Category Archives: NEWS

Porque as dietas parecem nunca funcionar

Porque as dietas parecem nunca funcionarMIAMI, EUAAs dietas de emagrecimento apresentadas nas revistas, embora muito populares, parecem nunca funcionarem da maneira que esperamos. Isso acontece, pois cada organismo reage de maneira diferente ao ingerimos um alimento saudável. Um estudo recente recomenda uma abordagem personalizada no processo de emagrecimento.
O estudo foi realizado com 800 pessoas em Israel e publicado na revista Cell Press na edição de novembro de 2015. Nesse relato científico, os pesquisadores reportam que uma paciente apresentou aumento dos níveis de açúcar no sangue toda vez que comia tomate, alimento ainda considerado baixo teor de açúcar e gordura.
“A primeira grande surpresa e descoberta que tivemos foi a grande variabilidade de reação das pessoas para alimentos idênticos”, resumiu Eran Segal, pesquisador do Instituto de Ciência Weizmann, em Israel.
Os participantes do estudo tiveram seus níveis de açúcar monitorados durante uma semana, além de análise da microbiota intestinal através de exames de fezes e análise minuciosa da ingestão de alimentos.

Focar nas individualidades de cada um

“Há profundas diferenças entre os indivíduos – em alguns casos, eles tiveram reações opostas ao ingerir o mesmo tipo de alimento – e nós carecemos de informação científica sobre o assunto”, disse Segal.

O co-autor do estudo, Eran Elinav, afirma ter aprendido a respeito do nosso nível de imprecisão coletiva relativa a um dos conceitos mais básicos da nossa existência, que é a integração da nossa alimentação às nossas atividades cotidianas.

Em vez de seguir dietas padrão, precisamos de uma abordagem mais personalizada, focando nos indivíduos e não na dieta. Essa medida ajudaria a controlar os níveis de açúcar e melhorar a saúde dos pacientes, Elinav.

Os dois pesquisadores afirmam terem feito progresso em um sistema para proporcionar uma análise nutricional personalizada. A metodologia consiste em analisar amostras de fezes para avaliar a flora do sistema digestivo. Dessa forma, os pesquisadores puderam encontrar bactérias que estariam relacionadas aos níveis de glicose no sangue dos pacientes após as refeições.

A importância da flora intestinal no controle do peso

Cientistas têm cada vez mais apontado para a importância da flora intestinal no controle de peso. Em um estudo publicado no British Journal of Nutrition em 2014 mostrou que mulheres obesas que tomavam probiótico perderam 2 vezes mais peso e gordura durante 6 meses quando comparadas às pacientes que tomaram placebo. Além disso, essa perda de peso foi sustentável e os probiótico ajudaram a controlar o apetite.

Médicos e nutricionistas têm pesquisado maneiras de regular a flora intestinal ajudando os pacientes na perda de peso. Alimentos que ajudam nesse processo incluem a maçã, legumes, frutas, alimentos probióticos, folhas verdes, frutas cítricas e nozes.

 O fator psicológico no sucesso das dietas

É sabido que para o sucesso da dieta, o psicológico de cada paciente precisa ser trabalhado. O estresse e a ansiedade para perder peso são inimigos de uma alimentação saudável e equilibrada. Isso faz com que os pacientes muitas vezes façam escolhas erradas e optem por dietas ditas “milagrosas”, que apenas resultam em carência de vitaminas, minerais e, no final, frustração.

Nutricionistas têm alertado que essas dietas extremamente restritivas têm sucesso limitado e geralmente resultam em aumento de peso ao seu final. O ideal é uma reeducação alimentar e um trabalho psicológico para que o paciente possa ter uma relação saudável com as refeições. Esse acompanhamento ajuda a personalizar a dieta para cada indivíduo.

Outra dica que os nutricionistas dão é conhecida como regra “90/10”. Em linhas gerais, os profissionais da saúde falam que para o sucesso da dieta, é normal e esperado que o paciente dê algumas “escapadas” durante o plano alimentar. Esses deslizes não devem ultrapassar 10% do número total de refeições durante a semana, sendo que 90% devem ser escolhas saudáveis e equilibradas. Isso ajuda o paciente a manter a assiduidade na reeducação alimentar e encarar a dieta de maneira mais leve e menos estressante.

30 de novembro de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fontes: AFP.com, British Journal of Nutrition. Fotos: Fotolia.com

O Novembro Azul e a saúde masculina

O Novembro Azul e a saúde masculinaSÃO PAULO – O mês de novembro se inicia com campanhas de incentivo à prevenção e tratamento do câncer de próstata, sendo conhecido como Novembro Azul em alusão ao “Outubro Rosa”, mês de combate e prevenção ao câncer de mama.
O movimento Novembro Azul
O movimento Novembro Azul surgiu na Austrália em 2003 e hoje em dia é comemorado no mundo tudo. Ele é mais conhecido como “Movember”, formado pela junção das palavras “moustache” (do inglês, bigode) e “november” (novembro). É comum nesse mês, homens do mundo todo cultivarem bigodes para chamar atenção da sociedade para um assunto importante: o câncer de próstata.

Além do câncer de próstata, o mês de novembro também incentiva o homem a cuidar de sua saúde no geral. Estudos mostram que homens procuram menos os médicos. Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde em 2007 mostrou que os homens são minorias nos consultórios, dificultando ações que incentivam a prevenção de doenças crônicas.

Em novembro se comemora o Dia Mundial do Diabetes (14) e o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata (17).

O câncer de próstata
O câncer de próstata é o câncer mais frequente do sexo masculino, ficando atrás apenas do câncer de pele, e o sexto câncer mais comum no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) para o ano de 2014 foram previstos cerca de 69 mil casos de câncer de próstata, levando a quase 14 mil mortes.

Como alguns outros tipos de tumores, a doença pode demorar a se manifestar, ressaltando a importância do diagnóstico precoce. Os dois exames principais são a dosagem sérica de PSA, um antígeno marcador da presença do tumor, e o exame de toque retal. Ambos os exames são complementares, uma vez que cerca de 20% dos casos de câncer de próstata não são detectados pela dosagem de PSA.

Recomenda-se que homens acima dos 50 anos de idade façam exames preventivos anuais com um urologista. Em casos de histórico familiar de tumor maligno, indivíduos da raça negra, obesos e sedentários, os exames preventivos devem começar aos 45 anos de idade.

Os exames periódicos e o diagnóstico precoce são as melhores estratégias para o sucesso do tratamento do câncer de próstata. Estudos mostram que quando a doença é diagnosticada precocemente, as chances de cura são de 90%. Ainda, estudos apontam que o diagnóstico precoce reduz a taxa de mortalidade em 21%. Entretanto, há ainda muito preconceito com relação à realização do exame diagnóstico, sobretudo o exame de toque retal. Muitos homens adiam a ida ao consultório médico por falta de informação, e acabam por retardar o início do tratamento da doença.

O Novembro Azul no Brasil
Além do câncer de próstata, outras doenças também são pauta durante o mês de novembro. Campanhas em todo país discutem temas como sexualidade e condições como disfunção erétil e ejaculação precoce. Institutos como o A. C. Camargo, referência nacional sobre tratamento do câncer, realiza séries de palestras e orientações aos pacientes e público geral.

Outra doença importante que atinge os homens é a diabetes mellitus, ou simplesmente diabetes. Em homenagem ao descobrimento da insulina no dia 14 de novembro pelo Dr. Banting, comemora-se o Dia Mundial do Diabetes nesta data. Além dos problemas já conhecidos que a doença pode causar, ela é também uma das causas de impotência sexual, devido ao dano causado aos vasos e nervos, além da interferência na produção de óxido nítrico.

A recomendação dos médicos aos homens é para que eles procurem mais os consultórios clínicos para diagnósticos de doenças diversas.

teste-psa-prostata

09 de novembro de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fontes: INCA, Ministério da Saúde, AC Camargo. Fotos: Fotolia.com

A polêmica “pílula do exercício”

A polêmica “pílula do exercício”SYDNEY, AUSTRÁLIAE se os cientistas desenvolvessem uma “pílula do exercício”, um remédio capaz de proporcionar ao corpo e a mente os mesmos benefícios da atividade física, sem você precisar suar na academia? Cientistas estão desenvolvendo uma droga que pode reproduzir as mudanças moleculares que acontecem no corpo após a atividade física.
Pesquisadores das universidades de Sydney, na Austrália, e Copenhague, na Dinamarca, anunciaram que estão desenvolvendo uma molécula capaz de imitar os efeitos da atividade física nos músculos. Eles examinaram as mudanças ocorridas no músculo esquelético de 4 homens saudáveis antes e depois de exercício físico de alta intensidade por 10 minutos, e concluíram que a atividade física causou mais de 1000 mudanças moleculares no músculo esquelético dos pacientes. Um exemplo dessas mudanças é o aumento à sensibilidade à insulina e criação de novos vasos sanguíneos.

Há tempos já se sabia que a atividade física causa diversas mudanças bioquímicas no corpo humano, mas essa é a primeira vez que cientistas fornecem um mapa de tais alterações. Essas mudanças, entretanto, são complexas e necessitam de mais estudos para sua total compreensão, mas o Dr. Erik Ritcher diretor do Departamento de Fisiologia Molecular da Universidade de Copenhague, disse em entrevista à BBC Mundo que os resultados poderão guiar outros cientistas a criarem moléculas que reproduzam efeitos semelhantes no corpo humano.

Entretanto, os próprios pesquisadores alertam que essa não será uma “pílula mágica”, e que é impossível que ela reproduza todas as vantagens de uma atividade física. Por exemplo, essa pílula não poderá induzir os efeitos benéficos da liberação de endorfinas, responsáveis pela sensação de bem-estar durante a atividade física. Embora ainda não se saiba quais serão os alvos desse possível medicamento, duas possibilidades são aumentar o fortalecimento muscular e reduzir o colesterol. Além do mais, Jorgen Wojtaszewki, outro pesquisador envolvido no projeto, afirma que essa molécula poderá ser útil para pessoas que não conseguem se exercitar, por alguma deficiência física ou obesidade mórbida.

O desenvolvimento desse medicamento poderá levar anos, tendo de ser submetido a diversos testes clínicos até sua aprovação. O estudo foi publicado na edição de outubro 2015 na revista científica Cell Metabolism.

Aumento do sedentarismo?

O anúncio da tal “pílula do exercício” causou polêmica, uma vez que cientistas acham que esse medicamento poderia tornar a sociedade ainda mais sedentária, algo semelhante ao efeito causado pelas dietas milagrosas.

Médicos, educadores físicos e nutricionistas, entretanto, não aprovam nenhuma substituição à atividade física. Em entrevista à BBC, Jesús María Pérez, gerente do Conselho Geral de Colégios de Profissionais da Educação Física e Esporte (Colef) da Espanha, afirmou que nenhuma pílula poderia substituir todos os efeitos do exercício. Há diversas mudanças no corpo, não apenas nos músculos, mas também na mente de quem se exercita. É improvável que um único medicamento alcance todas as vantagens de uma atividade esportiva, tanto no nível muscular, quanto psicológico.

Em nota à imprensa, as universidades de Sydney e Copenhague anunciaram que a descoberta dessas mudanças bioquímicas ajudam a entender melhor como o corpo se comporta numa atividade esportiva, e é fundamental para futuras investigações fisiológicas.

Apesar das aparentes vantagens dessa possível “pílula do exercício”, é preciso tomar cuidado ao se divulgar essa informação, para que a sociedade não se sinta enganada.

02 de novembro de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (Farmacêutico USP). Fontes: Newsroom Cell Press, BBC.com. Fotos: Fotolia.com

Consumo de carnes processadas aumenta o risco de câncer colorretal

charcuterie-fotolia-2015GENEBRA (SUÍÇA)Em um relatório publicado no dia 26 de Outubro de 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) investigou e concluiu que o consumo de carnes processadas, como linguiça, salsicha e embutidos, aumenta o risco de câncer colorretal em seres humanos. Os alimentos embutidos estão no grupo 1 de substâncias cancerígenas, juntamente com o tabaco, amianto, fumaça de diesel, plutônio e álcool. Esse câncer é o segundo mais diagnosticado em mulheres e o terceiro em homens.

O consumo de alimentos embutidos

cancer-coloretalHá muito tempo já se sabe que os alimentos embutidos não fazem bem para a saúde. A lista de produtos à base de carne processada cresce a cada ano e inclui presunto, salsichas, bacon, linguiças, salames, dentre outros. O novo relatório foi feito pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) com base em dados da literatura científica mundial analisados por 22 especialistas em 10 países. Com ele, a OMS atesta que a ingestão desses alimentos é realmente nociva à saúde e pode induzir o aparecimento de câncer colorretal e de intestino. O simples consumo de 50 gramas por dia de embutidos processados, o equivalente a 2 fatias de bacon, já aumenta o risco da doença em 18%.

No Brasil, segundo dados SEBRAE, o consumo de embutidos e carnes processadas aumenta a cada ano, devido ao grande número de animais em rebanhos que o país possui. Os embutidos são elaborados com carnes misturadas a outros tecidos dos animais (como pele, gordura, etc), com a posterior adição de produtos químicos para aumentar sua conservação. Dentre os principais procedimentos e adições que aumentam o prazo de validade dos embutidos, estão o processo de defumação, curagem, adição de sal e nitratos. Esses aditivos são sabidamente responsáveis pelo desenvolvimento da doença, pois causam mutações nas células do trato intestinal.

A recomendação dos médicos é para evitar o consumo desses alimentos sempre que possível.

O consumo de carne vermelha

Neste relatório, a OMS alertou também para o consumo de carne vermelha. Segundo o órgão, ainda não há provas o suficiente que mostrem que a carne vermelha é de fato cancerígena, mas os especialistas alertaram que este alimento provavelmente causa câncer. Em entrevista à BBC de Genebra, o correspondente Imogene Foulkes disse que as provas são limitadas de que o consumo de carne de vaca, porco, cordeiro e outras vermelhas de fato levem ao câncer.

Além disso, um estudo de 2012 da Universidade de Harvard nos EUA aponta que o consumo de carne vermelha reduz a expectativa de vida devido ao aumento do risco de morte por causas diversas. Nesse estudo, os pesquisadores acompanharam 120 mil pessoas durante 30 anos e concluíram que o consumo desse alimento pode reduzir a expectativa de vida em 13%, além de estar associado a doenças como diabetes, hipertensão e aumento do colesterol.

No Brasil, o Rio Grande do Sul é o estado que mais consome carne vermelha no país. Segundo o Sindicato da Industria de Carnes, a média de consumo dos moradores do RS é de 45 kg ao ano, contra 36 kg do restante dos brasileiros. Esse estado é também o campeão em número de casos de câncer de estômago e do aparelho digestivo, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Apesar da polêmica ao redor da carne vermelha, ela é fonte de importante de vitaminas e minerais como a vitamina B12, creatina, ferro, zinco, cálcio e proteínas essenciais. Médicos e nutrólogos, além da própria OMS, falam que a melhor estratégia é consumi-la com moderação, e priorizar o consumo de carnes brancas, como aves e peixes, vegetais e grãos integrais.

6 recomendações de nutrição para prevenir o câncer

26 de outubro de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico USP). Fontes: OMS, INCA. Fotos: Fotolia.com

Suplementos de cálcio não fortalecem os ossos

CálcioAUCKLAND, NOVA ZELÂNDIA – Um novo estudo mostrou que suplementos de cálcio ou laticínios não previnem fraturas ou retarda a osteoporose. O novo estudo constatou que pessoas acima de 50 anos não ficam com os ossos mais fortes ao tomar suplementos com cálcio ou ingerir mais leite ou derivados ao longo do dia.

O estudo em detalhes
A pesquisa foi realizada pela Universidade de Auckland na Nova Zelância. O Dr. Ian Reid e colegas compilaram dados da literatura científica de diversos estudos ao redor do mundo para verificar o que eles apontavam sobre o consumo de cálcio de fortalecimento dos ossos. Os resultados saíram na revista científica British Medical Journal e apontam que ingerir suplementos de cálcio, além de ser desnecessário, pode prejudicar a saúde. Isso acontece pois o excesso de cálcio, que não vai para o fortalecimento dos ossos, pode se acumular nas artérias causando problemas cardíacos, ou nos rins, gerando pedras nos rins.

A maioria dos estudos coletados pelos pesquisadores mostrou que pessoas acima dos 50 anos não se beneficiam dos suplementos de cálcio ou do cálcio extra ingerido em alimentos. Segundo o Dr. Reid, pessoas ingerindo suplementos de cálcio tiveram as mesmas chances de sofrerem fraturas que pacientes que não tomavam nenhum tipo de suplemento.

Em 2012, um órgão do governo americano, o US Preventive Services Task Force, lançou um comunicado dizendo não haver evidências suficientes que justifiquem o consumo de suplementos de cálcio e vitamina D na prevenção de fraturas dos ossos ou osteoporose.

A controvérsia do consumo de cálcio
Mulheres acima dos 50 anos de idade são recomendadas a ingerirem 1200 mg de cálcio por dia, e abaixo dos 50 anos, 1000 mg por dia. Os homens acima dos 50 anos são recomendados a tomarem 1000 mg de cálcio por dia, sendo que homens acima dos 70 anos precisam de 1200 mg por dia. Além disso, a ingestão de vitamina D (também produzida pela luz do sol no corpo humano) ajuda a absorver o cálcio.

Entretanto, diversos estudos mostram não haver diferenças na incidência de fraturas entre pessoas que fazem uso de suplementação de cálcio e das que não fazem. Dados apontam, entretanto, que o consumo em excesso aumenta o risco de pedras nos rins e problemas gastrintestinais.

Uma das principais fontes de cálcio é o leite e derivados. O Dr. Karl Michaelsson, da Universidade de Uppsala na Suécia, liderou um estudo que investigou o consumo de leite e a relação com fraturas ósseas. Os dados foram surpreendentes e mostraram que pessoas que bebiam mais leite por dia tinham mais fraturas do que aquelas que bebiam pouco leite.

O que fazer para melhorar a saúde dos ossos?
Médicos apontam que a prática de exercícios físicos é uma excelente alternativa para manter a saúde dos ossos. Atividades como caminhada, corrida, tênis, musculação, dança, dentre outros, ajudam a aumentar a densidade óssea.

A atividade física tem sido especialmente recomendada para mulheres na pré-menopausa e após a menopausa. Mulheres nessa fase têm perda da densidade óssea devido a alterações hormonais e, devido a isso, a prática de esportes é encorajada.

Além de melhorar a densidade óssea, a prática esportiva melhora a massa muscular, a força dos tendões e o equilíbrio, o que por sua vez, previne quedas e fraturas. Evitar álcool e cigarro também ajuda a fortalecer os ossos.

13 de outubro de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fontes: BMJ.com, NBCNews.com. Fotos: Fotolia.com

10 dicas para combater a acne

Lave sempre o rostoO verão é uma estação caracterizada por altas temperaturas e grande umidade. Isso propicia a sudorese intensa que pode resultar no aparecimento das terríveis espinhas, ou acnes. A limpeza da pele, sobretudo a do rosto, é essencial. Entretanto, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o excesso de higiene pode aumentar o aparecimento das espinhas. Saiba como driblar esse problema e manter uma pele linda durante a estação.

1. Lave sempre o rosto. A acne surge quando impurezas entopem os poros, que então inflamam. Existem diversos produtos específicos para a limpeza da pele, sobretudo a do rosto. Dê preferencia aos produtos que não ressecam a pele e que tenham como principio ativo ácido salicílico, triclosana ou zinco. ATENÇÃO: o excesso de limpeza irrita a pele, aumenta a produção de sebo e propicia o aparecimento de espinhas. Lave o rosto cerca de 3 vezes ao dia.

Evite o excesso de maquiagem2. Evite o excesso de maquiagem. No verão, as pessoas transpiram mais e produzem mais sebo. A maquiagem entope os poros e causa inflamação. Prefira maquiagens leves e que não agridam sua pele. Lembre sempre de removê-la antes de dormir.
3. Evite a exposição excessiva ao sol. Tomar sol é importante para produção de vitamina D e inclusive na melhora das espinhas. Entretanto, exposição excessiva deixa a pele sensível e faz com que ela produza mais sebo. Dessa forma, os poros podem se entupir com mais facilidade, causando a acne. Prefira tomar sol nos períodos apropriados (antes das 10 da manhã e após às 16h) e sempre use protetor solar.

4. Pratique exercícios físicos. O verão é época de férias e muitas pessoas esquecem as atividades físicas. Os esportes melhoram a circulação do sangue, ajudam a eliminar toxinas e oxigena a pele.

Beba muita água5. Tenha uma alimentação balanceada. O consumo exagerado de açúcar, gorduras, refrigerantes, etc piora o quadro de acne. Opte por legumes, verduras, frutas, cereais e carnes magras (como peixe). Dê atenção especial aos produtos com vitamina A, como cenoura, abóbora e folhas verdes.
6. Beba muita água. É indicado que a pessoa consuma de 2-3 litros de água por dia. A água, além de hidratar os órgãos (incluindo a pele), ajuda a eliminar as toxinas que podem causar espinhas e cravos.

7. Evite ambientes com alta umidade. Isso inclui clubes noturnos ou ambientes muito abafados. O excesso de umidade piora os quadros de acne. Caso você se exponha a um ambiente muito úmido, lave o rosto assim que puder para eliminar o excesso de sebo e sujeira.

Não esprema as espinhas.8. Não esprema as espinhas. Além de não ajudar na sua melhora, espremer a acne pode deixar cicatrizes que são difíceis de serem retiradas.
9. Evite o uso excessivo de produtos abrasivos. Isso incluir esfoliantes e outros produtos que agridem a pele. Eles aumentam a produção de sebo quando usados em excesso. Converse com o seu dermatologista para saber qual a frequência de uso desses produtos.
10. Se você usa algum produto contra a acne, use protetor solar. Muitos dos medicamentos indicados para as espinhas são à base de ácido (retinóico, azelaico, salicílico, glicólico, etc) e deixam a pele muito sensível. O uso desses produtos sem protetor solar pode causar queimaduras e manchas irreversíveis na pele. Sempre que estiver em tratamento, use um produto com FPS adequado à sua pele.

Com essas dicas você vai conseguir reduzir a acne não só no verão, mas no ano todo!

Leia mais sobre o assunto acne em nossa página especial: Acne.

Foto: © Svetlana Fedoseeva – Criasaude.com

A polêmica sobre a fosfoetanolamina

SÃO PAULO – A droga conhecida como fosfoetanolamina ganhou os noticiários nas últimas semanas. A substância distribuída na USP (Universidade de São Paulo) no campus de São Carlos promete curar o câncer. Entretanto, não há provas científicas de que isso aconteça, além de sua distribuição ser ilegal.

A polêmica

A substância, também chamada de fosfo, é sintetizada na USP São Carlos no laboratório do químico e professor aposentado Gilberto Chierice. Segundo ele, a substância cura o câncer, entretanto, ela não passou por nenhum teste clínico em humanos. A droga foi testada em ratos e algumas células humanas, mas não há dados suficientes que justifiquem o seu uso, pois não foram feitos testes de toxicidade e eficácia em pacientes com a doença.

Além da falta de estudos comprovando sua eficácia e segurança, a fosfoetanolamina não é reconhecida na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como um medicamento, e sua distribuição ou comercialização não estão aprovados.

A USP São Carlos proibiu a distribuição das cápsulas em junho de 2014, entretanto, uma decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, liberou sua distribuição temporariamente em 06 de outubro de 2015. Dessa forma, pacientes com câncer que quisessem consumir a substância, podem consegui-la gratuitamente no campus da universidade. Entretanto, a ANVISA alerta que o seu consumo pode causar danos à saúde, uma vez que não há testes suficientes sobre essa molécula.

Em declaração pública, a USP afirma que a fosfoetanolamina não é um remédio e que a mesma não desenvolveu estudos clínicos sobre a molécula. Portanto, cabe ao médico assumir a responsabilidade legal de sua prescrição.

O câncer e as terapias alternativas

O câncer é uma das doenças mais mortais da humanidade, para a qual ainda não existe uma cura definitiva. Alguns tipos de câncer, normalmente quando diagnosticados precocemente, apresentam alta taxa de cura. Entretanto, boa parte dos pacientes com tumores malignos morre por causa da doença.

Uma vez que os tratamentos convencionais não conseguem conter a evolução do câncer, é natural ver pacientes recorrendo a tratamentos alternativos, muitos dos quais não têm comprovações científicas. Segundo a Sociedade Americana de Oncologia Clínica, cerca de 80% dos pacientes com câncer fazem uso de algum tratamento alternativo. Embora muitos desses tratamentos sejam inofensivos, diversos pacientes optam por abrir mão dos tratamentos convencionais (quimioterapia, radioterapia e cirurgia) para fazer uso de terapias sem dados clínicos robustos.

E é exatamente aí onde está o problema. Pacientes que poderiam ter boas chances de cura se seguissem os tratamentos convencionais, acabam por piorar uma vez que abandonam a terapia indicada pelos seus médicos.

As etapas de produção de um medicamento

O desenvolvimento de um medicamento é um processo longo, elaborado, custoso e que envolve diversos profissionais. Inicialmente, moléculas são testadas em células e animais, nas etapas chamadas de “Estudos Pré-Clínicos”. Durante essa fase, o potencial tóxico da molécula é minuciosamente investigado, como sua capacidade de causar mutações, teratogenicidade, entre outras.

Uma vez que a molécula prove ser segura em animais e células, ela começa a ser testada em humanos, na fase chamada de “Estudos Clínicos”, divididas em 3 fases. Durante esse período, a droga passa por diversos testes para testar segurança, eficácia, dosagem, dentre outros. Após a droga apresentar segurança e eficácia nessa fase, ela começa a ser comercializada. A última fase, chamada de fase 4 ou “Estudo Pós-Clínico” investiga a eficácia da droga já sendo comercializada e efeitos em longo prazo na população.

O período total de desenvolvimento de um medicamento, desde sua concepção no laboratório até sua comercialização, pode chegar a 15 anos e ter um custo de milhões de dólares. A substância distribuída pela USP não passou pelas fases de testes clínicos em pacientes e, portanto, não recebeu aprovação legal para sua comercialização.

19 de outubro de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico). Fonte: Anvisa, USP.br. Fotos: Fotolia.com

Como adaptar o organismo ao horário de verão

sono-velhiceSÃO PAULO – O conceito do horário de verão consiste em adiantar os relógios em uma hora para melhor aproveitar a luz solar e economizar energia. O primeiro país a adotar essa tática foi a Alemanha, em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, como medida para economizar carvão. Atualmente, diversos países do mundo adotam o horário de verão com o mesmo intuito: economia de energia elétrica. Dentre eles estão os Estados Unidos, Canadá, diversos países da Europa ocidental e central, parte da Austrália, países da Escandinávia, alguns países do norte da África, dentre outros.

Entretanto, o horário de verão não tem efeito benéfico em todas as pessoas. De acordo com o National Sleep Foundation nos Estados Unidos, muitas pessoas são suscetíveis à perda de uma hora de sono, de maneira que isso causa impacto negativo na qualidade de vida dos indivíduos. Outro estudo publicado na Neuroscience Letters constatou que as pessoas que perdem uma hora de sono tem sua qualidade reduzida, mesmo após o fim do horário de verão. De acordo com um estudo do American Journal of Cardiology, durante o horário de verão há picos de ataques cardíacos, pois a falta de sono aumenta o estresse durante o dia. De acordo com um estudo publicado durante um congresso de cardiologia em Washington, nos EUA no final de março, a mudança para o horário de verão aumenta o número deinfarto do miocárdio em 25% na segunda-feira após o ajuste do horário. Mais uma vez, o responsável por esse aumento de incidência é a perda de 1 hora de sono.

Entretanto, o horário de verão tem efeitos benéficos no corpo. Um estudo de 2014 publicado na revista científica International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity concluiu que durante esse período, crianças de 5 a 16 anos tendem a fazer mais atividade físicas durante o dia. A provável explicação é a maior duração do dia, o que as estimula a serem mais ativas.

Cuidados a se tomar durante o período

Se você é suscetível à perda de uma hora de sono, especialistas recomendam que, durante os primeiros dias do horário de verão, a pessoa que tem problemas para dormir evite estimulantes, como café e produtos com cafeína (como chá verde, chá preto e certos refrigerantes), chocolate (sobretudo o amargo), etc. Além disso, é importante criar um ambiente calmo, tranquilo e agradável antes de dormir.

Um estudo publicado em 2012 na revista científica Journal of Applied Psychology mostrou que durante os primeiros dias do horário de verão, as pessoas tendem a ficar mais tempo na internet e na televisão. Isso não é benéfico caso você tenha problemas para dormir. A recomendação é que a pessoa desligue aparelhos eletrônicos cerca de 1 hora antes de ir para a cama.

A alimentação também desempenha um papel importante no ciclo de sono das pessoas, e pode ser um auxiliar no reequilíbrio do corpo durante o horário de verão. Faça refeições leves à noite e dê preferência a alimentos que estimulem o sono, como banana e produtos lácteos. Durante a manhã, prefira refeições mais substanciosas para te dar energia no começo do dia, horário no qual as pessoas normalmente estão mais sonolentas. A atividade física é também recomendada, pois garante bem-estar físico e mental.

Essas recomendações também valem para pessoas que viajam para outros fusos horários ou mudam de turnos de trabalho.

O horário de verão no Brasil

No Brasil, o horário de verão é adotado anualmente desde 1985 nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O Norte e o Nordeste, por estarem mais próximos à linha do Equador, não adotam ao horário de verão, uma vez que os dias têm praticamente a mesma duração ao longo do ano.

Quer conhecer outras dicas para regular o seu sono? Leia mais em: 10 dicas para mandar a insônia para longe – 11 alimentos para uma boa noite de sono

18 de Outubro de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico). Fontes: International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, Journal of Applied Psuchology, National Sleep Foundation, Neuroscience Letters, The American Journal of Cardiology. Fotos: Fotolia.com

Dengue: casos aumentam no Sudeste do país

Dengue: casos aumentam no Sudeste do paísSÃO PAULOOs casos de dengue aumentaram muito no ano de 2015. Segundo o Ministério da Saúde, Janeiro de 2015 apresentou um aumento de 57% dos casos com relação ao mesmo mês de 2014. Um dos motivos para esse grande aumento é a crise hídrica, que atinge principalmente a região Sudeste. Com a redução do abastecimento, muitas pessoas estão acumulando água em baldes e caixas d’água, o que favorece a proliferação do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti.

Entenda a dengue

A dengue é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Atualmente há 4 sorotipos do vírus no Brasil, DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4, sendo este último a variedade mais recentemente introduzida. O mosquito está adaptado a regiões quentes e úmidas e carrega o vírus e o transmite ao sugar o sangue do paciente. Ele põe seus ovos em água limpa e parada e de preferência ao abrido da luz. Além da dengue, o mosquito também transmite outras doenças como a febre chikungunya e a febre amarela.

Após a picada, o período de incubação (tempo entre a exposição e aparecimento dos sintomas) varia entre 3 e 14 dias, sendo que eles normalmente aparecem dentro da primeira semana de contágio. Os sintomas característicos incluem febre alta de início súbito, dores musculares e articulares, fadiga, forte dor de cabeça e possíveis erupções cutâneas. Embora muitos pacientes melhorem espontaneamente após alguns dias, algumas pessoas evoluem para um caso mais grave, a dengue hemorrágica que pode ser fatal. Nesse estágio, o paciente apresenta sangramentos gastrintestinais e em mucosas.

O tratamento visa à melhora dos sintomas com uso de antitérmicos, analgésicos e líquidos para repor a desidratação. Se a pessoa tem suspeita de dengue, ela não deve consumir produtos à base de ácido acetilsalicílico (como a aspirina), uma vez que esse composto pode aumentar a hemorragia.

Aumento dos casos no Sudeste

O aumento dos casos de dengue no Sudeste tem sido alarmante. De acordo com dados do Ministério da Saúde, houve aumento de 64% dos casos somente na cidade de São Paulo. Uma cidade do Estado de São Paulo particularmente afetada pela dengue é Sorocaba, no interior do estado. Já foram registrados cerca de 22 mil casos neste ano, o que tem causado grande transtorno para a rede pública de saúde que não consegue atender a todos os pacientes. Ao todo, o Estado de São Paulo já concentra mais da metade dos casos de dengue de todo o país em 2015. O governo assume que o aumento da incidência é devido ao armazenamento de água feito de maneira não adequada.

Dengue nas outras regiões do país

Outros estados em alerta de dengue incluem o Acre, que apresenta a maior incidência da doença com 695,4 casos a cada 100 mil habitantes, seguido de Goiás (401 casos a cada 100 mil habitantes). De acordo com o Ministério da Saúde, Cuiabá é a única capital brasileira em situação de risco, entretanto outras 18 estão em situação de alerta: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Macapá, Maceió, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Vitória.

Prevenção

A maneira mais eficiente de prevenir a dengue é evitar o acumulo de água limpa, sobretudo em locais abrigados da luz. Alguns locais reservatórios do mosquito da dengue incluem calhas, caixas d’água, pratos de vasos de plantas, pneus, baldes, latas vazias, garrafas, piscinas, dentre outros.

Verifique semanalmente no seu quintal ou jardim se não há nenhum local que possa acumular água da chuva. Se você está juntando água, certifique-se de sempre fechar o reservatório e evitar que ele fique exposto. No caso de piscinas, use produtos de limpeza e, sempre que possível, cubra a superfície.

Agentes sanitários das prefeituras municipais estão passando na casa dos cidadãos para alertar sobre a dengue e dar dicas de como interromper o ciclo de vida do mosquito. Se você tem alguma dúvida sobre esse assunto, dirija-se à unidade básica de saúde do seu bairro.

Leia também: 10 dicas para combater a dengue10 dúvidas sobre a dengue

23 de Março de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fonte: Ministério da Saúde. Fotos: Criasaude e Fotolia.com.

 

Gorduras e colesterol não são tão ruins quanto pensávamos

Gorduras e colesterol não são tão ruins quanto pensávamosZURICHA nutrição é uma ciência que evolui de acordo com novos estudos. A ciência muitas vezes traz certa contradição, uma vez que a verdade de um momento não é a mesma alguns anos ou décadas mais tarde. Este é o caso das gorduras e do colesterol. Atualmente, mais e mais pesquisadores e especialistas acreditam que a caça aos produtos ricos em gordura e colesterol tem feito mais mal do que bem e isto seria parcialmente responsável pela epidemia de obesidade global. De fato, sabemos que é o açúcar o principal responsável pelo acúmulo de gordura no corpo. Desta forma, o grande vilão não são as gorduras, mas sim os carboidratos, como refrigerantes, doces e sanduíches de pão branco e hambúrgueres.

Um pouco de história: os anos 50

A caça à gordura começou na década de 1950 nos Estados Unidos e mais tarde influenciou o mundo científico e, então, o mundo inteiro. Em 1952, o pesquisador Ancel Benjamin Keys da Universidade de Minnesota (norte dos EUA) publicou um estudo e desenvolveu uma teoria de que a gordura saturada causava mais eventos cardiovasculares, incluindo morte. Segundo ele, quanto mais nós consumimos gordura saturada, maior é o risco de mortalidade.

Em 2015, alguns especialistas em nutrição com alguns estudos põem em questão a visão de “demonização” de gordura. O problema é que as pessoas tentam substituir a gordura por outras coisas, ou seja, as pessoas que tentaram minimizar alimentos ricos em gorduras, são automaticamente levadas a consumir alimentos ricos em açúcar e proteína. Como discutido abaixo, as gorduras saturadas não aumentam notadamente o colesterol, mas, assim como o açúcar, podem levar ao aumento do peso, gerando um dilema. Muitos nutricionistas, com uma visão pragmática, começaram a perceber que a gordura não é o inimigo número 1 da boa saúde e um peso ideal.

De acordo com Nina Teichholz, uma jornalista americana que publicou o best-seller nos EUA “The Big Fat Surprise” (tradução: “A Grande e Gorda Surpresa”): “A ideia de que o consumo de gorduras ruins ou gorduras saturadas leva a doenças cardiovasculares ou complicações não pôde ser comprovada”.

Um grande estudo britânico lançado em março de 2014 lhe dá parcialmente razão. Esta pesquisa mostrou que os ácidos graxos saturados não são tão prejudiciais quanto se pensava anteriormente para o sistema cardiovascular. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido retomaram dados de 72 estudos anteriores, com cerca de 600.000 pessoas em todo o mundo. De acordo com estes cientistas, o consumo de gordura saturada tem pouco impacto sobre o aparecimento de doenças cardiovasculares. Além disso, os pesquisadores mostraram que o ômega-3 e ômega-6 não teriam tantos efeitos benéficos à saúde.

Garantia de ganho de peso

O que levou os pesquisadores a essa mudança de paradigma foi o fato de que o açúcar se transforma em gordura no corpo, enquanto queima menos rapidamente que gordura. Isto quer dizer que o corpo é capaz de queimar mais facilmente a gordura que os açúcares.

Embora o ganho de peso seja complexo, o consumo excessivo de açúcares em comparação com gorduras (lipídios) provavelmente contribuiu para a atual epidemia de obesidade, um fenômeno quase global que não está reservado apenas aos países alta renda. Pode-se dizer que os refrigerantes, hambúrgueres (pão branco) e outros doces são, provavelmente, piores vilões para a saúde global do que as gorduras saturadas.

Um experimento em animais mostrou que aqueles que consumiram 30% ou mais de carboidrato no total de calorias ingeridas por dia aumentaram de peso. Quando os investigadores diminuíram a proporção de carboidratos para 15%, os animais mantiveram o peso.

Menos proibições, mais pragmatismo

Pesquisadores e especialistas em nutrição estão tentando se distanciar dos estudos dos anos 50 de Ancel Benjamin Keys e ter uma visão menos radical que não envolva a proibição total de certos alimentos.

Para esses cientistas, assim como a jornalista Nina Teichholz, temos de começar a comer sem nos sentirmos culpados alimentos como ovos, queijo, manteiga ou carne vermelha, como foi feito antes dos estudos dos anos 50. Estes alimentos são nutritivos e rapidamente dão uma sensação de saciedade, o que ajuda a manter e até perder peso.

O regime ideal: a dieta mediterrânea

O ideal seria adotar uma dieta vegetariana ou uma dieta mediterrânea, isto é rica em frutas, legumes, peixe e gorduras insaturadas a partir de fontes vegetais, tais como azeite. Mas se você for como a maioria das pessoas e gostar de produtos de origem animal, incluindo produtos lácteos, não adianta não comer carne vermelha e beber diversos copos de refrigerante por dia.

Note, porém, que alguns cientistas continuam a criticar o consumo de gorduras saturadas, principalmente de origem animal, uma vez que eles elevam o colesterol LDL (mau colesterol). Entretanto, esse não é o caso de gorduras insaturadas como as de origem vegetal. De acordo com um grupo de peritos do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, o ideal seria a consumir um máximo de 8% de gordura saturada por dia e preferir gorduras insaturadas, como ômega-3 e ômega-6, encontrados em peixes e azeite.

Cuidado com as gorduras trans

Os pesquisadores são unânimes contra o consumo de gorduras trans, isto é ácidos graxos com ligações duplas trans. Pode-se encontrar esse tipo de gordura em produtos industrializados como em algumas margarinas. Estes ácidos graxos podem aumentar o risco de diabetes tipo 2 e certas doenças cardiovasculares. Nos EUA, as gorduras trans são proibidas.

E o colesterol?

O colesterol encontrado nos alimentos não é mais uma ameaça para a saúde humana. No futuro, os alimentos vendidos nos Estados Unidos devem deixar de incluir avisos indicando alto teor de colesterol. Estas novas orientações foram publicadas no dia 19 de fevereiro de 2015 por um órgão público vinculado ao Departamento de Saúde dos Estados Unidos. Até agora, recomenda-se não consumir mais de 300 mg de colesterol por dia, o que corresponde a cerca de 100 gramas de manteiga, 2 ovos pequenos ou bife 300 gr. A ciência está novamente dizendo que pão com manteiga não faz mais mal à saúde.

04 de Maio de 2015. Texto escrito por Matheus Malta de Sá (farmacêutico, USP). Fontes: NZZ, CBSNews, Creapharma.fr. Fotos: © Fotolia.com.