SÃO PAULO – Há até pouco tempo, o vírus zika era pouco conhecido no país. Em maio de 2015, os primeiros casos da febre zika foram registrados no Estado de São Paulo, sendo confirmados pela Secretaria de Saúde. A doença é semelhante à dengue e transmitida pelo mesmo mosquito, o Aedes aegypti. Agora, há associação entre o zika vírus e a microcefalia.
Entenda a febre zika
A febre zika recebeu esse nome pois foi primeiro caracterizada na floresta Zika, na Uganda, em 1947. A doença é causada por um vírus da família Flaviviridae. Os sintomas são muito semelhantes aos da dengue, variando de leve a moderados e duram de 2 a 7 dias. Durante esse período, o paciente pode desenvolver dores nas juntas, dores musculares, febre, manchas avermelhadas na pele que normalmente se inicia na face, inchaço e dor atrás dos olhos.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para um possível início de epidemia mundial de zika vírus. A doença foi detectada em nove países: Brasil, Chile (Ilha de Páscoa), Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Suriname e Venezuela. No Brasil, 18 estados já foram detectados com a circulação do vírus, sendo o Nordeste brasileiro a região mais atingida.
Zika vírus e a microcefalia
Em novembro de 2015, o Ministério da Saúde confirmou a relação do zika vírus com o aumento de casos de malformação congênita, sobretudo na região nordeste do país. Técnicos do Ministério da Saúde identificou o zika vírus em uma criança que nasceu com microcefalia no Ceará. Esse é, entretanto, um assunto inédito na literatura médica e mais estudos e investigações estão sendo conduzidos.
A microcefalia é uma malformação neurológica na qual a cabeça da pessoa é muito menos do que das outras pessoas da mesma idade e sexo. A condição é normalmente diagnosticada ao nascer e é resultado do crescimento insuficiente do cérebro durante a gestação. As crianças com microcefalia têm problemas de desenvolvimento e motores e, até o momento, não há tratamento para essa doença.
Existem diversas causas da microcefalia, incluindo algumas infecções contraídas durante a gravidez, como a toxoplasmose e infecção por citomegalovírus. O foco agora é também o zika vírus, que, ao que tudo indica, também gera microcefalia.
Proteja-se do mosquito
As mesmas medidas de proteção para a dengue também se aplicam ao combate ao zika vírus. O Ministério da Saúde recomenda não deixar água limpa e parada em pneus, calhas, vasos de plantas, bromélias, latas de água, containers, ou qualquer outro recipiente que possa acumular água e servir de habitat para a reprodução do mosquito. O uso constante de repelentes e roupas que cobrem o corpo (principalmente braços e pernas), além de telas nas portas e janelas, são algumas práticas recomendadas, sobretudo para mulheres grávidas.
Com relação ao uso de repelentes durante a gravidez, médicos e a ANVISA recomendam o uso da substância icaridina, cujo nível de concentração permite proteção mais prolongada e é seguro para grávidas. A procura por repelentes tem sido tão grande, que muitas pessoas têm esperado horas em filas nas farmácias para adquirir o produto.
Planejamento da gravidez
A associação do zika vírus à microcefalia tem causado grande tensão no público, sobretudo em mulheres grávidas e naquelas que planejam uma gravidez. Não há recomendações do Ministério da Saúde para que se evite a gravidez, mas as mulheres que planejam ficar grávidas na próxima temporada de chuva (quando o mosquito começa a se reproduzir) devem pensar nos riscos que a doença pode trazer ao feto.
Se você está grávida ou planeja uma gravidez, converse com o seu médico para saber qual a melhor maneira de se proteger contra essa e outras doenças. As melhores recomendações continuam sendo as mesmas para evitar o ciclo de reprodução do Aedes aegypti.
14 de dezembro de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fontes: Ministério da Saúde, ANVISA, OMS.