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Óleos essenciais: podem ou não ser ingeridos?

A ingestão de óleos essenciais tem se tornado uma prática cada vez mais popular no campo da aromaterapia. Os óleos essenciais são substâncias concentradas extraídas de plantas e possuem propriedades terapêuticas diversas. No entanto, é importante ressaltar que a ingestão de óleos essenciais não é regulamentada em muitos países. Afinal, podemos ingerir óleo essencial?
SIM, apesar da resposta ser simples, isso NÃO significa que todo óleo essencial (OE) pode ser ingerido, por qualquer pessoa, que necessariamente possuem efeitos terapêuticos e que são seguros.
Para te ajudar na escolha de ingerir ou não OEs o Criasaude foi atrás da literatura e estudos científicos sobre o assunto e entrevistou a terapeuta naturopata  Manoella Mignone, que é professora de yoga e educadora ambiental, trabalha com Agroecologia e Permacultura, com foco em plantas medicinais. É também uma das fundadoras e idealizadoras da Coletiva Caminho Natural, do Movimento Muda SP e da Empresa Dádiva Elementar Cosméticos.

O que são os óleos essenciais
Os óleos essenciais (OEs) são substâncias extraídas de plantas obtidas através de destilação por arraste a vapor de partes da planta ou esmagamento de partes do fruto, no caso de frutas cítricas. Também chamados de óleos voláteis, devido a sua facilidade de evaporar, são misturas complexas de substâncias lipofílicas, líquidas, incolores ou ligeiramente amareladas, que possuem como característica básica o cheiro e o sabor1.

Óleos essenciais: podem ou não ser ingeridos?

Para algumas plantas já existem comprovações com estudos científicos sobre seus efeitos terapêuticos principalmente com a utilização através da inalação ou uso tópico (na pele), porém existem pouquíssimos estudos científicos sobre a ingestão de óleos essenciais, porém seu uso tradicional através dessa via é feito há centenas de anos.

Ingestão de OEs
A realidade é que no nosso dia a dia muitas vezes já ingerimos óleos essenciais através de alguns alimentos, principalmente industrializados, sendo os óleos essenciais utilizados para dar sabor a determinados alimentos.
Na opinião e experiência da terapeuta naturopata Manoella Mignone, a ingestão de óleos essenciais pode ajudar na recuperação de diversos problemas de saúde, mas assim como em outras formas de uso das plantas medicinais (ex. chás e tinturas) é necessário ter alguns cuidados e precauções2:

– Saber os prós e contras do uso da planta e do óleo essencial. É fundamental realizar uma pesquisa detalhada sobre cada óleo essencial antes de consumi-lo. Alguns óleos essenciais são contraindicados para mulheres grávidas, lactantes, crianças pequenas e pessoas com certas condições médicas. Você pode procurar profissionais de saúde que tenham aprofundado os estudos nessa área para te orientar.
– Verificar a procedência do OE, prefira óleos essenciais orgânicos e sempre certificados, existe muita adulteração de OE.

Óleos essenciais: podem ou não ser ingeridos?

– Atentar-se para o nome científico da planta, só através do nome científico é possível confirmar realmente a planta que você está consumindo pois os nomes populares variam muito de uma região para outra.
– Diluir o OE corretamente. O óleo essencial não dilui em água. Você pode diluir em um pouco de álcool próprio para ingestão (ex. álcool de cereais), tintura ou extrato vegetal hidroalcóolico, óleo vegetal (ex. óleo de coco ou oliva) e no mel. Geralmente em dosagem muito baixa (o OE é extremamente concentrado), como por exemplo 1 gota para 1 colher de sopa de óleo vegetal.

O óleo essencial é uma das diversas formas possíveis de utilização de plantas medicinais, também é possível utilizar através de infusões (chá), tinturas, pomadas, xaropes, entre outros. É importante lembrar que “toda planta tem esse potencial de toxicidade se ela tem a presença de princípios ativos medicinais, é tudo uma questão de dosagem e de conhecimento da melhor maneira de se beneficiar do uso dessa planta medicinal” salienta a naturopata Manoella Mignoni, lembrando que terapeutas ou médicos especialistas nessa área, como aromaterapeutas, fitoterapeutas, naturopatas podem auxiliar nessa escolha.
Riscos
Um dos principais riscos em relação a ingestão de OE se dá devido a crescente propaganda dos “benefícios” da ingestão aleatória de óleos essenciais realizada por pessoas ligada às empresas que os comercializam, que muitas vezes estão visando o aumento do consumo de seus produtos, como mostra o episódio “Óleos essenciais” da série de documentários “Indústria da Cura” produzido pela Netflix em 2021.

A ingestão incorreta de óleos essenciais em alguns casos pode causar vários problemas, incluindo queimaduras no esôfago, reações cutâneas, hepatotoxicidade, e outras consequências de intoxicações. Além de alguns OE também terem potencial abortivo.

O que a ciência e órgãos reguladores dizem
A ingestão de OEs é estudada por muitos profissionais de saúde há anos em diversos países e possui uma literatura médica e farmacêutica com indicações de uso interno dos OEs há mais de 50 anos, principalmente na França3.

Existem estudos científicos que comprovam a eficácia terapêutica de diversos óleos essenciais, principalmente na forma inalada e tópica em humanos4.No entanto, existem poucos estudos científicos realizados e mesmo esses são em escalas muito pequenase em animais, sendo ainda necessários estudos maiores e em humanos.

Em muitos países, como nos Estados Unidos e Brasil, os óleos essenciais não são regulamentados como medicamentos e sim como cosméticos ou insumo alimentício. No Brasil, a aromaterapia foi incluída no SUS(Sistema Único de Saúde) em 2018, sendo uma prática disponível para a população no cuidado da saúde. Apesar da atividade terapêutica dos OEs já ser reconhecida, ainda que não haja regulamentação para que os OEs sejam comercializados com finalidade terapêutica e possam ser prescritos por profissionais de saúde para uso interno.

Resumindo, a ingestão de óleos essenciais tem um potencial de oferecer benefícios, apesar de alguns entraves regulamentares em alguns países. Assim como outras formas de ingestão de plantas medicinais.
É importante adquirir óleos essenciais de qualidade, obter orientação sobre seu uso (ex. profissionais capacitados), respeitar as dosagens recomendadas, diluir corretamente e estar ciente das contraindicações. Lembrando que o uso de óleos essenciais não deve substituir consultas médicas e tratamentos prescritos.

Fontes e Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude em junho de 2023 com a terapeuta naturopata Manoella Mignone, que é também professora de yoga e educadora ambiental. Trabalha com Agroecologia e Permacultura, com foco em plantas medicinais. É também uma das fundadoras e idealizadoras da Coletiva Caminho Natural, do Movimento Muda SP e da Empresa Dádiva Elementar Cosméticos.

Nota da Associação Brasileira de Aromaterapia e Aromatologia – ABRAROMA, INGESTÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS. Posicionamento da ABRAROMA, publicada em 02 de julho, link acessado pelo Criasaude.com.br em julho de 2023.

SIMÕES, C. M. O.; SPITZER, V. Óleos voláteis. In: (org.). SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. P. C.; MENTZ, L. A.; PETROVIK, P. R. (orgs.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. p. 467-495.

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo

11.07.2023

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

A berberina é a nova molécula natural eficaz para emagrecer?

Em 2023, a mídia social transmissora de vídeos TikTok desempenha um papel considerável, especialmente entre os jovens. O site R7.com explica, em uma matéria de 6 de junho de 2023, que pessoas que tomaram 1,5 g (1500 mg) de berberina por dia perderam cerca de 3 kg em um período de 30 dias, às vezes até 9 kg. Essa perda de peso tão importante para combater a obesidade pode ser comparada ao medicamento químico semaglutida (Ozempic® e Wegovy®). É por isso que alguns internautas se referem à berberina como o “Ozempic natural”. A berberina é uma molécula bem conhecida na medicina tradicional chinesa. Mas essas afirmações são cientificamente comprovadas?

A berberina, um alcaloide

A berberina (em inglês: berberine) é uma molécula ou princípio ativo – mais precisamente um metabólito secundário – que se encontra em diversas plantas medicinais como a uva-Espim (Berberis vulgaris, foto abaixo) e principalmente em plantas de origem chinesa como os Coptis (família Ranunculaceae) e a espécie chinesa Phellodendron Chinese. A berberina pertence a um grupo de compostos de nitrogênio chamados alcaloides. Outros alcaloides conhecidos são morfina, nicotina e cafeína. Por mais de 400 anos, a medicina tradicional chinesa (MTC) usou a berberina principalmente para tratar a diarreia e outras infecções gastrointestinais. Mas estudos recentes mostraram que a berberina também pode ajudar na perda de peso, diminuir os níveis de açúcar no sangue e, portanto, ajudar a combater o diabetes e proteger o sistema cardíaco.

Posologia e efeito

Na medicina das plantas ou fitoterapia, a berberina é tomada em forma de pílula ou pó. A posologia típica é de 500 mg (0,5 g) três vezes ao dia antes das refeições, pois a berberina tem uma meia-vida curta, de várias horas – metade da dose será metabolizada e eliminada do corpo em poucas horas. É por isso que a dose deve ser dividida em várias tomas diárias. Depois de tomar a berberina por via oral, a molécula entra na corrente sanguínea e viaja para as células, ligando-se a diferentes moléculas. Mas, em vez de produzir uma única alteração, a berberina interage com vários alvos, afetando várias doenças ao mesmo tempo.

Contra a diabetes Uma metanálise – uma revisão de vários artigos científicos já realizados – publicada em 2014 no Journal of Ethnopharmacology (DOI : 10.1016/j.jep.2014.09.049) avaliou o efeito e a segurança da berberina no tratamento do diabetes tipo 2, na hiperlipemia (alto nível de gorduras no sangue) e na hipertensão (pressão alta). Os autores concluíram que a berberina tem um efeito terapêutico nessas três condições e “pode ​​ser uma boa alternativa para pacientes de baixo nível socioeconômico” para tratá-las. Neste estudo, a berberina foi extraída de Coptis (família Ranunculaceae) e de Phellodendron Chinese, e não da uva-Espim (Berberis vulgaris L.). Outro estudo de 2015 também demonstrou possível eficácia da berberina contra diabetes tipo 21.

A berberina parece, principalmente, reduzir a resistência à insulina, que promove a entrada de glicose nas células e favorece sua secreção. Na resistência à insulina, as células não têm glicose suficiente, o que causa fome – há uma má sinalização. É importante saber que uma pessoa sem diabetes tem cerca de 1 colher de chá de açúcar (glicose) constantemente circulando em seu sangue, enquanto uma pessoa com diabetes avançado tem cerca de 2 colheres de chá. Há uma ligação clara entre diabetes e controle de peso. Quando o açúcar se acumula no sangue e não entra nas células adequadamente, isso não é um bom sinal.

Para perder peso

Precisamente, em um pequeno ensaio clínico2 com cerca de 80 pessoas que procuram o tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica, os participantes que tomaram berberina diariamente por três meses experimentaram uma perda significativa de peso, um pouco mais de 1 kg. O grupo em estudo recebeu duas cápsulas (750 mg) contendo extrato de berberina (Berberis vulgaris) diariamente por 3 meses, enquanto o grupo controle foi tratado com placebo. Como explica o artigo do blog da famosa Cleveland Clinic (um dos três principais hospitais do mundo), o efeito da berberina na perda de peso vem de seu impacto na insulina e na glicose. Quando a maioria das pessoas pensam em insulina, pensam no controle do açúcar no sangue, mas a insulina também regula o metabolismo de gorduras e proteínas. Vale lembrar que o açúcar, principalmente em excesso, é transformado no organismo em gorduras ou lipídios.

Alguns cuidados

Em um artigo publicado no blog, a Cleveland Clinic observa que a maioria dos estudos publicados sobre a berberina são pequenos, mal projetados e devem ser interpretados com cautela.

Efeitos colaterais

Os principais efeitos colaterais da berberina são: desconforto abdominal ou distensão (inchaço), constipação, diarreia e náusea. Mas a berberina é relativamente bem tolerada3.

Por fim, é importante observar que a berberina, como qualquer outro suplemento, não deve substituir o tratamento médico, por exemplo, para tratar obesidade ou diabetes.

De 28 de junho de 2023. Por Xavier Gruffat (farmacêutico). Fontes: R7.com, Cleveland Clinic, Literatura de Fitoterapia. Créditos da foto: Adobe Stock.

5 alimentos que podem provocar flatulência

Definição cálculos urináriosflatulência é um fenômeno normal do processo digestivo, passando na maioria das vezes desapercebida. Entretanto, às vezes a flatulência e o acúmulo de gases podem se mostrar problemáticos para quem sofre com estes fenômenos, assim como para as pessoas próximas, quer seja na vida privada ou no relacionamento de um casal, no trabalho ou em lugares públicos.
Muito embora as origens das flatulências sejam numerosas, a alimentação é frequentemente uma causa. A seguir, 5 alimentos relativamente aos quais seria preciso tentar reduzir ou interromper o consumo se houver tendência à flatulência:

1. Açúcares e adoçantes naturais – tanto os naturais quanto aqueles de origem artificial. Alguns açúcares complexos, encontrados especialmente nas cebolas e na couve, assim como na maioria das frutas, levam com frequência a flatulências. Os açúcares artificiais, tais como aqueles encontrados nos refrigerantes, nos chicletes ou em alimentos para diabéticos podem igualmente aumentar a produção de gás intestinal. O nitrogênio, encontrado na couve ou nos feijões, é outra causa de flatulência. O consumo de adoçantes naturais (edulcorantes naturais), ou seja, álcoois de açúcar, como sorbitol, xilitol, manitol, maltitol ou eritritol. Uma vez no trato intestinal, o álcool de açúcar é fermentado por bactérias no cólon. Isso libera gás, o que pode levar a inchaço, cólicas, dor e diarreia.

Leite e derivados.2. Laticínios. O leite e seus derivados contêm lactose, um açúcar que é por vezes mal digerido e pode provocar acúmulo de gases. Se você sofrer com flatulência ou acúmulo de gases, experimente não consumir derivados de leite por entre 1 e 2 semanas para ver se a situação evolui positivamente. Se assim ocorrer, talvez você tenha intolerância à lactose. Uma doença facilmente tratada mediante a ingestão de lactase, a enzima que possibilita a transformação da lactose e a sua boa digestão.

3. Feculentos. A maioria dos feculentos, tais como batata, trigo ou massas em geral podem gerar flatulência. Uma exceção é o arroz, a ser consumido sem moderação.

Laranja4. Fibras solúveis. Essas fibras, especialmente encontradas nas maçãs, feijões, laranjas ou tangerinas, são particularmente difíceis a serem digeridas e podem levar a flatulências. Como os alimentos ricos em fibras são muito amiúde excelentes para a saúde, tratar-se-á preferencialmente de reduzir o seu consumo e não de interrompê-lo por completo.

5. Bebidas gasosas. As bebidas gasosas, tais como os refrigerantes, podem igualmente provocar flatulências e acúmulo de gases.

Por Xavier Gruffat. Fotos: Adobe Stock. 28.06.2023 (update).

Como aliviar a congestão nasal e sinusite em casa?

Seja em crianças ou em adultos, a congestão nasal (rinite) e sinusite geram desconfortos e quando não tratados podem afetar significativamente a qualidade de vida. As possibilidades de tratamento são muitas e vários desses tratamentos você pode fazer em sua casa já nos primeiros sinais da congestão nasal. 

O Criasaude compilou algumas das possibilidades de tratamentos em casa e entrevistou o médico otorrinolaringologista Dr. Paulo Mendes (CRM – 22667), do Centro de Rinite e Alergia do Hospital IPO de Curitiba1.

Dr. Paulo Mendes (divulgação)

Congestão nasal e sinusite

A congestão nasal é o que chamamos de “nariz entupido”, ocorre quando o fluxo de ar que passa pelo nariz tem alguma restrição seja por alguma questão na mucosa do nariz ou devido a um aumento de muco (excluindo variantes anatômicas)2.

A sinusite é uma infecção nos seios da face (sinus nasais) que acontece quando diferentes espaços aéreos do rosto ficam inflamados. Quando isso acontece, seus seios ficam entupidos e o ar não pode fluir livremente. Isso pode causar bastante desconforto e pressão na região do rosto.

A congestão nasal e sinusite não são brincadeira, além de poder causar um grande desconforto podem levar a outros problemas de saúde, como3:
Dores de cabeça
– Fadiga ou cansaço
– Dor de garganta
– Tosse
– Distúrbios do sono
– Asma
– Rinossinusite
– Otite   

Quando mais cedo começar o tratamento, menos complicações e dores você vai sentir. Veja algumas formas de tratar a congestão nasal e sinusite em casa:

Lavagem com solução salina

Uma das formas mais eficientes de você cuidar do nariz entupido (congestão nasal) ou sinusite é através da lavagem da cavidade nasal com uma solução salina. Além de melhorar os sintomas, também diminui o uso de medicamentos analgésicos, é o que demonstrou o estudo publicado em 2014 na revista científica Minerva Pediatrica4.

A lavagem nasal com soro fisiológico, também é a primeira recomendação do otorrinolaringologista Dr. Paulo Mendes, “oriento os pacientes a ter o costume diário de fazer uma limpeza do nariz através da lavagem nasal com soro fisiológico. Pode ser realizado através de uma seringa de 10 ml em crianças, ou 20 ml em crianças maiores e 60 ml em adultos”5.

Para facilitar a lavagem também é possível utilizar um dispositivo em forma de bule (Lota) ou garrafas. Lembre-se que para lavagem nasal é importante utilizar soro fisiológico, água destilada, filtrada ou fervida em temperatura ambiente – nunca água da torneira, o que pode causar infecções.6.

Sprays Nasais

Os sprays nasais são uma das formas mais portáteis de se tratar o nariz entupido ou sinusite. Existem diferentes tipos de sprays nasais, o que o Dr. Paulo Mendes recomenda para uso caseiro são os sprays de soro fisiológico ou de NaCl 9%, que ajudam na hidratação do nariz como também em sua limpeza.

Outros sprays com medicamentos, como por exemplo corticoides para casos de rinite, também podem ser utilizados, mas sob supervisão médica. Estes medicamentos, se utilizados de maneira errada, podem levar a complicações como sangramento nasal e até perfuração de septo, é o que explica o otorrinolaringologista Dr. Paulo Mendes.

Aquecer e umidificar

O aquecimento da região (interna ou externa) e a umidificação do ar podem ajudar muito a aliviar os seios nasais, desobstruindo as vias aéreas.  Aqui listamos alguns com métodos muito simples de se fazer em casa para aquecer e umidificar:
– banho quente
– molhar uma toalha com água morna e colocar sob o rosto
– inalação (usando uma panela com água quente ou um aparelho específico para isso)
– chá quente Você também pode utilizar um umidificador ou vaporizador de ar para deixar o ar do ambiente mais úmido7.

Óleo essencial de eucalipto

O eucalipto pode funcionar como um ótimo tratamento calmante para os seios da face entupidos e pode te ajudar a pegar no sono. Lembre-se de que o óleo essencial de eucalipto é bem forte e pode irritar a pele. Portanto, menos é mais – certifique-se de diluir o óleo antes de usá-lo em um difusor e use apenas uma pequena quantidade ao esfregá-lo nas têmporas, perto do nariz ou em suas mãos para fazer uma cabana para respirar8.

Analgésicos 

Nos casos em que a dor é muito intensa, com ou sem febre, é possível utilizar um analgésico oral como o paracetamol ou analgésicos não esteróides – AINEs (ex.ibuprofeno ou naproxeno). Os analgésicos fornecem alívio da dor sistêmica e controle da febre. O uso de paracetamol deve ser limitado ou evitado para pessoas com doença hepática em estágio avançado ou cirrose descompensada. Os AINEs são evitados ou usados com cautela em pacientes com doença cardiovascular, doença renal crônica ou doença hepática em estágio avançado ou cirrose, além de poderem estar associados a um risco aumentado de sangramento e distúrbios gastrointestinais9.

Quando procurar atendimento médico

É importante lembrar que todos esses tratamentos caseiros são para proporcionar alívio. Idealmente, eles ajudarão a desobstruir suas vias respiratórias para que a pressão desconfortável desapareça.

No entanto, se você já tentou várias dessas opções e não obteve resultados satisfatórios, é provável que seja hora de buscar orientação médica.

Procure atendimento médico se estiver experimentando um desses sinais:
– Piora da dor no rosto.
– Com febre de 38,9oC ou superior.
– Uma dor de cabeça que não vai embora.
– Se o seu ranho ou muco está mudando de cor ou tem sangue nele.
– Problemas para dormir e/ou roncos.
– Dores de garganta por estar respirando com boca aberta.
– A congestão nasal é uma daquelas coisas que pode tirar nossa qualidade de vida. Ter o nariz entupido, somado à fadiga e às dores de cabeça, pode ser demais.

“Se você tem estes sintomas com frequências tenha um otorrino de confiança para fazer sempre uma consulta de rotina, procure investigar a causa destes sintomas realizando exames de alergia, exame de nasofibroscopia para avaliar com um endoscópio dentro do nariz e até uma tomografia de face”, é o que recomenda o otorrinolaringologista especialista em rinite alérgica Dr. Paulo Mendes. Ele também salienta que existem tratamentos para controlar a rinite, como a vacina de rinite em gotas embaixo da língua e medicamentos para melhorar a imunidade em comprimidos.

20.06.2023. Por Adriana Sumi (Farmacêutica).

Fontes & Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em junho de 2023 com o médico otorrinolaringologista Dr. Paulo Mendes (CRM – 22667), do Centro de Rinite e Alergia do Hospital IPO de Curitiba. Formado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC – PR), residência Médica em Otorrinolaringologia pelo Hospital Santa Marcelina – São Paulo, membro da ABORL-CCF Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. pós-graduado em Medicina do Trabalho (PUC- PR).

Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Relieve Sinus Congestion and Pressure at Home, publicado em 12 de janeiro de 2023, acessado pelo Criasaude.com.br em junho de 2023, link funcionando nesta data.

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo


8 vírus que podem causar câncer

A ciência não sabe exatamente o que causa a maioria dos tipos de cânceres, mas vários fatores já foram associados a um maior risco de desenvolver câncer, como estilo de vida (ex.: fumar), para alguns tipos de câncer específicos a hereditariedade (ex.: histórico de câncer de mama na família) e algumas vezes um vírus pode ser um fator desencadeante. 

Um câncer ocorre quando uma célula do nosso organismo sofre uma alteração no DNA, mais especificamente em genes que controlam a divisão celular (proto-oncogenes), que no caso do câncer fica super estimulada, e essa célula “escapa” do nosso sistema de defesa ou se proliferam mais rápido do que ele consegue conter. 

Relação dos vírus e câncer
Os vírus são responsáveis por  por 10 a 15% dos casos de câncer em todo o mundo1.

Mas não é qualquer vírus que pode levar a um câncer, são somente alguns que afetam tipos específicos de células em nosso organismo e que quando incorporam um vírus no DNA humano ou no ambiente celular, gera uma instabilidade genômica, que por sua vez leva a instabilidades bioquímicas que podem levar uma célula normal virar uma célula cancerígena, é o que explica o oncologista clínico Dr. Ângelo Fêde em entrevista para o Criasaude em maio de 2023. Mesmo durante a infecções desses vírus específicos, são poucos os casos em que um câncer é desenvolvido, ressalta o Dr. Ângelo Fêde2.

Como o vírus podem causar câncer
Atualmente são conhecidas 3 diferentes vias pelas quais um vírus pode causar câncer3.
1. Indução da inflamação crônica (ex. câncer de fígado causado pelo vírus da hepatite B ou C).
2. Supressão do sistema imunológico (ex. vírus HIV).
3. Alteração genética – próton-oncogene em um oncogene (ex. câncer de cólon de útero causado pelo vírus HPV)

Vírus ligados ao câncer
A maioria dos vírus, como os que infectam células do sistema respiratório (ex. vírus causadores de gripe) não são fatores de risco para o câncer, pois eles ficam pouco tempo em nosso organismo e as células de defesa do nosso organismo conseguem rapidamente acabar com as pouquíssimas células que sofrem alterações pelo vírus4.

Existem 8 vírus que estão relacionados com o surgimento de câncer5, são eles:

1. Papilomavírus humano (HPV)

O HPV pode infectar a pele e mucosas causando verrugas genitais e, em casos mais graves, câncer no colo uterino, pênis, ânus, vagina, vulva, orofaringe ou boca. Embora o HPV seja muito comum, a maioria das pessoas com o vírus não desenvolve câncer, existem mais de 150 subtipos deste vírus e somente 12 estão relacionados ao desenvolvimento de câncer. No entanto, as mulheres que têm infecções persistentes por HPV têm um risco aumentado de desenvolver câncer de colo do útero.

A transmissão do HPV é feita através de relações sexuais e a maioria das pessoas com uma vida sexual ativa irá contrair pelo menos uma vez na vida uma infecção de HPV. Para descobrir as melhores formas de prevenção do câncer pelo HPV o Criasaude.com.br entrevistou a Dra. Ana Gabriela, ginecologista e mastologista pela Universidade de São Paulo – USP, em entrevista para o Criasaude.com.br6.

A melhor forma de prevenção é a vacinação enquanto criança ou adolescente, no Brasil a vacina está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas de 9 a 14 anos e protege contra 4 subtipos de HPV. No entanto, a vacinação também é benéfica na idade adulta (até 45 anos), só que são necessárias 3 doses ao invés de 2, é o que explica a Dr. Ana Gabriela. Ela também conta que há uma nova vacina contra HPV que age contra 9 subtipos de HPV, no Brasil ela começou a ser comercializada em abril de 2023 e está disponível para pessoas de 9 a 45 anos somente na rede privada.

Além da vacinação outras formas de prevenção são:
– exames de detecção (citológico, também conhecido como papanicolau) a partir dos 25 anos para pessoas com útero;
– o controle e tratamento de lesões quando existentes;
– o uso de preservativos.

2. e 3. Vírus da hepatite B (VHB) e vírus da hepatite C (VHC)

O VHB e o VHC são transmitidos pelo contato com sangue, saliva, sêmen ou secreções vaginais da pessoa infectada ou por via perinatal (durante a gravidez). Tanto o VHB quanto o VHC infectam principalmente as células do fígado e podem levar a danos no fígado como a cirrose, que por sua vez pode levar a um câncer de fígado. São considerados carcinógenos indiretos através da inflamação crônica e lesão celular.

A vacinação contra a hepatite B, três doses, é uma das principais formas de prevenir a infecção pelo vírus. A maioria das pessoas eliminam o VHB espontaneamente, mas uma vez que a pessoa apresenta sintomas, a doença se torna crônica e o tratamento deve seguir a vida toda.
No caso do VHC não há vacinação, no entanto, há tratamentos em que mesmo na forma crônica da doença a pessoa pode ficar curada.

4. Vírus Epstein-Barr (EBV)

Causador da mononucleose (doença do beijo), o EBV é altamente disseminado pela população e um dos fatores para isso é a sua forma de transmissão através do contato direto com saliva, objetos e sangue infectados.

Uma vez que a pessoa é infectada, ficará com o vírus a vida toda, no entanto, na maioria das vezes sem causar nenhum problema de saúde para a pessoa.

Apesar de raro, principalmente em pessoas imunossuprimidas, o EBV pode infectar os linfócitos B e células epiteliais, causando metade dos casos dos linfomas de Hodgkin e de Burkitt, podendo também levar câncer nasofaríngeo e gástrico.

A principal forma de prevenção é evitar o contato com pessoas sintomáticas, não compartilhar talheres ou copos.

5. Vírus de herpes humano tipo 8 (HHV-8)

O HHV-8, é um vírus que pode causar sarcoma de Kaposi, um tipo de câncer que afeta a pele e os órgãos internos, principalmente em pessoas com sistema imunológico enfraquecido. A maioria das pessoas infectadas não desenvolvem câncer.

O HHV-8 é transmitido principalmente pela saliva, mas também pode ser transmitido através de contato sexual e sangue. 

A principal forma de prevenção é evitar o compartilhamento de utensílios, seringas e o uso de camisinha.

6. Vírus do HTLV-1 (vírus da leucemia/linfoma de células T humanas)

O HTLV-1 é um vírus que é transmitido pelo contato com sangue infectado, através do sexo desprotegido, ou durante a amamentação. O vírus pode levar a leucemia e linfoma de células T, e é mais comum em áreas do mundo onde o vírus é endêmico, como o Japão, a África e o Caribe.

A maioria das pessoas infectadas por este vírus não desenvolvem câncer.

A prevenção da infecção é feita através do uso de camisinha e o não compartilhamento de seringas.

7. Poliomavírus de célula de Merkel

Em inglês, chamado de Mekel cell polyomavirus (MCPyV), é o vírus causador do carcinoma de células de Merkel, um câncer de pele raro e agressivo que tende a afetar pessoas brancas mais velhas. Por estar relacionado com a exposição a raios UV, sua prevenção está em limitar a exposição: evitar o sol nas horas mais fortes de raios UV, usar roupas protetoras, utilizar fotoprotetores com filtro de proteção solar (FPS) de pelo menos 30.

8. Vírus da imunodeficiência humana (HIV)

Apesar da infecção pelo HIV (em inglês Human Immunodeficiency Virus) ser um grande fator de risco para diversos cânceres, principalmente cânceres associados a outras infecções, a forma que este vírus aumenta as chances do desenvolvimento do câncer é através da inibição do sistema imunológico da pessoa infectada. Outras formas de imunossupressão causam o mesmo risco de câncer do que o HIV.

Dicas de especialista na prevenção do câncer7:
– Mantenha hábitos saudáveis (alimentação e exercícios moderados);
– Evite o tabagismo (para os que fumam, procurar apoio médico para parar);
– Use preservativos (no caso de sexo fora de um relacionamento fiel);
– Vacine-se;
– Em caso de lesões ou suspeita de alguma doença, procure atendimento e tratamento médico o quanto antes.

Redação
Adriana Sumi (Farmacêutica)

Fontes e Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em maio de 2023 com a Dra. Ana Gabriela Siqueira, que é médica Ginecologista e Mastologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), CRM 162299.

Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em maio de 2023 com o Dr. Ângelo Bezerra de Souza Fêde, especialista em Oncologia Clínica pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)/Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), membro titular da Oncologia DASA, CRM SP 141741.

Artigo em inglês da Cleveland Clinic, 6 viruses that can cause cancer, de agosto de 2022, acessado pelo Criasaude.com.br em maio de 2023, link funcionando nesta data.

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo.

Flúor: quais são os riscos e os benefícios para a saúde?

Você já deve saber que vários países no mundo adicionam flúor na água tratada, que a maioria dos cremes dentais possuem flúor em sua composição e que tudo isso tem a ver com o combate às cáries! Mas você também já deve ter escutado algum rumor que o flúor faz mal à saúde, de cremes dentais sem flúor ou até mesmo de países que não adicionam flúor na água. Afinal, o flúor é bom ou ruim para a sua saúde? Esta resposta não é simples e nós do Criasaude fomos a fundo nas pesquisas científicas, além de entrevistar a Dra. Elizabeth Patrícia do Patrocinio de Almeida (CROMG 31806) que é odontologista integrativa em Belo Horizonte – Brasil, para te ajudar a entender melhor os benefícios e os riscos do uso do flúor.

Esta resposta não é simples e nós do Criasaude fomos a fundo nas pesquisas científicas, além de entrevistar a Dra. Elizabeth Patrícia do Patrocinio de Almeida, CROMG 31806, que é odontologista integrativa em Belo Horizonte – Brasil, para te ajudar a entender melhor os benefícios e os riscos do uso do flúor.

Flúor e cáries

O flúor, ou melhor os fluoretos, possuem efeito de proteção contra as cáries. Ele age inibindo a desmineralização do esmalte do dente, promovendo a remineralização e inibindo as bactérias na placa dentária. Estes são efeitos tópicos, em outras palavras, não é necessário a ingestão do flúor, ele age no local1.

Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, a história do uso do flúor na prevenção de cáries começa em 1901, quando um dentista do Colorado (EUA) observou manchas incomuns nos dentes de seus pacientes, que embora manchados eram menos propensos a cáries. Em 1945, após um estudo realizado em 8 cidades nos Estados Unidos e Canada, diversos países começaram a fluoretação das águas públicas em baixa dose.

Embora houvesse dúvidas sobre o elemento na época, diversos países adotaram esta prática, que se tornou uma das medidas mais eficazes no controle das cáries. A fluoretação das águas é uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e de Ministérios da Saúde de diversos países, como o do Brasil2.

No entanto, alguns países como Suécia, Holanda, Alemanha, Suíça e Israel pararam de fluoretar seus suprimentos de água devido a preocupações com segurança e eficácia. Outros países como México, Canadá, Nova Zelândia e Austrália também já apresentam preocupações em relação ao uso do flúor e comunidades dentro desses países pararam com a fluoretação da água pública3.

Segundo a dentista Dra. Elizabeth Patrícia, especialista em odontologia integral entrevistada pelo Criasaude, a fluoretação de águas não seria recomendada, uma vez que os benefícios do flúor só ocorrem quando há o contato direto entre o flúor e o dente, depois que este já está formado, e a ingestão do flúor causa contaminação de sistemas do corpo humano, podendo levar a toxicidade.
A Dra. Elizabeth Patrícia, também salienta que a cárie é uma questão multifatorial, está envolvida com um estilo de vida, consumo de açúcar e carboidratos, baixa escovação e uso do fio dental, entre outros fatores.

Controversas e perigos do flúor

Em altas doses o flúor pode ser tóxico e um dos primeiros sinais da toxicidade é a fluorose, que são manchas amareladas no esmalte do dente. O risco de fluorose é maior em crianças abaixo de 3 anos4.

Há também evidências científicas de que o flúor seja neurotóxico (tóxico para o cérebro) e que a ingestão constante de flúor pode estar associada a: fraturas esqueléticas, câncer, hipotireoidismo, menor quociente de inteligência (QI) infantil, problemas no desenvolvimento da criança5.

Além disso, a eficácia dos fluoretos no combate à cárie tem sido questionada e alguns estudos apontam que seu efeito seria moderado, com uma redução da prevalência de cáries em aproximadamente 13% e não de 60% como indicam os estudos mais antigos6.

A Dra. Elizabeth Patrícia, que há alguns anos não recomenda creme dental com flúor, nos contou que de fato não tem visto diferença na prevalência de cáries entre as pessoas que utilizam e não utilizam o creme dental com flúor.

Riscos x benefícios

A realidade é que de fato o flúor tem um efeito anti-cárie e foi um importante combatente de cáries, principalmente em regiões com baixas condições socioeconômicas. No entanto, notamos que as justificativas do uso do flúor, seja na fluoretação da água ou no creme dental, assim como os estudos que comprovaram a sua segurança, se dão olhando somente a saúde do dente e não o organismo como um todo.

Levando em conta que o efeito do flúor é tópico e não sistêmico, as autoridades de saúde deveriam rever políticas de ingestão sistêmica de flúor através da água ou alimentos e investir em políticas públicas de prevenção da cárie que sejam mais seguras para a população, como a escovação e a redução do consumo de açúcar.

Em relação ao uso do creme dental com flúor, alguns países já adotaram seu uso somente com prescrição de odontologistas, lidando como um medicamento para casos específicos onde são avaliados os riscos e benefícios do uso do flúor para cada caso, e não um uso em massa da população.

É importante lembrar que o alerta principal para o uso do flúor se dá para as crianças pequenas que estão com seus dentes em formação, tanto em relação ao surgimento da fluorose, como também para os problemas de neurodesenvolvimento.

19 de abril de 2023.

Redação
Adriana Sumi (Farmacêutica)

Fontes e referências
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.be em abril de 2023 com a Dra. Elizabeth Patrícia do Patrocinio de Almeida, CROMG 31806, que é odontologista integrativa em Belo Horizonte, Brasil.Instagram: @dra_elizabeth_patricia

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo.

Tratamento da artrite reumatoide: entrevista com um médico especialista

A artrite reumatoide (AR) é uma doença reumática inflamatória autoimune, ou seja, que ataca as próprias articulações ou células. Normalmente, as mãos, pés e pulsos são afetados pela AR, mas a doença também pode se espalhar para outras partes do corpo. Os tratamentos medicamentosos, muitas vezes tomados na forma injetável, evoluíram consideravelmente nos últimos anos com a chegada, em particular, de medicamentos chamados DMARDs, ou seja, agentes modificadores da doença (em inglês “disease modifying antirheumatic drug”). O Criasaude.com.br traz atualizações sobre o tratamento da AR com o reumatologista Dr. Jonathan Greer. Ele exerce a medicina na Flórida, nos Estados Unidos, na região de Palm Beach.

Dr Jonathan Greer

Criasaude.com.br – Dr. Greer, em caso de dor leve a moderada relacionada à artrite reumatoide (AR), quais medicamentos o senhor recomenda? Ao invés de anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno, paracetamol (acetaminofeno) ou mesmo corticosteroides?
É de vital importância tratar a doença subjacente que causa a dor. Se a inflamação não for tratada, as articulações sofrerão danos, deformidades e incapacidades. Portanto, o uso do metotrexato como medicamento de primeira linha, seguido de outras terapias direcionadas, incluindo agentes biológicos (DMARDs, leia abaixo), é o caminho a seguir para tratar a doença, que deve, por sua vez, aliviar a dor. No caso de uma exacerbação grave, ocasionalmente recomendo prednisona ou outros esteroides, bem como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para aliviar ainda mais a dor. Nunca use apenas esteroides ou anti-inflamatórios não esteroides sem tratar a doença subjacente.

E em caso de dor intensa, devemos mudar para derivados de morfina ou para moléculas um pouco menos fortes, como codeína ou tramadol?
Novamente, o tratamento da doença articular inflamatória subjacente é o mais importante para o controle da dor. Um bolus ou uma redução gradual de esteroides pode ajudar muito rapidamente se a dor for causada por uma condição inflamatória. O uso de opioides deve ser reservado para os casos mais graves que não respondem aos medicamentos típicos da artrite reumatoide.

Em caso de prescrição de morfina ou seus derivados, como limitar uma possível dependência?
Em nossa prática, encaminhamos as pessoas com essa necessidade a especialistas em controle da dor para prescrever opioides. Os opioides eram originalmente controlados pelo estado e pelo governo dos EUA e deveriam ser prescritos por médicos(as) especializados nessa área. Certamente o rastreamento de medicamentos é importante e frequentemente utilizado, assim como o aconselhamento do(a) paciente. No entanto, o problema da dependência de medicamentos, vício e a toxicodependência permanece relevante atualmente.

Mulher com artrite reumatoide (crédito da foto: Adobe Stock)

Em relação aos DMARDs biológicos – muitas vezes referidos simplesmente como “biológicos”, há um grande número de moléculas (leia o resumo abaixo da Mayo Clinic) no mercado hoje, como um(a) médico(a) pode escolher entre tantas soluções?
Reumatologistas estão bem cientes de todos os medicamentos “biológicos” e outras terapias direcionadas que estão disponíveis hoje. A escolha desses agentes é determinada pelas preferências da pessoa sendo tratada, pelas comorbidades e, mais importante, pela segurança. A decisão de usar um desses medicamentos é muito complicada e pode ser tema de um artigo inteiro.

Existem menos DMARDs sintéticos direcionados (baricitinibe, tofacitinibe e upadacitinibe) ou inibidores da JAK, em geral, quando esses medicamentos devem ser prescritos ao invés de DMARDs biológicos na AR?
Nos Estados Unidos, os inibidores de JAK só são aprovados após a falha de um inibidor do fator de necrose tumoral. Existem três desses agentes no mercado e todos vêm com advertências e precauções semelhantes. Eles são, no entanto, muito eficazes e certamente podem ser considerados como parte de nossas opções de tratamento.

Em 2020, o American College of Rheumatology (ACR) recomendou iniciar o metotrexato e continuá-lo ao invés de mudar rapidamente para outro DMARD. Se bem entendi, você tem que testar o metotrexato por um tempo e depois, se a pessoa continuar apresentando certos sintomas, mudar para outro DMARD?
As pessoas em tratamento geralmente recebem metotrexato por pelo menos três meses e, se não houver melhora nesse ponto, adicionamos terapia biológica direcionada. Mudar um DMARD dentro de um mês não permite ter tempo suficiente para ver se é eficaz.

Finalmente, no que diz respeito à cirurgia, ela é reservada para casos graves?
A cirurgia é reservada para pessoas com deformidade significativa e perda de função em uma ou mais articulações. Esta é uma decisão tomada em conjunto pela pessoa em tratamento e sua equipe médica. Felizmente, graças aos medicamentos que temos hoje, a progressão desta doença foi limitada e vejo cada vez menos deformidades que requerem cirurgia.

DMARDs biologicos, resumo da Mayo Clinic
Abatacept (Orencia®), adalimumabe (Humira®), certolizumabe pegol (Cimzia®), etanercepte (Enbrel®), golimumabe (Simponi®), infliximabe (Remicade®), rituximabe (Rituxan®), sarilumabe (Kevzara®), tocilizumabe (Actemra®). Leia nosso dossiê completo sobre artrite reumatoide

19 de abril de 2023. Entrevista realizada em inglês por e-mail em março de 2023 para os sites Creapharma (em inglês e francês) e Criasaude.com.br com o Dr. Jonathan Greer por Xavier Gruffat (farmacêutico, fundador do Creapharma.ch e Criasaude.com.br). A entrevista foi traduzida e adaptada para o francês e português. Créditos das fotos: Dr. Jonathan Greer, Adobe Stock.

Suco de limão: 3 propriedades para tratar doenças do dia a dia

O suco de limão vem do fruto do limão, aqui vamos falar mais especificamente do limão-siciliano ou limão-amarelo (Citrus limon) que é diferente dos limões mais encontrados no Brasil, como o limão-taiti (Citrus latifolia) e o limão-cravo (Citrus × limonia). Eles possuem composições de vitaminas e minerais semelhantes, porém com proporções ligeiramente diferentes. O suco de limão comercial geralmente é preservado com metabissulfito de potássio, que pode causar reações alérgicas, então é melhor preparar o suco você mesmo (receita aqui). Descubra 3 propriedades, baseadas em estudos científicos, para tratar e prevenir vários males ou doenças do cotidiano.

1. Vitamina C: doenças infecciosas (por exemplo, resfriados)

Esta é provavelmente a propriedade mais conhecida do limão e seu suco, esta fruta contém uma quantidade significativa de vitamina C. O suco de limão tem sido tradicionalmente usado como remédio para o escorbuto antes da descoberta da vitamina C1. Este uso muito comum do limão, conhecido desde a Antiguidade, é hoje reforçado por inúmeros estudos científicos. Devido ao seu teor de vitamina C, o suco de limão siciliano é indicado contra várias doenças infecciosas além do escorbuto, como: o  resfriado ( síndrome gripal), a rinite, a gripe ou a cistite. Um estudo publicado no ano 20002 demonstrou atividade bactericida de suco de limão siciliano e derivados do limão siciliano contra Vibrio cholerae, a bactéria que causa cólera. Além da vitamina C, o suco de limão contém outros princípios ativos importantes que podem desempenhar um papel fundamental contra doenças infecciosas, como ácido cítrico, carboidratos, fibras e principalmente flavonoides.
Em 100 g de suco de limão-siciliano, há aproximadamente 39 mg de vitamina C, segundo a instituição americana de referência USDA. Isso significa que com um suco de limão diário de cerca de 200 ml, uma pessoa adulta tem sua quantidade diária recomendada (ver infográfico abaixo, recomendações americanas). A Sociedade Alemã de Nutrição (Deutsche Gesellschaft für Ernährung), por outro lado, considera que 110 mg por dia de vitamina C é suficiente para homens e 95 mg para mulheres.

2. Redução significativa do açúcar no sangue (depois de comer pão)

Um estudo publicado em 20213 mostrou que beber suco de limão, mas não água ou chá, depois de comer pão reduziu significativamente o açúcar no sangue, o famoso índice glicêmico. Um estudo cruzado randomizado foi realizado com porções iguais de pão (100 g) e 250 ml de água, chá preto ou suco de limão. As concentrações de glicose no sangue capilar foram monitoradas por 180 minutos utilizando o método da picada no dedo. Os resultados mostraram principalmente que o chá não teve efeito na resposta glicêmica. Por outro lado, o suco de limão reduziu significativamente o pico médio de concentração de glicose no sangue em 30% e atrasou-o em mais de 35 minutos. O efeito do limão viria de uma diminuição do pH da refeição, o que leva a uma desaceleração na digestão do amido (um açúcar). Resumindo, se você é diabético, beber suco de limão após cada refeição pode ser uma ótima ideia ou pelo menos para quem tem alto teor de açúcar.

Resultado do estudo, eixo X = tempo em minutos e eixo Y = quantidade de açúcar no sangue em mmol/L – Wate=água, Tea=thé,  Lemon juice=suco de limão (fonte da foto: estudo)

3. Dor de garganta

Como um gargarejo, misturado em partes iguais com água quente (mas não fervente), o suco de limão pode ser um desinfectante (anticéptico) muito bom para o tratamento de dor de garganta. O hospital americano de referência mundial, o Cleveland Clinic, apontou em um artigo recente a possibilidade de adicionar um pouco de mel a essa mistura de água quente e suco de limão. O mel, assim como o limão, tem um efeito antibacteriano e antiviral.

Por Xavier Gruffat (farmacêutico), ideia original de XG. De 19 de abril de 2023. Fonte: Pharmawiki.ch. Referências de estudo: mencionadas no artigo ou abaixo. Créditos da foto: Adobe Stock.

Perda de peso: como funcionam Ozempic® e Wegovy®?

Ozempic®, em particular, e Wegovy® continuam fazendo manchetes em todo o mundo e especialmente nas redes sociais. O número de postos no Instagram ou no TikTok do tipo “antes e depois” depois de tomar essas drogas está nos milhões, inclusive em personalidades famosas como Elon Musk. Ambos os medicamentos, tomados como injeções semanais, são baseados em semaglutídeos, uma molécula antidiabética pertencente à família dos agonistas receptores da GLP-1. O semaglutido foi originalmente desenvolvido pelo laboratório dinamarquês Novo Nordisk para pacientes que sofriam de diabetes, mas tanto o fabricante quanto os pacientes viram um efeito colateral incomum, a perda de peso. Deve-se notar que em vários países o Ozempic® é especificamente indicado para diabetes tipo 2 e o Wegovy®, com uma dose mais alta, para obesidade. O Wegovy® pode levar a uma perda de peso entre 15 e 18%. Mas como funciona o semaglutide?

Semaglutide e GLP-1

Semaglutido é um hormônio sintético, constituído de 31 aminoácidos, que atua como Glucagon-Like-Petptide 1 (GLP-1). É também referido como um análogo de longa ação da GLP-1 com uma homologia de sequência de 94%. Como pode ser visto na figura abaixo, o semaglutido é uma molécula muito grande, ao contrário de moléculas pequenas como o paracetamol (apenas alguns poucos átomos). Como todos os hormônios, a GLP-1 atua como um mensageiro entre diferentes órgãos, por exemplo, entre o intestino e o cérebro. Cada vez que comemos, as células intestinais liberam a GLP-1 na corrente sanguínea. Quando a GLP-1 chega ao pâncreas, esse órgão libera insulina, um hormônio essencial para regular os níveis de açúcar no sangue. A GLP-1 também inibe a liberação do glucagon, resultando em uma diminuição da liberação de glicose do fígado.

Cérebro e estômago

Mas talvez a coisa mais extraordinária sobre a GLP-1, bem como sobre o semaglutido, é que essas moléculas atuam sobre o cérebro no nível do hipotálamo, aumentando a saciedade. Em outras palavras, depois de tomar o semaglutido, a gente está muito menos faminto. No entanto, o mecanismo exato ainda não está totalmente compreendido no nível do cérebro, de acordo com o jornal suíço de referência NZZ do 7 de agosto de 2022. A GLP-1 (e semaglutídios) também retarda a evacuação do bolo alimentar no estômago. Esse efeito é importante para a perda de peso e controle da diabetes, pois reduz a taxa de entrada de glicose na corrente sanguínea. Os agonistas receptores da GLP-1 tendem a causar menos episódios de hipoglicemia, pois seu efeito só ocorre quando os níveis de glicose aumentam.

Molécula de semaglutide (crédito fotográfico: Adobe Stock)

Efeitos negativos, problema a longo prazo

Embora os efeitos na perda de peso e no controle do diabetes pareçam muito favoráveis, o semaglutido pode levar a efeitos colaterais, como distúrbios gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal e constipação. O professor Robert Doyle, da Universidade de Syracuse, nos Estados Unidos, que está trabalhando em moléculas anti-obesidade com menos efeitos colaterais, observa: “Dentro de um ano, 80-90% das pessoas que começam a tomar esses medicamentos (anólogos GLP-1, como o semaglutido) deixam de tomá-los. O semaglutídio também está contra-indicado em algumas pessoas, como aquelas com pancreatite.

Ler também: Medicamentos contra a obesidade (como semaglutida): entrevista com uma especialista

Artigo atualizado em 29 de março de 2023. Por Xavier Gruffat (Dipl. Pharm. ETH Zurich, Suíça). Fontes: The Wall Street Journal, NZZ.ch, Pharmawiki.ch, MSN.com (e R7.com). Leia nosso artigo original em francês sobre o Creapharma.ch.

CBD pode ajudar em casos de ansiedade?

Você recentemente já deve ter ouvido falar sobre CBD (canabidiol), alguém próximo que começou a tomar ou até mesmo recebeu uma “indicação” na mesa de bar depois de contar sobre seus problemas em lidar com o estresse, ansiedade ou dificuldade para dormir. Mas para além do boca-a-boca, será que o CBD tem de fato efeito para acalmar a ansiedade?

A ansiedade é um transtorno mental comum, que muitas de nós experimentamos nos últimos anos com a pandemia do COVID-19. Esse transtorno pode causar preocupação e medo excessivo, levando a um impacto significativo na vida das pessoas que o manifestam. Embora existam diversas opções de tratamento disponíveis, muitas pessoas não respondem bem aos tratamentos convencionais ou têm efeitos colaterais indesejados. É por essas e outras que os tratamentos naturais têm sido cada vez mais procurados e o CBD ganha destaque nessa procura.

O Criasaude fez uma pesquisa dos estudos recentes sobre CBD e ansiedade, além de entrevistar a Dra. Shadia Fouad Sharaf El Din (CRM-SP 185580) – que é médica especialista em Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pós-graduada em Medicina do Estilo de Vida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, que atualmente  pesquisa o efeito do óleo de cannabis provenientes de associações terapêuticas em pessoas que convivem com dor crônica na Unifesp- para te ajudar a decidir se o CBD pode ou não ser uma boa opção para lidar com a sua ansiedade.

Dra. Shadia Fouad Sharaf El Din

O que é o CBD?
O canabidiol (CBD) é um dos muitos compostos canabinóides encontrados na Cannabis sativa, popularmente chamada como maconha. Ele age no sistema endocanabinoide do corpo humano, que é responsável por regular várias funções corporais, incluindo o humor e a resposta ao estresse. Sua ação se dá através de receptores CB1, predominantemente no Sistema Nervoso Central, e de receptores CB2 que estão presentes em órgãos periféricos e nas células do sistema imune. Uma de suas possíveis ações é de “acalmar” o sistema nervoso central. A vantagem do CBD, ao contrário do THC (a molécula responsável pelo efeito psicoativo), é que ele não causa alucinações ou efeitos psicoativos, mas leva a um relaxamento muscular e pode também atuar como analgésico. O CBD é frequentemente vendida em óleo, por exemplo, como tintura, chá de ervas, comida ou bebida.

O CBD realmente ajuda a reduzir a ansiedade?
No que diz respeito aos estudos científicos, há várias evidências de que o CBD realmente tenha efeito em casos de ansiedade e outros distúrbios neuropsiquiátricos (ex. epilepsia e esquizofrenia), como demonstrado em um estudo de 2019 publicado na revista Current Opinion in Psychiatry1 e que revisou várias pesquisas sobre o uso de CBD para tratar a ansiedade.
Outro estudo que demonstrou o efeito do CBD em casos de ansiedade foi o estudo clínico randomizado publicado em 2021 na revista JAMA Netw Open2, que envolveu 120 profissionais de saúde que utilizaram 300 mg de canabidiol (ou placebo) por 28 dias.
É verdade que ainda são necessários estudos clínicos maiores para que haja um entendimento maior do efeito do CBD sob a ansiedade e para investigar a dose eficaz para esse e outros fins. Esses estudos são difíceis de serem realizados pois são poucos os países em que a maconha ou seus derivados estão legalizados e há pouco controle sobre a qualidade dos produtos.

Ainda assim, diversas pessoas já estão em uso do CBD e a maioria delas reagem bem seu ao uso, como é o caso das pessoas tratadas pela da Dra. Shadia Sharaf, que “reagem muito bem e percebem efeitos já na primeira semana de uso”, ainda que seja necessário ajustar a dose e horário nas primeiras semanas do tratamento.

Durante o transtorno de ansiedade a transmissão (“conversa” entre regiões do cérebro e entre o cérebro e o resto do corpo) mediada pela serotonina parece estar diminuída e existem regiões do cérebro, principalmente as áreas relacionadas à detecção de perigo, que ficam muito estimuladas. O CBD pode ser benéfico para esses dois desencadeamentos, pois age facilitando a transmissão serotoninérgica, ativando receptores de serotonina do tipo 5HT1, além de “estimular o principal neurotransmissor inibitório do SNC, conhecido como GABA, que diminui a conversa entre os neurônios”, é o que explica a Dra. Shadia Sharaf.    

Portanto, ainda que haja necessidades de estudos científicos maiores, o uso do CBD e de outros canabinóides pode ser uma boa opção para você que está lutando por uma vida menos ansiosa, com baixo risco envolvido e efeitos positivos que podem ser observados rapidamente. Mas é importante lembrar que cada pessoa é única e pode responder de forma diferente ao tratamento com CBD, então é fundamental utilizar o CBD sob a supervisão de uma equipe médica qualificada, de forma segura e procurando produtos de qualidade.

Cuidados ao tomar CBD
Segundo a Dra. Shadia Sharaf, o CBD é considerado muito seguro e com poucos efeitos colaterais. A sonolência é um dos principais efeitos do CBD e ela pode ser considerada um efeito terapêutico ou colateral dependendo de cada caso.

Mas atenção, o CBD pode alterar a concentração sanguínea de alguns medicamentos. Então se você faz uso de outros medicamentos, consulte a equipe médica que já te atende para saber se será necessário ajustar a dose.

Outro cuidado muito importante que você deve ter é em relação à qualidade do produto que você está consumindo. Existem óleos com diferentes dosagens de CBD e outros canabinóides (como o THC), nem sempre a dose relatada é a dose encontrada nesses produtos, por isso procure sempre fontes confiáveis.

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica). 21.03.2023.

Fontes e Referências
– Entrevista realizada em março de 2023 pelo Criasaude.com.br com Dra. Shadia Fouad Sharaf El Din (CRM-SP 185580), médica generalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG, especialista em Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pós-graduada em Medicina do Estilo de Vida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, que atualmente pesquisa o efeito do óleo de cannabis provenientes de associações terapêuticas em pessoas que convivem com dor crônica no programa interdisciplinar em ciências da saúde de mestrado Unifesp.
Estudos:
– Estudo científico: Crippa JAS, Zuardi AW, Guimarães FS, et. All. Efficacy and Safety of Cannabidiol Plus Standard Care vs Standard Care Alone for the Treatment os Emotional Exhaustion and Burnout Among Frontline Health Care Workers During the COVID-19 Pandemic: A Randomized Clinical Trial. JAMA Netw Open, edição de agosto de 2021, páginas 2;4(8). doi: 10.1001/jamanetworkopen.2021.20603.
– Estudo científico: Bonaccorso S, Ricciardi A, Zangani C, Chiappini S, Schifano F. Cannabidiol (CBD) use in psychiatric disorders: A systematic review. Neurotoxicology. Edição de setembro de 2019, páginas 74:282-298. doi: 10.1016/j.neuro.2019.08.002.
– Estudo científico: Spinella TC, Stewart SH, Naugler J, Yakovenko I, Barrett SP. Evaluating cannabidiol (CBD) expectancy effects on acute stress and anxiety in healthy adults: a randomized crossover study. Psychopharmacology (Berl). Edição de Julho de 2021; 238(7):1965-1977. doi: 10.1007/s00213-021-05823-w.
– Estudo científico: Crippa JA, Derenusson GN, Ferrari TB, et. all. Neural basis of anxiolytic effects of cannabidiol (CBD) in generalized social anxiety disorder: a preliminary report. J Psychopharmacol. Edição de janeiro de 2011 ;25(1):121-30. doi: 10.1177/0269881110379283.