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Cetamina: esperança na depressão resistente

Melhorar um quadro de depressão pode ser uma jornada desafiadora. Os medicamentos antidepressivos convencionais e a busca por aconselhamento psicológico costumam ser eficazes para muitas pessoas, mas algumas não encontram alívio adequado. Os sintomas podem persistir sem melhora significativa, ou mesmo quando melhoram, tendem a retornar com frequência. Essas são as características da depressão que não responde bem aos tratamentos convencionais, conhecida como depressão resistente ao tratamento (DRT).

Cetamina: esperança na depressão resistente

Cerca de um terço dos quase 9 milhões de pessoas nos Estados Unidos tratadas para depressão a cada ano têm DRT1. Para ser considerada DRT, a pessoa tem que ter não respondido a pelo menos 2 tratamentos com medicamentos convencionais realizados adequadamente. O que pode significar anos de tratamento sem melhora. Em meio a esse cenário desafiador, surge uma nova esperança com o tratamento com a cetamina.

O que é a cetamina e como funciona?

A cetamina, utilizada como anestésico desde 1970, passou a ser pesquisada por sua capacidade de proporcionar alívio rápido e significativo nos sintomas depressivos a partir dos anos 2000 e teve a aprovação de órgãos regulatórios dos Estados Unidos (FDA) e União Europeia (EMA) em 2019. No Brasil a cetamina teve sua primeira autorização para tratamento de depressão resistente em 2020.

Seu mecanismo de ação difere dos antidepressivos convencionais como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina – ISRSs, atuando sobre os receptores NMDA no cérebro, modulando as vias neuronais relacionadas às emoções e gerando novas conexões.

Para quem a cetamina é indicada?

A cetamina é indicada no caso da depressão resistente, ao seja, quando a pessoa já passou por pelo menos 2 tratamentos feitos integralmente com os medicamentos convencionais, geralmente inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), e não teve melhora nos sintomas da depressão e/ou ideações suicidas.

Ela também está sendo utilizada em tratamentos de dor crônica, ansiedade e outras questões psiquiátricas mesmo sem estar autorizada para isso oficialmente, mas com embasamento de estudos clínicos preliminares (uso off label, que não consta na bula).

Benefícios

Os benefícios do tratamento com cetamina no caso da DRT são notáveis e rápidos.

Um estudo publicado em setembro de 2022 na revista científica Psychiatrist, demonstrou que metade dos pacientes tiveram uma melhora significativa após 6 semanas de tratamento e 70% após 10 semanas2. Além disso, os pacientes relatam melhora já nas primeiras aplicações de cetamina o que é bem diferente no caso dos ISRS que geralmente demoram meses para fazer efeito.

Como a cetamina é administrada?

A cetamina pode ser administrada de diversas formas, sendo a infusão intravenosa e a aplicação intranasal as mais comuns, mas também existem a administração subcutânea e intramuscular, a forma oral ainda sendo estudada3.

Atualmente o tratamento com cetamina só pode ser realizado em hospitais e clínicas de saúde com o monitoramento de um profissional de saúde, que utilizam escalas de avaliação específicas para rastrear as mudanças nos sintomas depressivos e ajustar o tratamento conforme necessário. Esta abordagem personalizada visa otimizar os benefícios e minimizar os riscos associados ao tratamento com cetamina.

As sessões de aplicação duram entre 40 e 60 minutos.

A escolha da forma de administração e o tempo de tratamento irá depender das necessidades individuais de cada pessoa em conjunto com as orientações do profissional de saúde.

Efeitos colaterais e riscos

Os efeitos colaterais mais comuns são confusão mental, sonhos ou delírios, aumento da pressão sanguínea ou dos batimentos cardíacos. Como trata-se de um anestésico, a sonolência está presente. As pessoas são recomendadas a não dirigir após a sessão de aplicação da cetamina.

A taquifilaxia, comprometimento cognitivo, dependência e problemas renais e urinários graves podem acontecer, mas são raros4.

Ainda são necessários mais estudos científicos de acompanhamento de pacientes por um período maior para determinar se o efeito e segurança deste tipo de tratamento se mantém a longo prazo.

O risco de abuso e dependência da cetamina são reais. A cetamina é utilizada de “forma recreativa” há décadas, devido ao seu efeito dissociativo. Em outubro de 2023, o ator Matthew Perry da minissérie Friends morreu devido aos “efeitos agudos da cetamina”, ele foi encontrado desacordado de barriga para baixo na piscina de sua casa. Perry, que lutava contra depressão e abuso de substâncias há anos, fazia tratamento com cetamina para depressão resistente, no entanto a concentração de cetamina encontrada em seu organismo não poderia ser da sessão que havia feito uma semana antes, segundo laudo da necropsia. Especialistas relatam que este é um caso isolado de abuso da substância fora do tratamento da depressão5.

Quem não deve usar

A cetamina é contraindicada em casos de hipersensibilidade conhecida a cetamina ou a qualquer outro componente de sua fórmula, hipertensão, história de acidente vascular cerebral e pacientes com insuficiência cardíaca grave6.

Perspectivas futuras

A cetamina também tem um grande potencial para tratamento não só da depressão resistente, mas também para outras doenças psiquiátricas e questões neurológicas, como ansiedade, dor crônica e epilepsia. Porém devemos ter atenção tanto ao seu potencial de abuso como para novas pesquisas de eficácia e segurança a longo prazo.

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

Tudo o que você precisa saber sobre protetor solar

O protetor solar, ou filtro solar, é uma das formas mais confortáveis e recomendadas de se proteger da radiação ultravioleta (UV) do sol.  As radiações UVA e UVB estão associadas a danos celulares que contribuem para o fotoenvelhecimento e o desenvolvimento de câncer de pele, respectivamente. Segundo a American Academy of Dermatology Association 1 em cada 5 estadunidenses irá desenvolver câncer de pele em algum momento da vida  1.

Tudo o que você precisa saber sobre protetor solar

Pensando na saúde e na estética, ter sempre um bom protetor solar à disposição é essencial. No entanto, diante da variedade de produtos no mercado, surge a dúvida: como escolher o mais adequado?

Para te ajudar nessa escolha, entrevistamos a dermatologista Dra. Leticia Freire Rautha, especialista em cosmiatria e práticas integrativas pelo Hospital Albert Einstein e sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Ela compartilhou 3 recomendações cruciais sobre protetor solar, para você não se enganar na hora de se proteger.

Como escolher um protetor solar

A escolha do protetor solar mais adequado irá depender do seu tipo de pele, da atividade que você irá fazer e do ambiente (interno ou externo), mas existem algumas recomendações básicas que você pode seguir.

1- Escolha um protetor solar com FPS de pelo menos 30 e de amplo espectro (UVA e UVB)

Segundo a Dra. Leticia Rautha é necessário que o FPS (fator de proteção solar) seja de pelo menos 30 para que haja proteção em relação ao câncer de pele e para se proteger por completo, é necessário que o protetor tenha proteção UVA e UVB, que também pode estar descrito na embalagem como “amplo espectro”.

Caso você tenha pele muito clara ou sensível, escolha um protetor solar com FPS acima de 50.

O que condiz com as recomendações da Sociedade Brasileira de Dermatologia2 e da American Academy of Dermatology Association3.

2-  Prefira os protetores solares físicos (minerais)!

Existem dois tipos de protetores solares: químicos e físicos. Protetores químicos contêm substâncias potencialmente tóxicas, enquanto os físicos, à base de minerais como óxido de titânio, óxido de zinco ou óxido de ferro, são mais seguros para a saúde e o meio ambiente.

Um estudo realizado com 48 indivíduos que utilizaram por 4 dias protetores solares com 6 substâncias químicas (avobenzona, oxibenzona, octocrileno, homosalato, octisalato e octinoxato) demonstrou que todas essas substâncias foram absorvidas sistemicamente pelo corpo levando a uma concentração sanguínea superior à considerada segura pelo FDA (Food and Drug Administration – agência reguladora estadunidense)4.

A Dra. Leticia Rautha explica que os as substâncias potencialmente tóxicas dos protetores solares químicos podem levar a fotoalergias e a disrupção endócrina que podem afetar a saúde humana e de várias espécies aquáticas, causando diminuição da fertilidade, diminuição de diversidade de espécies aquáticas e branqueamento dos corais

Os protetores solares físicos, que são a base de minerais como óxido de titânio, óxido de zinco ou óxido de ferro, são uma ótima opção para quem quer se proteger do sol e manter sua saúde e a do meio ambiente. Eles têm a desvantagem de deixar uma camada mais grossa na pele, que muitas vezes é esbranquiçada, mas já existem opções pigmentadas no mercado para cada tom de pele.  Além disso, os protetores minerais também são recomendados para proteger peles manchadas, salienta a Dra. Rautha.

3- Caso tenha uma pele sensível ou oleosa escolha utilize um protetor solar específico para rosto.

Os protetores solares para o rosto geralmente têm opções com um controle de oleosidade. Eles também podem conter chá verde, vitamina C ou outros antioxidantes que auxiliam no tratamento de pele. Então, se você tem uma pele oleosa ou sensível, vale a pena investir em um bom protetor solar para rosto.

Como aplicar o protetor solar

Não adianta escolher um bom protetor solar se não soubermos aplicá-lo corretamente, separamos as principais recomendações para a aplicação do protetor solar:

1 – Utilize protetor solar todos os dias.

2 – Prefira aplicar o protetor solar 15 a 20 min antes da exposição solar.

3 – Reaplique o protetor solar de 2 em 2 horas e toda vez que sair da água ou suar muito.

4 – Aplique o protetor solar em toda a pele que não estiver coberta por roupa.

Lembre-se que o protetor solar é uma das medidas de proteção contra os raios solares, mas que a proteção física com roupas fotoprotetoras, bonés, chapéus e óculos escuro também são ótimos aliados para uma boa proteção solar.

Redação

Adriana Sumi (farmacêutica)

Benefícios da água de coco para saúde

SÃO PAULO – A água de coco é uma bebida refrescante muito consumida no litoral brasileiro, mas para além do seu sabor delicioso será que realmente é a melhor opção para matar a sua sede? O Criasaude.com.br entrevistou em 2022 a Cristiana M. Maymone (link Instagram) – nutricionista e doutoranda pela Universidade de São Paulo (USP) – e fez um compilado das principais informações para você avaliar se é uma boa opção para manter-se saudável e matar sua sede.  

O que é a água de coco?

A água de coco é um fluido transparente, levemente esbranquiçado, encontrado dentro do coco verde (Cocos nucifera L.). Ela tem um sabor levemente adocicado e é pobre em açúcar e calorias. Possui eletrólitos como potássio, sódio e magnésio, que ajudam a repor os nutrientes perdidos.

Quais são os benefícios da água de coco para a saúde?

Hidratação
“A água de coco é uma bebida com um grande potencial de hidratação e repositor de eletrólitos e sais minerais que são eliminados com o suor. Sendo assim, seu consumo contribui na reidratação em especial de dias quentes, exercícios físicos (funcionando como um isotônico) e após episódios de diarreias e vômitos”, explica a nutricionista Cristiana Maymone.

Pressão arterial
Estudos preliminares indicam que a água de coco pode auxiliar a baixar a pressão arterial devido ao seu alto teor de potássio, que ajuda a remover o sódio extra do corpo através da urina. No entanto, para pessoas que fazem uso de medicações hipotensoras (para pressão alta), é necessário consultar a equipe médica antes de ingerir grandes quantidades de água de coco, pois a pressão arterial pode baixar de mais.

Prevenção de pedra nos rins
Manter uma boa hidratação ajuda a prevenir a formação de pedra nos rins, além de poder ajudar a eliminá-las. Além disso, o desequilíbrio de eletrólitos no sangue contribui para a formação das pedras, então a ingestão de alimentos ricos em potássio, como é o caso da água de coco, pode ser benéfica para alguns casos.

Pele mais saudável
Para manter uma pele saudável a hidratação é um fator muito importantes, mas para além disso a água de coco também possui antioxidantes, que neutralizam os efeitos dos radicais livres, e possui propriedades antimicrobianas, o que pode ajudar na luta contra a acne, segundo a Cleveland Clinic1.

Mas posso beber o quanto quiser? Existem contraindicações?

A água de coco pode ser consumida sem problemas, no entanto, para pessoas que apresentam diabetes, hipertensão, problemas renais é recomendado evitar o consumo demasiado e conversar com médico/a ou nutricionista para saber a quantidade que você pode consumir a partir de sua realidade na alimentação, exercício e condição de saúde, explica Maymone. Pessoas que fazem uso de inibidores de ECA e hipotensores, também devem recorrer a profissionais especializados antes de consumirem em maiores quantidades.

Dicas – água de coco 

Prefira a água de coco in natura. Há perdas nutricionais no processamento.

Leia o rótulo. Escolha opções 100% água de coco e sem adição de açúcares ou conservantes. Evite as que contém ingredientes reconstituídos.

Beba após o exercício para aumentar a hidratação.

– Misture com outras bebidas. Se você não gosta do sabor da água de coco, tente adicioná-la à água com gás ou usá-la em smoothies.

– Tenha cuidado se você tiver doença renal crônica, tomar inibidores da ECA, pois esses indivíduos precisam limitar seu potássio, ou tomar hipotensores.

– Evite tomar água de coco 2 semanas antes de cirurgias, pois pode alterar a pressão arterial.

Não deixe de tomar água natural, ela ainda continua sendo a melhor fonte de hidratação.

Data de publicação:
15.01.2024 (update)

Escrito por:
Adriana Sumi (farmacêutica). Supervisão final: Xavier Gruffat (farmacêutico).

Fontes e Referências
– Entrevista realizada com Cristiana M Maymone – nutricionista pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mestre em Nutrição em Saúde Pública e Doutoranda em Mudanças Sociais e Participação Política pela Universidade de São Paulo (USP), criadora do canal do Instagram @crismaymone_nutri – em outubro de 2022 pelo Criasaude.com.br.
– Artigo da Cleveland Clinic The Health Benefits of Coconut Water(tradução livre: Os benefícios saudáveis da água de coco) publicado em 10 de setembro de 2021, acessado em outubro de 2022 pelo  Criasaude.com.br.

Fotos:
Adobe Stock & Criasaude.com.br.

Desvendando a fibromialgia: 4 aspectos essenciais para compreender

Data de publicação: 21.12.2023

Autora

A fibromialgia é uma condição complexa e frequentemente mal compreendida que tem intrigado a comunidade médica. Estudos indicam que 2% a 8% da população global enfrenta essa condição1, sendo as mulheres as mais afetadas (75 a 90% dos casos2).

O Criasaude mergulhou nas pesquisas científicas e entrevistou a Dra. Bartira Melo, reumatologista e densitometrista (CRM 520112041-7), mestranda na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e reumatologista do Corpo de Saúde da Marinha do Brasil, para te ajudar a desvendar as principais questões sobre fibromialgia.

Desvendando a fibromialgia: 4 aspectos essenciais para compreender
4 coisas que você precisa saber sobre fibromialgia

Fibromialgia é psicológica?

Embora o componente emocional possa influenciar a intensidade da dor, a fibromialgia é uma condição física real. Fatores psicológicos podem agravar os sintomas, mas a dor é originada de disfunções no processamento da dor no sistema nervoso central. Além da dor crônica generalizada, outros sintomas estão associados a esta doença como: limiar de dor reduzida, cefaleia, dor e distensão abdominal, alteração do ritmo intestinal, distúrbios do sono e perda ou dificuldade com a memória e concentração, explica a Dra. Bartira.

O que fazer se suspeitar de fibromialgia?

Se você sente como se estivesse gripada todos os dias, com dor e fadiga, procure a ajuda de reumatologistas o mais rápido possível, é o que recomenda a Dra. Bartira.

Quanto mais cedo o diagnóstico, que é feito basicamente pela análise clínica e exclusão de outras doenças, mais cedo é possível estabelecer uma linha de tratamento eficaz para a pessoa e restabelecer uma boa qualidade de vida.

É possível ter uma boa qualidade de vida com fibromialgia?

A fibromialgia pode comprometer significativamente a qualidade de vida de uma pessoa, suas relações sociais e de trabalho, mas com um bom tratamento é possível ter de volta uma boa qualidade de vida!

A Dra. Bartira explica que o tratamento da fibromialgia é multidisciplinar, engloba medidas não-farmacológicas e farmacológicas. “O estabelecimento de um plano terapêutico individualizado após ouvir todas as queixas e entender a rotina do paciente pode garantir uma vida livre de dor”, endossa a reumatologista.

Dentre os tratamentos não-farmacológicos que mais se destacam são:

– terapia cognitivo-comportamental

– prática regular de atividade física moderada

– controle de peso

– alimentação rica em fibras e antioxidantes

– estimulação cerebral não-invasiva

É importante procurar outros profissionais de saúde além do médico, como: educadores físicos, psicólogos, nutricionista, acupunturistas, entre outros.

As opções médicas de tratamento são somente “a ponta do iceberg”, os melhores tratamentos geralmente não estão em uma cápsula, é o que aponta o médico Dr. Benjamin Abraham, médico especialista em dor, no artigo da Cleveland Clinic3.

Quais outros suportes você pode recorrer?

Esclareça todas as suas dúvidas!

“O entendimento sobre sua doença aumenta as chances de uma boa adesão ao tratamento e o sucesso terapêutico”, diz a Dr.Bartira. A informação é muito importante não só para a pessoa que está com fibromialgia, mas também para seus familiares e entes queridos.

Grupos de apoio

Existem grupos de apoio para pessoas que vivem com dor crônica, incluindo grupos específicos para pessoas com fibromialgia.

Apoio familiar e de entes queridos

O entendimento sobre a doença e apoio no dia a dia das pessoas ao redor pode ser um fator diferencial no tratamento.

Confira nosso arquivo completo sobre fibromialgia

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Fibromyalgia vs. Chronic Fatigue: Which One Are You Dealing With?, de 8 de maio de 2023. Artigo acessado pelo Criasaude.com.br em dezembro de 2023 pelo, link funcionando nesta data.

Autoexame das mamas em 2 etapas

A autoexame das mamas consiste em as mulheres examinarem regularmente seus seios, inspecionando-os mensalmente, por exemplo, em busca de possíveis caroços, espessamentos ou outras mudanças que merecem ser relatadas. Embora ainda não existam estudos que comprovem que este procedimento seja um meio fiável de detecção precoce do câncer ou de melhoria da sobrevivência das mulheres com câncer de mama, ainda assim é importante sua realização. Na realidade, o autoexame permite às mulheres tomarem consciência dos seus seios, compreender a sua aparência e sensação normais para comunicar rapidamente quaisquer alterações, sejam elas graves ou benignas.

Autoexame das mamas em 2 etapas

O momento ideal para realizar o autoexame das mamas é esperar cerca de uma semana após o término da menstruação para pessoas com ciclo regular. Para mulheres na menopausa e aquelas com ciclos menstruais irregulares, basta escolher um dia a cada mês. Durante a menstruação, os níveis hormonais flutuam e causam uma modificação nos tecidos mamários. Para não esquecer, escolha um dia fácil de lembrar, como o primeiro ou o último dia do mês, ou até mesmo o seu número favorito. Não hesite em manter um pequeno diário para anotar o que você observou.
Se você notar novas alterações em seus seios, converse com sua médica. Embora a maioria das alterações mamárias detectadas durante o autoexame tenham causas benignas, um número significativo de mulheres relata que o primeiro sinal do câncer de mama foi um novo nódulo mamário que elas mesmas descobriram. É por esta razão que se recomenda conhecer a consistência normal das suas mamas através da autopalpação, mesmo que este nunca deva substituir exames e testes de rastreio como a mamografia. Aqui está um método de duas etapas que você pode seguir para praticar o autoexame. Você também pode pedir a agentes de saúde (ex. médica, enfermeiras) para lhe mostrar como fazer este procedimento.

Etapa 1: Inspeção por palpação

Utilize a mão direita para examinar a mama esquerda. Com as pontas dos três dedos médios, pressione firmemente cada parte do seio. Mova sua mão em um círculo. Use uma leve pressão primeiro, depois média e finalmente uma mais firme. Certifique-se de verificar todos os lugares e incluir a axila. Verifique se há saliências, pontos grossos ou outras alterações. Inspecione também sob a aréola, a área ao redor do mamilo, e aperte o mamilo para ter certeza de que não há secreção suspeita. Em seguida, repita esses passos na outra mama. Esta operação leva apenas alguns minutos.

Etapa 2 : Inspeção visual

Você também deve olhar seus seios no espelho. Primeiro, coloque os braços ao lado do corpo. Procure quaisquer alterações na aparência dos seus seios. Isso pode incluir inchaço, ondulações na pele ou alterações na posição dos mamilos. Em seguida, levante os braços acima da cabeça para observar as mesmas coisas. Por fim, coloque as mãos nos quadris e pressione com firmeza para flexionar os músculos do peito. Procure as mesmas anormalidades em ambos os seios.

O autoexame das mamas pode ser feito em pé ou deitada, mas tome cuidado se estiver deitada, o tecido mamário não está mais distribuído de maneira uniforme. Para ficar confortável, coloque um travesseiro sob o ombro direito e coloque o braço direito atrás da cabeça. Em seguida, use as técnicas de observação explicadas anteriormente. Mude a posição do travesseiro para verificar a outra mama e a axila.

Precauções

A American Cancer Society acredita que o uso da mamografia, do exame clínico das mamas e do autoexame das mamas oferecem as melhores oportunidades para reduzir a mortalidade por câncer de mama através da detecção precoce. Essa abordagem combinada é claramente superior a qualquer exame isolado. Evite depender exclusivamente de uma dessas metodologias isoladamente, as recomendações de um profissional de saúde são indispensáveis. O autoexame é uma ferramenta doméstica que ajuda você a se familiarizar com seu corpo, mas de forma alguma substitui um exame clínico das mamas ou mamografias.

O autoexame das mamas também pode ser fonte de ansiedade quando você nota um caroço ou uma anomalia. É importante ter em mente que a maioria dos caroços não são cancerígenos, portanto, é aconselhável aguardar a opinião médica antes de se preocupar. Às vezes, exames são recomendados mesmo que o caroço não seja cancerígeno. Isso pode ser considerado como um procedimento invasivo desnecessário, mas ainda é prudente conhecer a origem das anomalias, mesmo as menos graves.

Fontes & Referências:

– Mayo Clinic

– Cleveland Clinic

– American Cancer Society (ACS)

Pessoas responsáveis e implicadas na escrita deste artigo:

Seheno Harinjato (editor do Criasaude.com.br, responsável pelos infográficos).

Data da última atualização do arquivo:

20.10.2023

Créditos fotográficos:

Criasaude.com.br, Adobe Stock, © 2023 Pixabay

Créditos infográficos:

Pharmanetis Sàrl (Criasaude.com.br)

Saúde vaginal, o que é normal e anormal?

Vamos falar sobre um assunto que muitas vezes é tratado como tabu, as secreções vaginais! Toda mulher já parou para se perguntar, será que essa secreção é normal? Será que devo procurar atendimento médico?

Nós do Criasaude entrevistamos a ginecologista obstetra Dra.Laura Lúcia Martins (CRM 17778-PR), criadora da campanha de saúde íntima feminina Saia com Saia., sobre o que é normal e anormal em relação às secreções vaginais e compilamos em 4 pontos essenciais que toda mulher precisa saber sobre secreções vaginais.

1) Quando se preocupar com a secreção vaginal?

Nosso corpo é como um clube exclusivo, com seguranças em todas as portas de entrada. No ouvido, temos a cera; na boca, a saliva; no nariz, o muco; e, na vagina, também temos nossas secreções naturais protetoras.

A secreção natural do canal vaginal é clara, branca ou amarelo clarinho e mais espessa, não escorre. Quando aparece na calcinha, é discreta e não causa incômodos. Após um banho, o cheiro desaparece, e ela não causa coceira, ardência, ou qualquer desconforto. Mantém sua coloração natural.

Quando há alguma invasão em nosso organismo, por vírus ou bactérias, ou um desequilíbrio da microbiota vaginal essa secreção natural muda as suas características, é o que chamamos de corrimento.  O corrimento vaginal, é uma secreção anormal, diferente da secreção natural de proteção, geralmente tem uma cor mais escura ou amarelo forte parecendo pus e um mau odor. Muitas vezes o corrimento está associado a coceira, ardência, dor ao urinar, dor no baixo ventre ou dores relações sexuais.

Para identificar a diferença entre a secreção natural e o corrimento, lembre-se: a secreção natural não dá trabalho, enquanto o corrimento sempre traz desconforto, seja no cheiro ou nas dores, como explica a ginecologista Dra. Laura Lucia.

Se você perceber qualquer secreção que persiste por vários dias e vem com algum incômodo, seja ele coceira, ardência, odor desagradável, dor ao urinar, dor no baixo ventre ou desconforto abdominal, é hora de procurar atendimento ginecológico, é o que recomenda a Dra. Laura.

Saúde vaginal, o que é normal e anormal?

2) As secreções vaginais mudam ao longo do ciclo menstrual?

A vagina é incrivelmente sensível às oscilações do ciclo menstrual. Ao longo desse período, os hormônios sexuais femininos, como o estrogênio e a progesterona, têm altos e baixos, como um emocionante passeio de montanha-russa. A resposta da vagina a essas mudanças inclui a produção de muco cervical, que desempenha um papel fundamental na fertilidade.

Esse muco cervical é como o tapete vermelho para os espermatozoides, fornecendo um caminho mais fácil para eles nadarem em direção ao óvulo. À medida que o mês avança, a textura e a cor desse muco mudam. Logo após a menstruação, ele tende a ser mais escuro e, gradualmente, clareia. No meio do ciclo, pode assemelhar-se a uma clara de ovo, com uma textura mais pegajosa. À medida que se aproxima da menstruação, ele volta a ficar mais branco e, por fim, um tom amarelinho, marcando o fim do ciclo.

No entanto, é importante observar que essas mudanças ocorrem principalmente para pessoas que não estão usando contraceptivos hormonais. Aquelas que utilizam métodos contraceptivos hormonais não experimentam essas flutuações hormonais, já que seus corpos não ovulam, evitando assim gravidezes indesejadas1.

3) O que muda com a idade?

Quando uma mulher entra na menopausa, é sinal de que seus ovários encerraram a produção de estrogênio, o hormônio feminino. Isso acontece porque não restam mais folículos ou óvulos. Como resultado, a vagina passa por algumas transformações.

Sem a ação do estrogênio, a vagina torna-se mais seca, fina e perde parte de sua elasticidade natural. Isso ocorre porque a vagina possui muitos receptores sensíveis a hormônios femininos. Com a menopausa, esses hormônios deixam de atuar na vagina.

Essas mudanças podem afetar a saúde íntima e o conforto, mas é importante destacar que existem opções médicas disponíveis, como hidratantes vaginais, lubrificantes, terapia hormonal, entre outros cuidados e tratamentos que podem ajudar a aliviar desconfortos e melhorar a qualidade de vida durante a menopausa2.

4) Quais são as principais infecções que causam alteração nas secreções vaginais?

Como vimos anteriormente, nem toda alteração nas secreções vaginais é causada por uma infecção, mas a mudança na secreção vaginal pode ser um sintoma de infecções e deve ser investigada.

Cada tipo de infecção tem características distintas que podem ajudar a identificá-las. Aqui estão algumas das principais infecções que afetam as secreções vaginais e suas características:

Candidíase: é uma infecção causada por fungos, geralmente pela Candida Albicans. É um fungo que já existe em pequenas quantidades no organismo da mulher normalmente e que pode sair do equilíbrio com a flora vaginal gerando uma infestação, esta infestação também pode ser transmitida através de relação sexual.

Características da secreção: Secreção espessa e branca, semelhante a coalhada ou queijo cottage.

Outros sintomas: Coceira intensa, vermelhidão, inchaço e dor durante as relações sexuais.

Como tratar: antifúngicos na forma de creme vaginal (ex.clotrimazol, entre outros) ou comprimido oral (ex. fluconazol, entre outros), tratamentos naturais e alimentação.

Vaginose bacteriana: é uma infecção causada por bactérias que são encontradas na flora vaginal naturalmente, mas que por algum motivo saem do equilíbrio e se proliferam em grande quantidade. Também pode ser transmitida através de relação sexual sem proteção.

Características da secreção: secreção fina, acinzentada ou esbranquiçada.

Outros Sintomas: odor de peixe, coceira e irritação, principalmente após a relação sexual.

Como tratar: geralmente tratado com antibiótico metronidazol, na forma de creme vaginal ou comprimido oral.

Clamídia: infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis geralmente através de contato com secreções infectadas, é uma doença sexualmente transmissível.

Características da secreção: a clamídia pode não causar alterações nas secreções em todos os casos. No entanto, algumas pessoas podem apresentar secreção amarelada ou esverdeada.

Outros sintomas: muitas pessoas nunca apresentam sintomas, mas outros sintomas que podem surgir são dor ao urinar e feridas.

Como tratar: antibióticos orais (ex. doxaciclina e axitromicina)

Gonorreia: infecção causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, também chamada de gonococo. É uma doença sexualmente transmissível.

Características da secreção: a gonorreia pode ser assintomática, mas também pode levar a secreção espessa e amarelada ou esverdeada.

Outros sintomas: pode ser assintomática, mas também pode causar dor abdominal, dor ao urinar e sangramento entre os períodos.

Como tratar: antibióticos por via oral ou por injeção.

Tricomoníase: é causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis. É uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns.

Características da secreção: secreção espumosa, verde, amarela ou cinza, frequentemente com um odor desagradável.

Outros sintomas: coceira intensa, dor durante a relação sexual e inflamação da vulva.

Como tratar: antibióticos orais (ex.: metronidazol ou tinidazol)

Lembre-se que é importante procurar atendimento médico quando suspeitar de que as secreções estão anormais, principalmente em caso de suspeita de infecção, para que seja feito o devido diagnóstico e a recomendação do tratamento mais adequado 3.

Data de publicação:

22.11.2023

Redação

Adriana Sumi (farmacêutica)

Fontes & Referências

Entrevista realizada pelo Criasaude em novembro de 2023 com a ginecologista obstetra Dra.Laura Lúcia Martins (CRM 17778-PR), criadora da campanha de saúde íntima feminina Saia com Saia

Artigo em inglês da Cleveland Clinic: Vaginal Discharge Color: What’s Normal and What Isn’t, de 29 de julho de 2023, acessado pelo Criasaude em 07 de novembro de 2023, link funcionando nesta data.

Como lidar com a febre em crianças

A febre é a causa mais comum de bebês e crianças serem levadas ao pronto socorro ou consulta pediátrica1. Apesar de ser um sintoma comum, a febre em crianças e principalmente em recém-nascidos deve ser observada com atenção, pois pode ser um sinal de uma infecção. Saber como lidar com a febre e quando procurar ajuda médica é crucial para o bem-estar das crianças e bebês.

O Criasaude entrevistou o neurologista pediatra Dr. Vinícius Burani Kowalski (CRM-SP: 136080) e fez um compilado das informações científicas mais recentes e relevantes sobre o assunto, que você pode conferir a seguir.

O que é a febre?

A febre é caracterizada por um aumento da temperatura corporal, a Organização Mundial da Saúde considera febre temperatura acima de 37,7oC 2, embora alguns especialistas utilizem o parâmetro de 38,0oC. O pediatra Dr. Vinicius Kowalski explica que a referência utilizada para considerar febre também irá depender do método utilizado para medir a temperatura, para crianças a temperatura de 37,3oC através da aferição pela axila já é considerada uma temperatura febril, segundo o pediatra.

A febre é uma resposta natural do corpo a eventos agressores, como infecções, autoimunidade e alterações metabólicas. Embora ela ajude a estimular o sistema imunológico e a resposta metabólica, temperaturas muito altas (normalmente acima de 39,5oC) podem prejudicar o funcionamento do corpo3.

Os bebês e crianças geralmente apresentam mais episódios de febre do que adultos, pois seu sistema imunológico ainda está em formação e a resposta a agentes invasores pode ser mais forte4.

Como lidar com a febre em crianças

Como medir a febre?

Existem 4 formas de aferir a temperatura, que variam em relação ao local onde você coloca o termômetro, são elas: embaixo do braço (aferição axilar), na boca (aferição oral), no ouvido (aferição auricular) ou no reto (aferição retal). Embora a aferição retal seja a mais precisa, a aferição axilar é a mais recomendada para uso doméstico, por ser mais segura, é o que explica o Dr. Vinícius Kowalski.

Tratando a febre

A maioria dos casos de febre não requer tratamento e melhora naturalmente. Não é recomendado dar medicamentos redutores de febre (antitérmicos) imediatamente quando a temperatura é ligeiramente elevada, como 37,2 oC. A temperatura um pouco elevada ajuda a combater infecções, especialmente em crianças5.

O tratamento com medicamentos antitérmicos é apropriado em casos de desconforto significativo da criança ou febre alta. Se a criança está com sintomas como letargia, dor ou recusa de líquidos, pode ser necessário administrar medicamentos, mas é importante sempre administrar antitérmicos em bebês e crianças com a recomendação e acompanhamento médico, pois para cada faixa etária terá um antitérmico e dose específica recomendada6.

Outros cuidados

Mantenha a criança hidratada, oferecendo água ou outros líquidos.

Evite excesso de agasalhos, pois isso pode dificultar a redução da temperatura corporal.

Pode ser útil usar uma compressa fria na testa para conforto, desde que a criança esteja confortável com isso.

Não utilize álcool na pele, pois pode causar acidentes.

Crianças com febre devem permanecer em casa e evitar a escola ou creche até ficarem sem febre por pelo menos 24 horas. Isso evita a propagação de infecções e ajuda a proteger outras crianças7.

Quando procurar ajuda médica

Para crianças com menos de 3 meses o risco de infecção é maior e requer atendimento médico. Já no caso de crianças mais velhas, caso a febre não melhore em 3 dias ou tenha outros sintomas associados, procure atendimento médico.

Fique atento ao estado geral da criança; se ela estiver letárgica, sonolenta ou apresentar sinais de desconforto significativo, recorra ao atendimento médico8.

Em resumo, a febre em crianças é um mecanismo natural de defesa do corpo. O tratamento deve ser orientado pelo bem-estar da criança e pela gravidade da febre. Evite o tratamento imediato com medicamentos quando a febre é leve, pois a febre pode ser benéfica na luta contra infecções. Sempre consulte a equipe médica se houver preocupações sobre a febre de uma criança, especialmente em casos de febre alta, sintomas graves ou febre persistente. O cuidado e o acompanhamento adequados garantem uma a saúde melhor da criança.

Data de publicação:
23.10.2023

Redação:
Adriana Sumi (farmacêutica, dipl. da USP).

Fontes & Referências:

– Entrevista realizada pelo Criasaude em outubro de 2023 com o neurologista pediatra Dr. Vinícius Burani Kowalski (CRM-SP: 136080), formado pela Faculdade de Medicina ABC, especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).

– Artigo em inglês da Cleveland Clinic, How To Treat Your Child’s Fever Naturally (and When To Let It Run Its Course), de 17 de abril de 2023, acessado pelo Criasaude.com.br em outubro de 2023, link funcionando nesta data.

– Artigo em inglês da Mayo Clinic, Mayo Clinic Minute: How to tell if your child has a fever, de 5 de setembro de 2023, acessado pelo Criasaude.com.br em outubro de 2023, link funcionando nesta data.

Como amenizar as alergias na primavera

A primavera é a estação do ano conhecida pela explosão de flores e vida na natureza, no hemisfério sul ela começa em setembro e vai até dezembro, já no hemisfério norte ela começa em março e vai até junho. Mas não é todo mundo que consegue aproveitar a beleza da primavera, para algumas pessoas essa época do ano é sinônimo de nariz escorrendo, olhos coçando e problemas respiratórios. São as pessoas afetadas pelas alergias na primavera. Você sabia que é possível amenizar essas alergias?

Como amenizar as alergias na primavera

Conversamos com as médicas especialistas em alergia e imunologia clínica Dra. Brianna Nicoletti (CRM 113368), médica do Hospital Israelita Albert Einstein e gestora da clínica Maison Santé em São Paulo (Brasil), e a Dra.Letícia Bellinaso Ferreira (CRM: 134995), médica pela Universidade Estadual de São Paulo (USP) e especialista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), que explicam o que causa a alergia da primavera e como amenizá-las.

Por que algumas alergias se agravam na primavera

As alergias são uma reação do corpo, mediadas pelas imunoglobulinas E (IgE), em resposta a presença de algum alérgeno (substâncias que o corpo identifica como invasora e reage “exageradamente”) levando a um quadro de inflamação. Algumas pessoas são alérgicas ao pólen, que é o gameta masculino dispersado pelas plantas para entrar em contato com os gametas femininos fazendo a reprodução das plantas). Nem todo pólen têm um potencial alergênico e cada pessoa pode ter alergia há um ou mais tipos de pólens diferentes, a alergia mais prevalente é a do pólen de gramíneas que inclui o capim1.

Na primavera as alergias que tipicamente aparecem e/ou se agravam são as alergias desencadeadas pelo pólen. Nessa época as plantas florescem e dispersão seu pólen em maior quantidade, além disso o vento fica mais intenso nesta época, fazendo com que haja mais partículas de pólen no ar.

As alergias mais comuns nesta época são: rinite alérgica, conjuntivite e asma alérgica.

Sintomas de alergia na primavera

Os sintomas mais comuns das alergias de primavera são decorrentes de uma reação inflamatória desencadeada pelo contato das mucosas com o pólen, podendo levar a um ou mais sintomas, como2:

– coceira intensa de olhos, nariz ou garganta

– nariz escorrendo e/ou entupido

– olhos vermelhos, com coceira, inchados e/ou lacrimejando

– garganta seca, arranhando e/ou com dor ao engolir

– comichão na pele. Para algumas pessoas o contato direto do pólen na pele pode levar a uma dermatite de contato. 

– asma, chiado no peito e dificuldade respiratória

– fadiga e confusão mental

Diferença entre alergia da primavera e gripe

Segunda a médica alergista Dra. Letícia Ferreira, “nem sempre é possível diferenciar o quadro alérgico de uma gripe ou mesmo COVID-19. Mas alguns sinais podem ajudar: na alergia, ocorre muito mais sintomas de coceira (nariz, olhos, garganta, ouvido) e o acometimento ocular pode ser mais intenso”.

Existem também sintomas que geralmente estão mais associados às infecções por vírus respiratórios e não às alergias, que são: dor muscular, mal estar, perda de apetite, calafrios e febre. “Outro ponto importante é o tempo de duração dos sintomas, pois doenças virais geralmente duram 7-14 dias (no máximo), enquanto os sintomas alérgicos podem ser prolongados”, salienta a Dra. Brianna Nicoletti.

Como amenizar sua alergia na primavera

Infelizmente não há como evitar que uma pessoa desenvolva alergia aos pólens, mas uma vez que você já sabe que possui essa alergia há algumas medidas para prevenir uma crise ou o agravamento da alergia. A principal forma de amenizar seus sintomas é diminuindo o contato com o pólen, mas também é possível fazer alguns tratamentos preventivos naturais, com medicamentos antialérgicos ou imunoterapia3.

Como amenizar as alergias na primavera

Diminuindo o pólen

– Mantenha as janelas de casa e do carro fechadas.

– Evite atividades ao ar livre no período da manhã (5h00 às 10h00, quando há maior concentração de pólen no ar).

– Utilize óculos ao sair, isso irá evitar o impacto do pólen diretamente nos olhos. Ao andar de bicicleta utilize óculos de proteção ocular.

– Evite estender roupas para secar em ambientes externos, os pólens se depositam nas roupas molhadas).

– Aumente a limpeza de casa

– Considere ter um purificador de ar, principalmente no quarto

– Mantenha os animais de estimação limpos, eles podem trazer o pólen para dentro de casa.

– Tome banho assim que chegar em casa e não reutilize as roupas que usou na rua.

Tratamentos naturais

– Lavagem nasal com solução salina, pelo menos 2 vezes ao dia. Atenção, lembre-se de sempre usar uma água que não tenha risco de contaminação como soro fisiológico e água filtrada. Nunca utilize água gelada.

Imunoterapia
Também conhecida como “vacina para alergias”, a imunoterapia é um tratamento de dessensibilização que pode ser feito para diversas alergias, incluindo a alergia a pólen.

“A imunoterapia age modificando a resposta do sistema imunológico e a criança (ou adulto) em tratamento passa a tolerar melhor o alérgeno que antes provocava uma série de reações inflamatórias alérgicas”, explica a Dra. Brianna Nicoletti. Ela pode ser feita de forma injetável subcutânea e sublingual, com a mesma eficácia, mas cada uma tem vantagens e desvantagens e cabe a médica especialista, como alergistas, avaliar qual a melhor opção para cada caso.

Este é um tratamento que tem um potencial de reduzir as alergias em geral por anos, mas o efeito do tratamento demora entre 6 a 12 meses para começar a ser sentido.

Medicamentos

Mesmo com toda prevenção e cuidado, é impossível evitar o contato com o pólen o tempo todo e listamos alguns medicamentos que podem ser utilizados para aliviar os sintomas.

Anti-histamínicos. Os mais recomendados são os anti-histamínicos de segunda geração, que não dão sono, como: loratadina, fexofenadina, cetirizina 

– Sprays nasais à base de corticoide, como: fluticasona, budesonida, mometasona e triamcinolona. Utilizados principalmente em casos de congestão nasal. Alguns especialistas recomendam o uso preventivo desses sprays alguns dias antes de começar a primavera.

– Descongestionantes como a pseudoefedrina, que podem estar associados ou não aos anti-histamínicos. Mas os descongestionantes não são recomendados se você tiver hipertensão ou problemas cardíacos. Outros possíveis efeitos colaterais dos descongestionantes são: pressão alta, palpitações cardíacas e aumento da próstata. “No geral, não o recomendo para pessoas com problemas cardíacos e não recomendaria que pessoas com mais de 40 anos o tomassem regularmente”, afirma o Dr. Eidelman em entrevista para a Cleveland Clinic.

Lembrando que esta lista de medicamento ou outras recomendações que demos acima, não substituem o acompanhamento médico, que poderá dizer qual o melhor tratamento e posologias para o seu caso específico.

Leia também: Como aliviar a congestão nasal e sinusite em casa?

20.09.2023

Fontes & Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra. Brianna Nicoletti (CRM 113368), médica alergista e imunologista do Hospital Israelita Albert Einstein e gestora da clínica Maison Santé em São Paulo (Brasil).
Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023 com a Dra. Letícia Bellinaso Ferreira (CRM: 134995), médica alergista e imunologista pela Universidade Estadual de São Paulo (USP) e especialista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).
Artigo em inglês da Cleveland Clinic: How To Tame Your Spring Allergies, de março de 2023, link acessado pelo Criasaude.com.br em setembro de 2023, link funcionando nesta data.

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica)

O aspartame pode causar câncer?

O aspartame pode causar câncer?

O aspartame é um adoçante artificial utilizado em vários alimentos e bebidas desde a década de 1980. Pessoas que estão em busca de regular a quantidade de açúcar no sangue (ex. pessoas com diabetes) ou que estão em uma dieta de restrição calórica, geralmente procuram substituir o açúcar pelo aspartame. No entanto, em julho de 2023 o aspartame foi classificado por diversas autoridades mundiais em saúde, como a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (em inglês: International Agency for Research on Cancer – IARC e a Organização Mundial de Saúde – OMS), como uma substância possivelmente carcinogênica, deixando uma pergunta no ar: Podemos consumir alimentos contendo aspartame?

Para te ajudar a entender esta questão o Criasaude foi atrás das pesquisas científicas mais recentes e entrevistou a Dra. Bruna Bighetti (CRM – 174944), médica oncologista com experiência e mestrado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é médica do corpo clínico de hospitais de referência em São Paulo (Hospitais Samaritano e Alvorada), preceptora de residência de oncologia (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e médica investigadora de centro de pesquisa (Instituto Américas).

A princípio podemos continuar consumindo aspartame, mas com moderação.

O aspartame causa câncer?

As evidências científicas apontam para uma possibilidade do aspartame estar relacionado com um risco maior de desenvolver câncer e é por isso que a OMS listou o aspartame como uma possível causa de câncer. Mas isso não significa que o aspartame cause câncer diretamente.

Segundo a Dra. Bruna Bighetti, oncologista prescritora da UNIFESP, “A classificação é baseada em estudos que apresentaram resultados ambíguos e incertos quanto à segurança do aspartame em relação ao câncer”. A própria classificação da OMS reflete isso, o aspartame “carcinogênico do Grupo 2B”, que é reservada para substâncias que se acredita terem o potencial de causar câncer, mas ainda não existem evidências suficientes para afirmar com certeza que elas o fazem1.

A pesquisa da ligação de determinados alimentos e o desenvolvimento do câncer é complexa. No caso do aspartame foi demonstrado que pessoas que consomem mais esta substância têm maior probabilidade de desenvolver câncer, mas isso não prova uma relação causal. Este aumento da probabilidade de câncer pode estar ligada a outros fatores comuns entre essas pessoas que consomem mais aspartame, como uma condição crônica de saúde, deficiência de vitaminas ou escolhas de estilo de vida.

Riscos e efeitos colaterais do aspartame

O aspartame pode apresentar outros efeitos indesejados, para além de sua associação com o câncer. Algumas pessoas podem não tolerar bem o aspartame e outros adoçantes artificiais, os álcoois de açúcar utilizados em suas fabricações podem causar desconforto gastrointestinal, incluindo inchaço, cólicas e diarreia 2.

Segundo um artigo publicado em julho de 2023 na revista científica de referência Nutrients3, a ativação de receptores do glutamato pelo aspartame levanta preocupações relacionadas a neuropsiquiatria e neurotoxicidade. Alguns estudos epidemiológicos evidenciaram uma associação entre aspartame e doenças malignas ou alterações súbitas de humor.

Outra preocupação entre alguns pesquisadores e profissionais da saúde é em relação a uma espécie de dependência. O aspartame estimula o sistema nervoso, liberando uma série de hormônios relacionados ao bem estar, isso poderia levar o corpo a desejar cada vez mais alimentos doces. Mas ainda não há estudos que comprovem essa hipótese4.

O aspartame pode causar câncer?

Precisamos parar de consumir aspartame?

Segundo a médica oncologista Dra. Bruna Bighetti, “a decisão de parar de consumir aspartame ou outros adoçantes artificiais deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios”, não há evidências científicas que comprovem uma relação com desenvolvimento de câncer, no entanto se há preocupações em relação ao consumo de aspartame é importante discutir com sua equipe médica. “Em geral, seguir uma dieta equilibrada e variada, rica em alimentos naturais, é uma abordagem saudável. Se alguém optar por consumir produtos com aspartame, faz sentido fazê-lo dentro dos limites considerados seguros pelas autoridades regulatórias”, acrescenta Dra. Bruna Bighetti5.

A OMS afirma que até 40 miligramas (mg) de aspartame por quilograma (kg) de peso corporal é uma ingestão diária aceitável. Uma lata de refrigerante diet contém cerca de 200 mg de aspartame, o que significa que uma pessoa com 68 kg (150 libras) poderia, em teoria, beber cerca de 13 refrigerantes diet por dia e permanecer dentro desse limite, se não tivesse nenhum outro aspartame em sua dieta6.

Segundo a revisão publicada em julho de 2023 na revista Nutrients, existem alguns grupos de pessoas que deveriam evitar ou consumir com muita moderação, são elas7:

–  pessoas com questões neurológicas, como convulsões;

–  mulheres grávidas (devido ao risco aumentado da criança desenvolver alergias respiratórias, como asma e rinite);

–  pessoas com fenilcetonúria.

Conclusão

Não é que você deva evitar o consumo do aspartame a todo custo e não possa tomar um refrigerante diet (light) de vez em quando, mas é preciso ter moderação para reduzir riscos, é o que indica o oncologista Dr. Dale Shepard, em entrevista para a Cleveland Clinic8.

Data de publicação:
08.09.2023

Redação:
Adriana Sumi (farmacêutica, dipl. da USP). Revisão: Xavier Gruffat (farmacêutico).

Fontes & Referências:
–  Comunicado em inglês da Organização Mundial da Saúde – OMS (em inglês: World Health Organization – WHO), Aspartame hazard and risk assessment results released, publicado em 14 de julho de 2023, link funcionando nesta data.
– Entrevista realizada pelo Criasaude.com.br em agosto de 2023 com a Dra. Bruna Bighetti (CRM – 174944), médica Oncologista com experiência e mestrado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente é médica do corpo clínico de hospitais de referência em São Paulo (Hospitais Samaritano e Alvorada), preceptora de residência de oncologia (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e médica investigadora de centro de pesquisa (Instituto Américas). Membra das sociedades: American Society of Cancer Oncology, European Society for Medical Oncology, Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e Associação Brasileira de Câncer Gástrico.
– Artigo em inglês da Cleveland Clinic, Do You Need To Cut Out Aspartame?, com entrevista com o oncologista Dr. Dale Shepard, publicado em julho de 2023, link funcionando nesta data.
– Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo

Ler essa notícia em francês

8 mitos e verdades sobre a enxaqueca com um neurologista

Se você sofre de enxaqueca, de uma coisa você pode ter certeza, você não está sozinha! A enxaqueca é a segunda causa mais prevalente de incapacidade em todo o mundo, afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo todo. É uma condição neurológica que dura a vida toda e que causa muitas dúvidas não só para as pessoas que sofrem desta condição, mas também para as pessoas ao redor1.

Para desvendar alguns mitos e verdades sobre a enxaqueca, o Criasaude entrevistou a neurologista especialista em enxaqueca Dr. Tiago de Paula (CRM 168999) além de consultar as pesquisas científicas recentes e compilamos os 8 mitos e verdades sobre a enxaqueca que você precisa saber:

1. Enxaquecas são apenas dores de cabeça muito ruins – MITO

É verdade que a enxaqueca está associada na maioria das vezes a uma dor de cabeça moderada à severa, geralmente unilateral (em um dos lados da cabeça), mas a dor de cabeça não é o único sintoma da enxaqueca. Outros sintomas comuns de aparecerem na enxaqueca são: náusea, tontura, sensibilidade à luz, som entre outros.

Além disso, a dor de cabeça pode durar de 4 horas há dias, e em conjunto a outros sintomas, é uma das doenças que mais incapacita a população mundial hoje. Quando não controlada, a enxaqueca pode afetar muito o dia a dia da pessoa em sua vida pessoal e no trabalho. 

“Não minimize sua dor e não deixe os outros minimizarem, procure ajuda” é uma das principais recomendações do especialista em enxaquecas Dr. Tiago de Paula.

______________________

2. Mulheres são mais atingidas pela enxaqueca – VERDARDE

A enxaqueca é 3 vezes mais frequente em mulheres (com ovários) do que no resto da população. Um dos fatores relacionados é a influência dos hormônios ovarianos, principalmente do estrógeno, na excitabilidade do cérebro. Quando há picos de estrógeno, no período pré-menstrual e na ovulação, a mulher fica mais exposta ao aumento de excitação ficando mais propensa a crises de enxaqueca2.

Mulher que sofre de enxaqueca (Adobe Stock)

3. A enxaqueca é um problema emocional MITO

A enxaqueca é uma doença neurológica genética que pode levar a alterações de humor, ansiedade e depressão devido principalmente ao potencial debilitante da doença e a dores intensas, não ao contrário (não é o estado de humor que gera a enxaqueca)3.

4. Os analgésicos OTC (de venda livre) são grandes aliados da enxaqueca MITO

Os analgésicos OTC (ex.: dipirona, ibuprofeno, paracetamol), conhecidos também como analgésicos de venda livre, são muito eficazes para tratar dores ocasionais, mas não dores recorrentes. No caso da enxaqueca, eles podem até trazer um certo grau de alívio na dor no início, mas não dura e muitas vezes nem alívio trás4.

5. O exercício físico pode prevenir crises de enxaqueca VERDARDE

O exercício físico, principalmente os aeróbicos (por exemplo, corrida, natação) que liberam endorfina, são ótimos para ajudar a tratar a doença, mas é importante ressaltar que não é em qualquer momento que o exercício físico vai ser um aliado para lidar com a enxaqueca. Nos momentos de crise, a prática de exercício físico pode piorar os sintomas5.

6. Se você já tentou vários tratamentos e nada adiantou, está condenada para o resto da vida MITO

Não desista, existem inúmeras estratégias medicamentosas e não medicamentosas para controlar as crises de enxaqueca, o importante é ir atrás de tratar a doença e não só dos sintomas. Novos tratamentos cada vez mais eficazes estão surgindo, como é o caso dos medicamentos anti-CGRP e a toxina botulínica que têm demonstrado bastante eficácia quando aplicados com os protocolos adequados6.

A CGRP, é o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, que está relacionada diretamente a crises de enxaqueca, pois leva a inflamação nas coberturas cerebrais (meninges) que leva a ataques de enxaqueca. Tratamentos específicos para enxaqueca foram desenvolvidos com medicamentos anti-CGRP, como o fremanezumabe (Ajovy) e o galcanezumabe (Emgality). E se o seu caso é de enxaqueca crônica, pessoas que apresentam dor todos os dias “a toxina botulínica quando bem aplicada, quando o protocolo é muito bem feito, ela é fantástica”, relata o neurologista Dr. Tiago de Paula. Mas ressalta que em muitos lugares o protocolo não é feito adequadamente7.

Infelizmente esses tratamentos ainda são muito caros e não é toda população que tem acesso.

7. A cafeína é proibida para quem tem enxaqueca VERDARDE

A cafeína aumenta a excitabilidade cerebral e é um verdadeiro veneno para quem tem enxaqueca e, na opinião do neurologista Dr. Tiago de Paula deve ser banida da alimentação de pessoas com enxaqueca, não basta diminuir.

A cafeína é uma substância que está presente em inúmeros alimentos, o mais conhecido é evidentemente o café, mas também está presente em diferentes ervas como o chá verde, erva-mate, chá-preto entre outros.

8. A enxaqueca é uma doença vascular inflamatória – MITO

Apesar de terem realmente alterações vasculares durante a crise de enxaqueca e do cérebro enxaquecoso apresentar regiões com inflamação, os achados científicos hoje em dia apontam que as alterações vasculares e inflamatórias são consequência da enxaqueca e não a causa. As pesquisas recentes apontam para ser uma doença de hiperexcitabilidade cerebral, é uma condição que “os neurônios estão trabalhando em excesso, estão trabalhando mais do que deveriam e ao trabalhar mais eles acabam acionando os núcleos trigemeos e o cervical que acabam gerando a dor”, explica o Dr. Tiago.

O que temos certeza é que é uma doença genética ou melhor epigenética, pois a presença de determinados genes está ligada a uma predisposição a ter enxaqueca, mas fatores externos (ex.: ambiente, estilo de vida, alimentação, entre outros) influenciam muito no surgimento ou não da doença e na gravidade de sua manifestação.

Redação
Adriana Sumi (farmacêutica), Xavier Gruffat (farmacêutico, final da supervisão).

Data de publicação:
19.08.2023

Fontes & Referências
Entrevista realizada pelo Criasaude em agosto de 2023 com Dr. Tiago Gomes de Paula, CRM 168999, RQE 85111, Neurologista do Headache Center Brasil. Formado pela Escola Paulista de Medicina / UNIFESP, membro da Academia Brasileira de Neurologia, da Sociedade Brasileira de Cefaleia e da International Headache Society.
Artigo em inglês da Cleveland Clinic, These 10 Migraine Myths Are Hogwash, de março de 2019. Acessado pelo Criasaude.com.br em agosto de 2023, link funcionando nesta data.

Referências de estudos: mencionadas no artigo ou abaixo.

Fotos:
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