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Gonorreia

Resumo sobre gonorreaia

A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível (DST) muito comum em todo o mundo. Essa DST pode afetar tanto homens quanto mulheres, embora em geral os homens sejam mais acometidos pela doença. A gonorreia é causada por uma bactéria Neisseria gonorrhoeae, também chamada de gonococo.
A transmissão desta doença ocorre principalmente através de relações sexuais ou mais raramente durante o parto, ou seja, por transmissão mãe-filho.

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Sintomas
No início, a gonorreia geralmente não causa sintomas típicos. Eles podem, no entanto, variar de acordo com o sexo (leia em Sintomas abaixo). Mais da metade das mulheres infectadas não apresentam sintomas, enquanto os homens descobrem sinais de infecção geralmente entre 2 e 30 dias após a transmissão. O aparecimento de poucos ou nenhum sintoma nas mulheres favorece a transmissão da gonorreia em todo o mundo.

Complicações
Se a gonorreia não for bem tratada, pode levar à infertilidade e dor crônica. Caso a bactéria causadora da gonorreia (gonococo) passe para o sangue, as complicações podem ser artrite, meningite e até levar à morte da pessoa, embora este último caso seja muito raro em países ocidentais.1.

Medicamentos (antibióticos)
O tratamento baseia-se na administração de antibióticos por via oral ou por injeção. É importante saber que o gonococo é sempre mais resistente aos antibióticos (especialmente à penicilina), o que complica o tratamento, podendo ser necessário a aplicação de injeções de cefalosporina (um tipo de antibiótico que costuma ser mais eficaz contra o gonococo). Nos Estados Unidos, os Centers for Disease Control and PreventionCDC (tradução: Centros de Controle e Prevenção de Doenças) recomendam a ceftriaxona como medicamento de primeira escolha.

Prevenção
A melhor forma de prevenção continua sendo o uso do preservativo para qualquer relação sexual de risco (nova relação) ou fidelidade ao parceiro/a.

Definição

A gonorreia ou blenorragia é uma DST (doença sexualmente transmissível) causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae (um gonococo Gram-negativo) e pode afetar tanto homens quanto mulheres.

A bactéria pode atingir a uretra, o reto, a garganta e, em mulheres, o colo do útero. No recém-nascido, a N. gonorrhoeae pode causar conjuntivite, denominada oftalmia neonatorum, que pode afetar permanentemente a visão da criança.

A gonorréia é uma das DSTs mais comuns entre a população sexualmente ativas. Ela se desenvolve de maneira diferente em homens e mulheres.

Epidemiologia

A OMS estimou que 82,4 milhões de pessoas foram infectadas em todo mundo no ano de 20203. Isso representa um aumento de 130% em relação a 2009.

Causas

Bactérias (diferentes cepas)
A gonorreia é causada pela bactéria Nesseria gonorrhoeae, também chamada de gonococo. É uma bactéria gonocócica Gram-negativa (em inglês: Gram-negative). Existem diferentes cepas (em inglês: strains) da bactéria Nesseria gonorrhoeae, algumas das quais são altamente resistentes aos antibióticos comumente utilizados.

Propagação da bactéria
Uma vez dentro do corpo, as bactérias começam a se multiplicar e causar os sintomas típicos da doença.

Grupos de risco

A gonorreia atinge tanto a homens quanto mulheres. Alguns grupos de risco podem ser definidos para a doença:

– Jovens adultos com vida sexual ativa;

– Pessoas com múltiplos parceiros sexuais;

– Homens (maior incidência em homens do que em mulheres);

– Pacientes que não adotam práticas seguras durante as relações sexuais como uso de camisinhas;

– Neonatos (no caso da mãe ser portadora de gonorreia);

– Pessoas com menos de 25 anos;

– Pessoas com histórico de DSTs.

Sintomas

Os sintomas da gonorreia variam de acordo com a região do corpo atingida e começam cerca de 2 a 10 dias após o contágio.

Infecção no trato genital

No homem, se a infecção ocorrer no trato genital, os sintomas podem ser:

– Uretrite (inflamação da uretra): aparece geralmente 4 a 20 dias após a contaminação

A uretrite se manifesta através de uma urina:

> amarelada

> abundante

> que mancha as roupas

> eventualmente com ardor ou dor ao urinar

> secreção amarela ou verde, semelhante a pus, na região do pênis

> dor testicular e testículos inchados.

Geralmente os primeiros sintomas da gonorreia no homem são dor ao urinar.

Na ausência de tratamento adequado, a gonorreia pode levar a infertilidade no homem.

Na mulher, uma infecção no trato genital por gonorreia inclui:

– Micção dolorosa

– Dor abdominal

– Dor pélvica

– Aumento do corrimento vaginal

– Inflamações locais, como cistite

– Sangramento vaginal entre as menstruações

– Inflamações na vulva e na vagina

É importante ressaltar que os sintomas da gonorreia nem sempre são visíveis nas mulheres (assintomática).

Infecção no reto

Os sintomas de infecção no reto incluem coceira anal, corrimento semelhante a pus no reto, presença de sangue no papel higiênico após usar o banheiro, dor ao evacuar.

Infecção nos olhos

A gonorreia pode atingir os olhos de recém-nascidos através do parto, ocasionando a conjuntivite gonocócica. Em adultos, essa condição é rara. Os sintomas observados são: sensibilidade à luz e presença de secreções como pus em ambos os olhos.

Infecção na garganta

A bactéria causadora da gonorreia normalmente se instala na garganta através do sexo oral. Os sintomas incluem dor ao engolir, aumento dos linfonodos do pescoço, sintomas estes que são semelhantes a uma infecção de garganta.

Infecção nas articulações

Por vezes, a bactéria pode se instalar nas juntas, causando artrite séptica. Nesse caso, as articulações se apresentam doloridas, inchadas, quentes e vermelhas, especialmente durante os movimentos.

Diagnóstico

As mulheres com suspeita de gonorreia devem procurar um ginecologista ou um clínico geral, e os homens devem procurar um urologista ou então um clínico geral. Além disso, o médico infectologista também pode diagnosticar a doença.

Normalmente, o médico realiza um exame clínico baseado no histórico do paciente e observa alguns sinais como corrimento vaginal, presença de secreções semelhante a pus e dor ao urinar. O médico pode solicitar um exame de urina para identificar se a bactéria está instalada na uretra. Outro teste empregado é o uso do swab (aparelho semelhante a uma haste flexível com algodão na ponta) na região atingida, como reto, garganta ou vagina.

Tanto o teste de urina quanto o swab servem para identificar qual agente etiológico está causando os sintomas. Ademais, exames complementares para outras DSTs podem ser requeridos pelo médico, uma vez que a presença de gonorreia aumenta o risco de se contrair outras doenças, como clamídia.

Complicações

Quando não tratada, a gonorreia pode apresentar algumas complicações:

No homem

Em caso de ausência de tratamento, pode ocorrer uma prostatite, uma cistite e em um caso extremo, estreitamento uretral, que por sua vez pode causar dificuldades na micção.

Epididimite também pode ocorrer e, se não tratada, pode levar o homem à infertilidade.

Na mulher

– Em caso de ausência de tratamento, tratamento inadequado ou se a bactéria subir até os ovários e as trompas, causando a doença inflamatória pélvica, que pode resultar na esterilidade feminina. Além disso, a mulher pode infectar o bebê durante o parto.

– A endometriose é outra possível complicação da gonorreia em mulheres.

Em caso de um tratamento inadequado ou na ausência de tratamento nas mulheres, a bactéria pode subir para os ovários e trompas de falópio, podendo causar uma doença inflamatória pélvica e levar à esterilidade ou a gravidez ectópica (fora do útero).

A doença pode ainda causar outras complicações no corpo. Uma vez na corrente sanguínea, a bactéria pode atingir articulações, causar sintomas como febre, rash cutâneo, dores nas juntas e outras infecções (como salpingite e peritonite).

A infecção por gonorreia aumenta os riscos de se contrair outras doenças sexualmente transmissíveis, como HIV eclamídia. Pessoas que têm HIV e gonorreia transmitem a doença mais facilmente a outros parceiros.

Em bebês, a conjuntivite gonocócica não tratada pode ocasionar cegueira. Além disso, a infecção pode levar complicações na pele e escalpo.

Ter gonorreia também aumenta a probabilidade da pessoa também se infectar pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH ou HIV), o vírus que leva à AIDS (SIDA). As pessoas que têm gonorreia e HIV podem transmitir ambas as doenças mais facilmente aos seus parceiros.
No pior dos casos, a gonorreia pode levar à morte.

Uma complicação particular que têm preocupado as autoridades em saúde é a resistência adquirida a antibióticos que a bactéria tem adquirido. Um estudo revelou que cerca de 1,8% das amostras coletadas mostraram-se resistente ao ciprofloxacino e 9,4% à penicilina.

Tratamentos

O/a médico/a ou profissionais de saúde tratarão a gonorreia com antibióticos, por se tratar de uma doença causada por bactérias. Os antibióticos utilizados são geralmente fluoroquinolonas ou cefalosporinas (especialmente ceftriaxona).
É importante saber que nos últimos anos tem havido cada vez mais casos de resistência aos antibióticos da bactéria da gonorreia (Nesseria gonorrhoeae ou gonococo) e suas diferentes cepas.

Casos crescentes de resistência (2009-2023)
– Nos Estados Unidos, segundo estudo realizado em 2009, 25% dos gonococos são ultra resistentes à penicilina, tetraciclina e fluoroquinolonas, assim como a combinações dessas moléculas.
– Um estudo do Departamento de Saúde Pública de Massachusetts (Massachusetts Department of Public Health, uma instituição médica estadunidense), afirmou em 19 de janeiro de 2023 ter detectado dois casos de uma nova cepa de gonococo que nunca havia sido tão resistente aos antibióticos utilizados ​​nesta infecção, como a ceftriaxona 4. Embora a ceftriaxona em altas doses tenha apresentado mais resistência do que com outras cepas, ainda assim foi bem-sucedida no tratamento desses dois pacientes.
– Também nos Estados Unidos, em 2020, as estimativas mostraram que aproximadamente 50% de todos os casos de gonorreia eram resistentes a pelo menos um antibiótico5.

Cefalosporinas (ceftriaxona)
– É por isso que alguns médicos prescrevem antibióticos da classe das cefalosporinas. Mas infelizmente também estamos vendo cada vez mais casos de resistência a esses medicamentos. É aconselhável utilizar uma cefalosporina na forma injetável e não em comprimidos.
– A ceftriaxona, uma cefalosporina de 3ª geração utilizada na forma injetável, é considerada a molécula mais eficaz na eliminação do gonococo. No entanto, os pesquisadores também observaram casos de resistência a esse medicamento, principalmente na Austrália. Nos Estados Unidos, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention – CDC) recomendam a ceftriaxona de como primeira escolha de tratamento.

Recomendações de prescrição: 
– Em agosto de 2016, a OMS publicou novas recomendações (guidelines) para o tratamento da gonorreia e agora desaconselha o uso de quinolonas em todo mundo, devido ao aumento de cepas bacterianas resistentes a essa classe de antibióticos. A OMS recomenda o uso de cefalosporinas.
– O/a médico/a ou profissionais de saúde também podem administrar uma injeção de gentamicina (240 mg) mais 2 g de azitromicina (via oral), principalmente em caso de alergia à ceftriaxona.
– É possível que medicamentos adicionais sejam prescritos, como doxiciclina, para descartar uma coinfecção por clamídia.

Tratamento da conjuntivite gonocócica (em recém-nascidos):
Colírios antibióticos são utilizados em casos de gonorreia em recém-nascidos.

Observações sobre o tratamento com antibióticos:
– É importante iniciar a terapia o mais rápido possível.
– É necessário seguir as recomendações do/a médico/a e tomar a quantidade de comprimidos (antibiótico) prescritos, em sua totalidade.
– Evite relações sexuais durante o tratamento e em todos os casos relações sexuais desprotegidas.
– O/a parceiro/a sexual também deve ser tratado/a preventivamente.
– Uma vez que a gonorreia está frequentemente associada à clamídia, o médico irá tratar ambas as doenças.

Dicas

– É importante começar a terapia o quanto antes.

– É necessário seguir corretamente as recomendações do médico e tomar a quantidade indicada de comprimidos prescritos (antibiótico).

– Durante o tratamento, as relações sexuais sem proteção devem ser evitadas.

– O parceiro/a sexual também deve se tratar como meio de prevenção.

– A gonorreia é frequentemente associada à clamídia, portanto o médico deverá tratar as duas doenças.

Além disso, algumas outras práticas auxiliam o paciente:

– Adote uma alimentação rica em líquidos e composta de alimentos nutritivos e saudáveis.

– Mantenha uma boa higiene dos órgãos genitais.

– Eduque sexualmente os seus filhos para que eles tenham cuidados durante as relações sexuais. Lembre-se: educação sexual começa em casa.

Prevenção

A prevenção da gonorreia é feita essencialmente através do combate às doenças venéreas, com a adoção das seguintes medidas:

– Educação sexual. Informe-se sobre os modos de contágio da doença e mantenha seus filhos, amigos e parentes sempre cientes.

– Uso de preservativo em todas as relações sexuais.

– Evitar ter muitos parceiros sexuais.

– Consultar um ginecologista periodicamente (no caso das mulheres) ou um urologista (no caso dos homens).

– Se você foi diagnosticado com gonorreia, trate também o parceiro/a.

– Controle regular e sistemático em caso de relações sexuais com inúmeros parceiros, mesmo na ausência de sintomas (lembre-se que a doença pode ser assintomática).

– Evite relações sexuais com pessoas que tenham sintomas de doenças venéreas ou algum outro sintoma desconhecido.

– Evite relações sexuais com desconhecidos.

– Mapeamento regular através de controles ginecológicos. Para pessoas com menos de 25 anos que são sexualmente ativas, é recomendável fazer um teste todos os anos.

Referências: 
CBSNews, OMS (WHO), NPR, CDC

Update:
21.03.2023

Redação:
Xavier Gruffat (farmacêutico)

Bibliografia e referências científicas:

  1. Wall Street Journal, edição impressa de 30 de janeiro de 2023
  2. Artigo publicado pela OMS, datado de 2022, site acessado pelo Criasaude.com.br em 29 de novembro de 2022, link funcionando nesta data[/efn_note.].

    Estados Unidos:
    Em 2021, quase 700.000 casos de gonorreia foram registrados nos Estados Unidos 2Wall Street Journal, edição impressa de 30 de janeiro de 2023 (o artigo cita números dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças ou CDC)

  3. The Wall Street Journal, edição impressa de 30 de janeiro de 2023
  4. Wall Street Journal, edição impressa de 30 de janeiro de 2023 (o artigo cita números dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças ou CDC)
Observação da redação: este artigo foi modificado em 21.03.2023

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