Esclerose múltipla
Resumo sobre esclerose múltipla
A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica autoimune caracterizada, ao nível fisiológico e celular, por uma destruição progressiva da estrutura de neurônios, principalmente das bainhas de mielina. Estas, que envolvem os neurônios, são essenciais para uma boa transmissão nervosa de informações através do sistema nervoso. Como essas bainhas de mielina são destruídas progressivamente, pode ser observado com o avançar da doença a acentuação dos sintomas, como distúrbios na visão, formigamento, paralisia, etc.
Fala-se de doença autoimune porque as próprias células do sistema de defesa do organismo, tais como macrófagos, atacam as células nervosas e destroem as bainhas de mielina.
A esclerose múltipla afeta mais os países de clima temperado (do norte ou do sul) do que regiões tropicais como a Índia ou Brasil. Por exemplo, os Estados Unidos, um país de pouco mais de 300 milhões de habitantes, existem cerca de 400 mil pessoas com esclerose múltipla, enquanto no Brasil onde habitam apenas um terço de pessoas do que nos Estados Unidos, com pouco mais de 200 milhões de habitantes, cerca de 30 mil brasileiros têm a doença, ou cerca de 10 vezes a menos quando comparamos o número de habitantes.
A doença afeta mais as mulheres do que os homens e muitas vezes se manifesta apenas entre 20 e 30 anos.
Causas
Um estudo publicado em janeiro de 2022 na Science (DOI: 10.1126/science.ada0119) chegou à conclusão de que a esclerose múltipla é provavelmente causada pelo vírus Epstein-Barr, pelo menos na maioria dos casos (leia mais abaixo em Causas).
As outras causas da esclerose múltipla parecem estar ligadas a influências genéticas e também ambientais. As grandes diferenças observadas entre os Estados Unidos (mais casos) e o Brasil (menos casos) devem estimular os pesquisadores a fazer mais pesquisas, uma hipótese por vezes apresentada pode ser que a deficiência de vitamina D é mais frequente em países temperados do que nos tropicais ou subtropicais. A alimentação também pode ser uma linha de pesquisa.
Existem 3 formas de esclerose múltipla, a mais comum é a esclerosa múltipla remitente-recorrente, ou seja, esta doença manifesta-se em surtos seguidos por longas fases de remissão, esta fase pode durar até 25 anos. Em seguida, a forma remitente-recorrente se transforma em secundária progressiva (EMSP).
Outra forma de EM é a esclerose múltipla primária progressiva (EMPP), que é exatamente como seu nome indica: progressiva, ou seja, sem remissão. Esta forma atinge 10 a 15% dos pacientes e muitas vezes se desenvolve após os 40 anos.
Os sintomas são numerosos e geralmente variam de um indivíduo para outro. Os distúrbios de visão são sintomas frequentemente observados. O formigamento, a incontinência urinária ou anal, as sensações estranhas ao toque, a paralisia de um membro, a fadiga são outros sintomas que muitas vezes se repetem. Os distúrbios de memória e raciocínio são, por vezes, observados.
O diagnóstico é muitas vezes feito através de uma ressonância magnética e pela observação dos sinais clínicos. O exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) por punção lombar é muitas vezes efetuado pelos médicos. Leia diagnóstico
Graças aos medicamentos, é possível aliviar muitos sintomas.
Os principais medicamentos contra a EM são os corticoides, interferon-b e anticorpo monoclonal. Podemos distinguir o tratamento de crises. Atualmente, nenhum tratamento é capaz de curar a doença.
A fisioterapia é uma boa maneira de aliviar alguns sintomas.
Tomar vitamina D (questionado, leia mais abaixo), gerenciamento de estresse e controle do estresse e meditação são outras maneiras de diminuir alguns sintomas.
Definição
A esclerose múltipla (ou esclerose em placas) é uma doença inflamatória crônica do sistema nervoso central. Ela se caracteriza pela destruição da bainha de mielina (que protege o nervo) e por um depósito anormal de tecido conjuntivo e seu endurecimento (esclreose), visível em forma de placas. A mielina é uma susbstância lipídica (gordurosa) que envolve as fibras nervosas. Esta destruição dificulta a transmissão nervosa e provoca distúrbios da visão, distúrbios motores, entre outros, no doente.
Infelizmente as causas da doença são desconhecidas, no entanto, determinados fatores favorecem o seu aparecimento.
Existem vários tratamentos contra esta doença, tais como os corticóides, os interferons-b ou o baclofeno.
Os cientistas permanecem efetuando pesquisas a fim de determinar as causas mais específicas da doença, para assim, encontrar tratamentos melhores.
A esclerose múltipla é a doença neurológica inflamatória mais prevalente, até agora incurável, que afeta principalmente os jovens adultos de 20 à 40 anos e especialmente as mulheres.
Na verdade, a esclerose múltipla atinge 2 vezes mais as mulheres do que os homens.
Epidemiologia
Na verdade, a esclerose múltipla atinge 2 vezes mais mulheres do que homens.
– No Brasil, em 2017 cerca de 35 mil pessoas sofrem de esclerose múltipla. A prevalência da esclerose múltipla no Brasil é de 15/100 mil habitantes (no mundo é de 33/100 mil).
Note que o Brasil, com seus mais de 200 milhões habitantes é pouco afetado por esta doença, em relação ao número de habitantes em comparação com os Estados Unidos, que tem pouco mais de 300 milhões de habitantes. Sabemos que os países tropicais e, portanto, mais ensolarado são menos afetados pela esclerose múltipla do que países de clima temperado (Europa, América do Norte). A falta de vitamina D pode ser a causa em países com um clima mais frio e menos ensolarado, mas uma hipótese ainda mais avançada (leia abaixo também em Causas e Dicas) dos cientistas é que a vitamina D não teria um papel importante. A vitamina D seria uma consequência e não uma causa. Por outro lado, o sol com seus raios UV poderia ter um papel positivo na prevenção da esclerose múltipla e na origem dessas diferenças entre as regiões do mundo.
– Na Europa, a esclerose múltipla atinge 350.000 pessoas.
– Nos Estados Unidos, aproximadamente 1 milhão de pessoas têm esclerose múltipla1.
Causas
Como vimos na seção “Definição da esclerose múltipla”, as causas da doença não são muito bem conhecidas. Acredita-se que vários fatores influenciam o aparecimento da doença, tais como a imunidade, o local onde a pessoa vive e a hereditariedade. Mas um estudo publicado em janeiro de 2022 na Science (DOI: 0.1126/science.ada0119) chegou à conclusão de que a esclerose múltipla é provavelmente causada pelo vírus Epstein-Barr, pelo menos na maioria dos casos.
Fator imune
O sistema imunológico das pessoas que sofrem de esclerose múltipla não reconhece a mielina como sendo um tecido da própria pessoa, mas como sendo um corpo estranho, sendo assim, o sistema imunológico a ataca e a destrói, da mesma forma que ele faria com qualquer bactéria ou célula cancerígena.
Fator ambiental
Há mais relatos da doença em países temperados, mas as pessoas que vivem fora desta zona também podem ser afetadas. Estudos mostram que a maior parte dos doentes passou a infância nestas regiões, por isso acreditamos que o fator ambiental deve ser considerado, apesar de ainda não existirem provas que comprovem esta informação.
Fator hereditário
Independentemente dos seus fatores desencadeadores, a doença se traduz por uma destruição da bainha de mielina e por um depósito anormal de tecido conjuntivo. Este, por sua vez, endurece e forma placas visíveis por IRM (Imagens por Ressonância Magnética).
Em agosto de 2011 pesquisadores franceses da Inserm/CNRS, em Paris publicaram resultados muito interessantes confirmando 23 variantes genéticas já conhecidas e identificaram 29 outros fatores como predisposição genética para esclerose múltipla.
A carência de vitamina D
– A carência, ou deficiência, de vitamina D pode ser uma causa, entre outras, do aparecimento de esclerose múltipla.
– O nível de vitamina D (sintetizado em parte pelo sol) é muito importante, devido à maior incidência de EM em países ou regiões pouco ensolaradas, como a Escandinávia, do que outros países com clima mais tropical, como Índia ou Brasil (leia também em epidemiologia).
– No entanto, os pesquisadores acreditam cada vez mais que a vitamina D pode ser mais uma consequência do que uma causa da doença, como sugerido por um estudo australiano publicado em julho de 2018 na revista científica Nutritional Neuroscience (DOI: 10.1080/1028415X.2018.1493807). O sol pode ter um impacto positivo na prevenção da esclerose múltipla, mas as causas exatas ainda não são conhecidas.
Vírus
Alguns vírus como o Epstein Barr e outros que causam a mononucleose, têm sido associados com a esclerose múltipla. Segundo nossas informações, a relação causal não é clara. Atualmente é mais uma correlação.
Acima de tudo, e como visto acima, um estudo publicado em janeiro de 2022 na Science (DOI: 10.1126/science.ada0119) chegou à conclusão de que a esclerose múltipla é provavelmente causada pelo vírus Epstein-Barr. O estudo americano de janeiro de 2022 da Science, publicado esta semana na prestigiada revista Science, mostrou que esse vírus é necessário para o desenvolvimento da esclerose múltipla, mesmo que todas as pessoas infectadas não desenvolvam essa doença. A hipótese já vinha sendo estudada há vários anos, mas difícil de comprovar, principalmente porque esse vírus é muito comum e os sintomas da doença só começam cerca de dez anos após a infecção. Este é “o primeiro estudo a fornecer evidências convincentes de causalidade”, disse Alberto Ascherio, principal autor e professor de epidemiologia da Escola de Saúde Pública de Harvard. “Este é um passo importante, pois sugere que a maioria dos casos de esclerose múltipla pode ser prevenida pela interrupção da infecção pelo vírus Epstein-Barr”, acrescentou. “A pesquisa desse vírus pode levar à descoberta de uma cura”. Os pesquisadores acompanharam por 20 anos mais de 10 milhões de jovens alistados no exército americano, dos quais 955 foram diagnosticados com esclerose múltipla durante o serviço. De acordo com este trabalho, o risco de contrair esclerose múltipla aumentou 32 vezes após ser infectado pelo vírus Epstein-Barr, mas permaneceu inalterado após a infecção por outros vírus. De acordo com pesquisadores da Universidade de Stanford, que publicaram um comentário sobre o estudo na revista Science, outros fatores, por exemplo a genética, podem desempenhar um papel no desenvolvimento ou não da doença.
Vírus da herpes HHV-6
Um estudo publicado na revista Scientific Reports em 2017 mostrou que o vírus da herpes humana 6 (HHV-6) poderia desempenhar um papel essencial ao impedir o cérebro de se reparar na esclerose múltipla. Este estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Rochester nos Estados Unidos poderia ajudar a explicar as diferenças de gravidade nos sintomas da esclerose múltipla.
Uma hipótese apresentada pelos pesquisadores é que o vírus HHV-6 produz uma proteína que tem o potencial de impedir a capacidade natural das células nervosas para reparar a bainha de mielina. O HHV-6 é o vírus da herpes humana mais comum e as infecções durante a infância muitas vezes passam despercebidas, mas o vírus pode causar uma exantema súbito (roséola infantil) que é caracterizado por febre e erupção cutânea em bebês. Estima-se que mais de 80% das pessoas tenham sido expostas ao vírus HHV6 em algum momento da infância. Enquanto o sistema imunológico combate as formas mais ativas de infecção, o vírus nunca realmente deixa o corpo e pode se reativar mais tarde na vida.
No momento, não há confirmação da relação causal entre o vírus herpes HHV6 e a esclerose múltipla, mas é possível que o vírus HHV6 possa desempenhar um papel prejudicial no desenvolvimento da doença.
Flora intestinal (microbiota)
A flora intestinal, também chamada de microbiota, pode desencadear a esclerose múltipla (EM) como mostrado em vários estudos. Um deles foi publicado em agosto de 2017 e realizado em 35 pares de gêmeos idênticos (humanos) e camundongos geneticamente modificados. Para cada par de gêmeos, um deles tinha EM e o outro não. Os cientistas transplantaram bactérias intestinais de gêmeos que sofrem de EM em camundongos geneticamente modificados. Em quase 100% dos casos, estes desenvolveram sintomas próximos à esclerose múltipla (uma forma de encefalite, em inglês, experimental autoimmune encephalitis). Este estudo foi publicado (em inglês, approved) em 7 de agosto de 2017, na revista científica PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences). Cientistas do Instituto Max-Planck de Neurologia de Munique, na Alemanha, assim como da Universidade da Califórnia de São Francisco nos Estados Unidos participaram deste estudo.
Grupos de risco
A esclerose múltipla afeta as pessoas de ambos os sexos, porém com uma predominância feminina (60%).
As pessoas que tiverem algum parente com esclerose múltipla têm um risco muito maior de desenvolvê-la.
Os doentes têm entre 20 e 40 anos.
As pessoas que vivem em países de clima temperado como a Europa (especialmente no norte), a América do Norte, a Argentina, a África do Sul ou a Austrália estão em maior risco do que as pessoas que vivem em países com um clima tropical ou subtropical. A vitamina D (ver também Dicas e Prevenção abaixo) poderia ser a origem dessas diferenças.
Sintomas
Os sintomas da esclerose múltipla resultam da destruição de mielina e do aparecimento das placas (esclerose). Como vimos na seção “definição da esclerose múltipla”, a bainha de mielina cobre as fibras nervosas, este sistema possibilita a proteção dos nervos, e melhora a transmissão nervosa.
Depois da mielina ter sido destruída, a transmissão nervosa é diminuída, provocando distúrbios:
– sensitivos (formigamentos, pinicamentos). São os primeiros sinais da doença
– motores (espasmos, paralisia transitória de um membro, como o braço ou a perna)
– visuais (diminuição brutal da acuidade visual, visão embaçada)
– urinários (controle das urinas a incontinência urinária)
– do equilíbrio e da coordenação motora
Frequência dos sintomas mais comuns
De acordo com a Sociedade Suíça de Esclerose Múltipla que pediram às pessoas com a doença para descrever os sintomas mais frequentemente, eles são:
– Dormência (61%)
– Perturbações visuais (36%)
– Fadiga (32%)
– Problemas para caminhar (31%)
– Fraqueza (30%)
Observação importante: A intensidade dos sintomas da esclerosa múltipla pode variar de uma pessoa para outra. Algumas pessoas têm sintomas mais leves (adormecimento de uma perna) e outras têm sintomas mais graves (distúrbios da visão).
Ressaltamos também que a esclerose em placas seria mais ativa na primavera e no verão. Segundo um estudo americano publicado em agosto de 2010, durante estes períodos, as novas lesões cerebrais resultantes desta doença se produzem duas a três vezes com mais freqüência do que no resto do ano.
As 3 formas da esclerose múltipla
Podemos distinguir três formas de esclerose múltipla, a mais comum é a forma recorrente-remitente da esclerose múltipla, ou seja, a doença é caracterizada por surtos seguidos por longas fases de remissão, esta fase pode durar até 25 anos. Em seguida, a forma remitente-recorrente se transforma em secundária progressiva. Nesta segunda fase, não há mais as fases de remissão.
Outra forma de EM é a esclerose múltipla primária progressiva que é efetivamente como o nome indica: progressiva, que quer dizer sem remissão. Esta forma está relaciona com 10 a 15% dos pacientes e muitas vezes se desenvolve após os 40 anos.
Observações sobre EM
– Em alguns casos (menos de 15% dos casos), a fase de remissão pode ser muito longa ou mesmo definitiva.
– Durante a gravidez, as mulheres experimentam menos recaídas de EM. Esta diferença se dá devido a razões hormonais (maior concentração de estriol durante a gravidez). É por isso que os pesquisadores americanos administraram estriol em mulheres com EM e observaram 47% menos crises da doença do que aquelas que receberam placebo ou acetato de glatirâmer.
Diagnóstico
doenças).
Diferentes métodos possibilitam o diagnóstico da esclerose múltipla:
1. A observação dos sinais clinicos
2. A IRM
3. O exame do LCR (Líquido cefalorraquidiano) por punção lombar
1. A observação dos sinais clínicos
O diagnóstico da esclerose múltipla é feito essencialmente através da observação de determinados sinais. Os sintomas aparecem muito bruscamente e em vários locais (dano multifocal). Isto ocorre devido à destruição da mielina e ao depósito de placas (esclerose) e portanto à diminuição da transmissão nervosa.
2. A IRM
Em seguida, o diagnóstico será confirmado através das IRM (Imagens por Ressonância Magnética). Este método permite colocar em evidência as placas desmielinizadas sobre as fibras nervosas.
3. O exame de LCR por punção lombar
A punção lombar possibilita recolher o Líquido cefalorraquidiano (LCR). O exame deste pode colocar em evidência a presença de glóbulos brancos e a elevação da porcentagem dos anticorpos. Todos estes elementos fazem parte do sistema imunológico do corpo humano. Como vimos nas seções “definição da esclerose múltipla” e “causas da esclerose múltipla”, a doença pode aparecer após uma deficiência do sistema imunológico, que ataca os tecidos do corpo humano, após considerá-los corpos estranhos.
Complicações
A evolução da doença varia bastante de uma pessoa a outra. Em geral, ela evolui durante 25 anos, mas isso pode ser mais rápido em determinadas pessoas.
A evolução da esclerose múltipla é caracterizada por fases de surtos (distúrbios) e de remissão; As fases de remissão são relativamente longas no início (duram vários meses ou anos). Em seguida, os surtos ocorrem em intervalos mais regulares e curtos.
Tendo a transmissão nervosa dificultada cada vez mais, o doente poderá sofrer de:
– paraplegia
– distúrbios da coordenação
– distúrbios psíquicos.
Sendo assim, o doente é levado a sofrer de uma invalidez progressiva. No entanto, os tratamentos estão se tornando cada vez mais eficazes e auxiliam a reduzir a velocidade da invalidez.
Tratamentos
O tratamento da esclerose múltipla (EM) tem por objetivo diminuir a atividade do sistema imunológico e evitar que este destrua ainda mais a mielina. É por isso que são utilizados corticóides e imunomoduladores (interferon-b). Além disso, o tratamento irá melhorar a qualidade de vida do doente através da redução dos distúrbios (motores, incontinência urinária, reeducação por cinesioterapia).
Escolha do tratamento:
É importante saber que o tratamento depende da fase da EM (leia em Sintomas). Na fase inflamatória da EM os medicamentos modificadores da doença (em inglês: disease-modifying drugs), como ocrelizumabe (um medicamento administrado por injeção), podem ser utilizados para retardar o desenvolvimento da doença. À medida que a EM avança para a fase degenerativa, os medicamentos ou terapias destinadas a controlar os sintomas tornam-se o foco do tratamento.
Os diferentes tratamentos para a esclerose múltipla são:
– Interferons-b : O interferon-b é uma proteína que possui propriedades antivirais e imunomoduladoras. Sua ação é importante na esclerose múltipla, doença de caráter auto-imune. Os doentes devem injetar o medicamento por via sub-cutânea. O medicamento é indicado para reduzir as fases de surtos.
– O acetato de glatiramer. Trata-se de um imunomodulador.
Reeducação por cinesioterapia: o doente sofre frequentemente com distúrbios motores. Uma reeducação é geralmente necessária e pode melhorar a sua qualidade de vida. Além disso, o médico poderá prescrever baclofeno para reduzir os episódios espásticos.
É claro que este tipo de medicação implica em um rigoroso acompanhamento médico.
Novos medicamentos (2012-2019)
– Existe um novo medicamento contra a esclerose múltipla: o Gilenya (molécula: fingolimode). Este medicamento desenvolvido pelo laboratório farmacêutico suíço Novartis, de acordo com eles, seria até 52% mais eficaz do que os medicamentos classificados como interferon.
O mecanismo de ação do medicamento é muito diferente dos tratamentos já existentes no mercado, tais como o interferon. O fingolimode, simplificando, impede a libertação de células do sistema imunológico que atacam as bainhas de mielina (ler definição esclerose múltipla).
No entanto, este medicamento também pode causar efeitos adversos graves, especialmente ao nível cardíaco. Com o uso deste medicamento deve haver uma monitorização cardíaca reforçada dentro de 24 horas após a primeira dose, de acordo com a agência francesa de medicamentos (Afssaps).
É evidente que este tipo de medicamentos envolve um acompanhamento médico rigoroso.
– O principio ativo teriflunomida (Aubagio) está disponível em alguns mercados. É um tratamento oral contra a esclerose múltipla (EM) em adultos, disponíveis mediante receita médica. Este medicamento age sobre as recidivas de EM. Ele é estritamente contraindicado para mulheres grávidas.
– Também existem em mercados de alguns países (principalmente na Europa) anticorpos monoclonais como o alemtuzumab (a princípio desenvolvido contra a leucemia), capazes de atacar células que atacam os neurônios na esclerose múltipla.
– Um estudo publicado em 2014 demonstrou que as estatinas podem reduzir as lesões do sistema nervoso. Estes medicamentos também agem sobre distúrbios físicos no caso de esclerose múltipla secundária progressiva.
– Alguns especialistas acreditam que os canabinóides (proveniente da maconha) poderiam ajudar a reconstruir a bainha de mielina dos neurônios e, assim, tornar-se um medicamento em caso de EM.
– O estriol, um hormônio feminino, às vezes é indicado em caso de EM. Leia também em sintomas
– A indústria farmacêutica continua a trabalhar para encontrar novos medicamentos. Os anticorpos monoclonais parecem particularmente promissores, alguns têm a capacidade de reconstruir a bainha de mielina.
– A troca de plasma (plasmaapheresis) é um método muitas vezes utilizado na esclerose múltipla em caso de sintomas graves ou ausência de resposta aos corticosteroides.
– Um estudo clínico de fase 2 publicado em 30 de agosto de 2018 no jornal de The New England Journal of Medicine (DOI: 10,1056/NEJMoa1803583) mostrou que ibidulast, medicamento disponível principalmente no Japão contra acidente vascular cerebral ou asma, pode ajudar a reduzir danos cerebrais em 255 pacientes que sofrem da progressiva da esclerose múltipla. Os pesquisadores concluíram que o ibidulast foi associado com uma progressão mais lenta da atrofia cerebral do que o placebo, mas foi associado a taxas mais altas de efeitos colaterais gastrointestinais, cefaleia e depressão. Atualmente, não há medicamentos para a forma progressiva da doença.
Alternativa
Infelizmente não existem métodos alternativos verdadeiramente eficazes contra a esclerose múltipla. No entanto, um homeopata pode eventualmente acompanhar o tratamento para melhorar a qualidade de vida do doente. Após efetuar uma anamnese e identificar os fatores desencadeadores, ele pode prescrever remédios homeopáticos com objetivo de diminuir os distúrbios desencadeados pela doença.
Na fitoterapia, você pode experimentar o óleo de erva-dos-burros (rico em ômega-3) que pode reduzir a inflamação. Isto não substitui de forma alguma um tratamento clássico, e deve ser utilizado apenas como uma medida complementar.
Nós recomendamos que as pessoas interessadas pela medicina alternativa nunca interrompam a medicação clássica sem a autorização médica.
Dicas terapia
– O tratamento da EM é feito através da administração de corticóides em grandes quantidades, portanto é essencial seguir escrupulosamente a dosagem prescrita pelo médico.
– A meditação com plena consciência melhora a qualidade de vida dos pacientes com esclerose múltipla. Depressões, angústias e estados de esgotamento diminuem claramente, de acordo com pesquisadores suíços em 2010.
– Betaferon: A administração de interferon-b é feita através de injeções, portanto, caso o paciente injete o medicamento em si mesmo, é primordial que ele seja muito bem orientado para efetuá-lo corretamente. Um certificado de formação será emitido aos pacientes que fizerem o curso para injetar a medicação. O doente deverá apresentar este certificado na farmácia para retirar o medicamento.
– Procure reduzir o estresse (sobretudo o violento). Segundo um estudo, o estresse pode aumentar o número de lesões nervosas na região do cérebro.
– A vitamina D, em doses elevadas, pode ter um efeito positivo sobre a esclerose múltipla. Atualmente (2017), ainda são necessários estudos sérios para determinar se a vitamina D é útil ou não na terapia da esclerose múltipla.
No entanto, em 2018, um estudo australiano foi crítico sobre o impacto da vitamina D na esclerose múltipla. De acordo com pesquisadores da Universidade de Adelaide, que publicaram o estudo em julho de 2018 na revista científica Nutritional Neuroscience (DOI: 10.1080/1028415X.2018.1493807), um baixo nível de vitamina D seria a consequência e não a causa da esclerose múltipla. Em outras palavras, tomar vitamina D como suplemento alimentar seria inútil. Os cientistas observam, no entanto, que a exposição ao sol pode ser benéfica na prevenção da doença, mas as causas exatas ainda não são conhecidas.
– Alimentação saudável, consumir ômega-3.
– Quando você está sofrendo com os sintomas da EM, é importante descansar bem.
Prevenção
Como as causas da EM não são claras, é difícil prevenir a doença de forma eficaz. No entanto, existem medidas úteis que podem ser adotadas no tratamento da EM (ver acima). Algumas dicas podem ser úteis, como:
– Não fumar é uma forma de prevenir a doença. Fumar também parece favorecer surtos de EM.
– Um consumo regular de vitamina D pode prevenir o aparecimento da doença.
Vitamina D e esclerose múltipla
– A vitamina D, particularmente em doses elevadas (algumas fontes falam de 10.000 UI de vitamina D por dia), pode ter um efeito positivo sobre a esclerose múltipla. Converse com o seu médico, ele pode prescrever uma terapia com vitamina D.
Você deve saber que o uso da vitamina D é controverso na comunidade médica mundial, alguns médicos acreditam que se trata quase de uma cura milagrosa da esclerose múltipla, outros são mais céticos sobre o efeito de vitamina D para esta indicação.
Este uso da vitamina D (sintetizada em parte pelo sol) surgiu porque a incidência da esclerose múltipla é maior em países ou regiões com pouco sol, como a Escandinávia, do que em outros países com o clima tropical, como a Índia.
Atualmente (2018), ainda são necessários estudos sérios para determinar se a vitamina D é útil ou não na terapia da esclerose múltipla. No entanto, conforme discutido em Dicas acima, essa recomendação foi questionada por um estudo australiano publicado em 2018 (DOI: 10.1080/1028415X.2018.1493807).
Fontes:
Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, Folha de S.Paulo (04.08.2017), Nutritional Neuroscience (DOI: 10.1080/1028415X.2018.1493807), The New England Journal of Medicine (DOI: 10,1056/NEJMoa1803583)
Redação:
Por Xavier Gruffat (farmacêutico)
Fotos:
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Atualização:
Este artigo foi modificado em 21.03.2023
Bibliografia e referências científicas:
- Boletim informativo da Mayo Clinic, Mayo Clinic Health Letter, página 1, edição de março de 2023, falando sobre a esclerose múltipla