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Brasil é o terceiro país a aprovar a vacina contra a dengue, após México e as Filipinas

SÃO PAULOA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Brasil acaba de liberar uma vacina contra a dengue, doença que assola o país sobretudo nas épocas chuvosas (primavera e verão).

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Entenda a dengue
Dengue: casos aumentam no Sudeste do paísA dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O mosquito deposita seus ovos em locais de água limpa e parada que normalmente se acumula durante as chuvas. Ao picar, a saliva do mosquito (contento o vírus da dengue) entra em contato com a circulação sanguínea do paciente, causando o contágio. Os sintomas clássicos da dengue incluem dores musculares, febre alta, dores nas juntas, vômitos, enjoos, cansaço, etc. Em casos mais graves, como na recorrência da doença, há sangramentos em mucosas e órgãos internos, ocasionando a dengue hemorrágica.

O tratamento padrão da dengue visa a redução dos sintomas através de antipiréticos, analgésicos e hidratação constante. O uso de medicamentos à base de ácido acetilsalicílico, como aspirina, é contraindicado nos casos de suspeita de dengue, uma vez que eles facilitam a hemorragia.

A vacina contra a dengue
Durante muito tempo se cogitou numa vacina contra a dengue. No dia 28 de dezembro de 2015, a ANVISA aprovou o registro da Dengvaxia do laboratório Sanofi Pasteur. Os resultados clínicos mostraram que a vacina é eficaz contra os 4 sorotipos da doença (DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4), prevenindo 80% das hospitalizações por causa da doença, além de prevenir até 93% dos casos graves de dengue.

Além do Brasil, a vacina também é registrada no México e nas Filipinas, locais onde a dengue também é prevalente. A aprovação da vacina é resultado de 2 décadas de pesquisa em 15 países, resultando em 25 estudos clínicos sobre a eficácia e segurança desse medicamento, com mais de 40 mil voluntários. O Brasil participou da fase III do estudo clínico que teve término no ano de 2014. Os resultados de segurança e eficácia foram publicados no periódico científico de grande prestígio, New England Journal of Medicine, em julho de 2015, ressaltando os resultados duradouros da vacina.

O uso da vacina
A vacina está indicada para pessoas de 9 a 45 anos de idade. Segundo o laboratório, fora dessa faixa etária, a eficácia da vacina é baixa e, portanto, seu uso não é recomendado. A vacina também é contraindicada para gestantes e pessoas com baixa imunidade. Embora idosos, gestantes e crianças abaixo de 9 anos não sejam pacientes indicados para a vacinação, a proteção que eles terão será indireta. Como para transmitir a doença o mosquito precisa picar um paciente infectado com o vírus da dengue, uma vez que o número de indivíduos contaminados diminui, a transmissão também é reduzida.

Nos estudos clínicos, embora a vacina tenha reduzido 80% das hospitalizações causadas pela dengue, a proteção que ela fornece é de cerca de 65,6%, considerada não muito alta. A grande vantagem dessa vacina é que ela garante proteção contra todos os 4 sorotipos da doença, prevenindo o paciente que adquiriu a dengue tipo 1 de contrair a dengue tipo 4, por exemplo. Dessa forma, embora a proteção não seja tão alta, ela é capaz de prevenir casos graves da doença, como a dengue hemorrágica.

Ao todo, o paciente deve tomar 3 doses, com intervalo de 6 meses entre elas, o que faz com que a proteção total ocorra só após 1 ano. Entretanto, logo após a primeira dose, a eficácia da vacina já é observada e o paciente já tem uma certa proteção. A vacina é aprovada para quem já teve a doença e também para quem nunca teve dengue.

As autoridades em saúde ainda estão estudando a inserção da vacina no programa nacional de vacinação, uma vez que o seu custo é elevado: cerca de R$ 80,00 a dose.

É importante ressaltar que a vacina da dengue não garante proteção a outros vírus transmitidos pelo Aedes aegypti, como a febre chikungunya e o zika vírus. Atualmente, não há nenhuma vacina para essas duas doenças citadas.

05 de janeiro de 2016. Artigo escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fontes: Sanofi Pasteur, The Wall Street Journal.

Observação da redação: este artigo foi modificado em 07.01.2016

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