Câncer de bexiga
Definição
O câncer de bexiga, ou câncer vesical, é uma neoplasia que atinge as células da bexiga. A bexiga é um órgão semelhante a um balão, situado na região pélvica e responsável por armazenar a urina. A bexiga, assim como as outras estruturas do sistema urinário (rins, ureteres e uretra) é revestida por um epitélio de células de transição conhecido como uretélio.
A maioria dos casos de câncer de bexiga é das células de transição (carcinoma de células de transição), que é a camada que reveste a bexiga. Os outros tipos de tumor na bexiga são:
– Carcinoma de células escamosas.
– Adenocarcinoma (carcinoma das glândulas secretoras da bexiga).
– Sarcoma de bexiga.
– Carcinoma de células pequenas.
Epidemiologia
O tipo mais comum de câncer de bexiga é o de células transicionais, que corresponde a cerca de 90% dos casos. O carcinoma de células escamosas é o segundo mais frequente, com cerca de 8% dos casos. Os demais tipos de câncer de bexiga são mais raros.
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) de 2010, o câncer de bexiga foi responsável por 3167 mortes, sendo 2229 em homens e 938 em mulheres. A estimativa é que surjam 8900 novos casos em 2012.
Causas
Dentre os fatores genéticos, mutações em oncogenes e outros genes podem desencadear o surgimento do tumor. Os genes que parecem estar relacionados com a doença são o FGFR3, HRAS, RB1 e TP53.
Além de fatores genéticos, a exposição das células da bexiga a carcinógenos também é apontada como uma das causas da doença. Dentre estes, podemos destacar:
– Exposição a agentes químicos carcinogênicos, como asbestos, solventes, pesticidas, metais pesados, etc.
– Exposição à radiação ionizante.
– Exposição a certos medicamentos, como a ciclofosfamida, medicamentos pra diabetes e a fenacetina.
– Irritação crônica da bexiga, causada por pedras na bexiga, inflamações (como a cistite), infecções bacterianas, presença de cateteres, etc. Esses fatores predispõem, principalmente, o surgimento do carcinoma de células transicionais.
Grupos de risco
– Pacientes idosos.
– Homens.
– Pessoas que fumam. ATENÇÃO: o fumante passivo também tem altas chances de desenvolvimento de cânceres no geral.
– Pessoas que trabalham com agentes químicos carcinogênicos, como lavradores e químicos.
– Pacientes que já fizeram tratamento quimioterápico com ciclofosfamida ou radioterapia.
– Pacientes que usam medicamentos para diabetes, como a pioglitazona, glimepirida e metformina.
– Pacientes com cistite.
– Pacientes com infecção por esquistossomose.
– Pacientes com pedra na bexiga.
– Pessoas com histórico familiar de câncer de bexiga.
Sintomas
– Sangue na urina. Normalmente a urina aparece vermelha ou num tom mais escuro.
– Dor ao urinar (disúria).
– Urinar frequentemente (poliúria).
– Vontade frequente de urinar, se resultado.
– Dor pélvica e nas costas.
Esses sintomas não são específicos para a doença, mas indicam uma alteração no sistema urinário. É importante que você visite um médico caso apresente algum dos sintomas acima. O câncer de bexiga tem mais chances de cura quando diagnosticado precocemente.
Diagnóstico
– Citoscopia: exame que é feito pela inserção de uma pequena câmera pela uretra. Permite que o médico tenha uma visão interna da bexiga.
– Citologia da urina: exame para verificar se há células do câncer na urina.
– Exames de imagem: permite ver se existe alguma massa tumoral na bexiga. Esses exames incluem o raio-X pélvico, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
– Biópsia: pode ser realizada durante a citoscopia e consiste na retirada de uma parte do tecido da bexiga para verificar qual o tipo de tumor e qual o estágio ele está.
De acordo com o resultado da biopsia, o tumor pode ser classificado nos seguintes estágios:
Complicações
– Anemia, pela perda de sangue na urina.
– Incontinência urinária (incluindo vazamento noturno de urina).
– Alteração dos ureteres, como hidronefrose (inchaço do ureter).
– Estreitamento da uretra (estenose uretral).
Algumas complicações mais severas incluem:
– Invasão para outros órgãos (metástase), como fígado, próstata (homens), útero (mulheres), pulmão e ossos. Nesses locais, as células tumorais se desenvolvem e formam um novo câncer.
– Recorrência: o câncer de bexiga volta frequentemente e, por isso, o paciente precisa se submeter constantemente a exames de acompanhamento mesmo após ser identificada a cura da doença. Os exames de acompanhamento são normalmente os mesmos feitos para o diagnóstico da doença.
Tratamentos
Cirurgia
A cirurgia pode ser empregada para remoção da massa tumoral. Se o tumor ainda não penetrou ou se espalhou pela bexiga, o médico poderá optar pela ressecção transuretral ou pela cistectomia parcial, que envolve a retirada de pequena parte do tecido da bexiga que circunda o tumor.
Se o tumor atingiu boa parte da bexiga, o médico poderá considerar a remoção total da bexiga e dos linfonodos adjacentes, conhecida como cistectomia total. No homem, isso poderá levar à remoção da próstata e glândulas seminais. Na mulher, o médico pode retirar o útero, ovário e parte da vagina.
Depois desse procedimento, o médico irá fazer uma cirurgia para criar uma forma de expelir a urina do corpo. Há diversos procedimentos, como a criação de um canal condutor (conduite urinário) ou implementação de uma bexiga artificial (bolsa de urectomia), que o paciente carrega ao lado do abdome. Outras técnicas envolvem a criação de uma nova bexiga a partir de tecido epitelial do intestino (chamada de neobexiga ortotópica). Esse reservatório fica dentro do corpo e é conectado à uretra.
Quimioterapia
Outra abordagem é o uso de agentes biológicos para o tratamento do câncer de bexiga, como o bacilo Calmette-Guérin (BCG), que também usado na vacina contra tuberculose e faz com que o sistema imune do paciente destrua as células cancerígenas. O intereron alfa-2b também estimula o sistema imune do paciente.
Radioterapia
A radioterapia consiste na aplicação de radiação para matar as células tumorais. Normalmente a aplicação de radioterapia é feita antes e após a cirurgia e é chamada de radioterapia perioperatória. Um estudo da Universidade de Leeds na Inglaterra de 2008 apontou que as técnicas de radioterapia são tão eficazes quanto a cirurgia para o tratamento do câncer de bexiga.
Fitoterapia
Além disso, as plantas medicinais podem ser usadas para amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia, que normalmente incluem problemas gastrintestinais, como vômitos e diarreias. Dentre as plantas utilizadas, destacam-se:
– Valeriana: para melhorar a qualidade do sono.
– Boldo: para sintomas gastrintestinais e hepáticos.
– Camomila: usada como calmante e para combate à insônia.
– Melissa: para sintomas gastrintestinais.
– Erva doce: indicada para problemas estomacais.
Há diversas outras plantas que podem ajudar na redução da dor e efeitos colaterais. Converse com o seu médico sobre isso.
Dicas
– O câncer de bexiga tem altas chances de cura quando é diagnosticado cedo e tratado precocemente. O aparecimento de sangue na urina não deve ser deixado de lado. Isto é, se você apresentar esse sintoma, procure um médico para que ele possa fazer exames detalhados.
– Se você foi diagnosticado com a doença, siga corretamente todas as instruções médicas e não falte às sessões de quimioterapia. Se você está sofrendo com os efeitos colaterais das medicações (náuseas, perda de apetite, dores de barriga, vômitos, etc), converse com o seu médico para que ele possa receitar medicamentos que amenizem esses efeitos.
– Divida o fardo com amigos e familiares. Manter uma boa qualidade de vida, uma dieta balanceada, atividades físicas moderadas e controlar o nível de estresse ajudam no processo de cura da doença.
– Mude alguns hábitos de vida. Durante o tratamento, evite fumar e beber álcool em excesso. O fumo e as bebidas alcoólicas podem interferir com o tratamento e reduzir a eficácia de muitos quimioterápicos.
– Se você recebeu o diagnóstico de cura do câncer de bexiga, faça os exames de acompanhamento regularmente. Esse tipo específico de câncer tende a voltar com frequência e é importante que exames periódicos sejam feitos para detectar qualquer alteração nas células da bexiga por menores que sejam.
Prevenção
– Evite fumar. O fumo libera para a corrente sanguínea diversas toxinas que são irritantes para as células da bexiga. Os fumantes passivos também são afetados por esses agentes tóxicos.
– Se você trabalha diretamente com pesticidas, solventes químicos ou metais pesados, tenha precaução e use aparelhos adequados de proteção. Esses agentes são conhecidamente carcinogênicos e aumentam as chances de desenvolvimento da doença.
– Tenha uma dieta balanceada. A ingestão de frutas, legumes e verduras fornece para o corpo vitaminas, minerais e antioxidantes que ajudam a eliminar radicais livres e outros agentes que lesionam as células.
– Pratique exercícios físicos. A atividade física faz com que o corpo elimine toxinas que são prejudiciais às células.
Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)
Fotos:
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Atualização:
Este artigo foi modificado em 12.11.2018