é um exemplo, pois é usado apenas no pós-cirúrgico, para prevenir que a doença volte.
A epidemia de câncer
De acordo com a OMS, o câncer mata cada vez mais. Dos 14 milhões de novos casos registrados em 2014, 8 milhões resultaram em morte. Segundo o levantamento, 60% das mortes ocorreram na África, Ásia e América do Sul.
Ainda segundo a OMS, os casos devem aumentar em 70% nos próximos 20 anos, saltando para 22 milhões de casos por ano. Entre homens, os cinco tipos mais comuns da doença são os de pulmão, da próstata, colorretal, do estômago e de fígado. Entre as mulheres, os principais tipos são os de mama, colorretal, de pulmão, cérvix e estômago.
As estatísticas ainda apontam que m terço das mortes por câncer é resultado de cinco riscos comportamentais e alimentares: alto índice de massa corporal (IMC), baixo consumo de frutas e verduras, falta de atividade física, uso de tabaco e consumo de álcool.
O tabaco aparece como principal fator de risco para câncer, uma vez que responde por cerca de 30% das mortes pela doença e por 70% das mortes por câncer de pulmão em todo o mundo.
17 de agosto de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico USP) Fontes: Cell Press Newsroom, OMS. Fotos: Fotolia.com.