SYDNEY, AUSTRÁLIA – O paracetamol com seus nomes de marca (Tylenol, Parador, Dorico, etc) e genéricos é claramente um dos medicamentos mais conhecidos e utilizados em todo o mundo. Ele é usado com sucesso contra as dores de cabeça, febre e muitas doenças que causam dor, tais como a osteoartrite.
O paracetamol, quando usados em doses terapêuticas, tem a vantagem de produzir poucos efeitos colaterais. Outros analgésicos da família dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), tais comoibuprofeno ou aspirina, são muitas vezes irritantes para o estômago.
Muitos médicos seguem as recomendações médicas (guidelines) e, muitas vezes prescrevem o paracetamol para lombalgia aguda. A dor lombar é uma doença muito comum que afeta as vértebras lombares que estão na parte inferior da coluna vertebral.
Como nenhum estudo sério tinha mostrado até agora a eficácia do paracetamol contra a dor lombar aguda, pesquisadores australianos procuraram comparar o efeito do paracetamol frente ao placebo.
Método
Os cientistas realizaram um estudo comparando o paracetamol ao placebo em diferentes centros médicos (estudo multicêntrico) em Sydney. O estudo foi duplo-cego (nem os participantes nem os médicos sabiam se o paracetamol ou o placebo foram prescritos) de forma randomizada (participantes foram aleatoriamente sorteados para receber a droga ou o placebo), de novembro de 2009 a março de 2013. Cada pessoa recebeu 4 gramas de paracetamol por dia ou placebo. Os participantes sofriam de dor nas costas com sua origem principalmente devido à má postura ou falta de exercício.
Resultados
Os pesquisadores australianos não observaram diferenças entre o paracetamol ou o placebo. Aqueles que tomaram paracetamol levaram em média 17 dias para aliviar a dor e os que tomaram placebo, em média, 16 dias. Em outras palavras, o tempo de recuperação foi estatisticamente idêntico entre paracetamol e placebo.
Dr. Chris Williams, que liderou esta pesquisa, acredita que os mecanismos de dor nas costas são diferentes de outras doenças dolorosas e esta é uma área em que precisamos de mais estudos.
Exercícios físicos em vez de paracetamol
Além de medicação, os médicos aconselham o exercício físico regular, como alongamento, aplicação de calor ou frio (bolsas quentes ou frias), ou então certo terapias ditas físicas, como massagens terapêuticas para tratar a lombalgia.
Sabemos que a prática de exercícios funciona para tratar a dor nas costas. Em vez de ficar na cama, é aconselhável sair para uma caminhada ou fazer exercícios de musculação. Este estudo foi financiado pelo governo australiano e pela filial australiana da empresa farmacêutica de origem britânica GlaxoSmithKline (GSK).
05 de Agosto de 2014. Texto originalmente escrito por Xavier Gruffat (farmacêutico) e traduzido por Matheus Malta de Sá (farmacêutico). Fonte: The Lancet, CBSNews.com
BRASÍLIA, DF – Você sabia que a hepatite Atambém pode atingir crianças? Pois é verdade. A hepatite é causada por um vírus que atinge tanto adultos quanto crianças, sendo que os tipos A, B e C são os mais comuns, mas existem também os tipos D e E. O vírus do tipo A passa para as fezes e é transmitido de uma pessoa infectada a outra. A criança, por exemplo, pode ser infectada ao colocar a mão em algo contaminado, e depois, colocar na boca. Condições precárias de higiene, assim como alimentos mal lavados, facilitam a transmissão.
O Ministério da Saúde passou a oferecer a vacina contra a hepatite A para crianças. A meta é imunizar 95% do público-alvo, cerca de três milhões de crianças – na faixa etária de um até dois anos incompletos – no período de 12 meses. Com isso, o Brasil passa a oferecer, gratuitamente, 14 vacinas de rotina, garantindo todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O objetivo é prevenir e controlar a hepatite A e, dessa forma, imunizar, gradativamente, toda a população. O esquema vacinal preconizado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, prevê uma dose única da vacina.
Para o início da vacinação, estados e municípios já receberam 1,2 milhão de doses. Outros lotes da vacina serão encaminhados, ainda este ano e no decorrer de 2015, para atender 100% do público-alvo. A data para início da vacinação será definida por cada estado.
A vacina contra a hepatite A deve ser incorporada aos programas nacionais de imunização, na medida em que as condições de saneamento básico de um país começam a melhorar e o contato das pessoas com o vírus passa a ocorrer mais tarde, na fase adulta, propiciando o surgimento de mais casos da forma grave da doença.
As doses para o início da vacinação já foram enviadas para todas as secretarias estaduais de saúde, assim como os materiais instrucionais para a correta aplicação na população. A vacina contra a hepatite A é segura e praticamente isenta de reações, mas pode provocar vermelhidão e inchaço no local da aplicação.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a hepatite A é uma doença fatal em mais de 2% dos doentes acima dos 40 anos de idade, e em 4% das pessoas acima dos 60 anos de idade. Os sintomas iniciais nem sempre estão presentes, mas caso apareçam, eles incluem febre, cansaço, perda de peso, náuseas, vômitos, dores abdominais, urina escura e dores articulares. Para saber mais, acesse nossa página sobre a hepatite A.
SÃO PAULO – Aprender faz parte da vida. Em todas as fases da vida, estamos expostos a novas experiências, que exigem nossa capacidade de reter o conhecimento adquirido de maneira eficaz, ou seja, aprender. Seja uma nova língua, um esporte, ou uma matéria na escola, é importante saber como melhoras as funções do cérebro e tornar o aprendizado mais eficiente. Pensando nisso, preparamos esse artigo com dicas para melhorar o aprendizado.
Como o cérebro aprende?
Antes de melhorar a capacidade de aprendizado, é importante saber como o cérebro aprende novas informações. Essa é uma pergunta que não está totalmente esclarecida e tem intrigado neurocientistas durante anos. Os mecanismos de aprendizado pelo cérebro são complexos e envolvem muitos fatores que ainda não são totalmente conhecidos.
Alguns dos fatores mais estudados que influenciam o aprendizado são a memória, o interesse e a atenção. Em linhas gerais, estratégias que melhorem a memória, que despertem o interesse e a atenção da pessoa, aceleram o aprendizado do assunto em questão. Dentro desse cenário, cientistas dão algumas dicas para melhorar a capacidade do cérebro em reter informação.
Organização. Organização na hora dos estudos ou do aprendizado de uma tarefa é fundamental para que o cérebro absorva a informação. A melhor dica é saber como você se sente mais confortável e qual o tipo de organização você prefere. Focar em uma atividade por vez ao invés de fazer muitas ao mesmo tempo também ajuda na organização.
Frequência ou repetição. Cientistas têm demonstrado que o cérebro retém melhor uma informação quando esta é repetida ou praticada várias vezes. Em linhas gerais, quanto mais uma pessoa realiza uma tarefa, mais o seu cérebro armazena essa informação e aprende a realizar a função. Isso acontece, pois os caminhos neuronais criados precisam ser fortalecidos, e isso acontece mediante repetição.
Intensidade. Além da frequência, é importante também a intensidade do estudo ou da prática a ser aprendida. Isso significa que quanto mais dedicação e rigor nos estudos, mais eficaz é o aprendizado. Em outras palavras: mais vale estudar 30 minutos por dia com afinco, do que 2 horas de maneira relapsa.
Atenção. Outro fator importante é a atenção dispensada durante o processo de aprendizado. Focar na tarefa realizada e dedicar-se o máximo possível são elementos cruciais para se aprender algo. Estudos apontam que informações que não chamam a nossa atenção tendem a ser esquecidas com mais facilidade.
Motivação e interesse. Cientistas têm mostrado que para o aprendizado ser eficaz é importante que o aprendiz esteja motivado a absorver determinada informação. Para isso, é importante que a pessoa entenda a importância de determinado assunto para desenvolver interesse por ele. Estudos mostram que pessoas aprendem mais rápido aquelas habilidades das quais elas se interessam mais.
Estabeleça conexões entre os assuntos. Uma maneira eficaz de turbinar o aprendizado é estabelecer conexões com situações que são familiares. Neurocientistas afirmam que devemos lançar mão das conexões neuronais fortes já existentes na hora de aprender algo novo. Isso mostra a importância em integrar os assuntos, ao invés de ensiná-los separadamente. Nesse sentido, é sempre importante se questionar qual a relevância daquele assunto para o seu cotidiano, qual o motivo em aprender aquilo e como essa nova habilidade muda a sua maneira de pensar.
Aprenda coisas novas constantemente. Nesse sentido, o cérebro é como um músculo que precisamos exercitar sempre. Quanto mais aprendemos coisas novas, mais fácil fica a capacidade do cérebro em formar conexões, ou seja, continuar aprendendo. É importante explorar as diversas áreas do conhecimento humano e estar em contato com assuntos diferentes, como artes, línguas, esportes, ciências, política, etc. Outra dica importante é aprender de maneiras variadas, usando diferentes métodos. Ao invés de estudar um livro apenas lendo, tente escutá-lo, pois isso estimula a audição e desencadeia diferentes respostas neuronais.
Entenda como você aprende melhor. Algumas pessoas aprender melhor escutando, outras, lendo. Saber como é a maneira mais eficaz para você é importante na hora dos estudos. Reconhecer os hábitos de estudo e suas potencialidades ajuda nesse processo.
Pratique o que você aprendeu. A prática é uma forma de repetir o que foi estudado na teoria, reforçando os circuitos neuronais recém-criados. Mesmo em situações abstratas, é possível praticar o conhecimento adquirido de alguma forma, como, por exemplo, ensinando outras pessoas.
Estimule a memória. Existe uma relação muito íntima entre memória e aprendizado, de maneira que quanto melhor for a memória de uma pessoa, mais eficaz é o aprendizado de algum assunto. Existem diversas técnicas para melhorar a memorização como sublinhar textos, fazer anotações do assunto estudado, usar mapas mentais e desenhos, dentre outros.
O estilo de vida e o aprendizado
Recentemente cientistas têm descoberto que o estilo de vida influencia na capacidade do cérebro em formar conexões neuronais. Levar uma vida saudável, praticando esportes e se alimentando bem ajuda na capacidade do cérebro absorber informação. Estudos mostram que pessoas que praticam atividade física têm melhor atividade cerebral, melhor vascularização e oxigenação dos tecidos nervosos, o que melhora a aprendizagem.
A dieta também tem papel importante nesse processo. Certos alimentos melhoram as funções cognitivas do cérebro. A lista de alimentos que se prestam a esse fim é grande, mas alguns exemplos incluem:
– Peixes de águas frias ricos em ômega 3, como o salmão.
– Alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas, caju, acerola, dentre outros.
– Alimentos ricos em fósforo e magnésio, como sementes de girassol, peixes, tofu e leguminosas.
– Azeite de oliva, devido ao seu rico teor em ácidos graxos poli-insaturados.
– Frutas vermelhas, pois são ricas em antioxidantes, carotenoides, vitamina E e selênio, que ajudam a evitar danos nas células nervosas.
– Kiwi e maçã, ricos em fisetina, que estimula a formação de conexões nervosas.
– Alimentos ricos em vitamina D, como o óleo de fígado de bacalhau, pois estimula a regeneração neuronal e ajuda na fixação de cálcio, elemento importante para a memória.
– Alimentos ricos em cálcio, como leite e derivados, pois o cálcio é um elemento importante nas transmissões neuronais.
– Ovo, pois é rico em colina, precursor do neurotransmissor acetilcolina, que tem funções de transmissão de impulsos nervosos, formação e regeneração celular.
Tente praticar essas dicas para turbinar o seu aprendizado.
SANTIAGO DO CHILE – O medo da dor, falta de controle durante o parto, aumento das chances de viver… A América Latina lidera o ranking de casos de cesarianas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Na região, segundo a OMS, 38,9% dos nascimentos são resultados de uma cesariana, bem acima do recomendado de 10 a 15%. E este número está aumentando, colocando em risco milhares de mães e recém-nascidos.
“Nada justifica essa enorme quantidade de cesarianas”, disse Bremen de Mucio à AFP, médico e especialista em saúde sexual e reprodutiva da OMS para a América Latina.
O maior número de cesarianas é realizado no Brasil, onde quase 56% dos partos do sistema público foram cesarianas no ano de 2011. Já no caso dos partos realizados com plano de saúde, cerca de 85% são cesareas. Os resultados ainda mostram que as cesarianas são mais frequentes entre as adolescentes, resultado que preocupa os pesquisadores.
Na Europa, onde o parto natural é mais valorizado e muitas vezes realizado sob a supervisão de uma parteira em vez de um médico, a taxa é de 24%, contra 33% nos EUA, de acordo com um relatório publicado em 2014 pela OMS.
Os países pobres
Países muito pobres, como o Haiti, têm níveis muito baixos (5,5%), devido à dificuldade de acesso aos cuidados de saúde. Em outros países, cuja grande maioria da população é de origem indígena, o parto natural é favorecido. Entretanto, mesmo nessas localidades, o parto cesariano vem ganhando espaço.
Na Bolívia, as cesarianas aumentaram de 14,6% para 19% entre 2008 e 2012. No Peru, o número subiu de 15,8% para 25%. Na República Dominicana, os partos cesáreos atingem 44% dos nascimentos, na Colômbia 43%, no México 39% e no Chile 37%.
“Em muitos países em desenvolvimento e desenvolvidos há realmente uma epidemia de cesarianas, mesmo quando não é necessário”, criticou recentemente o Dr. Marleen Temmerman, diretor do Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa da OMS, em Genebra.
Agora, após esta intervenção, o risco de morte materna é multiplicado por oito, e o risco do recém-nascido de desenvolver uma doença respiratória é multiplicado por 120.
Múltiplos fatores
Embora a situação seja clara, a explicação não é tanto. “Há muitos fatores, e é esse o problema ao tentar resolver esta situação”, disse Bremen de Mucio.
“O aumento não tem nada a ver com uma necessidade médica, mas sim com a equipe médica está mais preocupada com o seu conforto do que com o bem-estar das mulheres”, diz Ana Quiros, diretora do centro de informação e serviço Saúde na Nicarágua, que tem uma das mais altas taxas de cesarianas na América Central (30%).
“Mesmo quando o preço é o mesmo, o tempo que leva que uma cesariana será sempre mais rentável que um parto natural profissional”, acrescenta o Dr. De Mucio. O parto pode durar até 24 horas. Ao mesmo tempo, podemos fazer várias cesarianas, disse.
A crescente integração das mulheres no mercado de trabalho, o forte crescimento econômico na região nos últimos 15 anos, o medo da dor durante um parto tradicional, e gravidez tardia são também fatores que levam ao aumento do número de cesarianas.
Medo e dor
“Eu escolhi dar à luz ao meu filho por cesariana, porque eu estava com medo do parto natural. Especialmente da dor e de sofrer por muito tempo”, reflete Luana Martines, 26, designer de interiores no Rio de Janeiro que deu à luz em uma clínica particular.
O excesso de precaução da equipe médica e das famílias para minimizar os riscos judiciais joga contra o parto natural. Em todo mundo, a prática de ginecologia é a mais sujeita a processos legais.
“Sob o pretexto da segurança, muitos médicos dizem: ‘Eu não posso deixar que as mulheres deem à luz na minha clínica depois das 14:00, porque neste momento já não há nenhum especialista. Dessa forma, eu tenho de fazê-las dar a luz antes ‘”, relata Dr. De Mucio.
Medidas como a obrigatoriedade de uma segunda opinião médica ou fornecimento de melhores informações às pacientes sobre os riscos, são, no momento, ineficazes.
27 de Abril de 2015. Texto traduzido por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fonte: AFP, e Creapharma.ch (Criasaude em francês). Fotos: Criasaude e Fotolia.com.
LOS ANGELES – A acne é um problema recorrente em adolescentes e em alguns adultos. Embora o aparecimento da acne normalmente não esteja associado a nenhuma condição patológica grave, sua presença pode trazer constrangimento e problemas psicológicos em algumas pessoas. Um recente estudo realizado pela University of California Los Angeles (UCLA) nos Estados Unidos associou a vitamina B12 ao aparecimento da acne e sua proliferação.
O estudo em detalhes
O estudo foi publicado na edição de 24 de Junho de 2015 na revista científica Science Translational Medicine, coordenado pelo dermatologista Dr. Noah Craft.
De acordo com os resultados do estudo, a vitamina B12 faz com que as bactérias normalmente encontradas na pele comecem a produzir agentes químicos que causam aparecimento da acne. A bactéria em questão, encontrada tanto em pessoas com e sem acne, é aPropionibacterium acnes. A diferença é que em pessoas com acne, essa bactéria tem metabolismo diferenciado. Os pesquisadores encontraram 109 genes que são mais ativos nas bactérias de pessoas com acne e 27 genes menos ativos.
Os pesquisadores deram suplementos de vitamina B12 para 10 indivíduos sem acne, e um deles desenvolveu acne 1 semana depois. Esse estudo fornece uma possível explicação para um fato que os cientistas já coheciam mas não entendiam o porquê, que a vitamina B12 causa acne.
O problema da acne
A acne é um problema comum da adolescência e é causada por uma inflamação dos folículos pilossebáceos, normalmente associada à uma bactéria. Embora mais comum nos adolescentes, a condição pode persistir na fase adulta e parece ser mais comum nos homens que nas mulheres.
Sua fisiopatologia é complexa e envolve diversos fatores, como idade, alimentação, fatores genéticos, variações de taxas hormonais, estado emocional e fatores ambientais. Algumas doenças genéticas também facilitam o aparecimento da acne. Ela é mais comum em áreas de grande oleosidade, como a zona T do rosto e nas costas.
Muitos tratamentos são baseados na limpeza e esfoliação da pele com agentes como ácido salicílico, ácido glicólico e derivados da vitamina A. Em alguns casos, o uso de antibióticos tópicos e orais é necessário para combater a proliferação das bactérias.
A vitamina B12
A vitamina B12, também conhecida como cianocobalamina, é cofator importante para diversas funções no organismo. Seu consumo é necessário para o metabolismo de ácidos nucleicos das células do sangue, prevenção de problemas cardíacos e derrame cerebral, manutenção do sistema nervoso e prevenção da anemia megaloblástica.
A deficiência de vitamina B12 tem sido associada a problemas de memória e falta de concentração, fadiga e problemas musculares, problemas circulatórios e no sistema nervoso central (como alucinações e paranoia), e problemas hematológicos. As principais fontes de vitamina B12 incluem fígado, atum, salmão, carne, leite e ovos.
Embora o seu consumo seja fundamental para o ser humano, o estudo realizado pela UCLA mostrou que o excesso favorece o aparecimento da acne. O uso sem recomendação nutricional ou médica de suplementos alimentares ricos em vitamina B12 pode levar a efeitos colaterais indesejáveis. Além disso, seu excesso pode levar a alterações nos linfócitos e no baço. Portanto, o melhor a se fazer é verificar se realmente a suplementação com vitamina B12 é necessária.
BOSTON, EUA – Nas últimas décadas, a obesidade se tornou uma epidemia global que afeta diversas sociedades em países desenvolvidos e em desenvolvimento. O aumento de casos de obesidade está intimamente correlacionado com o estilo de vida sedentário e aumento da disponibilidade, muitas vezes a baixo custo, de alimentos e bebidas altamente calóricos mas que proporcionam pouca saciedade. Muito mais que uma questão estética, a obesidade aumenta o risco de diversas doenças crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão e até alguns tipos de câncer.
Com o crescimento da obesidade mundial e os riscos que o aumento de peso exagerado podem causar, diversos tratamentos têm sido propostos. Apesar da eficácia que muitos fármacos apresentam em reduzir o peso, especialmente quando associados à cirurgia bariátrica, diversos estudos mostram que a perda de peso nem sempre é sustentada pelos pacientes, que eventualmente voltam a engordar. Além disso, os medicamentos contra a obesidade apresentam uso limitado devido aos seus efeitos colaterais, sobretudo no uso em longo prazo. A busca por novos agentes anti-obesidade que sejam mais eficazes e seguros é, portanto, um dos objetivos da ciência atualmente.
O prestigiado periódico científico New England Journal of Medicine publicou, na edição de Julho de 2015, um estudo no qual uma molécula foi testada contra a obesidade. A molécula em questão é um análogo peptídico do glucagon que estimula a secreção de insulina, reduz os níveis de glucagon pós-alimentação, retarda o esvaziamento gástrico e reduz o apetite.
O estudo em detalhes
A molécula testada foi a liraglutida, já usada para combater a diabetes tipo 2. O estudo foi duplo-cego, randomizado e conduzido pelo Dr. Xavier Pi-Sunyer durante 56 semanas com mais de 3700 pacientes nos 6 continente, que receberam placebo ou liraglutida na dose de 3 mg por dia. A agência americana que regula os medicamentos, FDA (Food and Drug Administration) aprovou a liraglutida como o primeiro agente análogo do glucagon na redução do peso de pacientes com IMC igual ou maior que 30.
Após a 56ª semana de estudo, os pacientes que receberam liraglutida apresentaram perda média de 8,4 kg versus 2,8 kg nos pacientes que receberam placebo. Os pacientes que interromperam o uso do medicamento após a semana 56 ganharam, em média, 2,9 kg em 12 semanas.
Além dos resultados positivos da liraglutida na redução do peso, os pacientes que fizeram uso desse medicamento apresentaram melhor controle dos níveis de glicose no sangue e insulina no sangue, melhor perfil de marcadores de doenças cardiovasculares e, no geral, melhor qualidade de vida. Como resultado, o estudo mostra que a liraglutida, na dose de 3 mg por dia, é um importante aliado na perda de peso em pacientes com obesidade ou sobrepeso.
Achamos uma cura para a obesidade?
Embora o resultados com a liraglutida sejam animadores, os pesquisadores alertam que esse agente não é uma cura definitiva para a obesidade. Muitos pacientes com obesidade, mesmo após tratamento com medicamentos, podem voltar a engordar e ter doenças como diabetes e pressão alta. Além disso, os pesquisadores ainda não sabem por quanto tempo a liraglutida precisará ser administrada, e estudos mais longos (de 2 anos de duração) estão em andamento.
A melhor estratégia contra a obesidade
De acordo com diversos profissionais da saúde, a melhor abordagem para combater a obesidade é uma estratégia multiprofissional, com a participação de médicos, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos. Pesquisas mostram que a perda de peso baseada apenas em uma abordagem (exercício físico ou medicamentos) é muitas vezes ineficaz, fazendo com que os pacientes voltem a ganhar peso. Nutricionistas também apontam que somente foco em dieta não conduz à perda eficaz de peso.
O melhor a se fazer então é combinar estratégias para uma perda eficaz e saudável de peso. O uso de medicamentos para a obesidade deve ser prescrito e monitorado por médicos e nutricionistas, e suas doses ajustadas ao longo do tratamento. Outro aspecto importante a se considerar é o lado psicológico. Muitas pessoas querem perder peso rapidamente e acabam se submetendo a dietas exageradas e pouco saudáveis. Após alcançado o objetivo, o paciente volta a engordar o que tinha perdido, entrando no efeito “sanfona”. É importate ter paciência e perseverança no processo de emagrecimento, para uma perda sustentável de peso.
ATLANTA, EUA – Você come frutas e legumes em quantidades suficientes? Uma análise do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) concluiu que apenas 13,1% dos adultos americanos comem quantidades adequadas de frutas e apenas 8,9% comem vegetais o suficiente. A análise é resultado de uma pesquisa recente que investiga os hábitos alimentares dos americanos.
A importância dos vegetais
Comer mais frutas e legumes aumenta a ingestão de nutrientes essenciais e reduz o risco de doenças cardíacas, derrames e alguns tipos de câncer. Frutas e legumes também ajudam a controlar o peso do corpo quando consumidos no lugar de alimentos com alto teor de calorias, observam os autores do relatório, Dr. Latetia V. Moore, do CDC, e Dr. Frances E. Thompson, do Instituto Nacional do Câncer.
Para esta análise, os autores usaram dados de 2013 do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais que englobou 373.580 entrevistados. Os entrevistados responderam perguntas sobre os tipos de frutas e legumes que comem e com qual frequência. As categorias incluem: suco 100% de frutas, frutas inteiras, feijões secos, vegetais verde-escuros, vegetais alaranjados e outros vegetais.
Os autores compararam as respostas às diretrizes que indicam que os adultos que fazem menos de 30 minutos de atividade física moderada por dia devem consumir o equivalente a 1,5-2,0 xícaras de frutas e 2-3 xícaras de legumes diariamente. Os adultos que são fisicamente mais ativos devem consumir mais vegetais para suprir suas necessidades calóricas.
A situação no Brasil
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde realizada pelo Ministério da Saúde, em parceria com o IBGE em 2014 mostrou que cerca de 60% dos alimentos com maior teor de gordura fazem parte da alimentação diária da população. A pesquisa foi realizada entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014 com 63 mil pessoas em todo o país.
O percentual de adultos que consumiram 5 ou mais porções diárias de frutas e hortaliças foi de 37,3%. Este percentual variou de 28,2%, na Região Nordeste, a 42,8% na Sudeste e 43,9% na Centro-Oeste. As mulheres (39,4%), em média, consumiam mais estes alimentos que os homens (34,8%). De uma formal geral, o consumo de frutas e hortaliças mostrava aumento com a idade e com
o grau de escolaridade. A proporção de pessoas que referiram consumo de carne ou frango com excesso de gordura foi 37,2%, variou entre 29,7% na Região Nordeste e 45,7% na Centro-Oeste. O consumo foi maior entre os homens (47,2%), entre os mais jovens e os menos escolarizados.
Nessa pesquisa, o consumo de alimentos considerados não saudáveis como bolachas, refrigerantes e doces foi de 21,7% e a tendência é que esse hábito diminua com o aumento da idade.
Qual a quantidade de vegetais devemos consumir por dia
Um estudo publicado em 2014 no periódico Journal of Epidemiology & Community Health, feito por pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, mostrou que o ideal é consumir 7 porções de frutas e vegetais por dia. De acordo com os resultados dessa pesquisa, esse hábito alimentar reduz em 42% o risco de morte em qualquer idade.
Os pesquisadores ainda apontaram que ingerir esta quantidade de frutas e vegetais reduziu o risco de morte por câncer e doenças do coração em 25% e 31%, respectivamente. Os cientistas também concluíram que os vegetais são mais benéficos à saúde que do que as frutas (uma porção por dia diminuiu o risco em 16%, ante 4% da fruta).
É importante ressaltar que os hábitos alimentares devem estar associados à atividade física diária.
13 de Julho de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico USP). Fontes: Ministério da Saúde, IBGE, CDC.gov. Fotos: Fotolia.com.
SÃO PAULO – O índice glicêmico é uma medida que tem aparecido muito ultimamente em notícias relacionadas à saúde. Muitas pessoas, entretanto, não sabem o que é o índice glicêmico ou como interpretar esse valor. Leia nosso artigo para saber do papel do índice glicêmico na saúde e como manter uma dieta equilibrada.
O que é o índice glicêmico?
O índice glicêmico (ou IG) é uma medida de quanto o conteúdo de açúcar presente num alimento aumenta os níveis de glicose no sangue, também chamado de glicemia. Em outras palavras, o IG mede a velocidade com que os açúcares do alimento alcançam a corrente sanguínea após sua ingestão.
Conhecer a glicemia e seu aumento no corpo é importante, porque um aumento significativo da glicose do sangue conduz a uma secreção elevada de insulina pelo pâncreas. Uma concentração muito elevada de insulina pode, eventualmente, provocar danos no organismo e principalmente aumentar o risco cardiovascular, além de aumentar o risco de sofrer de diabetes tipo 2. Deve ser mencionado que a insulina possui um objetivo particular de reduzir a glicose do sangue.
Um outro indice, cada vez mais utilizada na nutrição, é a carga glicêmica. Este índice permite levar em conta a quantidade e qualidade (apenas o índice glicêmico) dos carboidratos encontrados em uma porção de um alimento.
Controlar a glicemia é importante em diversas situações, como em pacientes com diabetes, pessoas em dieta de emagrecimento ou praticantes de esporte. Em linhas gerais, a glicemia não deve nem aumentar demais, nem cair demais. No primeiro caso, níveis altos de glicose no sangue predispõe o aparecimento de diabetes. No caso da glicemia cair muito, há o grave risco de que órgãos não recebam nutrientes suficientes para realizar suas funções.
De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, a glicemia em jejum deve ser menor que 110 mg de glicose por dL de sangue e, após as refeições, menor que 145 mg/dL. Em nenhum momento, a glicemia deve ser menor que 80 mg/dL, pois abaixo desse valor, a pessoa está em hipoglicemia. Valores acima dos de referência para jejum e após a alimentação podem representar início de diabetes.
Portanto, conhecer o IG ajuda a fazer escolhas certas de alimentos e manter uma dieta saudável e equilibrada, evitando quedas bruscas de açúcar no sangue ou elevações.
O índice glicêmico e os alimentos
Os alimentos contêm diferentes quantidades de açúcar em sua composição. Além disso, a velocidade com a qual esse açúcar entra na corrente sanguínea varia de acordo com o tipo de alimento. Assim, alimentos com alto teor de fibras têm índice glicêmico menor, ou seja, o açúcar entra na corrente sanguínea mais lentamente e eleva pouco a glicemia.
A escala para medir o índice glicêmico baseia-se em porcentagem, tendo como referência a glicose ou o pão branco como 100%. Assim, um alimento com índice glicêmico de 25, por exemplo, tem capacidade de apenas 25% de elevar a glicemia, quando comparado ao pão branco.
Os alimentos podem ser classificados em 3 categorias de acordo com o seu IG:
– Índice glicêmico baixo: menor ou igual a 55.
– Índice glicêmico moderado: entre 56 e 69.
– Índice glicêmico alto: acima de 70.
Diversos fatores influenciam no índice glicêmico de um alimento. O conteúdo de fibras, gordura e proteínas, bem como o grau de maturação de frutas e vegetais são alguns dos elementos que entram na complexa equação do índice glicêmico.
Em linhas gerais, alguns dos fatores são:
– Grau de maturação e armazenamento: quanto mais maduro uma fruta e vegetal, maior seu índice glicêmico.
– Processamento: quanto mais processado o alimento, maior o seu índice glicêmico. Dessa forma, alimentos integrais têm, geralmente, menor IG que suas versões processadas.
– Método de cozimento e preparo: durante o processo de cozimento, os açúcares ficam mais fáceis de serem digeridos, o que contribui para o aumento do índice glicêmico dos alimentos.
– Fatores biológicos e genéticos: além de todos os fatores relacionados aos alimentos, a habilidade de digeri-los também conta no aumento da glicemia. Algumas pessoas metabolizam carboidratos mais rapidamente, o que faz com que a glicemia aumente mais rápido. Em contrapartida, outras pessoas digerem alimentos mais lentamente, o que reduz o índice glicêmico dos alimentos.
O índice glicêmico de alguns alimentos
Para ter uma dieta balanceada, é importante conhecer o índice glicêmico dos alimentos. A lista a seguir não tem intenção de ser completa, mas apenas de fornecer uma breve visão de como o IG varia nos diferentes alimentos que consumimos.
Índice glicêmico baixo
– Amendoim (21)
– Soja (23)
– Cenoura (35)
– Leite integral (39)
– Leite desnatado (46)
– Maça (52)
– Pera (54)
Índice glicêmico médio
– Laranja (62)
– Uva passa (64)
– Arroz parboilizado (68)
– Feijão cozido (69)
Índice glicêmico alto
– Suco de laranja (74)
– Batata doce (77)
– Aveia (78)
– Manga (80)
– Arroz branco (81)
– Banana (83)
– Sorvete (84)
– Biscoitos (90)
– Milho (98)
– Pão branco (100)
– Batata cozida (121)
Dica importante
Muitas pessoas acham que uma dieta saudável deve ser feita à base de alimentos de baixo índice glicêmico somente. Entretanto, a ingestão de alimentos de alto índice glicêmico também é importante, sobretudo nas refeições principais (café da manhã, almoço e jantar). Eles impedem que a glicemia do sangue caia abruptamente, causando hipoglicemia. Além disso, alimentos com índice glicêmico médio e alto e rico em fibras (como arroz, feijão, batata doce) dão sensação de saciedade e controlam o apetite entre as refeições.
SÃO PAULO – Você certamente já deve ter ouvido falar dos alimentos probióticos. Nos últimos anos, produtos assim denominados ganharam as prateleiras dos supermercados e as mesas dos consumidores. Além disso, os probióticos estão sempre na mídia como alimentos saudáveis a serem inclusos na alimentação. Entretanto, nem todos sabem da importância desses alimentos e nem como encontra-los.
O que são os probióticos?
O termo probiótico vem do grego e significa “pró-vida”. Antigamente, probióticos eram definidos como microrganismos que, quando ingeridos, ajudam a regular a flora intestinal. Com o passar dos anos, a definição foi sendo modificada e, atualmente, um probiótico é um alimento ou suplemento alimentar contendo microrganismos vivos que trazem benefícios ao consumidor.
As bactérias contidas nos probióticos são resistentes à ação do suco gástrico e conseguem chegar intactas ao intestino. Lá, elas ajudam no processo digestório e regulam a flora intestinal. Os exemplos mais comuns de bactérias probióticas são os Lactobacillus, os Streptococcus e as Bifidobactérias.
Quais os benefícios dos probióticos?
Ao longo dos anos, nosso entendimento da flora intestinal e do papel da alimentação em sua regulação aumentou muito. Diversos estudos mostram que manter uma flora intestinal saudável traz diversos benefícios à saúde e pode ajudar a prevenir algumas doenças crônicas, como diabetes e alguns tipos de câncer do trato digestório. Devido a isso, os probióticos ganharam importância como alimentos que ajudam a equilibrar a flora intestinal.
– Melhora na acidez gástrica, prevenindo gastrites e úlceras.
– Aumenta a absorção de vitaminas e nutrientes, como vitaminas do complexo B, aminoácidos essenciais, cálcio e ferro.
– Fortalece o sistema imune do organismo, pois estimula a produção de macrófagos.
– Diminui a quantidade de bactérias patogênicas e protege a mucosa intestinal, prevenindo doenças como excesso de gases, colite e diverticulite.
Além desses benefícios, os probióticos são particularmente importantes em pacientes fazendo tratamento com antibióticos. Esses medicamentos destroem a flora intestinal, sendo necessário o consumo de probióticos para repô-la.
Outro importante benefício é na prevenção de certos tipos de cânceres. Um estudo publicado no periódico científico The American Journal of Clinical Nutrition, coordenado pela pesquisadora Ingrid Wollowski, mostrou que as bactérias contidas nos probióticos ajudam a prevenir mutações genéticas que levam ao desenvolvimento de tumores, sobretudo os que causam câncer de cólon.
Alimentos probióticos
Hoje em dia existem muitos alimentos probióticos vendidos em lojas especiais, supermercados e até em farmácias. Entretanto, existem probióticos naturais que você pode incluir em sua dieta.
Dentre os mais comuns, estão os laticínios e derivados, como leite, iogurtes, kefir, queijos, coalhada, leite fermentado, e outros derivados.
Estudos também estão sendo conduzidos com outros alimentos com potencial probiótico, como a soja e produtos fermentados (misô, tofu, tempeh), carnes, peixes e extratos de sementes e vegetais.
Além de consumir os probióticos, é importante ter uma alimentação saudável e balanceada. De nada adianta consumir probióticos se o restante da dieta não favorece o crescimento de bactérias benéficas.
A dose de probiótico também muda conforme a faixa etária. Em adultos, a dose recomendada é de 5 bilhões de unidades formadoras de colônias (UFC), por dia, por pelo menos 5 dias. Isso corresponde à ingestão de 2 a 3 iogurtes por dia com probióticos. Para crianças, os especialistas ainda não estabeleceram uma quantidade exata, mas estudos mostram que os probióticos já podem ser inseridos na alimentação da criança a partir dos 18 meses de vida.
Probióticos x Prebióticos: qual a diferença?
Outro termo comumente encontrado é “prebiótico”. Os prebióticos são fibras que servem de alimento para as bactérias benéficas do intestino. Dois exemplos dessas fibras são os frutooligosacarídeos (FOS) e a inulina. Os alimentos com FOS são de origem vegetal e incluem tomates, cebola, banana, cevada, aveia, trigo e até o mel. Já a inulina pode ser encontrada na cebola, aspargos e na raíz de chicória.
20 de Julho de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico USP). Fontes: The American Journal of Clinical Nutrition. Fotos: Fotolia.com.
FLÓRIDA, EUA – O efeito do cérebro em outras partes do corpo é algo que há muito tempo foi estabelecido. Agora, um grupo de pesquisadores da Universidade de Flórida descobriu que o corpo também influencia no comportamento do cérebro: a gordura corporal pode enviar sinais que afetam a maneira como o cérebro lida com o estresse e o metabolismo.
O estudo em detalhe
A pesquisa foi publicada na revista científica Psychoneuroendocrinology, na edição de junho de 2015. Embora a natureza exata destes sinais e o mecanismo de ação ainda não sejam inteiramente conhecidos, os pesquisadores dizem que tal caminho existe e é necessário conhecer mais a respeito para quebrar um famoso ciclo vicioso: o estresse provoca o desejo de comer mais, o que pode levar à obesidade. A gordura extra, por sua vez, pode prejudicar a capacidade do corpo em enviar sinais de saciedade para o cérebro e desligar a resposta ao stress.
Segundo James Herman, um dos autores da pesquisa e professor do Departamento de Psiquiatria e Neurociências da Universidade de Cincinnati, os resultados são importantes e únicos, pois eles mostram que não é simplesmente o cérebro que comanda a forma como o corpo responde ao stress.
Os pesquisadores citam a importância de incluir outras partes do corpo, e não só o cérebro, no controle das emoções e do comportamento. Esse estudo sugere que o metabolismo, por exemplo, exerce um efeito muito maior do que se pensava anteriormente e que o conteúdo de gordura corporal tem papel importante nas funções cerebrais e comportamentais.
Os pesquisadores descobriram que um receptor glicocorticoide no tecido adiposo pode afetar a maneira como o cérebro controla o stress e o metabolismo. Inicialmente, sinais propagados pelo receptor podem agir como salva-vidas, direcionando o cérebro para regular o balanço de energia e influenciar as respostas ao stress de uma forma benéfica, ajudando o corpo a lidar com ele.
Os pesquisadores descobriram que os hormônios esteroides conhecidos como glicocorticoides ativam os receptores no tecido adiposo de uma maneira que afeta um componente principal da resposta ao stress metabólico. Usando modelos de ratos, os cientistas encontraram uma ligação única entre a sinalização no tecido adiposo e a resposta do cérebro ao stress e metabolismo. Entender esse mecanismo em detalhes é de suma importância, pois isso pode ajudar a combater a epidemia global de obesidade.
Os cientistas querem agora entender os detalhes dessa sinalização gordura-cérebro para poder interromper esse ciclo que leva ao consumo excessivo de alimentos, sobretudo os ricos em gordura e açúcar.