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Conheça os benefícios e usos do carvão ativado

O carvão ativado já é um velho conhecido no tratamento de intoxicações, seja de envenenamentos, overdose de drogas, medicamentos ou intoxicações alimentares. Seu efeito desintoxicante ocorre devido à capacidade de se ligar a substâncias, evitando sua absorção no organismo.

Nos últimos tempos, o carvão ativado tem ganhado popularidade, prometendo benefícios como a redução de colesterol, emagrecimento, eliminação de gases, clareamento dental e até cura de ressacas. No entanto, esses usos são realmente seguros? Existem evidências científicas que comprovam sua eficácia?

Nós do Criasaude mergulhamos a fundo nas pesquisas científicas para trazer as informações mais confiáveis a respeito do carvão ativado.

O que é o carvão ativado?

O carvão ativado, ou carvão vegetal ativado, não é o mesmo que o carvão usado em churrascos. Embora ambos possam ter como base madeira ou coco, o carvão de churrasco contém substâncias tóxicas e não passa pelo mesmo tratamento que o carvão ativado.

O carvão ativado é submetido a altas temperaturas e um tratamento com oxigênio, o que diminui seu tamanho, aumenta sua porosidade e área de superfície. O resultado é um pó preto altamente poroso e com carga negativa, que se liga a diversas substâncias, como toxinas e gases1.

Como o carvão ativado age em nosso organismo?

O carvão ativado não é absorvido pelo nosso organismo, ele age ligando-se a substâncias (toxinas, bactérias, etc) líquidas ou gasosas que estão em nosso trato gastrointestinal (estômago e intestino), eliminando-as através das fezes antes que elas sejam absorvidas por nosso organismo2.

Embora muitas toxinas tenham sua absorção diminuída na presença de carvão ativado, algumas substâncias, como álcool, metais (ferro e lítio), eletrólitos (magnésio, potássio, sódio) e ácidos ou bases, não se ligam bem a ele.
O que é positivo no caso de eletrólitos, pois o organismo precisa absorvê-los para funcionar adequadamente3.

Usos do carvão ativado

O carvão ativado tem potenciais benefícios para a saúde e o meio ambiente. No entanto, muitos estudos que embasam seu uso são antigos e requerem revisão, e alguns resultados são controversos, portanto, devemos tomar cuidado com indicações de internet.

O uso do carvão ativado para ingestão deve ser sempre acompanhado por especialistas (equipe médica ou profissionais de saúde qualificados).

Tratamento de intoxicação

O carvão ativado é usado desde os anos 1800 para tratar envenenamento e overdose, pois pode se ligar a uma variedade de drogas, reduzindo seus efeitos. Ele é mais efetivo quando utilizado imediatamente (até 1h) após a ingestão da substância tóxica, mas ainda é eficaz quando utilizado em até 4 horas. Apesar de ser a substância mais utilizada em casos de intoxicação, não é recomendada para todas as situações, como intoxicações por álcool ou metais pesados. O uso deve ser sempre supervisionado por profissionais de saúde4.

Além de diminuir a absorção de drogas, alguns estudos indicam que o carvão ativado pode ainda ajudar na eliminação de drogas e medicamentos já absorvidos ou administrados intravenosamente5.

Tratamento de diarreias

A diarreia pode ser causada por infecções, síndrome do intestino irritável, uso de medicamentos e outras condições. Na maioria das vezes, não requer tratamento, mas em casos mais graves, o carvão ativado pode ajudar a eliminar substâncias e toxinas causadoras, além de aliviar os desconfortos6.

Alívio de gases intestinais

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil), reconhece seu efeito na absorção de gases7, porém não há uma indicação específica para gases intestinais.

A opinião de especialistas diverge em relação a sua eficácia para esse fim. Na opinião do médico de emergência Dr. Seth Podolsky existem outros remédios que são mais seguros e melhor tolerados a longo prazo para tratar casos de gases e estufamento8. Já a nutricionista Lori Chong da Medicina Familiar e Medicina Integrativa da Ohio State University recomenda o uso do carvão ativado para diminuição de gases em casos específicos e sempre com o acompanhamento médico do tratamento9.

Os estudos científicos mais antigos dizem que o carvão ativado não tem efeito em diminuir os gases intestinais10. Já os estudos mais recentes, como o de 2020, apontam para sua eficácia na diminuição dos gases intestinais11.

Portanto, apesar de ainda serem necessários mais estudos, é possível dizer que o carvão ativado pode ser utilizado para diminuir gases intestinais, mas não são para todas as pessoas ou qualquer situação. Seu uso sempre deve ser feito sob acompanhamento de especialistas.

Pode reduzir o colesterol

Pesquisas sugerem que o carvão ativado pode reduzir os níveis de colesterol total e LDL ao se ligar ao colesterol no intestino, prevenindo sua absorção. No entanto, esses estudos são antigos e mais pesquisas são necessárias para validar esses resultados12.

Um dos estudos ainda aponta para um aumento da síntese de colesterol após o tratamento com carvão ativado, provavelmente causado pela interferência com a circulação enteral hepática dos ácidos biliares13.

As agências reguladoras de medicamentos do Brasil (ANVISA) e Estados Unidos (FDA), não possuem aprovação para o uso do carvão ativado para esse fim.

Outros possíveis usos do carvão ativado

Pode auxiliar na função renal, especialmente em pessoas com doença renal crônica. O carvão ativado pode promover a função renal ao reduzir o número de resíduos que os rins precisam filtrar, sendo benéfico para pessoas com doença renal crônica14.

Pode auxiliar na Síndrome do odor de peixe (trimetilaminúria). O carvão ativado pode ajudar a reduzir odores desagradáveis em pessoas com trimetilaminúria (TMAU), uma condição genética que causa acúmulo de trimetilamina (TMA), substância com cheiro de peixe podre, no corpo15.

Branqueamento dos dentes. Não há estudos que comprovem o efeito do carvão ativado para o branqueamento dos dentes16. Alguns estudos até apontam para sua ineficácia ou risco de desgaste do esmalte dental17.

Prevenção de ressaca. O carvão ativado é às vezes considerado um remédio para ressaca. No entanto, essa substância não absorve o álcool de forma eficaz, tornando esse benefício muito improvável18.

Emagrecimento. Não há estudos científicos que embasam o uso do carvão ativado para esse fim.

Curativo de feridas e tratamentos para pele. A aplicação do carvão ativado na pele é mencionada como um tratamento para acne, caspa e picadas de insetos ou cobras. No entanto, quase não há evidências que sustentem essas afirmações19. Mas existem indicações do seu possível uso combinado com prata coloidal em curativos de feridas,20.

Eliminar poluentes da água e ar. Em relação ao meio ambiente ele pode ser aplicado no controle da emissão de gases poluentes e no tratamento de águas ( residuais e para consumo), removendo substâncias tóxicas como inseticidas, herbicidas, metais pesados e fenóis21.

Segurança, riscos e efeitos adversos

O carvão ativado é geralmente seguro, mas pode causar reações adversas raras, como língua e fezes pretas, vômitos, diarreia e constipação. Ele também pode interagir com medicamentos, diminuindo sua eficácia, por isso é fundamental consultar um médico antes do uso22.

A Academia Americana de Toxicologia Clínica desaconselha seu uso em casos de sangramentos ou perfurações no trato gastrointestinal. Quando usado como antídoto, deve ser administrado apenas a pessoas conscientes, pois pode entrar nos pulmões se a pessoa estiver sonolenta ou vomitar.

Formas farmacêuticas

O carvão ativado está disponível em diversas formas, incluindo pó, comprimidos e cápsulas, além de adicionado em cosméticos e pasta de dente. Ele também pode ser encontrado em formas não farmacêuticas, como alimentos e filtros de água e ar.

Referências e fontes:
– European Scientific Journal
– ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil)
– Pubmed
– Jornal da USP

Redação:
Adriana Sumi (farmacêutica)

Data da última atualização do artigo:
30.10.2024 (primeira publicação)

Créditos fotográficos:
Criasaude.com.br, Adobe Stock, © 2024 Pixabay
Créditos dos infográficos: Pharmanetis Sàrl (Crisaude.com.br)

CBD e THC no tratamento da dor

O canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) são duas moléculas ativas presentes na cannabis. Elas têm atraído a curiosidade de pesquisadores por seus potenciais efeitos terapêuticos, especialmente como analgésicos. No entanto, esses dois componentes não parecem agir da mesma forma no organismo. O THC é reconhecido por seus efeitos psicoativos, responsáveis pela sensação de euforia provocada pela planta, enquanto o CBD está mais associado a efeitos terapêuticos sem causar o “high”, ou seja, uma intoxicação que pode alterar o estado mental. Mas como é a utilização do CBD e do THC como analgésicos, considerando que ainda existem incertezas e controvérsias?

O THC

O tetraidrocanabinol (THC) atua principalmente ligando-se aos receptores canabinoides no cérebro, especialmente os receptores CB1. Essa interação modifica a liberação de neurotransmissores e afeta várias funções cerebrais, como a percepção da dor, o humor e a memória. Devido a essas propriedades, o THC também é utilizado para aliviar a dor, estimular o apetite em pacientes com doenças como câncer ou HIV, e reduzir náuseas causadas por tratamentos de quimioterapia. O THC também pode ajudar a diminuir espasmos musculares em condições como a esclerose múltipla. No entanto, seu uso expõe o paciente a uma série de efeitos colaterais, incluindo problemas de memória, alterações na percepção e riscos de dependência. Por causa desses efeitos, o THC geralmente é usado sob supervisão médica em contextos específicos, e sua legalidade varia conforme as legislações locais.

Uma revisão sistemática avaliou a eficácia do THC no manejo da dor crônica e encontrou evidências substanciais apoiando seu uso. Um dos estudos que podemos citar nesse campo foi publicado no Journal of Pain and Symptom Management (DOI: 10.1016/j.jpain.2013.01.007)1, que demonstrou que o THC pode reduzir significativamente a dor neuropática. Os pesquisadores também observaram que os participantes tratados com THC apresentaram uma redução da dor em comparação com aqueles que receberam placebo. Os resultados mostraram que o THC tem efeitos analgésicos significativos e melhora a qualidade de vida dos pacientes, especialmente ao reduzir a dor e melhorar o sono.

CBD e THC no tratamento da dor

O CBD

O canabidiol (CBD) é um dos muitos compostos canabinoides presentes na cannabis (Cannabis sativa), também conhecida como maconha. Ao contrário do tetraidrocanabinol (THC), o CBD não afeta o estado mental ou a percepção. Ele atua principalmente no sistema endocanabinoide, uma rede complexa de receptores e neurotransmissores presentes no corpo humano, que regula várias funções fisiológicas, incluindo o humor e a resposta ao estresse.

O CBD é conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas e analgésicas. Ele é utilizado para aliviar várias condições, como ansiedade, dor crônica, epilepsia e alguns distúrbios neurológicos, como a esclerose múltipla. Também está sendo estudado por seus potenciais efeitos no tratamento da acne e de distúrbios do sono. O CBD age por meio dos receptores CB1, localizados principalmente no sistema nervoso central, e dos receptores CB2, presentes nos órgãos periféricos e nas células do sistema imunológico. Ao modificar a liberação de neurotransmissores e outras substâncias químicas, o CBD ajuda a acalmar o sistema nervoso central e a reduzir a inflamação e a ansiedade, fatores associados à dor.

Os efeitos colaterais do CBD são geralmente leves e podem incluir náuseas, fadiga ou alterações no apetite. Ao contrário do THC, o CBD não provoca euforia ou mudanças na percepção. Apesar de não possuir os efeitos psicoativos do THC, o CBD também foi estudado por suas propriedades analgésicas.

Um estudo descritivo sobre o uso de canabidiol (CBD) para aliviar a dor, publicado em 2023, mostrou uma redução da dor após o uso de CBD2.Entre os participantes que receberam tratamento para a dor, 53% relataram uma diminuição no uso de analgésicos após começarem a utilizar CBD. Além disso, nos cuidados paliativos, o cannabis e os canabinoides podem ser considerados como um tratamento adjuvante para dores relacionadas ao câncer quando opioides ou outros analgésicos estabelecidos são insuficientes, de acordo com o Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle3.Medicamentos à base de cannabis também podem ser considerados como uma terceira linha de tratamento para dores neuropáticas crônicas. De fato, alguns estudos, como o publicado na revista médica Current Pain and Headache Reports4, demonstraram evidências modestas de sua eficácia em dores neuropáticas, especialmente na neuropatia diabética, dor central e neuropatia associada ao HIV. Mais especificamente, existem evidências clínicas limitadas sobre o uso de cannabis medicinal e nabiximols, mas não de dronabinol ou nabilona, para dores neuropáticas crônicas.

Limitações e controvérsias

Embora os efeitos analgésicos do CBD e do THC sejam reconhecidos por alguns estudos, outras publicações ainda levantam dúvidas quanto ao uso farmacêutico desses compostos contra a dor. Um artigo publicado na Revue Médicale Suisse em junho de 20155 aponta uma eficácia limitada e um benefício clínico modesto em relação ao seu uso para dores crônicas. O artigo também destaca que o perfil de interações medicamentosas desses compostos ainda é pouco documentado, e que é necessário entender melhor os mecanismos subjacentes ao seu efeito analgésico. Assim, as evidências ainda são insuficientes para promover um medicamento específico à base de cannabis, já que não foram realizadas comparações diretas entre diferentes medicamentos à base de cannabis ou fitocanabinoides no tratamento da dor.

CBD e THC no tratamento da dor

Referências e fontes:
– Journal of Pain and Symptom Management (DOI :10.1016/j.jpain.2013.01.007 )
– Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle (DOI : 10.1002/jcsm.12273)
– Revista médica Current Pain and Headache Reports (DOI: 10.1007/s11916-018-0658-8)

Pessoas responsáveis e envolvidas na elaboração deste artigo:
Seheno Harinjato (Redatora do Criasaude.com.br, responsável pelos infográficos).

Data da última atualização do artigo:
07.11.2024 (primeira publicação)

Créditos fotográficos:
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Créditos dos infográficos: Pharmanetis Sàrl (Crisaude.com.br)

7 fatos sobre a dopamina

A dopamina é um neurotransmissor produzido pelo sistema nervoso. Ela influencia muitos aspectos do nosso comportamento e saúde, mas é essencialmente conhecida por seu papel como “centro de recompensa”. Ou seja, quando vivenciamos uma experiência agradável ou gratificante, o cérebro libera dopamina, criando assim uma sensação de prazer e satisfação, daí o seu outro nome que é “molécula do prazer”1.

Dada suas funções, a falta de dopamina pode tornar certos estímulos sem resposta, levando à apatia, à diminuição da concentração ou à perda de motivação. Outras consequências, como fadiga e lapsos de memória, também podem aparecer. Alguns alimentos favorecem a liberação de dopamina. Esse é o caso dos alimentos ricos em tirosina, um precursor da dopamina, como as bananas e os abacates, que ajudam a aumentar os níveis de dopamina. Aqui estão 7 fatos para se conhecer sobre a dopamina e suas diversas funções ligadas à memória, ao movimento, à motivação, ao humor, à atenção e à cognição.

1. Ativação do circuito de recompensa

A dopamina é frequentemente associada ao sistema de recompensa do cérebro. Ela é liberada durante atividades prazerosas, proporcionando um influxo de prazer. A busca por esse prazer despertará posteriormente o desejo de continuar esse comportamento que provoca a liberação de dopamina. Seja comendo, bebendo ou praticando qualquer atividade, os centros cerebrais envolvidos no prazer e na recompensa são ativados assim que surgem estímulos agradáveis, tornando-os desejáveis.

7 fatos sobre a dopamina

2. Impacto na motivação

De acordo com um artigo da Cleveland Clinic2, a dopamina deixa você feliz e promove a motivação. Segundo um estudo publicado na revista Neuron3, os neurônios dopaminérgicos são bem conhecidos por suas fortes respostas às recompensas e por seu papel essencial na motivação positiva. Na verdade, a dopamina atua antes mesmo de obtermos recompensas. Nos leva a agir, seja para obter algo bom ou para evitar algo ruim. Um artigo publicado online pela Vanderbilt University4mostra que as pessoas dispostas a trabalhar duro tinham níveis mais elevados de dopamina no corpo estriado e no córtex pré-frontal, duas áreas do cérebro conhecidas por terem impacto na motivação e na recompensa.

3. Influência no movimento

A dopamina também desempenha um papel essencial no controle do movimento. A doença de Parkinson, por exemplo, é caracterizada pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos, levando a problemas motores.

4. Regulação do humor

As flutuações da dopamina também podem estar relacionadas a mudanças no humor. Muitos argumentos neuroquímicos e farmacológicos demonstram que a dopamina e outras monoaminas, como a serotonina, desempenham funções importantes na regulação do humor e das emoções, estando envolvidas em doenças psiquiátricas como a esquizofrenia e a depressão. Estudos realizados em animais e em seres humanos também mostraram a implicação do sistema dopaminérgico no circuito de recompensa e as disfunções desses dois sistemas em várias patologias psiquiátricas graves, incluindo a esquizofrenia, dependências de drogas e transtornos do humor5.

Além disso, a dopamina também influencia o sono. Níveis adequados de dopamina são necessários para regular os ciclos de sono. Desequilíbrios dopaminérgicos podem, portanto, perturbar o sono, enquanto a falta de sono pode agravar os distúrbios de humor.

5. Relação com transtornos psiquiátricos

Níveis anormais de dopamina estão associados a diversos transtornos mentais, como a esquizofrenia e a depressão. A hiperdopaminergia seria um fator chave na esquizofrenia. Um estudo publicado online em 2020 pela Cochrane Database of Systematic Reviews (DOI: 10.1002/14651858.CD008016) parte do contexto de que os sintomas e sinais da esquizofrenia estão relacionados a níveis elevados de dopamina em áreas específicas do cérebro (sistema límbico). Por isso, os medicamentos antipsicóticos ajudam a bloquear a transmissão de dopamina no cérebro, reduzindo assim os sintomas agudos desse transtorno.

6. Interação com as funções cognitivas

A dopamina também está envolvida em funções cognitivas como atenção e memória. Ela desempenha um papel na tomada de decisões. Níveis desequilibrados de dopamina podem levar a problemas de motivação, como a apatia observada em síndromes depressivas, por exemplo. Além disso, a dopamina parece estar envolvida na eficiência da memória de trabalho, uma função que permite manter e mobilizar uma pequena quantidade de informações na memória pelo tempo necessário para processá-las. Essencial no dia a dia desde a infância, essa memória permite, por exemplo, reter uma instrução até que seja aplicada ou, para os mais velhos, lembrar um número de telefone até anotá-lo.

7. Implicação na dependência

A dopamina está fortemente envolvida nos mecanismos de dependência. Um estudo publicado em 2007 na revista Archives of Neurology (DOI: 10.1001/archneur.64.11.1575) mostra que os efeitos reforçadores das drogas em seres humanos dependem não apenas do aumento da dopamina no estriado dorsal, que é uma pequena estrutura nervosa situada sob o córtex cerebral, mas também da velocidade desse aumento. Assim, quanto mais rápida for a elevação dos níveis de dopamina, mais intensos serão os efeitos reforçadores. Os resultados também demonstraram que níveis elevados de dopamina no estriado dorsal estão envolvidos na motivação para obter a droga quando uma pessoa dependente é exposta a estímulos associados à droga ou a estímulos condicionados. Por outro lado, o uso prolongado de drogas parece estar associado a uma diminuição da função dopaminérgica. Algumas drogas, como a cocaína e as anfetaminas, agem aumentando a liberação de dopamina ou inibindo sua recaptação.

7 fatos sobre a dopamina

Referências e fontes:
– Instituto do Cérebro e da Medula Espinhal (Institut du Cerveau et de la Moelle épinière)
– Cleveland Clinic
– Artigo publicado online pela Vanderbilt University
– Journal of Neuroscience
– Journal Neuron (DOI: 10.1016/j.neuron.2010.11.022)
– Estudo publicado online em 2020 pela Cochrane Database of Systematic Reviews (DOI: 10.1002/14651858.CD008016)
– Revista Archives of Neurology (DOI: 10.1001/archneur.64.11.1575)

Pessoas responsáveis e envolvidas na elaboração deste artigo:
Seheno Harinjato (Redatora do Criasaude.com.br, responsável pelos infográficos).

Data da última atualização do artigo:
07.11.2024 (primeira publicação)

Créditos fotográficos:
Criasaude.com.br, Adobe Stock, © 2024 PixabayCréditos dos infográficos:
Pharmanetis Sàrl (Crisaude.com.br)

7 coisas para saber sobre clareamento dental

O sorriso é um dos nossos principais cartões de visita, e dentes brancos costumam ser sinônimo de saúde e beleza. Ao longo do tempo, é comum que os dentes fiquem amarelados ou manchados devido à idade, hábitos alimentares e outros fatores. Para reverter isso, muitas pessoas recorrem ao clareamento dental, um procedimento que se tornou bastante popular. Mas será que é seguro e eficaz?

Entrevistamos o dentista Dr. José Francisco Lopes Caccere (CRO 16214), clínico geral pela Faculdade de odontologia de Bauru – USP, para esclarecer as controvérsias em torno do clareamento dental e fornecer dicas importantes para aumentar sua eficácia.

7 coisas para saber sobre clareamento dental

Por que os dentes escurecem?

Nossos dentes são compostos por três camadas principais: esmalte, dentina e polpa. O esmalte é a camada externa, translúcida, enquanto a dentina, que fica logo abaixo, é amarelada. Com o tempo, o desgaste do esmalte expõe mais da dentina, deixando os dentes com um aspecto mais escuro. Além disso, o consumo de alimentos e bebidas com pigmentos fortes, como café, vinho, sucos com corantes, molhos em excesso e refrigerantes, pode manchar os dentes. Além do tabaco (cigarro), que também contribui para o amarelamento dos dentes.

Fatores genéticos, condições de saúde, uso de certos medicamentos e traumas nos dentes também podem causar mudanças na cor.

1. A busca por dentes “hiper brancos”

Atualmente, há uma tendência crescente de dentes extremamente brancos, muitas vezes vistos em celebridades e jogadores de futebol, que impulsiona a procura por tratamentos mais intensos de branqueamento dental, afirma o Dr. Caccere. Esse “branco de cinema” vai além do tom natural dos dentes, e é importante ponderar sobre a segurança e necessidade desse tipo de clareamento.

2. Como funciona o clareamento dental?

Existem dois tipos principais de clareamento: o caseiro supervisionado e o feito em consultório. Ambos utilizam substâncias como peróxido de carbamida ou peróxido de hidrogênio, que clareiam os dentes ao liberar oxigênio, quebrando as moléculas que causam manchas.

No clareamento caseiro supervisionado, o dentista confecciona uma moldeira personalizada e fornece um gel clareador de baixa concentração para ser usado em casa. O tratamento dura entre duas semanas e um mês e meio, com o uso diário da moldeira por uma ou duas horas. Este método é mais gradual, mas pode ser mais confortável para pessoas com sensibilidade dental, permitindo ajustes como a redução do tempo de exposição ao gel.

O clareamento em consultório, envolve a aplicação de um gel clareador de maior concentração pelo dentista. Cada sessão dura cerca de 40 a 50 minutos, e o resultado costuma ser mais rápido e intenso do que no clareamento caseiro. Esse método é preferível para casos de retração gengival, segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo1.

3. E os produtos de farmácia?

Há várias opções disponíveis nas farmácias, como fitas de clareamento, cremes dentais e enxágues. Esses produtos também contêm agentes clareadores, mas em concentrações mais baixas do que as usadas em uma cirurgia odontológica ou no clareamento caseiro supervisionado. A maioria usa peróxido, embora alguns produtos novos usem os chamados produtos naturais ou orgânicos (PAP ou ácido ftalimidoperoxicapróico, bem como hidroxiapatita). O PAP funciona visando às estruturas moleculares que causam a descoloração e quebrando-as sem danificar o esmalte. Em geral, não é possível ver resultados em curto prazo com os derivados de peróxido, mas em longo prazo pode haver algum efeito. No entanto, precisa ter cuidado com os produtos mais abrasivos, que desgastam o esmalte do dente se usados em excesso, explica o Dr. Caccere.

4. É seguro fazer clareamento dental?

Em geral, o clareamento dental é seguro quando realizado sob supervisão de um dentista. No entanto, efeitos colaterais como sensibilidade dental e irritação nas gengivas são comuns. Além disso, o clareamento não é recomendado para certos grupos, como mulheres grávidas ou lactantes, menores de 10 anos ou pessoas com alergia ao peróxido de hidrogênio.

5. Quem tem sensibilidade nos dentes, pode fazer clareamento?

É possível fazer o clareamento dos dentes mesmo quando a pessoa já tem sensibilidade. No entanto, é importante adotar algumas estratégias para minimizar a sensibilidade, especialmente no clareamento caseiro. Isso inclui reduzir o tempo de uso da moldeira, diminuir a concentração do gel ou usar um gel dessensibilizante, mas tudo isso seu dentista poderá recomendar conformo for necessário. Além disso, evitar alimentos ácidos, como abacaxi, limão e refrigerantes, pode ajudar a controlar a sensibilidade durante o tratamento. Converse com seu dentista para investigar as possibilidades.

6. Cuidados antes e depois do clareamento

Antes de iniciar qualquer procedimento clareador, é fundamental que o paciente esteja com a saúde bucal em dia. Isso significa realizar uma limpeza profissional, tratar cáries e qualquer doença gengival. O procedimento não é recomendado para dentes com cáries ativas ou gengivites.

Após o tratamento, manter uma boa higiene bucal é essencial para garantir que os dentes fiquem brancos por mais tempo. Isso envolve escovar os dentes duas vezes ao dia, usar fio dental e evitar alimentos e bebidas que mancham, como café, vinho e cigarros, que aceleram o processo de escurecimento.

7. Alternativas caseiras funcionam?

Métodos alternativos, como o uso de carvão ativado, vinagre de maçã ou óleo de coco, são populares online, mas os dentistas são claros: não há comprovação científica de que esses métodos sejam eficazes. Produtos como o carvão ativado e bicarbonato podem até remover manchas superficiais, mas são abrasivos e podem desgastar o esmalte dos dentes com o tempo, levando a maior sensibilidade e danos permanentes.

Um estudo publicado em 2022, sugere que produtos naturais como cúrcuma e casca de banana podem, na verdade, causar amarelamento com o uso prolongado, e o carvão ativado pode aumentar a rugosidade nos dentes, resultando em manchas ainda mais intensas2.

Considerações finais

O clareamento dental é uma opção eficaz para quem deseja um sorriso mais branco, mas é importante lembrar que ele não substitui uma boa higiene bucal e visitas regulares ao dentista para procedimentos de prevenção (limpeza de tártaro e polimento). Se você está pensando em clarear os dentes, é essencial consultar um profissional para escolher o método mais adequado e minimizar os possíveis efeitos colaterais. Com cuidados contínuos e as orientações corretas, é possível manter um sorriso bonito e saudável por muito tempo.

Fontes e referências
Artigo em inglês da Cleveland Clinic: Are Teeth Whiteners Safe and Worth Trying?, de 15 de julho de 2024.
Artigo em inglês da Cleveland Clinic: Brighten Your Smile: How To Get Whiter Teeth, de 11 de julho de 2024.

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

Data da primeira publicação:
24.09.2024

7 classes de alimentos ricos em ferro

O ferro é um dos oligoelementos mais essenciais para o corpo. Uma queda nos níveis de ferro pode reduzir a capacidade física e intelectual. Sua principal função é transportar oxigênio dos pulmões para os diversos órgãos. Ele desempenha um papel fundamental na formação de glóbulos vermelhos. O ferro está presente apenas em pequenas quantidades no corpo, por isso é essencial incluir alimentos ricos em ferro na alimentação. A falta de ferro pode causar anemia, principalmente anemia por deficiência de ferro (ferropriva, em inglês: iron deficiency anemia). Os sintomas de deficiência significativa de ferro podem ser fadiga extrema e tontura. O ferro também ajuda a proteger nosso corpo contra infecções. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a anemia ferropriva a deficiência nutricional mais comum no mundo, estimando que afete 30% da população mundial1.

Dose diária recomendada

As mulheres com menos de 50 anos devem consumir mais ferro do que homens da mesma faixa etária, 18 mg por dia para mulheres de 19 a 50 anos. A partir dos 51 anos, uma mulher pode consumir 8 mg por dia2. A dose diária recomendada de ferro para os homens é de 8 mg.

Duas formas: fontes animais e vegetais

O ferro é absorvido pelo trato digestivo. Ele está disponível em duas formas: ferro heme (em inglês: heme iron), que é encontrado principalmente em carnes, peixes e frutos do mar3 e ferro não-heme (em inglês: non-heme iron) como em plantas e laticínios. O ferro heme, de origem animal, é melhor absorvido pelo organismo do que o ferro não heme (plantas). No corpo, o ferro é transportado e armazenado pela proteína ferritina. Consumir ferro suficiente através dos alimentos permite naturalmente que o fígado produza mais ferritina.

Se você é vegetariano, vá direto ao ponto 4. Também é importante você saber que a vitamina C ajuda na absorção do ferro não heme (de origem vegetal), por isso no final do artigo apresentamos alimentos ricos nesta vitamina. Descubra 7 classes de alimentos para escolher uma ingestão equilibrada de ferro.

Ferro heme (em inglês: heme iron, um tipo de ferro facilmente absorvido pelo sistema gastrointestinal)

1. Miúdos

Os alimentos mais ricos em ferro são os miúdos, especificamente o sangue de porco (morcela). Uma porção de 100 g de morcela contém até 22,8 mg de ferro, o que cobre as necessidades diárias de ferro de um adulto. Para prevenir a deficiência de ferro, recomenda-se consumir morcela cerca de uma vez a cada quinze dias. Para aqueles que não gostam de morcela, há também os rins de cordeiro, que contêm cerca de 12 mg para cada 100 g. O fígado de vitela também está entre os miúdos mais ricos em ferro. Uma fatia de 100 g de fígado de vitela contém cerca de 7,9 mg de ferro.

2. Carne vermelha

Embora os miúdos e o espinafre (veja o ponto 4) sejam as principais fontes de proteínas, a carne vermelha também é uma boa fonte de ferro. Uma porção de 100 g de carne bovina fornece ao corpo cerca de 4 mg de ferro. A carne de cavalo contém 5 mg, na mesma quantidade. Se você gosta de caça, o veado contém cerca de 3 mg por 100 g. O cordeiro também é rico em ferro.

Atenção, porém, ao consumo de ferro proveniente da carne vermelha. Um estudo realizado em 2017 pela Duke-NUS Medical School em Singapura mostrou que consumir carne vermelha e aves aumentava o risco de diabetes tipo 2. O ferro, na forma de heme, encontrado em grandes quantidades na carne e nas aves, explicaria em parte esse aumento no risco de desenvolver diabetes. Este estudo foi publicado em 22 de agosto de 2017 no American Journal of Epidemiology.

3. Mariscos e frutos do mar

Os mariscos estão entre os alimentos mais ricos em ferro. De acordo com a agência nacional de segurança alimentar, 100 g de mariscos contêm cerca de 15 mg de ferro. As amêijoas apresentam uma quantidade significativa de ferro; 100 g de amêijoas, cerca de 13 unidades de tamanho médio, contém 13 mg de ferro. Se você prefere mexilhões, saiba que 100 g de mexilhões contém 5,47 mg de ferro. As ostras, o atum, as vieiras e os camarões também são ricos em ferro. Esses frutos do mar e peixes, como a carne, contém ferro heme, enquanto plantas contêm ferro não-heme.

7 classes de alimentos ricos em ferro

Outros alimentos ricos em ferro heme incluem: frango, peru, ovos, sardinhas, cavalas.

Ferro não heme (ferro não heme, um ferro menos facilmente absorvido pelo sistema gastrointestinal)

4. Espinafre cozido

Depois das miudezas, o alimento que mais fornece ferro ao organismo é o espinafre. Ao contrário de outros vegetais que devem ser consumidos crus para não perderem as suas propriedades nutricionais, recomenda-se comer espinafre cozido. É quando são cozidos que ficam mais ricos em ferro. 100g de espinafre cozido contém cerca de 15,7g de ferro. Para aumentar a absorção de ferro de vegetais como espinafre, coma alimentos ricos em vitamina C, como tomate, ao mesmo tempo.

5. Cacau

O cacau é outro alimento rico em ferro. Em 100 g de cacau em pó, sem adição de açúcar, há 10,9 mg de ferro. Se você gosta de chocolate, escolha aqueles que são ricos em cacau, são os mais ricos em ferro. Uma barra de 100 g de chocolate amargo 70% contém 10,7 mg de ferro.

6. Legumes secos (por exemplo, feijão, lentilha) e frutas secas

Os vegetais secos são ricos em ferro. Depois de cozidas, as lentilhas secas contêm 8mg/100g, em comparação com 7mg por 100g do feijão branco. O feijão amarelo cru também contém 7mg por 100g.

O ferro das plantas é sempre preferido. O tofu também contém quantidades significativas de ferro.

Certas frutas secas, como uvas ou damascos, também contêm uma quantidade significativa de ferro4. Os figos, as tâmaras e as ameixas (incluindo o suco) também são frutas com quantidade significativa de ferro.

7. Sementes de girassol e outras sementes

Algumas sementes, como as de girassol, também são ricas em ferro. De modo geral, 100 g dessa semente podem conter entre 4,3 e 6,4 mg de ferro. Outras sementes ricas em ferro são: sementes de abóbora (abóbora), sementes de gergelim ou sementes de linhaça.

Outros alimentos ricos em ferro não heme são: spirulina, tomilho seco, tempeh (soja fermentada), alimentos enriquecidos com ferro, como cereais, farinha de milho, aveia, brócolis, feijão verde, dente de leão, repolho verde, couve, batata, repolho e couve de Bruxelas, pasta de tomate, nozes, pistache, amêndoas, castanha de caju, pinhão, macadâmia.

Alimentos ricos em vitamina C

Uma forma complementar de aumentar a concentração de ferro no sangue é consumir alimentos ricos em vitamina C5, já que essa vitamina favorece a absorção de ferro. Alguns exemplos de alimentos ricos em vitamina C incluem:

– os pimentões;

–  os vegetais de folhas verdes, como brócolis;

– as frutas inteiras: kiwi, melão, laranja, morango, toranja, etc;

– os sucos, como suco de laranja ou limão.

7 classes de alimentos ricos em ferro

Artigo atualizado em 23 de setembro de 2024. Por Seheno Harinjato da redação do Crisaude.com.br. Controle científico: Xavier Gruffat (farmacêutico). Fontes (entre outras): Prevention (revista estadunidense de saúde), Mayo Clinic, Cleveland Clinic. Créditos fotográficos: Adobe Stock.

7 benefícios da cenoura para a saúde

A cenoura (Daucus carota L.) é amplamente conhecida por seus benefícios para a visão e o bronzeado, mas as vantagens desse vegetal vão muito além disso. Rica em carotenoides, polifenóis e vitaminas, a cenoura possui propriedades anticancerígenas, antioxidantes e de fortalecimento do sistema imunológico. Durante muito tempo, as cenouras selvagens (os ancestrais das cenouras atuais) foram mais valorizadas por suas propriedades medicinais, como a anemia, do que para uso culinário.

Cenoura (Pixabay)

Os carotenoides, compostos presentes em abundância na cenoura, são responsáveis por muitos de seus benefícios. Ingerir cenoura regularmente é uma maneira simples e eficaz de manter altos níveis desses nutrientes no corpo. Um estudo apresentado na conferência NUTRITION 2024 da American Society for Nutrition revelou que o consumo de 100g de cenoura três vezes por semana aumenta significativamente os níveis de carotenoides na pele. Este estudo demonstrou que comer cenouras in natura tem mais impacto nos níveis de carotenoides do que o uso de suplementos de carotenoide12. O Criasaude analisou pesquisas recentes para destacar os sete principais benefícios do consumo de cenoura:

7 benefícios da cenoura para a saúde

1. Benefícios para a visão

A cenoura é rica em vitamina A (caroteno), um antioxidante essencial para a saúde dos olhos. A vitamina A é crucial para a composição da retina e o bom funcionamento das membranas oculares e da córnea. Sua deficiência pode causar xeroftalmia, uma condição que compromete a visão e pode levar à cegueira noturna. Uma cenoura grande (1 xícara) fornece a dose diária recomendada de vitamina A. Além disso, a cenoura contém luteína e zeaxantina, antioxidantes que protegem a retina e o cristalino3.

2. Ajuda a equilibrar o açúcar no sangue

Uma revisão de estudos publicada em 2014 na Food and Nutrition Sciences indicou que níveis mais baixos de carotenoides estão associados a níveis mais altos de açúcar no sangue e insulina em jejum. Isso sugere que os carotenoides presentes na cenoura podem ajudar no controle do diabetes. As fibras solúveis da cenoura também desempenham um papel importante na redução do risco de diabetes tipo 24.

3. Redução do risco de câncer

Os antioxidantes presentes na cenoura estão relacionados à redução do risco de vários tipos de câncer, como o de pulmão, colorretal, próstata e leucemia. Um estudo publicado na Nutrients em 2020 mostrou que o consumo de 2 a 4 cenouras por semana está associado a uma diminuição de 17% no risco de câncer colorretal5.

4. Ajuda no controle de peso

A cenoura é um alimento de baixa caloria e rica em água (88% de seu peso), o que contribui para a sensação de saciedade. Isso a torna uma excelente opção de lanche para quem busca controlar o peso. Estudos sugerem que o consumo regular de cenouras está associado a uma redução do índice de massa corporal (IMC) e à diminuição da obesidade, quando comparado a outros vegetais6.

5. Regulação da pressão arterial

O potássio presente nas cenouras ajuda a controlar a pressão arterial, equilibrando os níveis de sódio no organismo7. Estudos também indicam que o consumo regular de cenouras pode ter efeitos benéficos no controle da pressão arterial8.

6. Redução do risco de doenças cardiovasculares

Compostos fenólicos presentes nas cenouras podem contribuir para a redução do risco de doenças cardiovasculares. Esses compostos ajudam a controlar os níveis de açúcar no sangue e colesterol, diminuindo as chances de problemas cardíacos9.

7. Fortalecimento do sistema imunológico

As vitaminas C e A encontradas na cenoura são essenciais para o fortalecimento do sistema imunológico, ajudando a proteger o corpo contra infecções10.

Última atualização:
06.09.2024

Redação:
Adriana Sumi (farmacêutica)

Estévia, posso utilizar sem preocupações?

A busca por alternativas saudáveis ao açúcar levou ao aumento da popularidade da estévia, um adoçante natural derivado da planta Stevia rebaudiana. Mas alguns alertas foram disparados a partir de 2023 em relação a sua segurança e uso a longo prazo. Afinal, é seguro usar adoçantes à base de estévia?

De forma geral, o uso da estévia é seguro e é recomendado na substituição do açúcar para quem não consegue diminuir o consumo do açúcar. O Criasaude consultou as pesquisas científicas mais recentes e entrevistou a nutricionista clínica Milena Fernandes (CRN-370152-P), que é pós-graduada em Fitoterapia e Mestranda em Ciências da Saúde pela UNIFESP, para exploramos os benefícios, segurança e contraindicações do uso da estévia, além de discutir as preocupações levantadas por organizações de saúde sobre os adoçantes não calóricos.

O que é a estévia?

A estévia, também conhecida como estévia, é uma planta originária da América do Sul cujas folhas são utilizadas pela indústria alimentícia para fabricar um adoçante natural zero caloria. Esse adoçante é obtido através da extração e purificação de glicosídeos de esteviol, que possui um poder adoçante cerca de 300 a 500 vezes maior que o açúcar, dependendo da sua pureza.

Antes de ser utilizada pela indústria, as folhas da estévia eram consumidas há centenas de anos por povos originários da América do Sul, tanto como adoçante quanto para fins medicinais.

Estévia, posso utilizar sem preocupações?

Benefícios do uso da estévia

A estévia têm sido amplamente estudada em sua forma de adoçante (glicosídeos de esteviol isoldados), embora ainda sejam necessários estudos maiores em seres humanos, esses estudos apontam os seguintes benefícios à saúde:

Perda de peso. Quando utilizada a curto prazo na substituição do açúcar, a estévia pode contribuir para a perda de peso, segundo especialistas da Harvard Chan School.

Aceitação pelo cérebro. Um estudo com camundongos mostrou que dentre os adoçantes à base de plantas, a estévia é o adoçante mais aceitável pelo cérebro.1.

Antidiabético, não só pelo consumo menor de açúcar, mas traria aumento da insulina; anti-hipertensivo, anti-inflamatório, antioxidante, anticâncer e antidiarreico, segundo revisão científica publicada em janeiro de 2023 na revista Molecules.2.

Atenção, é recomendável que o uso da estévia seja feito sob orientação de profissionais de saúde habilitados, como médicos e nutricionistas.

Mas é seguro utilizar a estévia?

De modo geral, o consumo da estévia é seguro quando respeitada a dose diária aceitável (DDA) de 4 mg por kg de peso corporal por dia. Esta dose é aprovada por agências reguladoras de saúde, como a OMS, EFSA, FDA e ANVISA.

No entanto, preocupações surgiram após a publicação de recomendações da OMS em 2023, onde recomendavam que adoçantes não calóricos, como estévia, não deveriam ser utilizados, pois não apresentam benefícios a longo prazo na redução da gordura corporal e podem ter efeitos não desejáveis que ainda precisam ser melhor investigados. Especialistas da Harvard Chan School, concordam com a recomendação da diminuição do uso de adoçantes, no entanto criticaram a exclusão de grandes estudos de coorte que mostram efeitos positivos dos adoçantes na perda de peso e saúde cardiovascular, na avaliação da OMS3.

“Qualquer substância ‘sem calorias’ auxilia na redução calórica em comparação ao açúcar”, no entanto o que é mais recomendado na nutrição hoje em dia é manter uma alimentação saudável, dando preferência aos alimentos in natura ou minimamente processados e livre de aditivos químicos, explica a nutricionista Milena Fernandes.

Riscos e efeitos adversos

Quando consumida dentro da DDA, a estévia não apresenta riscos significativos à saúde. No entanto, doses elevadas podem causar desconfortos gastrointestinais, como inchaço, náuseas e diarreia.

Reações alérgicas são raras, mas possíveis.

Uma revisão de 2022 sobre a estévia e a saúde intestinal apresentou resultados variados, com alguns estudos sugerindo que a estévia pode apoiar um microbioma intestinal saudável, enquanto outros indicam que pode causar desequilíbrios4.Um estudo de 2024 concluiu que a estévia provavelmente não prejudica a saúde intestinal em um período de 12 semanas, mas ainda pode causar efeitos colaterais como náusea e inchaço5.

Contraindicações

Estévia, posso utilizar sem preocupações?

Apesar da segurança geral da estévia, alguns grupos devem evitar seu uso ou consumi-la apenas sob orientação médica, alerta a nutricionista Fernandes:

– Pessoas com reações alérgicas a plantas da mesma família (Asteraceae), que inclui ambrósia, crisântemo, calêndula e margarida.

– Indivíduos com pressão arterial baixa ou que tomam medicamentos para controlar a pressão arterial. Que devem utilizar a estévia com cautela por poder causar uma queda adicional na pressão.

Pessoas diabéticas que fazem uso de medicação. Nesses casos é preciso monitorar os níveis de açúcar no sangue cuidadosamente, pois a combinação pode causar hipoglicemia (baixos níveis de açúcar no sangue).

O uso moderado durante a gestação pode ser recomendado, mas sempre com acompanhamento de profissional de saúde habilitado. Apesar das pesquisas em humanos serem limitadas, evidências de estudos e dados populacionais sugerem que a estévia é provavelmente segura para consumo durante a gravidez quando utilizada DDA, complementa Milena.

In natura stevia Adoçantes comerciais

Existem diferenças significativas entre utilizar a planta de stevia in natura ou na forma dos adoçantes comerciais que contêm glicosídeos de esteviol isolados. Essas diferenças estão relacionadas à composição, sabor, potência adoçante e potencial impacto na saúde, explica a nutricionista Milena Fernandes:

 Planta in NaturaAdoçantes Comerciais de Glicosídeos de Esteviol  
ComposiçãoContém uma variedade de compostos além dos glicosídeos de esteviol, incluindofibras, vitaminas, minerais e outros fitoquímicos.Contêm altos níveis de um ou dois glicosídeos de esteviol (como rebaudiosídeo A ou esteviosídeo) purificados.  
SaborPode ter um sabor amargo e inconsistente devido à presença de diversos compostos.Melhorado e mais suave, com menos amargor. Alguns produtos comerciais combinam glicosídeos de esteviol com outros adoçantes para melhorar o sabor e a textura.  
Potência adoçanteMenos potente.

É necessário usar uma quantidade maior para obter o mesmo nível de doçura de adoçantes purificados
Muito mais potente.

300 a 500 vezes mais doce que o açúcar, dependendo da formulação. Necessitando de menores quantidades, em relação a planta in natura ou açúcar, para adoçar.
Impactos na saúde  A presença de outros compostos na planta pode ter efeitos benéficos adicionais, mas também pode introduzir incertezas nos efeitos sobre a saúde. Consumir a planta in natura pode ser menos eficiente e menos prático para controle de dosagem em  comparação com os extratos purificados.Os glicosídeos de esteviol isolados foram extensivamente estudados e são considerados seguros para consumo pela FDA, EFSA e OMS, com uma dose diária aceitável bem definida. A pureza e a potência permitem um controle preciso da ingestão, importante para pessoas com diabetes ou outras condições de saúde.

Conclusão
Embora a estévia seja uma excelente alternativa ao açúcar, seu uso deve ser moderado e acompanhado por profissionais de saúde, especialmente em casos de condições médicas específicas.

Fontes & Referências

– Entrevista realizada pelo Criasaude em julho de 2024 com a nutricionista clínica Milena Fernandes (CRN-370152-P), que é pós graduada em Fitoterapia e Mestranda em Ciências da Saúde pela UNIFESP.

– Guia publicado pela OMS em junho de de 2023: Use of non-sugar sweeteners WHO guideline, acessado pelo Criasaude em julho de 2024, link funcionando nesta data.

– Artigo da Cleveland Clinic, publicado em 28 de junho de 2024: Stevia Is Sweet — But Is It Good for You?, acessado pelo Criasaude em julho de 2024, link funcionando nesta data.

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

Perda de peso: 6 dicas para aumentar o metabolismo

O metabolismo é o conjunto de processos que o corpo utiliza para transformar alimentos e queimar calorias. Na verdade, para poder funcionar, o corpo deve capturar, converter e queimar energia. Cada indivíduo é diferente e a eficiência com que o corpo utiliza e armazena energia não é a mesma. Porém, é possível estimular o metabolismo seguindo estas 6 dicas para manter um peso saudável ou promover a perda de peso.

1. Alimentação saudável

Ter uma alimentação saudável está presente em quase todas as dicas e conselhos para se manter saudável. Mesmo não sendo fácil encontrar o equilíbrio, preste atenção para comer as porções adequadas diariamente enquanto tenta seguir uma alimentação balanceada. Uma refeição composta por proteínas magras, vegetais e frutas mantém você se sentindo saciado por mais tempo, preservando sua massa corporal magra. A dieta mediterrânea, baseada em plantas, gorduras saudáveis ​​e grãos, também é frequentemente recomendada para reduzir a ingestão de calorias e manter uma alimentação mais saudável.

2. Respeite os horários das refeições

Um estudo publicado em 2013 no International Journal of Obesity (DOI: 10.1038/ijo.2012.229), realizado em animais, mostra uma relação entre o momento da alimentação e a regulação do peso. De acordo com os resultados, comer tarde pode influenciar o sucesso da dieta para perda de peso. Por isso, é importante respeitar a ingestão calórica e a distribuição dos macronutrientes contidos na refeição, mas o horário da refeição também não deve ser negligenciado. O melhor é comer em horários bastante regulares e evitar comer tarde porque o corpo não reage da mesma forma mesmo que consumamos o mesmo número de calorias, mas em horários diferentes do dia. Essa regularidade também ajuda a evitar lanches e a regular o apetite, o que é favorável à perda de peso. Outro estudo publicado em 2022 no The Journal of Physiology (DOI: 10.1113/JP280756) apoia este conselho ao mostrar que o ritmo das refeições é um elemento chave e, portanto, é apropriado prestar atenção à cronologia dos nutrientes e à coordenação do tempo das refeições.

Perda de peso: 6 dicas para aumentar o metabolismo

3. Exercícios regulares

O exercício físico também é essencial para quem quer perder peso ou simplesmente manter-se saudável. É um excelente aliado para aumentar o metabolismo porque exercícios, como os aeróbicos, ajudam a queimar calorias e ao mesmo tempo que melhora a saúde do coração. O ideal é integrar o exercício físico ao dia a dia, mas não o considerar um remédio ou uma solução milagrosa de último recurso. Você pode variar suas atividades caminhando, correndo, andando de bicicleta, pulando ou até nadando. Exercícios de força como flexões, agachamentos e avanços, também ajudam a manter e desenvolver a massa muscular, além de queimar calorias. Observe que quanto mais músculos você tiver, mais calorias poderá queimar, mesmo em repouso.

4. Durma e descanse

Além do estresse, o sono insuficiente ou a fadiga excessiva também aumentam os níveis de cortisol1. O corpo é assim forçado a poupar a energia que lhe resta, o que irá perturbar o metabolismo. Além disso, a falta de sono pode prejudicar a capacidade do cérebro de tomar boas decisões, o que pode abrir a porta ao descuido. Se certos dias você não tem ânimo de prestar atenção na alimentação, a solução é não se privar. Dê a si mesmo a oportunidade de se mimar um pouco e depois ajustar lentamente sua alimentação. Você também pode fazer mais exercícios físicos para ajudar o corpo a digerir melhor os alimentos. Tenha cuidado, podem existir mitos em torno de certos alimentos que ajudam a estimular o metabolismo, como chá verde, especiarias ou café. No entanto, não existe solução mágica, embora estes alimentos possam ajudar a controlar o peso e a saúde de outras formas, como reduzir a ingestão de açúcar, por exemplo, conte principalmente com uma refeição equilibrada, bem como com estes conselhos e apoio de nutricionista para te ajudar a atingir seu objetivo e metas com eficácia.

5. Posição em pé

Além da prática de exercícios físicos, é aconselhável ficar em pé sempre que possível, mesmo durante o trabalho, pois sentar pode aumentar o risco de obesidade, doenças cardíacas e diabetes, estudo publicado em 2015 na revista Annals of Internal Medicine (DOI: 10.7326/M14-165). Se você normalmente trabalha sentado em uma mesa, tente levantar-se e caminhar por curtos períodos para interromper o tempo que passa sentado. Você também pode tentar fazer caminhadas durante o dia ou investir em uma mesa vertical. Em um estudo publicado em 2020 no Journals of Gerontology – Series A Biological Sciences and Medical Sciences (DOI : 10.1093/gerona/gly252), os pesquisadores descobriram que levantar-se regularmente ajuda a reduzir a insulina e o açúcar no sangue.

6. Menos estresse

O estresse pode influenciar o peso. Um artigo publicado online na Science Direct2 sugere que situações estressantes afetam o peso. Na verdade, os níveis de cortisol, um hormônio do estresse, mudam. Uma produção excessiva de cortisol com maior reatividade é confirmada durante a obesidade. Além disso, esse estado costuma fazer com que comamos ou bebamos para relaxar, o que não ajuda no controle do peso. Se possível, aprenda algumas técnicas antiestresse, como meditação, respiração, ioga ou faça atividades como caminhar ou praticar seus hobbies favoritos para aliviar o estresse.

Perda de peso: 6 dicas para aumentar o metabolismo

Referências & Fontes :
– International Journal of Obesity(DOI : 10.1038/ijo.2012.229)
– The Journal of Physiology (DOI : 10.1113/JP280756)
– Revista Annals of Internal Medicine (DOI : 10.7326/M14-165)
– Journals of Gerontology – Series A Biological Sciences and Medical Sciences (DOI : 10.1093/gerona/gly252)
– Science Direct (DOI : 10.1016/j.nupar.2006.04.005)
– Cleveland Clinic

Pessoas responsáveis ​​e envolvidas na redação deste artigo:
Seheno Harinjato (Editor da Creapharma.ch e Criasaude.com.br, responsável pelos infográficos).

Data da última atualização do artigo:
23.07.2024

Créditos fotográficos:
Criasaude.com.br, Adobe Stock, © 2024 Pixabay

Crédito infográficos:
Pharmanetis Sàrl (Criasaude.com.br)

8 principais informações sobre sinusite

Quantas pessoas você conhece, ou até mesmo você, que frequentemente tem uma dor de cabeça e nariz congestionado e fala “estou com sinusite”?

A sinusite é uma condição muito comum em todo o mundo que afeta a qualidade de vida e produtividade de milhares de pessoas, além de gerar gastos significativos em saúde. Porém nem toda dor de cabeça com congestionamento nasal é sinusite, é importante saber qual a real causa desses sintomas e tratar adequadamente para que não afete sua qualidade de vida e para que não haja uso desnecessário de antibióticos.

O Criasaude entrevistou o Dr. Marcel Menon Miyake (CRM 146358), que é médico otorrinolaringologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e compilou as 8 principais informações sobre sinusite que você precisa saber.

8 principais informações sobre sinusite

1 – O que é a sinusite?

A sinusite é a inflamação dos seios faciais (ou paranasais). Os seios da face são cavidades, presentes em nosso rosto ao redor dos olhos e do nariz preenchidas de ar e têm a função de filtrar, aquecer e umidificar o ar que chega aos pulmões; aumentar a ressonância vocal; diminuir o impacto de golpes na cabeça e rosto; diminuir o impacto da flutuação de temperatura de algumas partes sensíveis do crânio. Quando não ocorre a drenagem correta das secreções, ela fica parada nos seios da face e se torna um ambiente propício para a proliferação de vírus, bactérias, fungos e outros alérgenos que podem desencadear a inflamação e, em alguns casos, uma infecção.

O termo médico mais utilizado é rinossinusite, pois a rinite está associada à grande maioria dos casos1.

2- Quais são as causas da sinusite?

A sinusite pode ser causada por diferentes fatores, dentre eles:

– infecções virais (incluindo resfriados e gripes);
– infecções bacterianas (principalmente: Streptococcus pneumoniae e Moraxella catarrhalis);
– alergias;
– infecções fúngicas (mais raro, geralmente em pessoas com baixa imunidade).

Pessoas com desvio de septo, pólipo nasal, que apresentam outras doenças respiratórias crônicas, que sofrem de alergias respiratórias ou que fumam possuem maior risco de desenvolver sinusite2.

3- Quais são os sintomas da sinusite?

Os sintomas mais comuns da sinusite são dor facial e congestão nasal, mas outros sintomas também podem surgir. Veja a lista dos principais sintomas que podem surgir:

– dor e pressão facial nas maçãs do rosto, testa e ao redor do nariz e dos olhos (atrás deles também, cuidado para não confundir com dengue). Isto pode piorar quando você movimenta a cabeça de um lado para o outro ou para baixo.

– congestão nasal com ou sem secreção nasal (esbranquiçada, amarelada/esverdeada e/ou sanguinolenta);

– olfato e paladar diminuídos;

– tosse que piora quando a pessoa se deita (principalmente da sinusite crônica);

– gosto ruim na boca e mau hálito, principalmente ao acordar;

– dor de ouvido e de garganta;

– cansaço;

– tontura;

– febre.

4- Como diferenciar a sinusite de outras doenças como resfriados, gripes (influenza), COVID-19, alergias?

Os resfriados, gripes, COVID-19, alergias e sinusites podem apresentar sintomas parecidos ou até compartilhados, mas existem diferenças, muitas vezes sutis, que nos ajudam a diferenciar essas doenças e tratá-las devidamente. O resfriado comum e gripe dura de alguns dias a uma semana, apresentando sintomas como nariz entupido ou escorrendo, dor de garganta e tosse, geralmente tende a passar naturalmente. As alergias causam espirros, coceira no nariz e olhos, congestão e coriza, mas geralmente não provocam dor facial. O COVID-19 pode variar muito os sintomas, pode incluir a congestão nasal, febre, falta de ar, perda de paladar ou olfato, além de outros sintomas respiratórios.

A sinusite, aqui vamos falar mais da sinusite aguda bacteriana, apresenta uma dor de cabeça, dor na face muito mais intensa e persistente, uma secreção nasal espessa e o tempo de duração dos sintomas é maior do que das doenças virais, que geralmente passam em 10 a 14 dias, é o que explica o otorrinolaringologista Dr. Marcel Miyake. Fora isso também é possível fazer testes específicos para COVID, influenza, dengue e testes laboratoriais de PCR e VHS para verificar a existência da inflamação.

Atenção: o diagnóstico dessas doenças deve sempre ser feito pelo médico.

5- A sinusite é contagiosa?

A sinusite por si só não é contagiosa. Como vimos anteriormente ela é uma inflamação do tecido que reveste os sinos que pode ser causada por diversas causas dentre elas os vírus e as bactérias, que por sua vez pode sim contaminar outras pessoas. É importante evitar o contato com outras pessoas se você estiver se sentindo mal, com nariz congestionado, espirrando ou tossindo, além de manter o hábito de lavar bem as mãos pode evitar possíveis contágios.

6- A lavagem nasal com solução salina, pode ajudar em casos de sinusite?

Segundo o especialista Dr. Marcel Miyake “a lavagem nasal é o primeiro item na prescrição médica de todas as alterações nasais”, no caso específico da sinusite, a lavagem nasal tem a capacidade de remover o excesso de secreções dos sinos, além de remover os agentes de infecções e alergias.

Para cuidar de uma sinusite, o mais eficiente são as lavagens com alto volume e pouca pressão (ex. lota e garrafas). Os sprays nasais não são recomendados neste caso e no caso de utilizar a seringa ou garrafa, é importante não apertar com muita pressão para evitar infecções de ouvido, alerta o Dr. Marcel. Ele ainda destaca que apesar de muitos colegas recomendarem as preparações caseiras, para ele o soro fisiológico ou soro em pó para reconstituição adquiridos em farmácias ou posto de saúde são os mais adequados devido a sua pureza.

7- Existe cirurgia para sinusite?

Existem cirurgias que podem ser utilizadas no tratamento da sinusite, mas irá depender do tipo de sinusite e se a pessoa apresenta sintomas muito fortes mesmo com tratamento medicamentoso (ex. uso de corticoides tópicos e orais, antialérgicos e antibióticos orais). De modo geral, a cirurgia é minimamente invasiva e traz uma melhora significativa para a pessoa removendo a causa da obstrução nasal, facilitando a ventilação e drenagem dos seios faciais.

Os sintomas podem voltar depois de alguns anos da cirurgia, mas isso tem mais a ver com a doença em si e sua causa, como por exemplo a presença de alergia que gera espessamento da mucosa ou surgimento de novos pólipos, do que da eficácia da cirurgia em si, explica o Dr. Marcel.

8- Recomendações

Nunca tome antibióticos sem prescrição e acompanhamento médico.

– Caso tenha sintomas de dor de cabeça e congestionamento nasal por mais de 12 dias, procure um otorrinolaringologista para investigar a causa e tratar adequadamente.

– Faça lavagem nasal com solução salina com grande volume e pouca pressão.

– Caso já tenha experimentado os tratamentos medicamentosos convencionais e não tenha melhorado, converse com seu médico a respeito da possibilidade de cirurgia. Respirar bem pode mudar sua qualidade de vida.

8 principais informações sobre sinusite

Leia também nossos artigos sobre Sinusite e Como aliviar a congestão nasal e sinusite em casa

Referências & Fontes

– Entrevista realizada em julho de 2024 pelo Criasaude com o Dr. Marcel Menon Miyake (CRM 146358 | RQE 79532), que é médico otorrinolaringologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, foi pesquisador da Harvard Medical School (2015-2016).

– Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

– Cleveland Clinic.

Redação

Adriana Sumi (farmacêutica)

Cor e estrutura das fezes

As fezes são o que resta de todos os alimentos que ingerimos e que não foram absorvidos pelo organismo. Quando comemos, os alimentos são transformados em nutrientes, através do processo de digestão, antes de serem ingeridos pelo organismo. Parece estranho prestar atenção na cor e estrutura das fezes, mas são características importantes que nos informam sobre o nosso estado de saúde. Por exemplo, a bile produzida pelo fígado que dá cor marrom, verde ou amarela às fezes1. As fezes vermelhas ou pretas não estão associadas a uma coloração da bile. Descubra o significado das diferentes cores e texturas que as nossas fezes podem ter.

A cor das fezes

As fezes podem assumir cores diferentes dependendo dos alimentos ingeridos, dos medicamentos tomados ou do estado de saúde da pessoa.

Cor e estrutura das fezes

Cor normal
O cocô marrom (tons de marrom a bege, geralmente um marrom básico) é o que é considerado normal, a menos que você veja que há sangue. Esta clássica cor castanha é o resultado da mistura de vários ingredientes que circulam no trato digestivo, em particular a bílis que decompõe as gorduras que passam pelo sistema digestivo e a bilirrubina que é uma substância criada quando os glóbulos vermelhos chegam ao final do seu ciclo de vida, que deixam o corpo como resíduos, além dos restos digeridos de todos os alimentos consumidos.

Cores menos normais ou anormais
VERMELHO – A alimentação pode causar fezes vermelhas. Por exemplo, as fezes costumam ficar vermelhas depois de comer beterraba ou alimentos avermelhados, como repolho roxo. Uma coloração relacionada à alimentação deve desaparecer dentro de um ou dois dias depois que a fonte da cor for removida de seu corpo2. Essa cor também pode ser proveniente de sangramentos, muitas vezes benignos, mas caso isso ocorra é necessário ter atenção. Na verdade, cocô avermelhado pode indicar sangramento retal ou condições como hemorroidas, fissuras anais, doença inflamatória intestinal, úlceras ou até mesmo câncer colorretal.
VERDE – O cocô esverdeado pode ser devido a uma infecção bacteriana ou viral, parasita ou síndrome do intestino irritável. Eles também podem estar relacionados a novos medicamentos que você está tomando. As fezes dos bebês geralmente são verdes nos primeiros dias de vida. Por fim, essa coloração verde também pode vir dos alimentos.
SEM COR – As fezes incolores (cinza claro ou esbranquiçado) podem ser explicadas por uma obstrução das vias biliares, cuja função é liberar a substância destinada a colorir as fezes. O tratamento com antibióticos também pode causar esse tipo de fezes.
AMARELO – Quando há fezes amareladas que persistem e se tiverem odor forte, o melhor é procurar atendimento médico, isso pode indicar algum problema no pâncreas (ex: pancreatitecâncer), problemas no fígado ou na vesícula biliar. A síndrome de Gilbert (uma doença genética) também pode causar fezes amarelas ou marrons claras.
PRETO – O cocô preto ou escuro é, na maioria dos casos, o resultado da ingestão de ferro, de subsalicilato de bismuto ou de um sangramento, o que pode indicar a presença de sangue no sistema digestivo superior devido a úlceras.
Variação de cor
Embora seja normal que a cor das fezes mude de tempos em tempos, é importante procurar atendimento médico se a cor mudar com muita frequência ou uma cor anormal persistir, pois isso pode ser um sintoma de um problema maior. Observe que nem sempre a presença de sangue nas fezes é grave, às vezes esse sangue vem simplesmente de hemorroidas e não é sinal de câncer.

Cor e estrutura das fezes

A estrutura das fezes (líquidas, sólidas)

A estrutura ou textura das fezes é construída de acordo com vários parâmetros. Uma ingestão suficiente de fibra alimentar, por exemplo, facilita a movimentação do intestino, o que é benéfico para a saúde. Na verdade, a fibra atrai umidade e as fezes ficam mais moles, sinal de que está tudo bem com a digestão. As fezes de pessoas saudáveis são geralmente lisas e pouco pegajosas, com pouco odor. Segundo especialistas, deixam pouco ou nenhum vestígio no papel higiênico.

Líquidas
Quando a função intestinal está desequilibrada, o processo pode ocorrer muito rapidamente, deixando tempo insuficiente para absorver a umidade das fezes. Estes tornam-se assim muito fluidas e macias como durante a diarreia.
Também pode ser devido a gastroenterite ou infecção alimentar, portanto procure atendimento médico se persistir. Se as fezes forem muito líquidas, deve-se beber bastante líquido para evitar o risco de desidratação.

Solidas
Caso contrário, se o processo for muito lento no intestino, toda a umidade será extraída e as fezes ficarão duras, ou até secas, como nos casos de prisão de ventre. Nesse caso, as fezes costumam aparecer na forma de bolinhas ou salsichas, de difícil expulsão. Por isso é aconselhável ir ao banheiro assim que for necessário, pois segurar as fezes corre o risco de ressecá-las ainda mais. Quando estão muito duras, é aconselhável beber bastante líquidos, ingerir alimentos ricos em fibras e fazer exercícios para estimular a movimentação intestinal. Isso ajuda o processo e os torna mais flexíveis.

Escala de Bristol Stool Chart
Os especialistas usam uma escala chamada Bristol Stool Chart que classifica as fezes em sete tipos com base em sua forma e consistência3. Os tipos de fezes são:
– Tipo 1: nódulos duros e separados, como pequenas pedras – isto é uma prisão de ventre (constipação) grave.
– Tipo 2: duros e grumosos, começam a parecer uma salsicha – é prisão de ventre moderada.
– Tipo 3: formato de salsicha com rachaduras na superfície – são fezes normais.
– Tipo 4: mais finas e parecidas com cobras, mas lisas e macias – são fezes normais.
– Tipo 5: bolas macias com pontas afiadas – provavelmente há falta de absorção de fibras (ex. frutas e vegetais). A fibra pode ajudar a absorver líquidos e fezes firmes.
– Tipo 6: pedaços macios e pastosos com bordas irregulares – é diarreia avançada.
– Tipo 7: aquosa, sem pedaços sólidos – é uma diarreia muito avançada.

Frequência e odor

A frequência dos movimentos intestinais tem, de fato, uma influência significativa na saúde a longo prazo. E seu número ideal foi cientificamente determinado: uma ou duas vezes por dia, de acordo com um estudo publicado em 16 de julho de 2024 na revista Cell Reports Medicine (DOI: 10.1016/j.xcrm.2024.101646). Sean Gibbons, principal autor do estudo, e sua equipe da Universidade de Washington em Seattle, EUA, coletaram dados clínicos e de estilo de vida de 1.400 adultos saudáveis, incluindo amostras de sangue, informações genéticas e informações sobre seu microbioma intestinal. Os próprios participantes relataram a frequência média de seus movimentos intestinais e foram categorizados em quatro grupos: constipação ou prisão de ventre (uma ou duas vezes por semana); normal baixo (três a seis vezes por semana); normal alto (uma a três vezes por dia); e diarreia.
Quando as fezes permanecem no intestino por muito tempo, os micróbios utilizam a fibra disponível e começam a fermentar as proteínas, produzindo toxinas. “O que descobrimos é que, mesmo em pessoas saudáveis que sofrem de prisão de ventre, há um aumento dessas toxinas na corrente sanguínea”, disse Sean Gibbons. As pessoas que foram ao banheiro uma ou duas vezes por dia tinham mais bactérias intestinais benéficas, de acordo com o estudo. Conhecidas como bactérias anaeróbicas estritas, elas fermentam as fibras. Em termos demográficos, os jovens, as mulheres e as pessoas com um índice de massa corporal mais baixo tendiam a ter menos evacuações. Comer mais frutas e vegetais foi o sinal mais importante que os pesquisadores americanos encontraram. O mesmo ocorreu com a ingestão de bastante água e a prática regular de exercícios físicos.

No entanto, é normal ir ao banheiro 3 vezes por semana. Dependendo do seu corpo, esse ritmo pode ser diferente. Se os seus hábitos mudarem repentinamente e você for menos de 3 vezes por semana ou, ao contrário, for várias vezes ao dia, com fezes soltas ou líquidas, é preciso ficar atento, pois pode ser constipação ou diarreia.

Odor

As fezes têm odor, mas não devem ser muito fortes. Se suas fezes apresentarem um odor persistente, mais forte e desagradável do que o normal, preste atenção à sua estrutura. Uma textura fina e pegajosa requer orientação médica. Se a mudança desaparecer após alguns dias, é na alimentação e no estilo de vida que devemos estar atentos. O cocô cheira mal, isso é um fato. Mas fezes (muito) malcheirosas estão frequentemente associadas a bactérias indesejadas que se instalam no intestino e perturbam o seu processo digestivo normal. Este odor forte é frequentemente associado à diarreia4.

Artigo atualizado em 17 de Julho de 2024. Pela redação do Crisaude.com.br (com supervisão de Xavier Gruffat, farmacêutico).
Fontes (em parte): Mayo Clinic, livro: “100 wichtige Medikamente” – Infomed (2020).

Créditos fotográficos e infográficos: Adobe Stock, Pharmanetis Sàrl (Criasaude.com.br).
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