Publicidade

Espondilite anquilosante

Definição

MineraisA espondilite anquilosante (EA) é uma doença auto-imune, isto é, o sistema de defesa do corpo (sistema imune) não funciona adequadamente e ataca as suas próprias células. A EA é um tipo de artrite que afeta principalmente as articulações da coluna. Isto resulta em inflamação vertebral.

Publicidade

O adjetivo anquilosante significa uma fusão entre os ossos.

Em alguns casos, a EA pode afetar outras juntas além das da coluna vertebral, tais como os ombros, joelhos ou quadris.

A EA afeta os quadris e ombros em cerca de 20% dos pacientes.

A EA é progressiva, ou seja, a doença evolui ao longo do tempo com fases ativas da doença (recidivas) e inativas (remissão).

Esta é uma doença crônica.

Epidemiologia

A doença afeta mais homens do que mulheres, estima-se os homens sejam 2 vezes mais afetados pela doença do que as mulheres. Geralmente começa antes dos 45 anos. Apenas 5% das pessoas diagnosticadas têm mais de 45 anos de idade. Em geral, a doença começa entre 20 e 39 anos.

Nos Estados Unidos, cerca de 1 em 200 adultos apresentam espondilite anquilosante. Em 2017, isso representou aproximadamente 1 milhão de americanos adultos. Esses números vêm da  Spondylitis Association of America.

Causas

As causas da doença ainda não são totalmente conhecidas.
Influência genética
No entanto, supõe-se que a presença de certos genes, como o chamado HLA-B27, pode favorecer o desenvolvimento de EA (veja também abaixo em Diagnóstico), porque mais de 80% das pessoas com EA carregam esse gene. Mas ter esse gene ou marcador não significa necessariamente que a pessoa desenvolverá EA. De fato, 6% dos americanos carregam esse gene e a maioria nunca desenvolverá EA1. Outros genes podem desempenhar um papel no desenvolvimento da doença.

Outras influências
Diferentes fatores, principalmente de origem infecciosa ou uma disfunção do sistema imunológico, podem favorecer o desenvolvimento da doença. O tabagismo é um fator de risco para EA.

Grupos de risco

Os homens jovens com menos de 45 anos de idade são o grupo de risco principal.

Sintomas

A espondilite anquilosante se manifesta principalmente através dos seguintes sintomas:
– Dor e rigidez nas costas e quadris inferiores. Estes sintomas tendem a melhorar com a atividade física. As dores podem causar despertares noturnos. O paciente muitas vezes sente uma rigidez nas costas ao acordar.
Fadiga (provocada principalmente pelos sinais inflamatórios da doença)
– Dor no peito e dificuldade para respirar devido à rigidez no tórax.

A EA pode aparecer como surtos, seguido de fases de remissão (fase em que os sintomas desaparecem).
A doença pode levar a ossificação na coluna vertebral, devido à fusão dos ligamentos, bem como a erosão óssea.

Duração dos sintomas
A duração da dor nas costas é muitas vezes superior a 3 meses.

Observação sobre os sintomas 
Os sintomas podem ser bem diferentes de uma pessoa para outra. As mulheres, em particular, apresentam sintomas frequentemente mais atípicos que os homens.

Diagnóstico

O diagnóstico é um assunto exclusivo do médico. Em geral, é o reumatologista que trata desta doença.
Diferentes métodos de diagnóstico podem ser utilizados, tais como técnicas de imagem médica (por exemplo, raios-X da coluna), uma anamnese, exames de sangue para pesquisar o gene HLA-B27 (ver em Causas acima).

O diagnóstico é muitas vezes difícil e pode levar anos (em média 5 a 14 anos) antes que a EA seja claramente identificada por uma equipe médica2.

Algumas ferramentas também permitem avaliar a doença e principalmente o seu desenvolvimento, são eles o Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index -BASDAI (em protuguês:  Índice de Atividade de Bath para Espondilite Anquilosante) e o Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index – BASFI (em protuguês: Índice Funcional de Bath para Espondilite Anquilosante). Métodos baseados em várias perguntas para fazer ao paciente.

Complicações

A espondilite anquilosante pode levar a complicações, tais como:

– Afecções oculares (inflamação aguda do olho ou uveíte). Essa complicação ocorre em aproximadamente 30% dos pacientes com a doença. Os sintomas incluem: vermelhidão, dor, sensibilidade ao olhar, olhos lacrimejantes, visão turva.

Publicidade

– Distúrbios digestivos (ex. doença de Crohn, colite ulcerativa) Esses distúrbios ocorrem em aproximadamente 10 a 15% dos pacientes.

Osteoporose. Muitas vezes os médicos não consideram a osteoporose, pois os pacientes são muitas vezes homens jovens. Sabe-se que a osteoporose é uma doença mais prevalente em mulheres na pós-menopausa. A EA parece mudar a estrutura óssea.

– Fraturas.

– Distúrbios renais.

– Doenças cardiovasculares.

– Problemas de pele, incluindo psoríase.

Fusão óssea
Em casos graves, o processo inflamatório da espondilite anquilosante pode levar a uma fusão (ou “anquilose”) dos ossos da coluna e, por vezes, de outras articulações. Este processo de fusão geralmente ocorre anos após o início da doença. Essas fusões ósseas aumentam o risco de fraturas e diminuem a mobilidade.

Tratamentos

Existem vários tratamentos para a espondilite anquilosante.

Medicamentos:

– AINEs e corticoides

Os AINEs (anti-inflamatórios não esteroides, em inglês NSAIDs) como o ibuprofeno e os coxibes, como o celecoxibe, podem ser usados ​​contra a dor e a inflamação causadas pela EA, principalmente no início da doença. São medicamentos de primeira linha, utilizados preferencialmente como primeiro tratamento. A equipe médica também pode utilizar os corticoides quando houver uma resposta insuficiente aos AINEs e coxibes, embora cada vez mais o tratamento de escolha neste caso seja o uso de biológicos3 (leia abaixo).

– Medicamentos que atuam na doença

Em inglês falamos de DMARDs – disease-modifying antirheumatic drugs (tradução em português: medicamentos antirreumáticos modificadores da doença). Esses medicamentos têm a capacidade de modificar a doença e atuar no sistema imunológico. Nesta família de medicamentos encontramos, por exemplo, o metotrexato. Os DMARDs são utilizados ​​principalmente em distúrbios periféricos.

Os biológicos. São tratamentos com propriedades anti-inflamatórias que possuem, como o próprio nome sugere, uma estrutura química de tipo biológica semelhante a uma proteína. Esses biológicos têm a capacidade de atuar diretamente no sistema imunológico e modificar determinadas funções bioquímicas, como o processo inflamatório. Atuam principalmente contra o fator de necrose tumoral, denominado TNFα ou TNF-alfa, e contra a interleucina 17A. Os biológicos são frequentemente tratamentos de primeira escolha, quando os AINEs e coxibes não funcionam como esperado.
– Entre os anti-TNF-alfa podemos citar os anticorpos monoclonais: infliximabe, adalimumabe (ex. Humira®), etanercepte (ex. Embrel®), certolizumabe ou golimumabe
Os anticorpos monoclonais são de proteínas que reconhecem e se ligam a outras proteínas específicas, como neste caso se ligando ao TNF-alfa.
– Os inibidores da interleucina 17A (IL-17A) incluem: secuquinumabe (Cosentyx®), ixequizumabe (Taltz®). Esses medicamentos funcionam neutralizando a atividade da interleucina 17A, que é elevada em condições como a EA e outras doenças reumáticas.
– Existem também inibidores da Janus Associated Kinases (i-JAK) que podem ser utilizados ​​contra a EA, como o upadacitinibe (por exemplo, Rinvoq®). A eficácia do upadacitinibe é baseada na limitação da atividade da Janus Kinase no corpo, limitando a inflamação.

Observação: estes tratamentos medicamentosos geralmente são tomados por toda a vida.

– Tratamento físico
A fisioterapia pode ajudar tratar a doença, principalmente para reduzir a dor. Leia também abaixo em Dicas.

– Cirurgia
Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária. Conforme observado pela associação americana Spondylitis Association of America, a cirurgia é uma terapia raramente utilizada para combater esta doença. A cirurgia é particularmente utilizada quando a doença afeta os joelhos ou quadris.

Dicas

– Evite fumar. A espondilite anquilosante pode levar ao desenvolvimento de um tecido rígido no peito e pulmões. Isso leva a uma dificuldade adicional na respiração em pacientes que fumam.

Importância do sono: 
– O sono em geral pode contribuir para a recuperação. Certifique-se de que você está bem descansado(a) em uma posição confortável, isto pode ajudar seus músculos a relaxar. Se possível, evite dormir de bruços (barriga para baixo), pois isso pode causar estresse indevido na região lombar. Se você dorme de costas, use um travesseiro de apoio para o pescoço projetado para quem dorme de costas. Você também pode colocar um travesseiro sob as pernas para ajudar a manter as costas retas. Se você dorme de lado, opte por um travesseiro um pouco mais alto. Use também um travesseiro entre as pernas. Alguns especialistas também desaconselham dormir com travesseiro para pacientes com EA.

– Controle o seu peso. O sobrepeso e obesidade, especialmente, podem aumentar o estresse sobre as articulações. Além disso, a adoção de uma dieta do tipo mediterrânea demonstrou reduzir a inflamação em doenças reumáticas, como a EA, sem mencionar que essa dieta pode ajudar a manter um peso adequado.

– Faça exercícios regularmente, fortalece os músculos e a coluna. Pergunte ao seu médico sobre quais exercícios praticar.

– Pratique a boa postura. É importante manter-se ereto quando você caminhar ou sentar-se.

– Reduza o estresse. Uma boa maneira de aliviar os sintomas da doença.

– Tome um banho quente. O calor pode ajudar a aliviar a dor e a rigidez. Portanto, não negligencie os benefícios de um banho quente.

– Como o EA pode causar dor no tornozelo, é importante que você encontre sapatos que o apoiem. Procure por aqueles que oferecem uma base acolchoada e apoio perto do tornozelo.4.

Fontes e referências:
Spondylitis Association of America

Redação: 
Xavier Gruffat (farmacêutico)

Última atualização da página: 
21.09.2022

Créditos fotográficos e infográficos: 
Adobe Stock

Bibliografia e referências científicas:

  1. Livro em inglês: Mayo Clinic Guide to Arthritis, Managing joint pain for an active life, Lynne S. Peterson, 2020, Mayo Clinic
  2. Artigo da revista científica editada pela Universidade de Basel (Suíça), i.m@il. Offizin, edição no 15 de 2022, versão de agosto de 2022
  3. Artigo da revista científica editada pela Universidade de Basel (Suíça), [email protected], edição nº 15 de 2022, versão de agosto de 2022
  4. Artigo da Cleveland Clinic de 12 de julho de 2022: Strategies for Coping With Ankylosing Spondylitis, o artigo cita principalmente o reumatologista Ahmed Elghawy, site acessado peolo Criasaude.com.br em 12 de julho de 2022, link funcionando nesta data
Observação da redação: este artigo foi modificado em 21.09.2022

Publicidade