Câncer de rim
Definição
O câncer de rim ou câncer renal é um tumor que se origina pelo crescimento descontrolado das células do rim. Dependendo do tipo de célula atingido, o câncer de rim pode receber diversas denominações. O tipo mais comum é o adenocarcinoma renal, como o carcinoma de células claras, que atinge o parênquima renal.
Outros tipos de câncer renal também podem ocorrer como o carcinoma de células transicionais que atinge os ureteres. Em crianças, um tipo particular de tumor é chamado de tumor de Wilms. Nem todos os tumores renais são malignos, entretanto os que são, podem atingir a medula renal, veia renal e, algumas vezes, a veia cava.
Epidemiologia
No geral, os casos de câncer renal têm aumentado, mas os motivos não são ainda totalmente conhecidos. A doença é mais comum em pacientes entre 50 e 70 anos de idade, sendo duas vezes mais comum no sexo masculino que no feminino.
Segundo dados mundiais, o carcinoma renal corresponde a 3% dos tumores malignos com uma incidência de 9,6 casos a cada 100 mil habitantes. Segundo dados da OMS em 2008, pouco mais de 4 mil pessoas receberam diagnóstico de câncer de rim no Brasil, destes, 61,7% eram homens. Embora os números não sejam grandes, a taxa de mortalidade é alta. No Brasil, segundo o Globocan, a taxa de mortalidade pela doença é de 54%. Nos EUA e Austrália essa taxa é de 24% e 37%, respectivamente. No mundo, essa taxa de mortalidade é de 42,5%.
O carcinoma renal de células claras corresponde a cerca de 70 a 90% dos casos e atinge as células do tubo contorcido proximal. O carcinoma papilar é o segundo mais frequente e pode corresponder de 10 a 15% dos casos. O carcinoma cromófobo varia entre 4 a 5% dos casos. Outros tipos menos comuns de câncer renal são os tumores de ductos coletores e sarcomatóides, cada um representando cerca de 1% dos casos.
Aproximadamente 54% dos cânceres renais diagnosticados estão confinados no rim, 20% são localmente avançados e 25% apresentam metástases. Cerca de 40% dos diagnósticos são feitos quando o tumor está em fase avançada, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia.
Causas
Assim como em outros tipos de câncer, as causas exatas do câncer de rim não são totalmente conhecidas. No geral acredita-se que toxinas ou agentes químicos circulantes no sangue causem mutações no DNA das células renais e levem ao surgimento do câncer. Produtos como pesticidas, solventes orgânicos, metais pesados, aflatoxinas, etc são alguns exemplos de agentes tóxicos que podem causar mutações no DNA.
Além disso, exposição à radiação altamente ionizante também pode causar mutações celulares que levam ao aparecimento de tumores. Outras possíveis causas recentemente apontadas como desencadeantes do câncer renal são: o cigarro, a obesidade, a hipertensão e presença de predisposição genética.
Grupos de risco câncer de rim
Alguns fatores de risco são estudados como possíveis desencadeadores do câncer de rim. Esses fatores delineiam alguns grupos de risco, como são abordados a seguir:
– Idosos: pessoas de idade avançada apresentam maior risco de desenvolverem a doença.
– Homens: homens têm mais chances de desenvolverem a doença que mulheres.
– Fumantes: o cigarro tem sido apontado como um dos fatores de risco da doença. Esse risco diminui assim que o paciente deixa de fumar. Estudos apontam que fumantes têm duas vezes mais chances de desenvolverem câncer do rim.
– Obesos: a obesidade é um dos fatores que aumentam o desenvolvimento de tumores nos rins.
– Hipertensos: não se sabe ao certo como a hipertensão influencia o aparecimento do câncer de rim, mas estudos indicam que há uma correlação entre a doença e a pressão alta.
– Pacientes que receberam diálise: esse tipo de paciente, que recebeu diálise por tempo prolongado, apresenta risco maior de desenvolvimento da doença.
– Pacientes que se expuseram a agentes tóxicos: agentes tóxicos como cádmio, asbesto, pesticidas etc, podem desencadear a doença.
– Doença de Von Hippel-Lindau: essa doença hereditária aumenta o risco de muitos tumores, como o câncer renal.
– Pacientes com casos hereditários de carcinoma papilífero renal: essa condição hereditária é um grande fator de risco para a doença.
Pacientes pertencentes aos grupos de risco acima devem ser constantemente monitorados e testes realizados para verificar alguma anormalidade nos rins.
Sintomas câncer de rim
O câncer renal raramente causa sinais ou sintomas em seus estágios iniciais, o que torna a doença mais perigosa e diagnosticada, na maioria dos casos, apenas em estágios avançados. Nos estágios avançados, os sintomas começam a aparecer. Alguns dos sinais são:
– Hematúria ou sangue na urina, caracterizada por uma coloração vermelha ou rosa na urina.
– Dores abdominais ou nas costas, logo abaixo das costelas, na altura dos rins.
– Fadiga e perda de peso.
– Febres.
– Inchaço abdominal.
Diagnóstico câncer de rim
Na maioria dos casos, o câncer de rim é diagnosticado por tomografia computadorizada ou por exames de imagem como a ressonância magnética. Se a tomografia ou os exames de imagem acusarem alguma anormalidade, o médico pode solicitar outros exames, como exames de sangue e urina e biópsia de parte do rim. O médico ainda avalia se o tumor possui ou não gordura. Se a massa tumoral tiver gordura trata-se, na maioria dos casos, de um tumor benigno denominado angiomiolipoma renal. Se o tumor não possui gordura, trata-se de um carcinona.
Uma vez diagnosticado, o câncer pode ser dividido em estágios, de acordo com o seu tamanho e severidade:
– Estágio I: tumor com até 7 cm de diâmetro. O tumor está confinado ao rim.
– Estágio II: o tumor é maior que no estágio I, mas ainda encontra-se confinado ao rim.
– Estágio III: nesse estágio, o tumor se expande para outros locais do rim e tecidos vizinhos e pode atingir a glândula adrenal. Pode também atingir linfonodos.
– Estágio IV: o câncer torna-se metastático, atingindo outros órgãos como ossos, cérebro, fígado e pulmão.
É extremamente importante diagnosticar o câncer renal o quanto antes. Segundo o Estudo Nacional sobre o Câncer Renal da Sociedade Brasileira de Urologia, 40% dos casos da doença são identificados quando o tumor está em estágio III ou IV, o que dificulta as chances de tratamento e cura da doença.
Complicações câncer de rim
Algumas complicações do câncer renal derivam da incapacidade do rim em exercer corretamente suas funções. Esses sintomas são conhecidos como síndrome paraneoplásicas e podem atingir até 20% dos pacientes portadores do câncer renal. Muitos dos sintomas que o paciente apresenta se dá pela produção de substâncias que alteram o funcionamento do organismo. Essas substâncias, semelhantes a hormônios, podem causar:
– Hipertensão.
– Aumento dos níveis de cálcio no organismo.
– Alteração das funções hepáticas.
– Aumento da contagem de células vermelhas no sangue.
– Aumento do tamanho das mamas.
– Síndrome de Cushing (causada pelo aumento da produção de cortisol pela glândula supra-renal). A Síndrome de Cushing por si só pode levar a outras complicações, como insônia, finura da pele, fome exagerada, agitação, sede em excesso, deposição de gordura no rosto, pescoço e tronco.
Além das complicações citadas acima, o câncer renal pode atingir o estágio IV e se espalhar para outros órgãos, originando outros tumores (metástase). Os órgãos mais comumente atingidos são a glândula adrenal, ossos, cérebro,fígado e pulmão.
Tratamentos câncer de rim
O tratamento para o câncer de rim irá depender do tipo celular atingido, estágio do câncer e comprometimento de outros órgãos ou estruturas.
Cirurgia
Quando o câncer de rim não atingiu outros órgãos, ou seja, não é metastático, uma cirurgia pode ser realizada para remoção da massa tumoral. Nesse caso, a cirurgia chama-se nefroctomia. Na nefroctomia radical, remove-se o rim, parte do tecido adjacente e os linfonodos. Se a adrenal for atingida, ela também pode ser removida. A nefroctomia pode ser feita pelo método convencional ou por vídeo laparoscopia.
Outra abordagem é a nefroctomia parcial. Nesse caso, o médico remove o tumor e uma porção do tecido adjacente. Esse tratamento pode ser indicado quando o tumor é pequeno ou quando o paciente possui apenas um rim. No geral, a nefroctomia parcial é indicada pois evita posteriores complicações da remoção completa dos rins.
Outros tratamentos
Quando a cirurgia não é possível, o médico poderá indicar outros tratamentos para reduzir a massa tumoral. Nessa estratégia, algumas das ferramentas usadas são:
– Supressão do fluxo sanguíneo para o tumor.
– Tratamento para congelar as células cancerosas (crioablação).
– Tratamento para queimar as células cancerosas (ablação por radiofreqüência).
A escolha dessas terapias irá depender da localização do tumor e do seu estágio.
Tratamento do câncer de rim metastático
Quando o câncer renal atinge outros órgãos, o tratamento torna-se mais complicado e ofensivo. Nesse caso, o médico poderá tratar o paciente com imunoterapia com drogas como interleucina-2 e interferon alfa.
Outras drogas podem ser usadas para alvos celulares do câncer. Nesse aspecto, alguns dos medicamentos usados são o bevacizumabe, pazopanibe, sorafenibe, temsirolimus e everolimus. Dependendo do órgão atingido, o médico poderá escolher uma quimioterapia específica para o tumor.
Fitoterapia câncer de rim
Atualmente não existem plantas medicinais com ação comprovada contra o câncer renal. Entretanto há estudos que indicam que as saponinas da planta medicinal tríbulus inibem a proliferação das células de câncer de rim. O ginseng também tem sido estudado com inibidor da proliferação do tumor renal.
As plantas medicinais também podem ser usadas para melhorar a qualidade de vida do paciente e os sintomas que ele apresenta frente à quimioterapia. Nesse sentido, a fitoterapia pode melhorar o sono, o apetite e a disposição do paciente. Algumas ervas utilizadas nesse quesito são:
– Valeriana: para melhorar o sono.
– Camomila: para acalmar e melhorar o sono.
– Melissa: para melhoria dos sintomas gastrintestinais.
– Bardana: usada devido a suas propriedades diuréticas.
– Espinheira-santa: usada devido a suas propriedades diuréticas.
– Boldo: usado para melhorar sintomas gastrintestinais.
Homeopatia câncer do rim
A homeopatia pode ser utilizada como terapia complementar na melhoria dos sintomas do paciente. Alguns medicamentos podem ser usados para reduzir a dor, aumentar a disposição, a qualidade de vida, melhorar o apetite e o sono. Opções disponíveis incluem:
– Traumel S
– Graffite
– Calendula
– Sulphur
– Passiflora
– Valeriana
Converse com o seu homeopata para verificar qual a melhor opção de tratamento no seu caso e qual a preparação necessária.
Dicas câncer de rim
Algumas dicas podem ajudar a você se cuidar melhor e a superar o câncer de rim. Antes de tudo, não encare o diagnóstico de câncer de rim como uma sentença de morte. Entenda como funciona a doença e busque sempre a ajuda do seu médico e dos seus familiares.
Tente praticar exercícios ou alguma outra atividade que goste para pode suportar o impacto da doença. Converse sempre com seu médico caso os eventos adversos dos tratamentos estejam difíceis de suportar.
Caso você já tenha histórico na família de câncer de rim ou algum outro tipo de tumor ou ainda faz parte de algum grupo de risco, procure regularmente um médico. Aos primeiros sintomas, consulte um profissional para que ele possa lhe orientar da melhor maneira possível.
Prevenção câncer de rim
Embora não se saiba exatamente o que causa o câncer de rim, algumas medidas preventivas podem ser adotadas:
– Evite fumar. As toxinas presentes no cigarro podem causar alterações no DNA das células e levar ao desenvolvimento de tumores.
– Tenha uma dieta balanceada, dando preferência a frutas, legumes, verduras, fibras e cereais.
– Evite o consumo de alimentos ricos em sódio, conservantes, corantes ou outros aditivos.
– Ingira vitaminas que combatem os radicais livres que podem ser nocivos ao organismo, como vitamina C, vitamina Ee vitamina A.
– Pratique atividades físicas regularmente. Os esportes ajudam a eliminar toxinas do organismo que lesionam as células.
– Controle a pressão sanguínea. A hipertensão pode sobrecarregar células renais e causar mutações prejudiciais.
– Evite o contato com substâncias tóxicas, como poluentes, produtos químicos, pesticidas etc. Se você trabalha com solventes, metais pesados ou outros produtos carcinogênicos, use equipamento de proteção adequado.
Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)
Fotos:
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Atualização:
Este artigo foi modificado em 12.11.2018